A raiva pulsava em minhas veias, transformando meu peito em uma prisão de aço prestes a explodir. Alana acabara de contar, com a voz trêmula e os olhos marejados, que sua mãe assistira ao ataque e simplesmente... deixara acontecer. Cada palavra era uma faca girando em meu coração. Aquela mulher não merecia ser chamada de mãe.
Controlei o impulso de esmurrar a parede do hospital. Já havia sangue demais derramado, e o dela era o único que me importava naquele momento.
— Vamos embora daqui — declarei, meu tom baixo, porém firme. — Você vai para nossa casa, e lá vai se recuperar em paz. Em trinta dias, nos casaremos.
Ela franziu o cenho, o olhar confuso e levemente defensivo.
— Noah... por que você está fazendo isso? Por que tanta preocupação e carinho se tudo entre nós é só um contrato?
Ah, aquele maldito contrato. Uma barreira que ela mesma criara para se proteger, para evitar se machucar mais uma vez. Eu entendia — eu também já havia erguido muros antes. Mas eu estava pronto para derrubar os dela.
Aproximando-me, segurei seu rosto delicado entre minhas mãos, sentindo a pele quente e suave sob meus dedos. Meus olhos se fixaram nos dela, profundos, decididos.
— Alana, eu sei que você criou esse contrato como uma armadura, mas eu não quero só isso. Quero você. Quero amar você e proteger você. O que senti desde o início foi verdadeiro, e o contrato apenas oficializou o que meu coração já sabia.
Os olhos dela se arregalaram, e por um segundo, uma luz de esperança brilhou neles antes de ser engolida pela dúvida. Seus lábios se entreabriram, mas nenhuma palavra saiu. Uma lágrima desceu pela sua bochecha, e eu a enxuguei com o polegar.
— Você merece ser amada, Alana — continuei, minha voz suavizando. — Não deixe que as mentiras e a crueldade dos outros façam você acreditar no contrário.
Ela sorriu, um sorriso frágil, mas que carregava uma beleza indescritível. Uma alegria pura cintilou em seus olhos, misturada à surpresa. Como se a ideia de ser amada por alguém fosse tão improvável que ela não soubesse como reagir.
— Noah... — ela sussurrou, sem fôlego.
— Shh. — Toquei seus lábios suavemente com os meus. — Vamos para casa. Lá você não precisará se preocupar com mais nada.
**
A viagem até a casa foi silenciosa, mas não era um silêncio pesado. Era um silêncio cheio de promessas não ditas, de sentimentos que começavam a criar raízes. Quando chegamos, a porta se abriu antes mesmo que eu pudesse tocar a campainha. Minha mãe, com seu sorriso caloroso, nos recebeu como só ela sabia fazer.
— Finalmente estão aqui! — Ela examinou Alana de cima a baixo com olhos cheios de preocupação e carinho. — Não se preocupe, querida, já preparei o quarto de hóspedes para você. Tudo que você precisa é descansar e pensar na decoração da casa de vocês... e no casamento, é claro!
Alana sorriu, tímida, e um rubor delicado subiu às suas bochechas. Ver aquele brilho em seus olhos me fez sentir que tudo valia a pena.
Enquanto ela seguia minha mãe para dentro, dei um passo atrás, observando a cena. Meu pai se aproximou e riu, olhei sem entender a graça que ele achava e ele disse:
— Vocês ainda nem casaram filho, e já tem esse olhar sobre ela?
— Eu gosto dela pai, e gosto mais ainda da ideia de proteger ela do mundo e dos perigos dele, você sabia que a mãe dela viu o ataque, ela saiu do banheiro e não fez nada — falei furioso e ele ficou sério.
— Eles terão sua vez, agora cuide do seu casamento e duas funções que assumirá, vamos ajeitar tudo para que todos inclusive Sergey saibam que ela é a sua rainha — finalizou ele.
A vida de Alana fora marcada por dor e traição, mas aqui... aqui seria diferente. Eu iria garantir isso.
E, pela primeira vez em muito tempo, senti que o futuro finalmente estava ao nosso alcance.
Quando uma sensação de paz se instalou aquilo me preocupou. Era como se finalmente tivéssemos deixado para trás a escuridão e o peso de tudo o que havia acontecido. No entanto, eu sabia que ainda havia muito a ser reconstruído dentro dela — e dentro de mim também.
