Cheguei à mansão animado, os últimos acontecimentos estavam pesando em meus ombros, mas a ideia de ter Alana como minha esposa é tentadora, já era quase dia quando cheguei.
A casa estava silenciosa, um contraste com o caos da noite anterior. Subi os degraus com calma e segui até o escritório do meu pai, pronto para discutir o próximo passo. A porta estava entreaberta e, assim que a empurrei, me deparei com uma cena que me fez desejar ter ficado do lado de fora.
Minha mãe estava sentada no colo do meu pai, os braços dela envoltos em seu pescoço, enquanto ele sussurrava algo que a fazia rir suavemente. Meu pai, o todo-poderoso Lorenzo Mansur, tinha uma expressão de pura adoração, os olhos brilhando como os de um jovem apaixonado.
— Por Deus... — murmurei, fechando os olhos com força e levando a mão à testa. — Será que dá para vocês agirem como adultos só por um momento?
Minha mãe soltou uma risada divertida, deslizando do colo do meu pai com a graça de sempre. Ela se aproximou de mim, afagando meu rosto com carinho.
— Ah, Noah, você precisa relaxar mais. — Ela piscou, deixando um beijo leve na minha bochecha. — Vou ver como está sua irmã Rafaela.
— Só espero que Rafaela não precise presenciar isso — resmunguei, tentando afastar a imagem mental.
— Vai se acostumando, garoto! — Meu pai riu, ajeitando o paletó com um sorriso satisfeito. — Um dia, você vai entender o que é manter o romance vivo.
— Não sei se quero entender tanto assim, pai.
Ele riu alto dessa vez, os olhos ainda brilhando. Por mais durão que fosse nos negócios, Lorenzo Mansur era um homem que nunca deixou de demonstrar seu amor por nós. Essas cenas eram frequentes desde a infância e, embora me deixassem desconfortável, no fundo, eu admirava a relação deles.
Quando minha mãe saiu, deixando um leve perfume floral no ar, meu pai voltou-se para mim, o olhar sério agora.
— Pronto para falarmos de negócios? — ele perguntou, indicando a cadeira em frente à sua mesa.
Sentei-me, deixando escapar um suspiro pesado.
— Podemos armar o plano para desmascarar o pai de Alana na festa — comecei, mantendo meu tom firme. — E tem mais... Ela aceitou se casar comigo.
A surpresa iluminou os olhos dele por um segundo antes de se transformar em algo que parecia... orgulho?
— Então a garota é inteligente — ele disse, assentindo. — Isso vai facilitar as coisas para todos. Os cassinos e portos dos Duarte serão nossos.
— Não é só isso, pai — interrompi, olhando-o nos olhos. — Ela está fazendo isso por si mesma, para escapar da influência dos russos e salvar a irmã.
Ele inclinou a cabeça, pensativo.
— Entendo. Um acordo de conveniência, mas com propósito. É algo que respeito. — Seu olhar suavizou. — E você, Noah? Está realmente preparado para isso?
Engoli em seco. A imagem de Alana, os cachos caindo sobre os ombros e os olhos claros cheios de desafio, voltou à minha mente. Uma mistura de nervosismo e desejo percorreu meu corpo.
— Eu não sei — admiti, com um meio sorriso. — Mas estou disposto a descobrir.
Meu pai riu baixo, estendendo a mão para um aperto firme.
— Então temos um plano e, pelo visto, uma noiva. Vamos fazer dessa festa um espetáculo inesquecível.
Assenti, a determinação crescendo dentro de mim. Naquela noite, o destino dos Duarte seria selado — e talvez, o meu e o de Alana também.
A conversa com meu pai terminara com uma certeza sólida: a festa não seria apenas um evento para manter aparências. Seria o palco onde os segredos dos Duarte viriam à tona, e a primeira peça do dominó cairia. Enquanto saía do escritório, uma inquietação tomou conta de mim. Pensei em Alana.
Subi as escadas, o eco dos meus passos preenchendo o silêncio do corredor. Parei em frente à porta do meu quarto. Talvez dormir um pouco ajudasse a organizar a avalanche de pensamentos, mas a verdade era que dormir estava longe de ser uma opção viável. A imagem dela vinha à minha mente repetidamente — os olhos claros, a expressão teimosa e aquela maneira desafiadora de cruzar os braços. Ela mexia comigo de uma forma que eu não estava pronto para admitir.
