Aquele lugar já tinha perdido a graça para mim. A música, os risos, os olhares sedutores — tudo parecia vazio demais. O que eu buscava não estava ali, e, para ser sincero, duvidava que alguma vez estivesse. Terminei meu whisky, deixei o copo no balcão e acenei para Enzo e Théo.
— Vou nessa. Divirta-se por mim.
Enzo fez um sinal de positivo, com um sorriso torto, enquanto Théo apenas dormiu a cerveja, os olhos já vidrados em alguma morena do outro lado da pista. Caminhei em direção à saída reservada, onde as seguranças mantêm o fluxo sob controle. O som abafado e o ar noturno começaram a me envolver quando passei pela porta, sentindo um rompimento momentâneo da atmosfera carregada do barco.
Foi então que vi.
Um homem, de terno escuro e olhar sombrio, arrastava uma jovem pelos braços. Ela tropeçou nos próprios pés, tentando se soltar da pegada firme dele. Seus cabelos castanhos caíram em desordem sobre os ombros, e a roupa boa estava desalinhada, como se tivesse sido puxada mais de uma vez. Seus olhos, arregalados de puro pânico, encontraram os meus por uma fração de segundo.
— Vamos logo, garota! Não tem para onde correr, — o homem rosnou, apertando ainda mais o braço dela.
Eu deveria simplesmente continuar andando. Não era o meu problema. Já havia visto esse tipo de cena antes — o submundo era cruel, e intervir nem sempre foi a melhor decisão. Passei por eles, os passos firmes e a consciência me mandando seguir em frente.
Mas olhe para ela…
Aquele olhar de desespero puro, como uma lâmina fria atravessando a pele. Os gritos abafados dela ainda ecoavam nos meus ouvidos. Me vi transportado para uma memória distante, contada sobre tia Eduarda milhares de vezes, aquela roupa não era de menina pobre, algo estava errado.
Parei.
Respirei fundo, fechei os olhos por um segundo e soltei o ar lentamente. Meu corpo inteiro tensionou, os instintos de protetor se acenderam como brasas sob o vento. Não importava o quanto eu tentasse me afastar, havia coisas que não podiam ignorar.
Dei meia-volta e segui o som dos gritos abafados até uma porta lateral. Empurrei-a sem hesitar e entrei no pequeno escritório. O homem estava lá, ainda segurando um jovem, que agora chorava em silêncio, os olhos baixos, derrotados. Ele me olhou com atenção, pediu a dizer algo, mas meu olhar cortou qualquer argumento.
— O que essa moça fez? — minha voz saiu fria, firme, sem margem para discussão.
O silêncio pesado tomou o ambiente, e a resposta que seguiria decidiria o destino daquela noite.
E talvez, o dela também.
ALANA:
Meus pés quase não tocavam o chão enquanto eu era arrastava para fora do carro. Os olhos ainda marejados pelas lágrimas mal me deixavam enxergar, mas o cheiro metálico e úmido do lugar era impossível de ignorar. Fui jogada em um chão frio de concreto. Um galpão escuro, sombrio, cheio de sombras e sussurros.
Um homem velho, de terno amarrotado e rosto marcado pelo tempo, se aproximou. Seus olhos me examinaram como se eu fosse lixo — uma mistura de desprezo e indiferença que fez meu estômago revirar. Ele resmungou algo para os outros homens ao redor. A língua era estranha, mas o tom não deixava dúvidas: estava me rejeitando ou decidindo o próximo passo.
— Leve ela para uma sarjeta qualquer, livre-se disso daqui — ele falou.
Sem hesitar, mãos ásperas agarraram meus braços novamente, me puxando com violência. Tentei resistir, mas era inútil. Minha coragem evaporava a cada passo. A porta de um carro batido foi aberta e eu fui jogada para dentro, minhas costelas estavam gritando em dor. O motor roncou, e o caminho foi um borrão de medo e lágrimas silenciosas.
Fomos até um lugar onde um homem diferente daqueles me esperava, eles falaram na outra língua e me entregaram ele que me jogou dentro de outro carro e seguimos dessa vez sozinhos.
Quando paramos, vi luzes neon tremeluzindo e música alta escapando pelas paredes. Meu coração disparou. Uma boate. Uma prisão com luzes coloridas, onde os sorrisos eram falsos e os destinos se perdiam.
— Vamos andando, — ele grunhiu, me puxando para fora.
A entrada era sufocante. O cheiro de cigarro, perfume barato e álcool queimou minhas narinas. Meus olhos se arregalaram enquanto passávamos por pessoas dançando, rindo, bebendo. Eles não olharam para mim; estavam perdidos em seus próprios mundos. Meu pânico crescia a cada segundo. Meu peito apertava.
Fui levado por corredores estreitos até uma porta fechada. Eles abriram e eu jogaram para dentro de um escritório. Lá dentro, o ar era ainda mais denso. Dois homens conversaram baixo, mas se viraram para mim olhar. Seus olhos brilharam de interesse doentio.
— Os pais deixaram a menina para servir... sem cobrança. E ainda é virgem , — disse o mesmo que me pegou, com um sorriso torpe contando aquela mentira.
Um soluço escapou da minha garganta. Meu corpo inteiro tremia. Minha visão ficou embaçada, e lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto. Eu queria gritar, correr, mas minhas pernas estavam presas pelo medo.
De repente, a porta se abriu com firmeza.
Um homem entrou.
Ele era alto, vestia-se com moda, e tinha uma presença que fazia o ambiente parecer pequeno. Seus olhos castanhos pousaram em mim, e, por um momento, a tensão congelou no ar. Ele era lindo, mas não era a beleza que me chamava atenção — era a força tranquila, o controle absoluto que ele exalava.
— O que essa moça fez? — ele disse, a voz fria e cortante.
O silêncio se instalou. Os homens à minha volta engoliram seco. Meu coração ainda disparado, mas pela primeira vez desde que tudo começou, senti que talvez, só talvez, alguém percebeu que eu ainda existia.
— Sr. Mansur, os pais deviam para alguém que devia para mim, ela vai me servir, uma bela moça virgem não acha? — perguntou ele.
— Qual valor da dívida? — questionou ele.
— A minha gira em torno de $30 mil Euros — quando ele disse isso o homem misterioso tirou uma quantia generosa do bolso e pagou a dívida, por que um homem assim carregava essa quantia?
— Ok, pode levar — ele acabou de me Vender?
O homem acenou com a cabeça e pude o seguir, ainda estava incerto meu destino, mas na frente da boate ele me perguntou se eu tinha para onde ir, assenti e ele virou as costas me deixando ali, aparentemente livre.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Cleise Moura
Por que ela não disse pra ele que não tinha para onde ir se ela voltar pra casa o pai ele vai fazer tudo novamente tadinha
2025-03-18
0
Josenira Ferreira
pq ela não falou q não tinha pra onde ir.
pq ela não vai voltar pra casa dos pais.
2025-02-05
1
Arlete Fernandes
Rapa fora e não vai pra sua casa porque senão seu pai te vende renovo viu!!
2025-03-02
2