Kiara olhou mais uma vez para trás e viu que estava sendo observada. Sentiu-se mal por agir daquele jeito, porém, teria que saber dividir as coisas entre serviço e amizade. Era mesmo estranho fazer isso, já que ela tinha uma amizade grande com o seu ex casinho de adolescente.
Depois do almoço, ela tratou de dar uma volta para ver se a colheita andava em ordem, estava ajudando uma senhora colher quando se surpreendeu com seu novo chefe por ali a olhando enquanto conversava com Pedro, era estranho mesmo ver isso naquele dia, dois homens maravilhosos olhando para ela como se fosse carne fresca.
Não estava acostumada com aquilo e tentou manter a cabeça no lugar, não queria nenhuma distração agora. Sem importa com os dois a olhando, tratou de puxar conversa com a senhora, enquanto trabalhava para manter a mente na onde deveria estar.
Quando viu os dois se afastarem e passarem ao seu lado ela tentou não olhar para nenhum, mais foi pega tentando não demonstrar nenhuma reação, mais suas mãos suaram e o coração acelerou mais do que deveria, e teve que prender a respiração, estava realmente nervosa quando o sr. Pellegrini passou e falou Boa tarde para a senhora que ela estava ajudando e pelo jeito a senhora notou, pois a encarava quando os dois homens se afastaram.
- Tudo bem, srta. Vasconcellos?
- Sim.
- Ele é mesmo bonito. Você seria uma tola não dar atenção há um homem assim.
- De quem a senhora está falando?
- Do herdeiro. Ele não parava de olhar para a senhorita.
Ela forçou um sorriso.
- Ele deve ter problema de visão.
- Eu não diria isso se eu fosse você.
Kiara deixou a conversa no ar e depois de ajudá-la mais um pouco, foi para o barracão e lá pode conversar com os funcionários que ficavam na produção e se divertiu ao lado deles. Foi quando percebeu que estava sendo observada pelo chefe. Então se afastou, mais Pedro apareceu todo sorridente.
- Oi, kiara.
- Oi traidor.
- O que aconteceu?
- Está do lado dele agora?
- Está falando do Chris?
- Nossa, vai dizer que são amigos agora. – Ela foi irônica.
Pedro balançou a cabeça, incrédulo.
- Escuta, ele é nosso chefe. Ele me ofereceu o cargo de supervisor da colheita.
- Isso não existe.
- Mas agora existe. Deveria ficar feliz por ver que as coisas vão melhorar por aqui, eu sinto que iremos mudar para melhor. – Pedro disse eufórico. – Você que não se conforma que o sr. Mancini não é mais nosso chefe.
Kiara não falou nada, apenas balançou a cabeça e se afastou. Não estava a fim de ouvir aquela baboseira toda, sabia que todo mundo daquele lugar sabia que ela sempre fora protegida do sr. Mancini e que só agora todos estavam felizes por ver que ela não tinha mais nenhuma proteção de ninguém e isso a incomodava demais.
Chateada por Pedro tê-la repreendido passou o resto da tarde procurando o que fazer, estava bebendo água quando Pedro se aproximou novamente.
- Ei, está chateada pelo que disse?
- Não.
- Não vai ficar feliz por eu ter conseguido um cargo melhor que esse que tenho?
- Hum, claro. Você merece isso... Pedro.
Ele sorriu.
- Obrigado.
- Acho que teremos muitas mudanças por aqui. – Ela falou vendo que ambos estavam sendo observados.
- Sim. Chris é um cara legal, você deveria falar com ele ao invés de ignorá-lo, sabe que ele pode lhe mandar embora, ne?
- Eu sei.
Pedro sorriu.
- Quer apostar que ele fica por aqui só... duas semanas. – Ela disse sorrindo.
- É sério isso? – ele indagou vendo a assentir. – Então eu dou um mês.
Kiara sorriu ao ver o amigo se afastar, estava tão distraída que não viu o herdeiro se aproximar.
- Não deveria estar trabalhando?
- Eu... claro.
- Será que podemos conversar... no escritório, por favor.
- Ah... claro.
Kiara o acompanhou até o escritório e sentiu suas mãos soarem e todos agora a olhava. Sabia que ia ser repreendida pelo novo chefe e isso não era legal. Todos ali tinham inveja dela quando o sr. Mancini estava vivo, pois ela vivia na cola dele e por morar num chalé da propriedade. Mais agora ela não tinha mais aquela mamata toda com o novo chefe.
Observou-o sentar-se atrás na mesa e a encarou.
- Então, srta. Vasconcellos. O que faz aqui? – ele perguntou fazendo um gesto em círculo com a mão.
