Ver Noah pela segunda vez naquela madrugada foi uma surpresa que me deixou sem palavras. Ele parecia determinado a me proteger, a me mostrar que havia uma saída para o pesadelo que era minha vida. Mas, por mais que sua presença me trouxesse uma sensação de segurança, o medo de me tornar prisioneira em outra gaiola era maior.
Era como se meu corpo estivesse em guerra com a minha mente; o desejo dele irradiava de cada poro meu, enquanto a razão gritava para manter a distância.
Depois que ele se foi, deixei-me cair no sofá, exausta e confusa. Cochilei por algumas horas, e quando acordei, o sol já brilhava lá fora. O som de uma porta se fechando me trouxe de volta à realidade.
— Senhorita Alana — a voz do soldado soou firme —, uma modelista está aqui para tirar suas medidas. Ela trará alguns vestidos para você e para a senhorita Giulia mais tarde.
Assenti, esfregando os olhos. Era oficial. Em algumas horas, eu seria apresentada ao mundo como a noiva de Noah Mansur. O pensamento ainda parecia absurdo, mas havia uma parte de mim que ansiava por isso. Uma chance de ser mais do que a filha de um homem desprezível, mais do que uma promessa quebrada.
Giulia apareceu ao meu lado, os cabelos bagunçados e um sorriso sonolento nos lábios.
— Parece que hoje é o dia — ela disse, esticando os braços. — Pronta para a cara de choque do seu pai quando você descer aquela escada?
A imagem mental me fez sorrir pela primeira vez em dias.
— Mal posso esperar para ver a expressão dele — confessei, um brilho travesso nos olhos. — Vai ser a primeira vez que ele não terá o controle.
Giulia riu.
— Enzo me convidou para ser a acompanhante dele na festa. — Ela mordeu o lábio, um rubor subindo às bochechas. — Eu aceitei.
— Isso é ótimo! — disse, animada. — Pelo menos não estarei sozinha nessa loucura.
Ela assentiu, e por um momento, nos olhamos em silêncio. A tensão que pairava sobre nós nos últimos dias começou a se dissipar.
Passamos o dia rindo, falando sobre besteiras, lembrando de histórias engraçadas e compartilhando segredos. A preocupação constante que me consumia parecia menor quando estava com Giulia. Pela primeira vez desde que tudo começou, senti que talvez pudesse haver um final feliz para mim.
À tarde, a equipe chegou. Uma enxurrada de tecidos, maquiagens e joias tomou conta do apartamento. Mulheres habilidosas nos cercaram, tirando medidas, ajustando vestidos e penteando nossos cabelos com uma precisão impressionante.
Minha roupa era um vestido longo de seda azul-marinho, justo no corpo até a cintura e fluindo em ondas suaves até os pés. Havia pequenas aplicações de pedras prateadas que brilhavam sob a luz, como estrelas. Meu cabelo foi preso em um coque baixo, deixando alguns cachos soltos emoldurando meu rosto. A maquiagem realçava meus olhos claros, tornando-os ainda mais penetrantes.
Giulia usava um vestido vermelho-sangue, elegante e provocante, com uma fenda lateral que deixava à mostra parte de sua perna. Seus cabelos estavam soltos em ondas perfeitas, e seus lábios pintados num tom de vermelho que combinava com o vestido. Ela parecia uma deusa pronta para a batalha.
Quando os dois entraram para nos buscar, o silêncio foi imediato. Noah e Enzo ficaram paralisados por alguns segundos, os olhos estavam percorrendo cada detalhe.
— Vocês querem mesmo ir assim? — Noah quebrou o silêncio, a voz rouca e carregada de ciúmes. — Eu não estou preparado para lidar com isso.
Enzo balançou a cabeça, um sorriso de canto nos lábios.
— Não sei se quero que os outros vejam isso. — Ele olhou para Giulia, os olhos brilhando. — Você está perfeita.
Giulia sorriu, corando.
— Vocês também não estão nada mal.
E realmente não estavam. Noah vestia um terno preto sob medida, elegante e imponente. Os cabelos escuros estavam perfeitamente arrumados, mas uma mecha caía sobre sua testa, dando-lhe um ar rebelde. Enzo estava igualmente impecável, com um terno cinza que realçava seus olhos claros.
— Prontas? — Noah perguntou, estendendo a mão para mim.
Segurei sua mão firme, sentindo um tremor percorrer meu corpo.
— Pronta — respondi, a voz mais firme do que eu esperava.
