Gusta puxou Niel suavemente para um canto mais afastado do terraço, onde o vento parecia mais calmo e o mundo ao redor desaparecia. Ele se sentou e colocou a cabeça de Niel em seu colo, acariciando os cabelos do garoto com uma calma inesperada.
— Você não precisa carregar o mundo nas costas, sabia? — disse Gusta, a voz baixa e suave, quase um sussurro.
Niel, de olhos fechados, abriu-os devagar e olhou para cima, confuso com a gentileza.
— Naquele dia na biblioteca — continuou Gusta, olhando para o horizonte —, quando eu entrei para pegar aquela cadeira, eu estava pronto para fazer uma cena terrível. Queria ser expulso. Não queria estudar nessa universidade onde meu pai estudou.
Niel piscou, surpreso. — Então por que não fez?
Gusta olhou para ele e sorriu. — Porque você apareceu. Disse aquele monte de coisas, gritou comigo, sem medo. Ninguém nunca teve coragem de fazer isso antes. Por sua causa, desisti de sair.
— Por minha causa? — Niel perguntou, incrédulo.
Gusta riu. — Sim. Achei você muito fofo. E bravinho. Ainda é. Mas percebi que você guarda tantas coisas aí dentro... tantas coisas que deveriam sair. Tire-as da caixinha de Pandora. Deixa eu te ajudar.
Niel se levantou devagar, sentando-se ao lado dele, com os olhos fixos no chão.
— Ainda não. Você não é confiável.
A surpresa no rosto de Gusta foi evidente. — Por quê? Por causa do meu pai? Por eu ser filho de um bandido e, provavelmente, ser um no futuro?
Niel balançou a cabeça e respondeu antes que Gusta continuasse. — Não, não é isso. É que... nós nem nos conhecemos direito. Como eu vou me permitir contar meus segredos assim?
Gusta ficou em silêncio por um momento, como se processasse as palavras. Então, de maneira inesperada, ele colocou a mão na nuca de Niel e o aproximou. Sem aviso, seus lábios se encontraram em um beijo firme e decidido.
Niel arregalou os olhos, completamente surpreso. Quando Gusta se afastou, ele gaguejou, envergonhado.
— O que... que foi isso?
Gusta riu, um som leve que parecia carregar toda a confiança do mundo. — Um beijo de confiança.
— Mas... assim, tão de repente? — Niel perguntou, virando o rosto para esconder o rubor nas bochechas.
Gusta riu de novo e, sem aviso, o beijou novamente, um pouco mais suave desta vez.
— Para! — exclamou Niel, nervoso. — Alguém vai nos ver!
— Ninguém é louco de nos ver e sair contando. Eu acabo com ele — respondeu Gusta, com um sorriso que misturava provocação e certeza.
Niel o encarou, franzindo o cenho. — Vamos trabalhar esse seu lado de “acabar com as pessoas”. Não é assim que as coisas funcionam. Existem conversas para resolver conflitos, não agressões.
Gusta levantou uma sobrancelha, como se considerasse as palavras, mas, em vez de responder, apenas se inclinou mais uma vez e roubou outro beijo de Niel, seguido de mais um.
— Gusta! — Niel protestou, agora mais vermelho do que nunca.
— O que foi? Estou só tentando te convencer a confiar em mim — respondeu Gusta, com um sorriso presunçoso.
Niel balançou a cabeça, mas, no fundo, uma pequena parte de si não conseguia evitar o sorriso tímido que começava a se formar.
— Vamos voltar para a aula, já vai começar — disse Niel, tentando mudar o clima antes que Gusta inventasse mais uma de suas provocações.
Gusta apenas acenou com a cabeça, mas não resistiu e deu um último beijo rápido em Niel antes de deixá-lo sair. Niel saiu apressado, o rosto ainda corado, enquanto Gusta o seguia mais atrás, com um sorriso satisfeito no rosto.
Na sala de aula, Niel se sentou ao lado de Deymon, que imediatamente abriu um sorriso caloroso.
— Sua amiga, Lia, é muito legal — comentou Deymon. — Ela me contou várias teorias suas.
Niel suspirou, já sabendo que aquilo não acabaria bem.
— A que mais me fez rir foi sobre você sonhar que estava fazendo xixi no banheiro, mas na verdade estava na cama! Hahaha!
O rosto de Niel ficou vermelho como um tomate, e ele rapidamente tentou se defender.
— Isso foi quando eu era criança! Já faz bastante tempo!
Deymon riu ainda mais, claramente se divertindo com o embaraço de Niel. — Tá bom, tá bom... relaxa.
Depois de alguns segundos, Deymon o encarou, com um olhar mais sério, mas ainda com um sorriso nos lábios. — Você é muito...
Antes que pudesse terminar a frase, o professor entrou na sala, cortando o momento. Niel aproveitou a interrupção para focar sua atenção na aula, ignorando a curiosidade de saber o que Deymon ia dizer.
Enquanto isso, Deymon olhou de relance para trás, e seus olhos encontraram os de Gusta, que estava sentado algumas fileiras atrás. A expressão no rosto de Gusta era tudo menos amigável. Seus olhos estavam fixos em Deymon, carregados de algo entre raiva e ciúmes.