Minha mãe levou Alana até o quarto de hóspedes, seguida por Rafa, Belinda e Ayla que vieram prestar seu apoio, pelo menos sei que ela não estará sozinha, era um espaço amplo e aconchegante, com tons claros e uma janela que deixava entrar a luz suave da manhã. Toques delicados de flores frescas decoravam o ambiente, e uma bandeja de chá repousava sobre a mesinha lateral. Minha mãe sempre soubera como acolher alguém com amor e conforto.
— Se precisar de qualquer coisa, querida, estou logo ali — ela disse com doçura, tocando levemente o ombro de Alana.
— Obrigada — Alana respondeu, a voz suave, quase frágil.
Minha mãe saiu, lançando-me um olhar significativo. Um olhar que dizia “cuide dela”. Como se fosse preciso lembrar.
Me aproximei lentamente de Alana, que estava de costas para mim, olhando pela janela. Os cachos negros estavam soltos e caíam em ondas desordenadas sobre seus ombros. Ela parecia tão delicada ali, tão vulnerável, mas havia algo na postura dela — um fio de força inquebrantável.
— Está tudo bem? — perguntei, minha voz baixa.
Ela assentiu, mas não se virou.
— É estranho estar aqui. Ter essa sensação de... calma. De segurança. — Ela respirou fundo. — Sinto como se isso pudesse ser arrancado de mim a qualquer momento.
Caminhei até ela, envolvendo sua cintura com meus braços. Encostei meu queixo em seu ombro, sentindo o calor do seu corpo contra o meu.
— Nada vai ser arrancado de você. — Minha voz era firme, uma promessa selada com o peso da minha determinação. — Você está segura agora. Aqui é seu lugar.
Ela finalmente se virou para me olhar, os olhos brilhando com uma mistura de emoção e ceticismo.
— Você realmente acredita nisso? Que eu posso ter uma vida normal? Uma vida onde não preciso olhar por cima do ombro?
— Dentro do nosso normal, sim, sendo visada pelos Russos é vigilância constante, mas com a segurança certa poderá, Rafa se formará agora ano que vem ou no outro, Belinda e Ayla também estudam, festas, por exemplo, quando elas querem ir à boate fechamos um camarote e tudo certo, nos organizamos, mas tem momentos que qualquer saída é um risco — Segurei seu rosto entre minhas mãos, forçando-a a me encarar. — E eu vou lutar com tudo o que tenho para que você também acredite. Acredite em mim. Acredite em nós.
Uma lágrima silenciosa escapou dos seus olhos, mas dessa vez, ela não afastou o rosto. Em vez disso, se inclinou para frente e encostou a testa na minha.
— Obrigada, Noah — ela sussurrou. — Por não desistir de mim.
— Eu nunca desistiria. — Minha voz era uma declaração sólida. — Agora você faz parte de mim, Alana.
Ficamos ali por um momento que pareceu eterno, apenas respirando juntos, sentindo um ao outro. A dor e a raiva do passado ainda estavam lá, mas naquele instante, o que importava era o presente.
Tia Duda chamou da porta:
— O almoço está pronto! E não aceito desculpas, vocês dois precisam comer.
Alana riu baixinho, enxugando as lágrimas com as costas das mãos.
— Vamos? — perguntei.
Ela sorriu, e aquele sorriso, mesmo pequeno, aqueceu meu coração.
— Vamos.
**
Descemos para encontrar a mesa posta com uma variedade de pratos preparados com carinho. Meus pais e tios já estavam sentados, enquanto minha mãe e minhas tias discutiam animadamente sobre algum detalhe do casamento que parecia ter virado o novo assunto da família inteira.
Giulia, sentada ao lado de Enzo, piscou para Alana, sorrindo.
— Até que enfim! Já estávamos pensando em começar sem vocês.
Alana sorriu, e, pela primeira vez em muito tempo, vi seus olhos brilharem com uma faísca de verdadeira felicidade. Ela estava começando a se permitir viver. E eu estava ali para garantir que nada mais apagaria aquela luz.
Enquanto nos sentávamos à mesa, senti uma onda de gratidão por estar cercado por minha família — e por ter Alana ao meu lado. A luta ainda não havia terminado, mas juntos, éramos mais fortes. E por ela, eu enfrentaria qualquer batalha.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Solange Araujo
Autora palavras que confortam não só os personagens mais a mim também,viver com amor ❤️ infelizmente poucos tem.... parabéns 👏👏
2025-03-28
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Lelê
Oh gente como é bom ler um livro que tem um vocabulário rico assim. Parabéns autora!
2025-02-16
1
Arlete Fernandes
E ela encontrou uns família de verdade e que a respeita e a ama de verdade!
2025-03-04
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