A festa

A festa estava em pleno auge. A música pulsava suavemente, misturada com as vozes dos convidados, com o tilintar dos copos e com os sorrisos, alguns verdadeiros, outros ensaiados. O salão estava impecável, com lustres reluzentes e flores brancas entrelaçadas em arranjos dourados, cada detalhe meticulosamente planejado por Alana e pelas mulheres da família. Ela tinha bom gosto e uma atenção impecável aos detalhes.

Enquanto cumprimentava alguns associados, sentia o peso dos olhares que caíam sobre nós.

— Felicidades, Noah! — disse Marco, um velho aliado de meu pai. Seu sorriso era amigável, mas seus olhos escorregaram para Alana com uma apreciação que me fez cerrar os punhos.

— Obrigado, Marco — respondi seco, deixando claro que a conversa terminava ali.

Outros se aproximaram com intenções semelhantes, escondidas atrás de palavras educadas e apertos de mãos firmes. Cada sorriso dirigido a ela, cada olhar prolongado que se atrevia a admirá-la de uma maneira que não me agradava, despertava em mim uma necessidade primitiva de proteger o que era meu.

Alana estava deslumbrante, seu vestido justo delineando suas curvas com elegância, a renda desenhando padrões delicados contra sua pele. Ela era uma visão impossível de ignorar, e por isso, minha proteção nunca esteve tão alerta.

O ar ao nosso redor estava impregnado de mistério e uma tensão quase palpável. Cada movimento meu, cada olhar lançado, trazia uma mensagem clara: não ousem cruzar os limites.

Quando me permiti desviar os olhos de Alana por um instante, observei um grupo de meninas rindo e brincando perto do bar. Giulia estava entre elas, os olhos brilhando de diversão, as mãos se movendo no ar enquanto gesticulava animada. A alegria delas era um contraste refrescante com o ambiente carregado de política e negócios.

Do outro lado, Enzo estava encostado casualmente em uma coluna, o olhar fixo em Giulia. Seus olhos denunciavam algo que ele talvez ainda não estivesse pronto para admitir. A intensidade no olhar dele não passava despercebida por mim.

Aproximei-me e perguntei, de maneira quase casual:

— Você gosta dela, não gosta?

Enzo me lançou um olhar rápido e riu, mas o som soou forçado.

— É só uma amizade colorida, Noah. Nada de mais.

Levantei uma sobrancelha, a incredulidade estampada no meu rosto.

— Amizade colorida, é? — murmurei, com uma pitada de ironia. — Então sua amiga colorida está sendo cobiçada por outros homens.

Vi o sorriso de Enzo desaparecer em um instante. Seus olhos buscaram Giulia novamente, e ele viu o que eu havia notado antes: alguns homens do círculo de associados a observavam com interesse, alguns até ousavam se aproximar demais, fazendo piadas e tentando ganhar sua atenção.

O rosto de Enzo se fechou, os músculos do maxilar se retesando. Ele se endireitou, a calma forçada se desmanchando em uma onda de fúria contida.

— Com licença — ele murmurou, já se afastando.

Assisti enquanto ele caminhava com passos firmes e decididos, a aura de calma habitual dele se dissipando. Ele iria até ela, e eu sabia que os homens que estavam perto de Giulia pensariam duas vezes antes de se aproximar novamente.

Um leve sorriso curvou meus lábios. Ele não admitia ainda, mas Giulia era muito mais do que uma amiga colorida para ele.

Voltei meus olhos para Alana, que conversava com algumas mulheres da família, seu sorriso sereno e elegante. Ela era uma visão que, mesmo em meio à minha necessidade constante de proteção, me trazia paz.

Este era o começo de uma nova era, não apenas para mim, mas para todos nós. E, por mais ameaças que surgissem no caminho, eu sabia que estávamos preparados para enfrentá-las juntos.

Enquanto a festa continuava, percebi que Alana estava cansada, seu vestido justo, embora deslumbrante, parecia limitar seus movimentos.

— Vamos subir para você trocar de roupa — sugeri suavemente.

Ela concordou com um aceno, seus olhos brilhando com cansaço e algo mais que eu não conseguia definir. Alana começou a caminhar em direção à escada, mas eu não permitiria que ela fosse sozinha.

— Eu te acompanho — disse, mais uma ordem do que um pedido.