Enquanto caminhávamos para a festa, uma certeza se instalou em mim: não importava o que acontecesse naquela noite, eu enfrentaria tudo de cabeça erguida. Ao lado dele.
O carro deslizou suavemente pela entrada da mansão Mansur, as luzes elegantes iluminando o caminho. Ao meu lado, Noah mantinha a mão firme sobre a minha, oferecendo uma segurança que eu tentava absorver.
Giulia e Enzo estavam no carro atrás de nós. Eu sentia meu coração bater mais rápido a cada metro que nos aproximávamos da realidade do que estava prestes a acontecer.
— Respire, Alana — Noah murmurou, a voz baixa e rouca. — Estou aqui com você. Sempre estarei.
Assenti, apertando sua mão em resposta, tentando absorver a força que ele transmitia. Quando o carro parou, o motorista abriu a porta, e o ar fresco da noite invadiu o espaço, trazendo uma onda de nervosismo.
Noah desceu primeiro e me ajudou a sair, seus olhos analisando cada movimento ao nosso redor com atenção calculada. Subimos os degraus de mármore branco da entrada principal e entramos no salão. As paredes decoradas com tons de dourado e branco criavam uma atmosfera de poder e sofisticação.
No segundo andar, a família Mansur já estava reunida, conversando animadamente antes da chegada dos convidados. Quando Noah abriu as portas duplas e nos apresentou, todos os olhares se voltaram para mim. O peso das expectativas quase me fez recuar, mas a mão de Noah em minha cintura me manteve firme.
— Família, esta é Alana Duarte, minha noiva — Noah anunciou com um sorriso de canto. — E esta é Giulia, amiga dela e acompanhante do Enzo.
Sofia e Lorenzo, os patriarcas da família, se adiantaram. Sofia tinha um sorriso caloroso nos lábios e os olhos radiantes de satisfação.
— Finalmente, Noah! — Sofia exclamou, abraçando-me levemente e depois olhando para ele com uma expressão divertida. — Você fez uma boa escolha, meu filho.
— Seja bem-vinda à família — Lorenzo disse, a voz firme, mas gentil. Ele tinha uma presença imponente, mas seus olhos transmitiam bondade. — Você está segura aqui, Alana.
Soltei um suspiro discreto de alívio. Ser recebida assim pela família mais poderosa da região parecia surreal.
Duda e Cesare, tios de Noah, se aproximaram de Giulia com sorrisos cúmplices.
— Você está deslumbrante, Giulia — Cesare disse, piscando. — Cuidado, Enzo que terão muitos solteiros hoje.
Giulia riu, balançando a cabeça.
— Vocês estão tirando conclusões precipitadas — ela retrucou, embora suas bochechas estivessem coradas.
— Ainda bem! — Belinda, irmã de Enzo, disse com um sorriso travesso. — Mal posso esperar para ter uma cunhada oficial.
Giulia rolou os olhos.
— Já disse que não tem nada entre nós.
— Veremos — Belinda respondeu, piscando.
Uma risada leve ecoou pelo ambiente quando Ayla, a outra prima se aproximou do pai e disse:
— Pai, acho que logo será minha vez de apresentar um namorado — ela disse, o rosto iluminado pela brincadeira.
Antony arregalou os olhos, o pânico estampado em cada traço do seu rosto se fazia evidente.
— Nem pense nisso tão cedo, Ayla! — Ele passou a mão pelos cabelos, olhando para Cassandra em busca de apoio.
Todos caíram na risada enquanto Ayla ria, satisfeita por ter provocado o pai.
O ambiente estava leve, receptivo, quase familiar. As conversas fluíam sobre coisas banais: moda, música, memórias engraçadas da infância. Giulia e eu trocávamos sorrisos, e pela primeira vez desde que cheguei aqui, senti que talvez pertencesse a esse lugar.
Noah inclinou-se próximo ao meu ouvido, sua voz baixa e carregada de uma seriedade suave.
— Está na hora.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Cleise Moura
Eu aqui imaginando a cara de espanto do cretino do pai da Alana quando for anunciado o noivado velho fdp não sabe o que esper ele kkk
2025-03-18
0
Vanda Farias de Oliveira
O pai nunca ia imaginar que quem ficou com Alana seria uma família tão poderosa.Um pai desnaturado jogou a filhas para os lobos e agora vai se dar mal.
2025-02-26
2
Nilza Maia
bem feito o pai não respeitou a filha vendendo ele e traindo a máfia tomara que tortura bem ele antes de matar
2025-02-07
1