Informações.

Eu estava sentado à mesa, o café amargo de cada manhã acompanhando o peso da reunião que estava prestes a acontecer.

Meu pai, estava do outro lado, dando ordens aos nossos homens enquanto Cesare, meu tio, observava tudo com uma calma impassível. Enzo e Theo, meus primos, estavam em uma conversa paralela, discutindo algum pequeno golpe nos negócios, como sempre.

O som baixo de papéis sendo organizados, o murmúrio das conversas nos fundos da sala, tudo isso fazia parte da rotina de nossa família. Mas, naquele momento, minha cabeça estava longe, focada em um único pensamento: a garota da noite anterior.

Eu sabia que algo estava errado com ela. Sabia que não era uma simples vítima, mas alguém com uma história complicada. Ela não havia sido apenas arrastada para a boate. Havia algo mais. Algo que, no fundo, me atraía de uma maneira que eu não conseguia entender.

Foi quando a porta da sala se abriu e o soldado entrou, interrompendo meus pensamentos. Ele se aproximou rapidamente, com o semblante sério. Antes que pudesse perguntar, ele soltou a bomba:

— Senhor, uma moça acompanhada de outra menina apareceu aqui. Ela diz ter informações sobre russos na Itália.

O silêncio se fez instantaneamente. Russos. Não era a primeira vez que ouvíamos falar deles, mas a maneira como ele havia falado me fez sentir que era mais do que uma simples coincidência. A situação estava prestes a ficar mais complicada.

Lorenzo, com o olhar fixo e calculista, sinalizou para a moça entrar. Quando a porta se abriu novamente, ela apareceu. E, como se o universo estivesse brincando comigo, era ela. A mesma garota da boate, usava roupas mais simples, mas sua beleza igualmente única.

Meus olhos se fixaram nela imediatamente. Estava diferente, mais confiante, mas o olhar de ontem ainda estava lá, a dor contida, os medos escondidos atrás de uma fachada que ela tentava construir. Ela se adiantou, sem hesitar, e os homens ao meu redor se acomodaram, mas a tensão no ar estava palpável.

Ela não parecia nervosa, mas eu podia ver que estava calculando cada palavra que sairia de sua boca.

— Quem é você e por que está aqui? — Meu pai, foi direto ao ponto. A voz dele sempre tinha aquele tom de comando, mas dessa vez, percebi a leve curiosidade por trás das palavras.

A garota respirou fundo antes de falar. A voz dela saiu firme, mas vi as mãos tremerem levemente.

— Meu nome é Alana Duarte. Estou aqui porque fui vendida pelo meu pai para pagar uma dívida, os homens que me levaram eram russos, e me levaram até um hotel abandonado onde um velho me pegou, lá me mandaram para outro homem que me levou para a boate, sei que são russos e tenho suspeitas que acho que podem mudar o rumo da história.

As palavras caíram na sala como chumbo. Um silêncio denso tomou conta do ambiente. O ódio subiu quente pela minha garganta. Um pai fazer isso com a própria filha? Era nojento.

Ela continuou, a voz agora mais fria:

— E eu quero garantir que eles paguem por isso.

Havia algo nos olhos dela, uma mistura de raiva e determinação que eu reconhecia. Ela não estava ali apenas pedindo ajuda; estava pronta para ser parte da solução, mesmo que isso significasse mergulhar em águas turvas.

— E o que você sabe sobre os russos na Itália? — perguntou meu tio Cesare, sempre desconfiado, sempre pronto para o combate.

— Meu pai Herbert Duarte trabalha em um cassino e ontem me disse que falhiu, eu soube pela minha amiga Giulia que está na recepção me esperando que ele devia dinheiro a russos, ela é filha de um soldado do irmão do meu pai e mora sozinha, então me contou tudo, ele devia dinheiro a um grupo russo que está tentando se estabelecer aqui novamente. Eles estão retomando territórios e buscando alianças com políticos corruptos. Eu ouvi nomes, vi rostos, lembro perfeitamente de frases ditas no hotel abandonado e traduzindo tudo tenho algumas. Posso ajudar a derrubar essa rede.

