A porta do galpão se fechou com um estrondo seco e metálico, abafando qualquer resquício de esperança dos dois tristes ajoelhados diante de nós.
O cheiro do lugar era uma mistura de ferro-velho, óleo queimado e medo — denso o suficiente para se cortar com uma faca. As sombras das lâmpadas tremem davam ao ambiente um ar de pesadelo, refletindo a realidade que eles escolheram ignorar até ser tarde demais.
O gerente e o dono da boate tremiam como folhas ao vento. Rosto coberto de suor frio, olhares vazios e perdidos. Suas respirações curtas, quase em desespero, entregaram o pânico crescente.
— Vamos facilitar as coisas, senhores. — Minha voz é como uma lâmina, afiada e sem piedade. — Nomes. Funções. Quero saber quem está nos traindo, pensando em nos trair e quais russos estão tentando se estabelecer aqui.
Antony estava ao meu lado, entretido na mesa de ferramentas com uma calma predatória. O som de metal raspando fez ambos estremecerem. Ele pegou um alicate e girou entre os dedos, um sorriso frio nos lábios.
— Começamos do começo. Quem são os russos que estão operando na Itália? — disse tio Antony, com uma voz calma demais.
O dono da boate, um homem corpulento chamado Marco Ferreri, engoliu em seco e planejou responder, mas apenas gaguejou. Antony não tinha paciência para hesitação. Sem aviso, ele agarrou a mão de Marco e removeu seu dedo mínimo. O estalo do osso se partindo foi seguido por um grito que ecoou pelo galpão.
— Eu falo! Eu falo! — Marco soluçou. — Os navios são comandados por um homem chamado Mikhail Petrov. Ele está montando operações em Milão e Nápoles. Traz meninas e armas pelo porto de Gênova!
Meu estômago revirou com o nome de Mikhail. Um filho da puta conhecido nosso.
— E quem ajuda Mikhail do nosso lado? Quem está traindo a máfia? — perguntei com a voz baixa e perigosa.
O gerente, um rato magricela chamado Dario Conti, começou a chorar.
— É... é o Paolo Vieri! Ele trabalha na segurança dos portos e libera a carga sem inspeção. E... e tem também o Roberto Santini, um contador que lava o dinheiro para eles!
— Mais nomes, Conti! — Théo fala com calma reluzindo, abrindo ainda mais o dedo quebrado de Marco.
— Tem um cara chamado Vladislav Volkov, ele é o braço direito de Mikhail. Está cuidando da distribuição das armas. E tem o Sergei Kozlov, ele... ele cuida do recrutamento das meninas para o tráfico.
Um silêncio sepulcral tomou conta do galpão. Cada nome saindo da boca daqueles vermes era um prego no próprio caixão. Meu coração martelava de raiva. Traidores em nossa própria casa, facilitando o tráfico de meninas e armas russas. Era intolerável.
— Meninas italianas que sumiram, elas foram levadas por eles, nossos homens? — questiono e ele assente.
— Algumas, sim, são escolhidas, aquela menina que veio até nós, aquela que você salvou — percebendo que ele falava de Alana me aproximei.
— Aquela menina é filha de um traidor, ele devia para russos e deu a menina como pagamento, acontece que o líder dos soldados nos pagou com ela antes que Sergei a visse, eles a querem de volta, ele disse que uma virgem italiana seria fundamental para que o plano desse certo, o cassino do Herbert Duarte é um ponto de encontro, de qualquer forma se não levarmos ela para eles vamos morrer — ele finalizou.
— Você falou que ela está comigo? — questionei.
— Sim, mas você sabe que isso vai virar uma guerra, os Russos vem atrás de você, parece que a beleza da tal Duarte mexeu com o herdeiro Kozlov — falou Marco sem fôlego.
Théo se posicionou virando para mim, tão confuso com a parte que envolvia a garota, hoje eu teria respostas para dar, seus olhos faiscando de fúria viraram para eles.
— Você acha que podem comprar e vender armas baratas, sequestrar meninas e sair impunes? — Sua voz pingava desprezo e incredulidade.
Marco começou a implorar
— Por favor... não nos matem! Contamos tudo!
Eu me agachei até ficar à altura deles. Meus olhos queimaram de ódio contido.
— A traição não tem perdão. E vocês sabem disso.
Me levantei e dei um sinal para os soldados. Eles puxaram Marco e Dario para a parte escura do galpão. Seus gritos de desespero ecoaram enquanto eram arrastados para o fim.
O silêncio voltou, pesado como chumbo. Enzo estava ao meu lado, os punhos cerrados e a expressão duradoura.
— Vamos caçar cada um desses nomes, Noah. — Ele disse, a voz firme e fria. — Eles vão se arrepender de cada segundo que respiraram contra nós.
Assenti. Essa rede de podridão recebeu sua sentença de morte. E nós seríamos os executores.
Eles escolheram o inimigo errado. E não havia perdão no horizonte.
O sol já começava a descer quando saímos do galpão. O sangue ainda corre quente em minhas veias, o peso das informações e das decisões se mistura em uma onda de frustração e raiva contida.
Entramos no carro e seguimos direto para casa. Durante o trajeto, o soldado de vigia informou que as duas estavam em silêncio no apartamento. Uma parte de mim — a parte que eu não queria admitir — sentiu uma necessidade quase sufocante de espiar nas câmeras, de saber se Alana estava bem.
Quase cedi, quase deixei minha curiosidade me vencer. Mas não poderia fazer isso, além de ter explicações a dar ao meu pai, teria que falar com meus primos aqui presentes e admitir algo era estranho.
Respirei fundo e engoli a ansiedade. Minha prioridade era garantir que não houvesse mais ameaças pairando sobre nós.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Arlete Fernandes
Nossa agora a guerra está declarada!
2025-03-03
0
Rosaria TagoYokota
adorando o enredo do livro
2025-02-28
0
Laura
esses nomes..... me lembram de um livro aí ...
2025-02-23
6