capítulo 14

Kiara olhou mais uma vez para onde Chris sumira da sua vista, para só então notar que o rapaz a olhava. Toda sem graça, se afastou indo para o banheiro para disfarçar aquele constrangimento. Sabia que agora todos já estavam mesmo falando dela por todos os lados de que agora ela estava saindo com o herdeiro depois de ter sido protegida pelo Sr. Mancini.

Como ele havia dito na sexta-feira de tarde a visita chegou. Aqueles outros dias ambos quase não puderam ficar a sós, a mãe dele estava na cola dos dois e os comentários de que ambos estavam juntos rolavam a solta por ali que até Pedro havia virado a cara para ela. Nem se quer se falavam, até mesmo quando se tratava de trabalho ele mal se dirigia a ela.

Quando chegou na sexta de manhã, foi direto pegar suas coisas e começou a dar ordens ao seu pessoal antes que a visita chegasse. Chris veio ao seu encontro assim que chegou no galpão.

- Bom dia, Kiara.

- Bom dia.

- Está tudo ok?

- Sim.

- Ótimo. Ela me mandou uma mensagem que chegaria depois do almoço.

- Ela?

- Sim.

- Pensei que fosse... quero dizer, não pensei nada.

Chris a fitou.

- Certo.

- Precisa de alguma coisa?

- Sim. Quero um beijo para dar sorte.

- Chris...

Ele sorriu.

- Você me perguntou se precisava de alguma coisa e é isso o que quero... no momento.

- Estou trabalhando.

- Ah, tenho algo para você..., mas será que você pode chamar os outros funcionários, por favor.

Chris se afastou e logo pôs a chamar os outros funcionários, até mesmo Pedro que quase não falava com ela. Assim que reuniu todos ali no barracão, a Sra. Pellegrini estava ao lado do filho e por incrível que pareça foi ela quem começou o discurso.

Dez minutos ouvindo-a falar sobre a empresa do pai e depois sobre motivação, para depois começar a distribuir uniforme para todos os funcionários do galpão. Chris, que distribuiu tudo e quando chegou a vez dela, ficou sem graça.

- Eu vou ganhar um também?

- Sim.

- Espero que seja algo bonitinho.

Ele sorriu e lhe entregou a sacola.

- Tenho algo bonitinho para você... em outro lugar. – Ele sussurrou fazendo-a ficar sem graça.

- Pervertido.

Ele sorriu malicioso.

- Você gosta, eu sei.

- Acho que vou trabalhar, chefe. – Ela mudou de assunto vendo que a mãe dele estava só observando. – Até mais tarde.

Kiara ficou toda sem graça quando viu que a pessoa que viria era uma mulher e quando a viu ficou se sentindo uma idiota por ver que a tal mulher era tão linda e elegante, e para sua decepção ela não saia do lado de Chris. Tentou se manter afastada o tempo todo, afinal não queria que ninguém percebesse que estava morrendo de ciúmes.

Mas, enfim Chris conseguiu se aproximar dela com a mulher e lhe apresentou tão naturalmente como se todos se conhecessem a muito tempo.

Pela conversa descobriu que ela era de Londres e trabalhava nesse ramo já fazia anos, mas só então ouviu a sra. Pellegrini falar algo sobre namorado ou noivo, mesmo assim ela teve que fingir não estar ouvindo coisas que não lhe dizia respeito.

Estava bebendo água quando Chris se aproximou dela e sorriu.

- Então o que achou?

- Sobre o que?

- Sobre a Shelby?

- Eu não tenho que dizer nada. Minha opinião aqui não importa. – Ela ralhou.

Ele fez careta.

- Claro que importa. Quero saber se temos chances de trazer mais gente aqui... Shelby vai ver se consegue alguns amigos desse mesmo ramo para nós.

- Que bom.

- Por que está esquisita?

- Não estou... só estou cansada.

Ele sorriu.

- Podemos...

- Não!

- Mas você nem sabe o que eu ia dizer.

- Não importa, a resposta é não. – Ela foi grossa. – A sua amiga Shelby está lhe esperando.

Chris a encarou, inconformado.

- Está com ciúmes?

- Não.

- Está sim.

- Não temos nada um com o outro.

- Sei.

- Então para de insinuar as coisas.

- Só para deixar claro... eu e a Shelby somos apenas amigos. – Ele contou, e depois acrescentou antes de se afastar. – E a propósito, Shelby é noiva de um amigo.

Kiara observou o se afastar e ficou pensando se isso era mesmo verdade. Será que ele estava mesmo dizendo a verdade, que ela estava com ciúmes e que a mulher era comprometida e não precisava se preocupar.

Não tinha nada a temer, então era melhor voltar ao trabalho antes que a sra. Pellegrini aparecesse e a repreendesse por estar parada ao invés de trabalhar. Aproveitou que estava tranquilo e tratou de pôr algumas coisas em ordem, quando Pedro resolveu aparecer e perturbá-la.

- Oi.

- Oi.

- Então... como está se sentindo?

- Sobre?

- Seu namorado está sempre ao lado daquela moça bonita. Deve ser difícil ser deixada de lado.

- Eu e Chris não temos nada.

- Sei.

- E outra, ela é noiva de alguém.

- Sei.

