A luz fria da TV piscava pela sala, enquanto Giulia e eu nos afundávamos no sofá comentando cada detalhe do apartamento ela parecia tranquila, quase como se estivéssemos de férias, mas eu sentia cada fibra do meu corpo tensionado. O peso da situação ainda me pressionava. Giulia riu de alguma cena na TV, mas minha mente estava longe.
— Se meu pai nos visse aqui, se visse que não morri… — murmurei, mais para mim mesma.
Giulia deu de ombros, a expressão leve.
— Ele não vai saber? Já avisei o meu que estou em uma viagem.
— Não há motivos para que ele saiba de algo relacionado a mim, não mais. — Minha voz é amarga. Meu pai não se importaria de nenhuma forma, a menos que eu fosse um trunfo para seu jogo sujo. Ele gastou tudo o que tinha com prostitutas e homens tão desprezíveis quanto ele. Minha mãe e minha irmã mereciam algo melhor… eu também.
De repente, meu celular começou a vibrar na mesa do centro. Olho para o relógio: 2h17 da manhã.
— Quem diabos liga a essa hora? — Giulia perguntou, franzindo o cenho.
Meu estômago embrulhou com uma sensação de mau pressentimento. Peguei o celular e liguei o número desconhecido por um segundo antes de atender.
— Alô?
Uma voz grave e transmitida de um sotaque russo escorreu pela linha, como veneno:
— Minha prometida… finalmente atendeu, aquele maldito italiano te pegou, mas eles pagarão.
Meu coração congelou, como assim prometida?
— Deixe-me em paz, Eu não sou nada sua! — cuspi as palavras, cada sílaba incluída de desprezo.
— Ah, mas você é… — ele riu, uma risada fria e vazia. — E logo, logo, você estará em minhas mãos. Não há para onde correr, um Koslov não desiste, e Sergey é o líder.
— Vá para o inferno!
Nesse momento, a porta se abriu com um estrondo e Noah entrou. Seu olhar encontrou o meu imediatamente, depois se fixou no celular na minha mão e na minha expressão de pânico. Sem hesitar, ele avançou, arrancando o telefone dos meus dedos.
— Quem é você? — Noah Rosnou, voz baixa e perigosa.
Ouvi a voz de Sergey respondendo algo provocativo, mas não entendi. Noah abriu o celular contra o ouvido, seus olhos se estreitaram, e uma fúria sombria tomou conta de seu rosto.
— Se você se aproximar dela, Sergey, eu vou te matar. E não vai ser rápido. Vou fazer a questão de que cada segundo da sua existência seja um inferno. — Ele fez uma pausa, o maxilar rígido. — Ela é minha noiva. Entendeu?
Quando ouvi a palavra “noiva” , meu coração disparou e minha mente paralisou. Noiva? O que ele estava dizendo? Noah desligou o celular bruscamente e me encarou. Sua expressão ainda era sombria, mas algo mais estava lá — uma preocupação genuína.
Giulia arregalou os olhos e murmurou um “meu Deus” antes de sair correndo para o quarto, deixando-nos a sós.
— Noiva? — Minha voz saiu mais aguda do que eu gostaria. — Que história é essa, Noah?
Ele suspirou e passou a mão pelos cabelos, como se buscasse paciência. Seu olhar suavizou levemente antes de se fixar no meu.
— Seu pai… a família Duarte… Eles traíram nossa máfia. Por isso, meu pai vai condená-los. Sua mãe e sua irmã serão provavelmente mandadas embora, mas há uma saída para você. — Ele respirou fundo. — Se eu me casar com você, os cassinos e portos da sua família se tornarão nossos, e isso garantirá proteção contra os russos. Você correrá riscos como minha esposa, esposa do Don, mas ninguém é louco o suficiente para tentar mais do que já tentam, Sergey é o líder na Rússia e está obcecado com a ideia de ter você, mas casaremos logo, você já tem 19 anos pode ser em dois meses se aceitar, isso te livrará do alvo russo.
Tentei processar tudo de uma vez. Meus pais não fizeram nada de bom para mim. Mas minha irmã… eu faria qualquer coisa por ela.
— E se eu disser não?