- Bem... eu não tenho cargo, senhor.
Ele balançou a cabeça.
- Não acha muito chato não ter algo específico para se fazer aqui?
- Eu não sei.
- Uma mulher jovem e bonita não deveria ficar sem um cargo para fazer. – Ele disse. – Andei observando e vi que você precisa ter um cargo.
- Isso te incomoda?
Ele suspirou.
- O problema aqui não é esse. – Ele levantou-se e se aproximou dela. -Vou te oferecer uma proposta, não precisa me responder agora se não quiser... vi que se esforça para manter seu emprego e pelo que soube você era bem próxima do meu avô.
- E o que isso tem a ver?
- Que seria ótimo se colaborasse mais comigo.
- Você não é o sr. Mancini.
Silencio.
- Ok. Então, quero que você aceite o cargo de supervisora daqui da produção.
- O quê?
- Quero que supervisione aqui no barracão. Pedro ficou com a parte da plantação.
- Não.
- Não vai querer, deveria pensar bem.
- Não. Você não tem esse direito de sair mudando as coisas por aqui... nem sabe se vai ficar por aqui.
Ele balançou a cabeça.
- Bem, se não me quiserem aqui eu irei embora e vou deixar todo mundo desempregado. Acho que não é isso que você quer, não é?
- Não.
- Então aceite minha proposta.
- Você pode ser o neto do sr. Mancini, mais jamais será como ele.
- Se você diz.
Christopher ficou de frente para ela, e pode sentir o maravilhoso perfume dele. Ficou toda tremendo e tentou não demonstrar que estava nervosa.
- Você tem até segunda para pensar sobre isso.
Kiara engoliu em seco e o encarou por um momento antes de empurrá-lo e sair da sala batendo a porta com força. Sentiu-se uma idiota e completamente desconcertada depois daquela conversa.
Aquele homem podia ser o dono daquele lugar, mas não mandava nela e ela não era obrigada a mudar de cargo porque ele não estava gostando de vê-la conversando com Pedro ou com qualquer um por ali.
Confusa com tudo aquilo, olhou em volta e decidiu que precisava ir embora, não estava a fim de trabalhar agora.
Quando foi mais tarde, Chris chegou em casa e tratou de fazer alguma coisa para comer, mais notou que não havia muita coisa que ele pudesse fazer de bom, precisava ir a um supermercado, isso se isso existisse por aqui.
Havia agido errado ao pensar em Kiara saindo daquela sala naquela tarde, deveria ter falado com ela com mais jeito. Ela é aquele tipo de mulher que se não soubesse lidar, ia tudo por água baixo.
No dia seguinte, foi trabalhar já que lá se trabalhavam no sábado até a hora do almoço e pode notar que Kiara não comparecerá naquele dia.
No domingo, ele levantou-se cedo e foi correr. Precisava fazer aquilo pelo menos nos fins de semana. Estava tão entretido que não notou que estava sendo observado de longe, parou de correr e se alongou, e sorriu ao ver Kiara do chalé olhando para ele.
Voltou para casa e tomou banho. Fez alguma coisa para comer e passou a maior parte daquele domingo assistindo alguma coisa na tv, o que para ele foi um tedio enorme, não tinha esse costume de ficar a tarde toda vendo televisão.
Deu uma volta pela casa e descobriu que seu avô tinha um Smart Fortwo vermelho guardado na garagem. Era incrível, nunca vira um carrinho daquele tão de perto, mesmo não sendo o seu tipo de carro, iria usá-lo já que estava ali parado mesmo.
Na segunda de manhã ele levantou-se, tomou banho e por sua sorte não foi interrompido pela ligação de sua mãe, o que foi um alívio. Estava chegando no barracão com o carro e parou, viu que muitos olhares foram para ele, acendeu um cigarro e ficou por ali mesmo só observando a estrada, para ver se kiara viria trabalhar. Estava preocupado com ela, por não ter aparecido no sábado e agora na segunda.
Quando viu o sr. Vasconcellos se aproximando, tratou de perguntar.
- Bom dia!
- Bom dia, sr. Pellegrini.
- Kiara, está bem?
- Ah, ela pediu para avisar que não está se sentindo bem.
- Ela está doente?
- Pelo que sei não.
Christopher sorriu.
- Obrigado.
Assim que o sr. Vasconcellos se afastou, ele entrou no carro e manobrou indo até o chalé. Precisava mesmo convencer Kiara a voltar para o trabalho, aquela desculpa de que não estava bem, não o enganava.
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Atualizado até capítulo 20
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