Entrei no quarto e me joguei na cama. Encostei a cabeça no travesseiro e respirei fundo, mas o som da vibração do meu celular me tirou daquele breve momento de calmaria. Olhei para a tela.
Mensagem de Enzo:
“Estamos prontos para amanhã. Giulia vai acompanhar Alana na festa. E você... vai estar preparado para lidar com o furacão que trouxe para a família?”
Revirei os olhos e respondi rapidamente:
“Vai se danar, Enzo.”
Ele apenas enviou um emoji rindo. Primo ou não, aquele desgraçado sabia como me provocar.
Eu precisava ver Alana. Precisava garantir que ela estivesse bem — e talvez precisava vê-la por razões que iam além da lógica. Antes que pudesse repensar minha decisão, levantei-me, vesti um casaco e saí pela porta dos fundos da mansão, onde um dos soldados já me esperava com o carro.
— Para o apartamento — ordenei, e ele assentiu sem fazer perguntas.
Quando cheguei, o prédio estava silencioso. Subi pelo elevador, minha mente correndo com possibilidades. O plano era simples: verificar se estava tudo bem e sair em seguida. Mas desde quando algo com Alana era simples?
Abri a porta do apartamento com cuidado, a luz suave da sala me recebendo. Lá estava ela, sentada no sofá, um livro nas mãos. Os cachos desciam por seus ombros em ondas douradas, e os olhos claros se ergueram para mim, surpresos.
— Noah? — Sua voz soou suave, mas carregada de uma surpresa que me fez sorrir. — O que você está fazendo aqui a essa hora?
— Não consegui ficar longe — confessei sem rodeios, fechando a porta atrás de mim.
Ela arqueou uma sobrancelha, uma expressão de desafio surgindo em seu rosto.
— Veio verificar se estou mesmo sob proteção ou se cumpro a parte do acordo?
— Talvez os dois. — Me aproximei, parando em frente a ela. — Está tudo bem?
Ela assentiu, mas havia algo nos olhos dela — uma inquietação que ela tentava esconder.
— Giulia está dormindo. Eu só... não consigo relaxar. Amanhã vai ser um circo, não vai?
— Vai. — Sentei-me ao lado dela, nossos joelhos quase se tocando. — Mas você não estará sozinha. Eu prometo.
Ela me olhou por um longo momento, como se tentasse ler cada linha do meu rosto.
— E depois disso, Noah? O que acontece conosco depois dessa farsa toda?
Engoli em seco. Eu tinha respostas para tudo — exceto para isso.
— A gente dá um passo de cada vez, estou disposto a fazer dar certo — respondi, minha voz baixa. — E eu estarei ao seu lado em cada um deles.
Ela desviou o olhar, os lábios se curvando em um sorriso melancólico.
— Você é bom com palavras, sabia?
— Só quando importa.
Nossos olhos se encontraram de novo, e por um instante, o mundo ao nosso redor desapareceu. A tensão entre nós era palpável, como uma corda esticada prestes a se romper. Minha mão se moveu por conta própria, tocando o rosto dela com a ponta dos dedos.
— Alana... — murmurei, quase sem fôlego.
Ela fechou os olhos por um segundo, inclinando-se levemente em minha direção. Mas antes que eu pudesse ceder ao desejo crescente, ela abriu os olhos e sussurrou:
— É melhor você ir, Noah. Hoje terá um longo dia.
Assenti, recolhendo a mão e me levantando com um esforço visível.
— Você tem razão. Mas lembre-se, amanhã você não estará sozinha.
Ela sorriu de leve, mas o brilho nos olhos dela dizia que aquela noite seria longa para nós dois.
Enquanto saía, uma certeza me atingiu em cheio: esse casamento poderia ser um contrato, mas as linhas entre o acordo e o desejo estavam ficando perigosamente tênues.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Cleise Moura
Esse contrato vai ser quebrado o desejo está aflorando pelos poros kkk é muito tesão
2025-03-18
0
Rosaria TagoYokota
kkk a tensao ta quase se quebrando e o contrato cai pro ar kkkk
2025-02-28
1
Marta Ginane
Esse contrato nunca vai ser respeitado. kkkkkkkkk
2025-02-25
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