— Então não posso garantir que você e sua irmã fiquem seguras. — Ele me olhou intensamente. — Mas não quero te forçar a nada. Seria um contrato. E eu não tocaria em você sem seu consentimento.
Uma onda de calor subiu pelo meu corpo. A ideia de Noah Mansur dormir ao meu lado sem me tocar parecia absurda. A vontade de beijá-lo agora era quase insuportável. Como seria possível resistir a ele?
Fechei os olhos por um segundo, respirando fundo. Quando eu abri, minha decisão foi tomada.
— Eu aceito. — Minha voz saiu firme. — Mas estou fazendo isso por mim, pela minha irmã… e pela liberdade contra os russos, não porque você é lindo, sexy e absurdamente irresistível — finalizei rindo.
— Mas me diz... Então, por contrato, a gente não pode… fazer nada? — questionei.
NOAH:
Alana estava ali, diante de mim, com os lábios entreabertos, os olhos brilhando com uma mistura de dúvida e desafio. Havia algo irresistível em sua força e vulnerabilidade, algo que fazia meu sangue ferver e, ao mesmo tempo, despertava meu instinto protetor. Ela respirou fundo, suas palavras saindo hesitantes:
— Então, por contrato, a gente não pode… fazer nada?
Uma risada baixa escapou dos meus lábios antes que eu pudesse conter. Meu olhar percorreu seu rosto, parando nos olhos claros que me desafiavam mesmo quando tentavam disfarçar o embaraço. Me aproximei mais um passo, inclinando o rosto até sentir o calor dela contra mim.
— Minha vontade vai além de qualquer contrato, Alana. — Minha voz saiu rouca, cheia de significado. — Mas a única vontade que importa é a sua.
Ela abaixa os olhos, um sorriso tímido curvando seus lábios. O rubor em suas bochechas fez meu coração bater mais forte. Por um segundo, imaginei como seria levá-la para o quarto agora mesmo, sentir seus lábios nos meus, descobrir cada curva de seu corpo com minhas mãos. A ideia era tão tentadora que preciso de todo o meu autocontrole para não ceder.
Respirei fundo, afastando os pensamentos perigosos. Não era hora. Ainda não.
— Como minha noiva, você vai aparecer no próximo evento da família. — Minha voz era firme, mas suave. — Meu pai vai estar lá, e sua presença será essencial para firmarmos isso diante dos outros, o mais importante, seu pai será pego nesse evento, então se despedirá de sua irmã e mãe, elas serão mandadas para uma vila dos Valentim, lá algumas exiladas vão com filhos pequenos, o lugar é seguro.
Ela mordeu os lábios, mas assentiu.
— Certo.
— Enquanto isso, você vai continuar aqui, sob proteção. — Toquei de leve uma mecha de seu cabelo, enrolando-a entre os dedos. — Mas antes do evento, vou levar você para minha casa. Vamos fazer um jantar formal. Quero que conheça minha família… da maneira certa, lá no complexo tem a minha casa e vamos ver sobre o casamento.
Ela estreitou o olhar para mim, surpresa, mas sem dizer nada. Havia uma doçura ali que fazia meu peito se apertar. Inclinei-me lentamente e pressionei meus lábios contra sua bochecha, sentindo sua pele quente sob o meu toque. Ela ficou imóvel, como se temesse se mover e quebrar o momento.
Me afastei, relutante. Nossos olhos se voltaram novamente, e uma faísca de algo perigoso — e delicioso — passou entre nós.
— Descanse, Alana. Ainda temos muito pela frente.
Girei os calcanhares e comecei a caminhar em direção a porta deixando ali toda a minha vontade de ficar.
Ela era um fogo que eu não deveria tocar… mas já estava queimando.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Anonymous
Autora, só pra entender, até o dia que ela foi vendida ela não tinha celular, comunicou com a amiga por telefone público, se não me engano.
Como der repente ela tem celular e o russo comunica com ela.
Desculpe, é que assim, a estória fica muito fantasiosa por demais.
2025-02-25
6
Maria Do Socorro Matos
parabéns autora estou adorando essa história muito bom seu livro ♥️🌷🌷
2025-02-12
4
Cleise Moura
Mas quando a Alana procurou ajuda com a amiga ela ligou de um orelhão e agirá o cara tá ligando pro celular dela não entendi
2025-03-18
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