Capítulo 3

Na manhã seguinte de quinta-feira, Chris levantou-se e meio que confuso por notar que não estava em casa. Precisava lembrar de agora em diante que tudo iria ser diferente. Tomou banho, em seguida vestiu uma calça jeans, camisa pólo vermelha e tênis. Não precisava estar apresentável, afinal estava no campo e na certa lá no barracão não era nada agradável.

Desceu para o andar de baixo e quando entrou na cozinha encontrou com a empregada terminando de fazer o café da manhã.

- Bom dia!

Ela ficou toda nervosa e gaguejou.

- Bom dia senhor. Eu preparei... o café, tem pão caseiro e outras coisas... e só servir.

- Obrigado.

Ela forçou um sorriso envergonhada e antes que ela saísse, disse.

- É será que posso lhe perguntar uma coisa?

- Sim, senhor.

- Você faz o quê por aqui?

- Eu limpo e cozinho, senhor.

Ele assentiu.

- Certo. De agora em diante, a senhora só irá limpar e fazer o café da manhã. Vou usar essa cozinha no almoço e na janta.

- Claro, senhor.

Ela hesitou e antes de sair da cozinha, voltou e perguntou envergonhada.

- Posso saber por que está me dispensando nesses horários, senhor?

- É que eu cozinho. – respondeu calmo. – Sou cozinheiro e não quero perder minhas habilidades.

Sabia que era a pior desculpa que já havia dito há alguém, só não queria ficar recebendo mimos enquanto ficava por ali. Queria manter seu lado profissional todos os dias e com certeza sua mãe o mataria se soubesse que deixar outra pessoa que cozinhasse para ele era errado.

Assim que a empregada saiu, ele tomou o café que por sinal estava maravilhoso e aproveitando que estava comendo, mexeu no celular. Tinha várias mensagens da sua mãe e meio que ignorou todas elas.

O Sr. Vasconcellos chegou por volta das oito e pouco, e novamente teve que entrar naquela caminhonete velha. Meio que percebeu as olhadas que o velho dava para ele que por incrível que pareça estava usando os óculos escuros, afinal estava bem sol já de manhã.

- Dormiu bem?

- Sim. O pessoal começa a trabalhar que horas?

- Bem, o povo da plantação começa às  sete e o do barracão as oito.

Quando se aproximaram, viu que era um barracão grande. O Sr. Vasconcellos apresentou ele aos que passavam e claro que todos estavam nervosos por conhecer o neto desconhecido do Sr. Mancini.

Tirou o óculos escuros e andou ao lado do velho que mostrou há ele todo o local, pode ver como era produzido o vinho e aproveitou para contar quantas pessoas trabalhavam ali e notou que era pouco e precisava dar um jeito naquilo, as máquinas já não eram aquelas coisas, o escritório  era pequeno e bagunçado. Talvez a queda de ações tivesse caído quando seu avô falecera e aquilo não era nada bom para quem não sabia como cuidar daquele tipo de negócios.

Cada lugar que passava observava com atenção e pós a anotar em seu celular tudo que achava que seria bom fazer uma melhora, apesar dos olhares estranhos tanto do pessoal quanto do Sr. Vasconcellos.

Depois de olhar a produção, o Sr. Vasconcellos o convidou para dar uma volta pela plantação. No entanto, ficou se sentindo um intruso quando passava pelas pessoas que trabalhava colhendo as uvas e que não paravam de olhá-lo.

Pararam para conversarem com um rapaz que carregava as caixas que colocava no trator. Ambos foram apresentados pelo Sr. Vasconcellos, e notou que o rapaz olhava para ele o tempo todo.

Por acaso ele parecia ser um monstro?

Christopher ficou confuso quando o rapaz chamado Pedro comentou que precisava mostrar algo para o Sr. Vasconcellos, e para sua surpresa teve que ficar sozinho no meio daquelas ruas com um monte de pares de olhares.

Mau deu dois passos, ouviu gritos de mulher e não pode deixar isso passar. Tentou ver de onde vinha, andou pelo lugar até finalmente encontrá-la. Reconheceu a moça que parecia não se importa com a outra, era a filha mais nova do Sr. Vasconcellos, já a outra de boné é que gritava dando ordens sem se importar com as outras pessoas ao redor.

- Vá para casa. Você deveria estar no colégio...

- Você não manda em mim.

Ela estava a ponto de estrangular a garota quando ele resolveu interferir.

- Ei, com licença. Posso ajudar?

De repente seus olhos cruzaram com a moça de boné, eram olhos penetrantes, a boca era ousada e suculenta, o nariz perfeito, os cabelos eram pretos e por sinal iam até os ombros, se não fosse pela blusa de moletom e a calça jeans velha e suja de terra, ela deveria ser extremamente  atraente.

- Quem é você?

- Ah Christopher Pellegrini e...

- Não me interessa. Será que dá para se afastar, é assunto de família. – Ela fez careta e se virou. – Vá para casa, Anna.

- Já disse que você não manda em mim...

- Annabel... Kiara. – O Sr. Vasconcellos apareceu surpreso.

- Pai... eu vim falar com o senhor. Mas a Kiara fica sendo grosseira.

- Querida, não pode vir aqui. Não deveria estar no colégio?

- Eu fui dispensada e por isso estou aqui. – A garota respondeu envergonhada.

- Você foi dispensada. Estava fazendo o quê? – Kiara gritou e só de olhar para a outra, acrescentou. – Já disse para você não se meter nisso.

Christopher sorriu achando a conversa engraçada e bem descontraída. A garota tinha sido pega namorando e tinha sido dispensada da escola e a irmã estava a repreendendo. Só então notou que a filha mais velha do Sr. Vasconcellos o encarava.

- Está rindo de quê?

- Nada.

- Querida, não fale assim... – O velho falou com a filha. – Esse é o neto do Sr. Mancini.

- Eu não estou nem aí.

- Kiara, ele é seu patrão agora.

- Meu patrão era e sempre vai ser o Sr. Mancini. – Ela gritou e se afastou correndo.

Chris observou-a correr a elegância que a moça corria. Ela era muito abusada e aquilo o atraiu.

- O senhor me desculpe pela grosseria de minha filha.

- Ela é sua filha?

- Sim. Kiara não é assim, ela era muito apegada ao seu avô e sente falta dele...

- Entendo.

Christopher quis protestar, mas achou melhor não fazer aquilo. Não havia necessidade de falar para aquele velho que a filha dele o deixou realmente intrigado.

Depois daquele episódio ficou a manhã toda ao lado do Sr. Vasconcellos olhando e conversando com o pessoal. Na hora do almoço, resolveu ir para a casa e lá pode fazer alguma coisa para comer, por voltas das duas da tarde voltou ao barracão e estava vendo algo com o químico quando o celular tocou e era sua mãe  querendo saber das coisas, acabou contando algumas coisas mais sem muito detalhes pois sabia que iria surta se soubesse o que realmente estava acontecendo de verdade.

Assim que desligou o celular, acendeu um cigarro. Desde que chegará ali não tivera tempo para uns tragos e não sabia se o povo ali gostaria de fumantes por perto.

Quando terminou, foi até o rapaz do trator, já havia esquecido o nome do sujeito. Foi quando a filha do Sr. Vasconcellos passou por ele fuzilando e infelizmente parou para olhá-la e só então se deu conta que estava sendo observado.

- Ela tem algum problema de raiva? – perguntou ao rapaz do trator.

- Não. Kiara é tão mansa que não consegue matar uma barata.

- Sei. Como é seu nome mesmo?

- Pedro.

- Podemos conversa sobre... negócios?

- Claro.

 

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