— Diga alguma frase — falou Théo curioso.

Ela pegou um papel e uma caneta e escreveu:

"Никоделли ответил" (Nicodelli respondeu)

"Новый препарат" (Nova droga)

" ДАВАЙТЕ АТАКУЕМ, КОГДА ИХ БЕЗОПАСНОСТЬ ПОНЯТ, В НОЧНОЙ УКУС" (vamos atacar quando a guarda abaixar lá na boate)

" Манчини" (Mancini)

Cada palavra dela era uma faca afiada. Ela não estava blefando, e ouvir o sobrenome da minha mãe ali era preocupante.

Respirei fundo e falei, minha voz saindo mais baixa do que eu esperava:

— Por que veio até nós? Sabe o que isso significa?

Ela não hesitou. Olhou para mim como se estivesse enxergando além das minhas perguntas, além das minhas dúvidas.

— Sei que vocês são os únicos que podem fazer justiça. E sei que não há volta depois disso.

Uma sombra de tristeza cruzou o rosto dela. Era como se já tivesse perdido tudo e, por isso, não tivesse mais nada a temer.

— Meu pai fez a escolha dele. Agora, eu faço a minha.

As palavras dela bateram fundo. Uma mistura de respeito e indignação cresceu dentro de mim. Como alguém tão jovem podia carregar um peso tão grande sem desmoronar?

Meu pai assentiu devagar, analisando cada centímetro dela.

— Se você está disposta a entrar nesse mundo, saiba que o preço é alto.

Ela deu um sorriso amargo, um que me fez querer arrancar cada pedaço daquela dor dela.

— Eu já paguei o preço mais alto possível. Agora, é hora deles pagarem também.

Naquele momento, eu soube. Ela não era só mais uma desconhecida cruzando meu caminho. Ela era uma tempestade prestes a explodir, e eu estava pronto para ser arrastado por ela.

Eu podia ver o ódio nos olhos dela, uma raiva que não era só contra os russos, mas contra algo mais profundo. Algo que me fez perceber que essa história estava longe de ser simples.

— Certo Alana, entende que não posso te deixar ir? Não agora, Noah, como parece que já se conhecem de algum lugar a responsabilidade por ela é com você e quero um soldado vigiando a casa da amiga. Se os russos a mandaram para a boate realmente precisamos saber até onde podemos intervir, você já tem 18 anos? — meu pai perguntou.

— Tenho 19 Sr. e não preciso de proteção e guarda, só quero justiça, não por ninguém além de mim — respondeu.

— Théo e Enzo, vão à boate e falem com o gerente e o homem que a levou para lá, Noah quero conversar com você em particular hoje ainda — finalizou meu pai e todos levantaram, ela ia sair, mas a impedi.

— Você não pode sair, vem que vou te levar a um lugar seguro, sabe que pode confiar em nós porque veio até aqui, então vamos lá sem criar problemas — falei e ela assentiu.

— Eu sabia desde o momento que você me salvou lá na boate, obrigado pela miníma humanidade Noah Mansur — ela falou e me seguiu até o carro.

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Comments

Rosaria TagoYokota

Rosaria TagoYokota

que pai e rsse que vende a folha e a mae compactua com isso mais pra frente vai vender a outra filha tbm

2025-02-28

4

Márcia Jungken

Márcia Jungken

não é só o ordinário nojento do pai da Alana que tem que pagar pelo que fez com ela, mas também a praga da mãe dela 🤔🤔🤔

2025-01-27

2

daniely aparecida

daniely aparecida

aí autora meu coração ❤️
tá quentinho por esse casal
já sofro sabendo que Jajá a história acaba 😔😭

2025-01-08

0

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