O salão fervilhava de vozes, luzes e perfumes caros. Cada passo que eu e Alana dávamos era acompanhado por uma onda de cumprimentos e sorrisos calculados. Muitos apertos de mãos e sorrisos falsos, todos tentando medir o quanto poderiam se aproximar ou tirar vantagem da situação.
— Parabéns, Noah. Finalmente decidiu se amarrar? — Marco Rizzo, um aliado de longa data da família, sorriu com malícia. — Espero que ela não consiga domar você.
— Não se preocupe, Marco. Quem decide isso sou eu — respondi, com um sorriso frio, apertando a mão de Alana suavemente para mostrar que ela não era um simples troféu.
Outros não foram tão sutis. As mulheres se aproximavam, o olhar cheio de uma ousadia que beirava o desespero. Vestidos justos, lábios vermelhos demais e perfumes doces. Cada piscada exagerada e cada riso ensaiado causavam em mim um asco indescritível.
— Noah, ainda tem tempo de mudar de ideia… — uma morena sussurrou, passando a unha pelo meu braço.
Sorri de lado, seco, e me afastei.
— Nem em um milhão de anos e se voltar a me encostar ou desrespeitar minha noiva a morte te esperará.
Elas achavam que estavam arrasando, como se sua sensualidade calculada pudesse me atrair. Não tinham ideia de que aquele tipo de jogo não funcionava comigo. Meu olhar recaiu sobre Alana, que, mesmo cercada por toda aquela atenção, mantinha a postura firme, os olhos claros observando tudo com uma mistura de curiosidade e desconforto. Ela era real, autêntica. E talvez por isso, tão perigosa para mim.
Foi então que vi o vulto de Herbert Duarte o pai de Alana, se movendo em direção ao corredor que levava ao escritório. Seu passo era hesitante, e a tensão em seus ombros era quase palpável.
— Alana — sussurrei próximo ao seu ouvido. — Seu pai está indo para o escritório. É hora de resolver isso.
Ela virou-se para mim com determinação.
— Eu quero ir junto.
Neguei com firmeza.
— Ainda não. Logo o soldado virá chamá-la. Até lá, quero que fique aqui. Em segurança.
Seu olhar faiscou de frustração, mas assentiu, respirando fundo. Peguei sua mão e a guiei até os sofás onde minha mãe, tias e primas estavam reunidas. Sofia, minha mãe, ergueu o rosto com um sorriso caloroso.
— Venha, querida — ela disse, puxando Alana para sentar ao seu lado. — Aqui você está entre família.
As mulheres da família Mansur eram fortes e acolhedoras. Duda e Belinda já estavam falando sobre vestidos e possíveis alianças, enquanto Ayla trocava olhares divertidos com Alana. A tensão nos ombros de Alana suavizou um pouco, e isso me deu a tranquilidade de que precisava.
Olhei para um dos soldados próximos e falei em tom baixo:
— Não deixe ela sair daqui por nada.
Ele assentiu com seriedade. Com um último olhar para Alana, me virei e segui em direção ao escritório. A calmaria da festa parecia distante enquanto eu caminhava, cada passo me aproximando da verdade e da justiça.
A noite estava longe de terminar, e o pior ainda estava por vir.
Assim que entrei no escritório, o ar ficou pesado. Herbert Duarte estava diante de meu pai, Lorenzo, como um animal acuado, mas ainda arrogante. O suor escorria pela sua testa, e ele não conseguiu esconder o nervosismo ao me ver.
— Então, o noivinho da minha filha — ele cuspiu as palavras com desdém. — Não sabe a armadilha em que está se metendo.
— O único enredado aqui é você — respondi friamente, fechando a porta.
Herbert riu sem humor, os olhos inflamados de ódio.
— Ela é igual à mãe dela... uma cobra que seduz e destrói. Não é à toa que teve um caso com aquele russo. Por isso a mandei embora. Sempre soube que ela ia atrair desgraça.
Cada palavra dele cortava como uma faca. Vi meu pai franzir o cenho, dividido entre a dúvida e a lealdade. Mas eu não tinha um pingo de incerteza.
— Cale a boca — rosnei, avançando um passo. — Você não tem o direito de falar dela assim. Eu tenho provas do que Alana me contou, e elas destroem cada mentira sua.
Herbert empalideceu, mas ainda mantinha a postura.
— Você vai se arrepender de me enfrentar — ele sibilou. — Só saio daqui morto, e ainda vou acabar com aquela garota insolente!
A ameaça dele fez o sangue ferver em minhas veias. Eu estava prestes a perder o controle quando a porta se abriu bruscamente.
Théo surgiu com o rosto pálido, o olhar desesperado.
— Noah! Algo aconteceu com Alana!
Meu coração despencou. Nem esperei por mais explicações. Saí em disparada, meu pai logo atrás. Corremos pelo corredor, os ecos dos nossos passos acelerados preenchendo o vazio.
Quando chegamos ao banheiro, a cena me paralisou. Lívia Sartoro, uma mulher conhecida por sua língua afiada e ambição desmedida, estava contida por dois soldados. Em sua mão trêmula, uma faca reluzia manchada de sangue.
E no chão, encostada contra a parede, estava Alana, com os olhos fechados e o rosto contorcido de dor.
— Alana! — minha voz falhou ao me ajoelhar ao lado dela. O sangue tingia o vestido e se espalhava pelas costas.
Os soldados continuavam segurando Lívia, que gritava descontrolada:
— Ela não merece você, Noah! Ela não merece ser uma Mansur!
Ignorando-a, meus olhos estavam fixos em Alana. Minha mão tocou seu rosto pálido.
— Fica comigo, meu amor. — Minha voz tremia, e eu não me importava em deixar transparecer o medo. — Alana, por favor...
Ela abriu os olhos lentamente, um gemido escapando dos lábios.
— Noah... — sussurrou. — Eu... estou aqui.
— Você vai ficar bem — afirmei, mais para mim do que para ela.
Meu pai, Lorenzo, agachou-se ao meu lado e avaliou a ferida rapidamente.
— Chamem os médicos agora! — ordenou, sua voz firme. — E tirem essa louca daqui!
Lívia foi arrastada para fora, ainda se debatendo e lançando insultos que ninguém mais ouvia. Meu foco estava em Alana, sua respiração curta e rápida.
— Eu prometo que vai ficar tudo bem — murmurei, segurando sua mão com força.
Os médicos chegaram em segundos, mas para mim parecia uma eternidade. Enquanto a levavam para ser tratada, senti uma onda de raiva gelada se misturar com o medo.
— Isso não vai ficar assim — sussurrei para mim mesmo. — Quem ousar tocar em você pagará o preço.
Porque ninguém mexe com quem eu amo e sai ileso.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Arlete Fernandes
Nossa que dó ela não fez nada para merecer isso que mulher mais louca!
2025-03-03
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Solange Araujo
O inimigo está tão próximo, que parece que surgi das sombras....
2025-03-28
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Ivonete Francisca
tudo acontece no banheiro essas mulheres mijonas
2025-03-09
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