Depois que Noah partiu para o escritório, fiquei ali no meio das mulheres da família Mansur. A conversa era leve, entre risos e comentários banais, mas meu coração batia descompassado. Não podia ignorar o olhar persistente que minha mãe lançava de longe. Amélia Duarte sempre foi uma presença intimidadora em minha vida, e eu sabia que ela não se aproximaria enquanto eu estivesse cercada por aquelas mulheres influentes e respeitadas.
Respirei fundo. Eu precisava enfrentar isso.
— Vou ao banheiro, já volto — avisei com um sorriso forçado. Todas assentiram, despreocupadas, continuando a conversa.
Ao me levantar, senti os olhos dela me acompanharem, pesados de julgamento. A cada passo que eu dava em direção ao corredor, a presença dela parecia se aproximar mais. Quando virei a esquina e entrei no banheiro, ouvi os saltos dela ecoando logo atrás.
Me encarei no espelho, tentando encontrar uma força que eu não sabia se tinha. A porta se fechou com um clique, e o reflexo de minha mãe surgiu atrás de mim.
— Olha só para você — sua voz escorreu como veneno. — Fingindo ser uma dama. Noiva de um Mansur. Uma vergonha ridícula para qualquer família decente.
Virei-me devagar, tentando controlar a tremedeira nas mãos.
— Por que veio aqui, mãe? Só para destilar seu veneno?
Ela deu um sorriso amargo.
— Você não tem o direito de me chamar assim. Filhas respeitáveis não se jogam nos braços de mafiosos. Não seduzem homens para se proteger. Você sempre foi uma cobra, Alana. Um erro que nunca deveria ter nascido, sabe o que fez? Foi entregue para pagar uma dívida Russa sua idiota, seu pai pode morrer porque você decidiu aparecer com o nosso futuro Don.
Cada palavra dela era uma lâmina afiada cravada em meu peito.
— Acha que foi fácil viver com um monstro como o papai, filhas respeitáveis não se jogam nos braços de mafiosos né? Mas pais dignos vendem suas filhas — minha voz falhou. — Eu fiz o que precisava para sobreviver.
Ela gargalhou, fria e cruel.
— Sobreviver? Você só sabe atrair desgraça. Por isso foi descartada como lixo. Ninguém nunca vai te respeitar, nem mesmo esse tal de Noah. Ele vai enjoar de você logo, e então...
Antes que pudesse terminar, a porta foi escancarada com violência. Uma mulher furiosa entrou — Lívia Sartoro. Seus olhos estavam cheios de ódio, e suas mãos tremiam ao puxar uma faca da bolsa.
Minha mãe deu um passo para trás, um sorriso cruel dançando em seus lábios. Era como se ela estivesse à espera desse momento, como se soubesse exatamente o que estava prestes a acontecer.
— Boa sorte, querida — murmurou, saindo e fechando a porta atrás de si, deixando-me sozinha com Lívia.
Meu coração disparou, mas não havia medo nos olhos dela, apenas uma determinação cega e envenenada.
— Você não merece ser uma Mansur — ela sibilou. — Você não merece ele!
Eu tentei sair pela lateral, mas foi tarde demais. Senti a lâmina fria e cortante rasgar minha pele, uma dor aguda atravessando minhas costas. Um líquido quente escorreu, e minhas pernas fraquejaram.
— Maldita... — murmurei, tentando me segurar na pia.
A visão ficou turva. Ouvi um grito abafado. Belinda entrou correndo, os olhos arregalados de horror.
— Alana! — o grito dela rasgou o ar.
Tudo pareceu acontecer em câmera lenta. Vi o soldado imobilizar Lívia, a faca caindo no chão com um som metálico. Théo apareceu em seguida, o rosto pálido de pavor.
— Chame o Noah, rápido! — Belinda ordenou, desesperada.
Meus joelhos cederam, e caí nos braços dela. A última coisa que vi antes de tudo escurecer foram os olhos de Théo cheios de pavor, deveria ser muito sangue, já que sentia tudo a minha volta molhado.
A dor desapareceu. Só restava o silêncio.
O mundo ao meu redor oscilava entre a luz e a escuridão, como uma chama prestes a se apagar. Eu conseguia sentir o peso do meu corpo, mas não conseguia me mover. Tudo parecia distante, embaçado, como se eu estivesse submersa em águas profundas.
Em meio ao vazio, vozes surgiam e desapareciam.
— Fica comigo, Alana... — Era a voz de Noah, grave, carregada de desespero.
Por um instante, consegui abrir os olhos e o vi. Ele estava ao meu lado, o rosto marcado por preocupação, a mão quente segurando a minha com força. Sua expressão era um misto de raiva e pânico. Vi algo brilhando em seu rosto — uma lágrima solitária que ele não conseguiu conter.
A escuridão voltou a me puxar.
Quando a luz retornou, o cenário havia mudado. Ouvi outros sussurros, rostos familiares se misturando em minha visão turva.
— O pai dela fugiu... — Uma voz masculina soou. Era Lorenzo, firme e autoritário, mas com uma nota de insatisfação. — Os homens dele foram contidos. Vai ficar tudo bem.
Alívio. Uma pequena onda de paz que tentou, em vão, apagar a dor.
Outro apagão.
A sensação de mãos suaves tocando meu rosto. Uma risada baixa e familiar — Giulia.
— Você é mais forte do que pensa, amiga. — Sua voz estava embargada, mas carregada de carinho.
Uma sombra de calor preencheu meu peito. Eu não estava sozinha.
Tudo escureceu mais uma vez.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Cleise Moura
Caramba além do pai a mãe é outra vigarista sem-vergonha ainda bem que a Alana tem a proteção dos Mansur
2025-03-18
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Gensiane Santos
eu achava que a mãe da Alana era vítima do marido mas há um terrível engano ela é uma cobra 🐍.
2025-03-27
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Arlete Fernandes
A mãe dela sabia que a outra ia fazer mal para ela e não evitou então não merece perdão tbm!
2025-03-03
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