Quando chegamos ao quarto, ela fechou a porta e começou a desfazer os pequenos botões do vestido com calma e precisão. Minha sanidade estava por um fio. Cada botão desfeito revelava um pouco mais de sua pele macia, e eu precisei de toda a minha força de vontade para manter minhas mãos longe dela.

Quando o vestido caiu aos pés, Alana se virou para pegar uma peça curta e leve. Aquele tecido esvoaçante abraçava suas curvas de uma maneira que me fez prender a respiração. Minhas mãos coçaram, meu autocontrole estremeceu, mas ela sorriu, como se soubesse exatamente o que estava fazendo comigo.

— Está pronto para voltar? — ela perguntou, os olhos brilhando com malícia.

— Se depender de mim, a gente nem volta — murmurei, a voz rouca.

Ela riu, passando os dedos pelos meus cabelos em um gesto rápido e carinhoso. Um beijo curto e sedutor selou minha decisão de voltar à festa — por enquanto.

Descemos juntos, a mão dela firme na minha, e os olhares novamente recaíram sobre nós. A peça curta mostrava suas pernas, e eu sabia exatamente o que aqueles olhares estavam pensando. Uma onda de posse me atravessou, mas Alana parecia tranquila, sorrindo e cumprimentando os convidados.

Sentamos à mesa junto à família, onde risos e conversas leves enchiam o ar. Comemos, brindamos e por um momento, tudo parecia exatamente como deveria ser: felicidade, união e uma leveza que raramente podíamos aproveitar.

Em meio àquela tranquilidade, o celular de Giulia tocou. O toque trouxe uma tensão imediata ao ambiente, como se uma nuvem escura tivesse passado por nós. Giulia atendeu e, em poucos segundos, seu semblante se tornou sério, os lábios comprimidos em uma linha tensa.

— O que aconteceu? — Alana perguntou, preocupada.

— Preciso ir embora — respondeu Giulia, a voz urgente e um pouco trêmula.

Antes que alguém pudesse dizer algo, Enzo se levantou de imediato.

— Eu te levo — ofereceu, o tom firme e protetor.

Mas Giulia negou com um gesto rápido, sem sequer olhar em seus olhos.

— Não, Enzo. Eu... eu preciso ir sozinha.

O rosto dele se fechou em uma expressão que mesclava frustração e preocupação. Os olhos de Enzo queimavam com perguntas não feitas, mas ele respeitou a decisão dela.

Giulia se despediu de nós apressadamente, seus olhos brilhando com uma emoção que ela não conseguia esconder. Alana segurou a mão da amiga por um momento, como se pudesse passar força através do toque.

— Se precisar de qualquer coisa, me ligue — disse Alana.

Giulia assentiu e saiu rapidamente, quase correndo. O vazio que ficou para trás era perceptível.

— O que será que aconteceu? — murmurou Alana, os olhos cheios de inquietação.

— Não sei — respondi, observando Enzo, que permanecia imóvel, os punhos cerrados e os olhos fixos na porta por onde Giulia tinha acabado de sair.

A festa continuava ao nosso redor, mas para alguns de nós, o clima havia mudado. Um mistério pairava no ar, e eu sabia que aquilo não terminaria ali. Giulia estava envolvida em algo, e Enzo estava prestes a quebrar todas as regras para descobrir o que era.

Olhei para Alana e apertei sua mão.

— Vamos aproveitar o que resta da noite — murmurei, prometendo a mim mesmo que, acontecesse o que acontecesse, protegeria a todos que amava.

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Comments

MARIA LUZINETE DIAS SILVA

MARIA LUZINETE DIAS SILVA

Autora faz essa família ser mais atuante, Enzo deveria ter seguido ou enviado soldados com Guilia, pode ser uma armadilha dos pais de Alana, eles sabem que elas são muito amigas, machucando Guilia com certeza atingiria Alans

2025-02-28

4

Vanda Farias de Oliveira

Vanda Farias de Oliveira

O que será que aconteceu pra Giulia ir embora sozinha e não aceita queo Enzo acompanhe ela?

2025-02-26

0

Márcia Jungken

Márcia Jungken

deve ter acontecido algo grave para Giulia sair dessa forma da festa, espero que Enzo vá atrás dela 🤔🤔

2025-01-28

0

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