Deymon manteve o olhar por um segundo antes de virar-se de volta, sem dizer nada, mas com um pequeno sorriso nos lábios. Ele parecia ter entendido exatamente o que estava acontecendo, e aquilo só o divertia ainda mais.
Niel, por outro lado, estava alheio ao que acontecia, concentrado em copiar as anotações do professor.
Niel permaneceu na sala por alguns minutos após o término da aula, organizando suas coisas. Assim que terminou, saiu em direção à saída do colégio, mas o som de gritos do lado de fora chamou sua atenção. Ele apressou o passo, atravessando a porta, apenas para se deparar com uma cena que o fez congelar.
Gusta estava em cima de Deymon, desferindo socos violentos enquanto o outro tentava se proteger com os braços. O caos ao redor deles só aumentava, com alunos gritando e tentando entender o que estava acontecendo.
Sem pensar duas vezes, Niel correu para o meio da briga, gritando:
— Parem! O que vocês estão fazendo?!
Com esforço, ele conseguiu se colocar entre os dois e os afastar, empurrando Gusta para um lado e ajudando Deymon a se levantar do outro. Ambos estavam ofegantes, com roupas bagunçadas e expressões de fúria.
— O que foi isso? — Niel perguntou, a voz cheia de exasperação. Ele olhou para Deymon. — Você está bem?
Antes que Deymon pudesse responder, Gusta soltou uma risada curta e sarcástica.
— Será que ele estará bem até amanhã? — comentou, com um sorriso que parecia mais uma provocação.
Niel virou-se para Gusta, o olhar sério. — O que você está pensando, Gusta? Esqueceu do nosso acordo? Nada de resolver as coisas com socos. Conversar, lembra?
Deymon, sentado no chão e visivelmente dolorido, tocou os lábios inchados. — Nossa, acho que ele quebrou minha boca...
Niel imediatamente foi até ele, preocupado. — Deixa eu ver. — Ele examinou o rosto de Deymon rapidamente antes de ajudá-lo a se levantar. — Vamos até a enfermeira.
Ele segurou Deymon pelo braço e começou a andar, mas antes de sair, olhou para Gusta e disse com firmeza:
— Depois nós conversamos sobre isso.
Gusta, ainda sentado no chão, ficou incrédulo. — Depois nós conversamos? Vai sair assim com ele? E eu? Eu também tô ferido!
Niel suspirou, sem olhar para trás. — Mais tarde, Gusta. Agora preciso cuidar disso.
Na enfermaria, Niel ajudou Deymon a se sentar em uma das camas, ajeitando os travesseiros para que ele ficasse confortável.
— Espera aqui. Vou pegar alguns curativos — disse, antes de se afastar rapidamente.
Quando voltou, estava com um kit de primeiros socorros em mãos. Ele sentou-se ao lado de Deymon e abriu o frasco de remédio, preparando o curativo.
— Abre a boca — pediu Niel, com um tom cuidadoso.
Deymon obedeceu, mesmo ainda visivelmente desconfortável. Niel passou o remédio ao redor da ferida e depois colocou um curativo no local, trabalhando com precisão e delicadeza.
— Pronto. — Niel suspirou, fechando o frasco e guardando o restante dos materiais. — Desculpa pelo Gusta.
Deymon arqueou uma sobrancelha, surpreso com as palavras. — Por que você está pedindo desculpas por ele? Ele é quem deveria estar aqui fazendo isso.
Niel desviou o olhar, mexendo nos curativos restantes para evitar a intensidade da pergunta. — Só... perdoa ele, mesmo que ele não peça desculpas.
Deymon cruzou os braços, claramente intrigado. — E por que eu faria isso? Você não tem culpa de nada, Niel.
Niel hesitou por um momento, depois deu um pequeno sorriso, levantando-se. — Talvez porque eu esteja pedindo. Por favor, faz isso por mim.
Deymon o encarou, como se tentasse entender o que se passava na cabeça de Niel, mas, ao final, apenas assentiu. — Tá bom... por você.
— Eu tenho que ir agora. — Niel ajeitou os materiais na bandeja, pronto para sair. — Você já está se sentindo melhor?
— Muito obrigado, Niel. — Deymon sorriu, genuinamente grato. — Por me salvar e por cuidar de mim.
Niel parou na porta, olhando para ele por um instante. Depois deu um pequeno sorriso.
— É isso que amigos fazem.
E com isso, saiu da enfermaria, deixando Deymon pensativo e mais impressionado do que nunca com a gentileza de Niel.
CONTINUA...
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Luck-adoro bl❤️🖤🌹
cara eu vou surtar vei, como existe algo tão perfeito igual BL vei, simplesmente é maior perfeição já criada 😍😍😍
2024-12-31
3
Luck-adoro bl❤️🖤🌹
mano eu tô gritando por dentro vei
2024-12-31
1
Luck-adoro bl❤️🖤🌹
meu filho, fica quieto e apenas aceita oq ele tá falando, ainda pega que ele tá pedindo desculpas, se fosse eu, ia falar era bem feito fazer igual minha mãe, qnd eu fazia uma coisa que ela falava pra eu não fazer
2024-12-31
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