Quando finalmente abri os olhos, o teto branco e impessoal do hospital me encarou de volta. Pisquei lentamente, sentindo a luz me ferir. Meu corpo parecia pesado, mas a dor havia diminuído, substituída por uma dormência reconfortante.
— Alana... — A voz rouca e emocionada de Noah me fez virar a cabeça com dificuldade.
Ele estava ali, ao meu lado, os olhos vermelhos e cansados, mas brilhando de alívio. Um sorriso trêmulo curvou seus lábios. Ele pegou minha mão, levando-a até seus lábios e a beijando com ternura.
— Você voltou para mim.
Uma lágrima quente escorreu pelo meu rosto.
— Eu estou aqui — sussurrei, minha voz fraca — Não vou quebrar nosso contrato — falei rindo.
— E vai continuar aqui, esquece o maldito contrato. — A promessa dele veio com uma intensidade que aqueceu meu coração.
Ao lado de Noah, vi Giulia sorrindo, os olhos marejados. Enzo estava atrás dela, segurando seus ombros em apoio silencioso. Mais atrás, a família Mansur inteira preenchia o quarto, todos com expressões de alívio e carinho. Lorenzo assentiu para mim, sua força e respeito me envolvendo em um abraço invisível. Belinda piscou e sorriu, um gesto cúmplice.
— Nunca mais me dê esse susto, eu só tenho você — Giulia brincou, enxugando uma lágrima.
Uma pequena risada escapou dos meus lábios, seguida de uma pontada de dor. Noah imediatamente se inclinou, preocupado.
— Não se mexa muito, ainda está se recuperando — ele disse, a voz suave, os dedos traçando meu rosto com delicadeza.
Eu assenti, sentindo uma paz que há muito tempo não experimentava. Pela primeira vez em anos, a sensação de proteção era genuína.
— Obrigada por não desistirem de mim — murmurei, olhando para cada um deles.
Noah segurou meu rosto com ambas as mãos, os olhos brilhando com uma promessa silenciosa.
— Eu nunca vou desistir de você, Alana. Jamais.
Fechei os olhos por um momento, deixando aquela certeza me envolver. A dor ainda existia, as sombras do passado ainda pairavam, mas agora... agora eu sabia que não precisaria enfrentar nada sozinha.
O silêncio do quarto de hospital era quase ensurdecedor após a saída das visitas. As risadas suaves e palavras de conforto da família Mansur haviam preenchido o espaço por horas, mas agora só restava eu e Noah.
Ele estava sentado na poltrona ao lado da cama, os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos entrelaçadas em tensão silenciosa. A luz fraca do fim da tarde iluminava seu rosto cansado, as sombras sob seus olhos denunciando que ele não dormia havia dias.
Minha mente não conseguia descansar. Cada vez que fechava os olhos, a lembrança da minha mãe me invadia como um veneno. Aquele sorriso cruel, os olhos sem um pingo de remorso enquanto eu era atacada. A dor não era apenas física — era uma ferida muito mais profunda.
— Você está pensando no ataque, não está? — Noah perguntou, a voz baixa e firme, como se tivesse lido minha mente.
Engoli em seco, desviando o olhar.
— Não sei como te contar, Noah. — Minha voz saiu trêmula. — Minha própria mãe… ela sabia. Ela deixou aquilo acontecer.
Ele respirou fundo e se levantou, aproximando-se da cama. Seus olhos escuros capturaram os meus, cheios de uma mistura de fúria e proteção.
— Não importa o que me diga, ela pagará pelo que ela fez, Alana. Você está aqui. Está viva. — Ele tocou meu rosto suavemente. — E eu estou aqui para você. Sempre, aquela desgraçada não vai sobreviver.
— E meu pai? — perguntei.
— Com a confusão ele fugiu, já estão atrás dele e da sua mãe, um soldado confirmou que sua irmã foi enviada para a casa de um tio e que os dois estão foragidos. — ele me respondeu e meu coração ficou mais apertado, minha irmã na casa daquele irmão da minha mãe.