- Pedro, será que seria muito lhe pedir para não ser esse cara idiota que está sendo. Quando terminamos deixei bem claro que não sinto nada por você, eu amo de verdade você, mais como um irmão. – Ela disse. – Não quero estragar nossa amizade por uma coisa que não haverá mais entre nós.

Ele balançou a cabeça.

- Ok. Mas se ele lhe magoar eu acabo com ele. – Ele rangeu e se afastou.

Kiara engoliu em seco quando viu Pedro sair tão rápido quando chegou. Aquilo tinha sido nada legal e odiava ter que estragar tudo aquilo que conseguira ate ali.

Cansada de ser interrompida o tempo todo, tratou de voltar ao trabalho. Viu Chris andando com a Shelby para todos os lados e riam bastante juntos, pode ver que ele a olhava e sorria, para depois voltar a conversa e para completar ambos tinham algo em comum, fumavam juntos o que foi que a deixou mais triste ainda.

Sem se importar com aquela palhaçada de um dia só, na hora de ir embora ela não deu a mínima para ninguém, nem se quer se despediu dos seus operários, estava no meio do caminho quando um carro se aproximou e viu que era Chris e para sua sorte estava sozinho.

- Ei, por que não me esperou? – ela não respondeu. – Kiara, entra aí que lhe levo embora.

- Não obrigada.

Ele parou o carro um pouco para frente e veio ao seu encontro parando na sua frente para que parasse de andar, tentou desviar, mas ele era mais rápido.

- Para!

- Me deixa ir embora. – Ela quase gritou.

- Qual é o seu problema?

Kiara balançou a cabeça, inconformada.

- Só quero ir para casa.

- Entra no carro que te levo.

- Já disse que não precisa.

- Kiara... por favor. – Ele pediu tentando ser paciente.

– Será que é pedir demais que entre no carro.

Kiara mordeu o lábio inferior, pensativa. Para só então entrar no carro e emburrar a cara lá dentro, para sua sorte ninguém passava por ali e ver aquela cena ridícula.

- Quer dizer alguma coisa?

- Não.

Silencio.

- Vai jantar lá em casa hoje? – ele perguntou.

- Não. Ninguém me convidou.

- Eu estou lhe convidando.

- Hoje é dia de filme lá em casa.

- É sério?

- Sim.

- Estranho, seu pai vai jantar lá em casa com sua irmã. – Ele a olhou de relance. – Se sabe que gostaria muito que fosse.

- Por quê?

- Quero que você conheça mais a minha família. Minha mãe pode ser chata as vezes, mas é uma ótima pessoa depois que a conhece.

- Sua mãe me quer longe de você.

- E você quer ficar longe de mim?

Kiara olhou para ele, que por fim sorriu ao parar o carro em frente à casa dela.

- Quero muito que você vá jantar lá em casa.

- Você tem a Shelby.

- Quantas vezes vou dizer que ela já é uma mulher muito bem comprometida.

- Nem todos os homens ligam para isso.

- Eu não sou esse homem. – Chris virou-se para ela e pegou em sua mão. – Ei, kiara... olhe para mim.

- Não quero complicação por aqui.

- Não vou deixar nada atrapalhar o que sinto por você. E sei que sente o mesmo, senão não estaríamos aqui discutindo isso.

- E simples você dizer isso. Não é você que está com uma fama de ruim por aqui.

- Tem alguém falando mal de você?

- Vai dizer que não ouve o que os seus funcionários andam falando de nós?

- Não. E mesmo que ouvisse não me importaria. – Ele beijou sua mão, sorriu. – Vai jantar em casa?

- Não sei.

- Por favor...

- Tenho que ir.

- Não vai me dar uma resposta?

- Vou pensar.

Kiara saiu de dentro do carro, enquanto ele só colocou a cabeça para fora da janela.

- Se não aparecer, vou vir até aqui e se sabe exatamente o que eu quero. – Ele deu uma piscada e sorriu.

- Pervertido.

Chris riu antes de ligar o carro e se afastar. Sem perder tempo foi para dentro de casa, sua irmã ainda não havia chegado e seu pai sempre vinha depois dela.

Foi direto para o banheiro onde tomou banho e quando estava no quarto, tentou achar algo para vestir e não tinha nada que superasse aquela tal de Shelby. Aproveitou que estava procurando a roupa e ajeitou algumas em seu devido lugar. Há alguns dias Chris havia dito que nunca conhecera uma mulher que gostava de ser tão mal organizada como ela, no começo ela havia ficado constrangida, mas agora olhando por outro ângulo ele tinha toda razão.

Tratou de ajeitar o que pode até sua irmã aparecer e arregalar os olhos surpresa por vê-la arrumando o quarto.

- Uau!! O que deu em você?

- Precisava ajeitar um pouco.

- Hum, você vai jantar na casa do Chris? – Anne indagou sentando-se na sua cama.

- Talvez.

- É verdade?

- Sobre o que?

- De você com o Chris?

- Quem lhe contou isso?

- O papai. Ele estava falando com o pai de Chris quando escutei eles falarem sobre vocês dois.

Kiara parou o que fazia e encarou a irmã.

- O que eles diziam?

- Nada demais. Só disseram que estavam preocupados.

- Certo. Acho melhor você ir se arrumar.

- Então é verdade. – Sua irmã insistiu.

- Não é da sua conta.

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