As lágrimas que eu segurava caíram silenciosamente. Ele inclinou-se e pressionou um beijo terno na minha testa, seu toque me ancorando à realidade.
— Vamos cuidar de você agora, tá bom? — ele murmurou, afastando os fios de cabelo da minha testa. — Vou te ajudar com o banho.
Assenti com um misto de constrangimento e gratidão. Ele não me deixou sozinha nem por um segundo.
Com paciência e uma gentileza que parecia improvável para um homem tão poderoso, Noah me ajudou a levantar. Cada movimento causava um puxão dolorido nos pontos, mas ele estava ali, guiando-me com firmeza.
O vapor quente do chuveiro preenchia o banheiro. Noah ajudou a tirar minha roupa hospitalar com cuidado, evitando olhar para o ferimento com pena — ele só tinha determinação no olhar.
— Vamos devagar — ele disse, enquanto me ajudava a entrar na água morna.
O calor da água trouxe alívio para os músculos tensos. Noah segurava minha mão, os olhos sempre nos meus, como se o contato visual pudesse manter minha força intacta, ele não queria me desrespeitar, e eu não queria que ele visse elas, as cicatrizes de algumas surras.
— Você não precisa ter vergonha — ele sussurrou. — Cada cicatriz, cada dor… você sobreviveu a tudo isso. E isso só faz de você a mulher mais forte que conheço e quem fez isso vai sentir mais que você.
Meu coração apertou. Como ele sempre sabia o que dizer?
Quando terminei o banho, Noah me enrolou na toalha com o mesmo cuidado que alguém teria com uma joia rara. Ele me ajudou a vestir uma camisola limpa e voltou a me colocar na cama.
— De quem são essas roupas? — questionei.
— Minha mãe comprou para você, Rafa minha irmã trouxe uns produtos de higiene, ela disse que você ia amar — falou me mostrando uma caixinha sobre o armário e acabei sorrindo não acostumada com tanto carinho.
Pouco depois, o médico entrou. Era um homem alto, de cabelos grisalhos e expressão serena. Ele olhou meu prontuário e fez um exame rápido no curativo.
— Você está se recuperando bem, Alana — ele disse, sorrindo levemente. — Foram 30 pontos, então vai precisar ter muito cuidado. Evite carregar qualquer peso pelos próximos 30 dias e siga com os medicamentos.
Assenti, sentindo-me um pouco mais tranquila. Noah agradeceu ao médico, que se despediu e saiu, deixando-nos novamente a sós.
Noah sentou-se à beira da cama, seus dedos traçando pequenos círculos na minha mão.
— Você ouviu o doutor — ele disse, tentando suavizar o momento com um sorriso. — Trinta dias de descanso. Nada de bancar a teimosa.
Revirei os olhos e sorri de leve.
— Não vai ser difícil com você me vigiando 24 horas por dia.
Ele deu uma risada baixa e trouxe minha mão até seus lábios.
— Pode apostar que sim.
E naquele instante, pela primeira vez desde o ataque, senti que talvez, apenas talvez, tudo realmente pudesse ficar bem.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Solange Araujo
Acho eu que não tenho tanta raiva do pai dela, não que não tenha mais a mãe falar tanta palavras de desprezo pra Alana foi triste 😔 queria eu pegar essa cobra 🐍🐍 e arrancar os dentes e dedos com um alicate ó delicia 😋
2025-03-28
1
MARIA LUZINETE DIAS SILVA
Ele tem que treiná-la, ela tem que aprender a se defender e que soldados são esses, muito fracos, deixaram o pai dela fugir
2025-02-28
5
Cleise Moura
Que sortuda a Alana, o Noah é a cópia do Lorenzo ela vai ser amada igualmente a Sofia os Mansur são fiéis a suas amadas
2025-03-18
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