Capítulo 4

- Eu não vou pedir desculpas para aquele sujeito, pai. – Ela falou decidida, enquanto colocava a louça da janta na pia.

Durante aquela tarde toda ela tivera que escutar seu pai suplicando para que ela fosse pedir desculpas ao Sr. Pellegrini, e sem contar que não estava mais aguentando os olhares que Pedro e o outro lançavam sobre ela. Afinal ela não era a única mulher por ali?

- Querida, entenda. Ele é seu novo patrão, então seja mais educada.

- Ele não pode nos mandar embora daqui.

- Da casa não. Mas do emprego sim.

Pensando por esse lado o seu pai tinha toda razão. Não deveria ter agido daquele jeito na frente dele, afinal não o conhecia para julgá-lo e outra ela precisava mesmo do emprego.

Ao lembrar do sujeito teve que admitir, ele era muito bonito. Nunca havia pensado tanto num homem em toda a sua vida e agora aquele sujeito não lhe saia da cabeça. Ele era um loiro tão bonito, másculo, alto, tinha uma boca tão sedutora que seria capaz de enlouquecer qualquer mulher, o nariz perfeito, olhos e cabelos castanhos claros... e tão jovem, deve ter uns trinta anos.

E pensar que imaginara ele sendo um cara velho já. Mas se fosse analisar, não era para pensar que o neto do Sr. Mancini velho, pois a mãe dele era nova, pelo menos era o que ouvirá a vida toda.

Kiara pegou o casaco e pós a vestir quando o seu pai a olhou, surpreso.

- Vai aonde?

- O senhor me mandou pedir desculpas ao sujeito.

- Mas agora?

- Se eu não for agora, amanhã não irei... se sabe que não estou nem aí para ele.

Seu pai balançou a cabeça, inconformado.

- Faz o que você achar melhor, mas peça desculpas há ele.

- Ok.

Kiara saiu para fora, e foi até a parte de trás do chalé e pegou a motocicleta que havia ganhado de presente do Sr. Mancini quando fizera dezoito anos, já estava bem usada mas adorava ela e andava para cima e para baixo, sem contar que sua irmã usava as vezes para ir ao colégio.

Estava uma noite fria, mas não se importou com o ventinho e andou até o casarão. Sabia o caminho de cor, até de olhos fechado ela chegaria lá em cinco minutos. Não era muito longe, tanto que dava para ver do seu quarto a casa.

Assim que parou a motocicleta próximo a entrada, desceu e respirou fundo antes de bater na porta. Sabia que estava nervosa, tinha medo de que ele fosse um lunático ou algo assim, ainda mais aquela hora da noite.

 

- Eu estou bem, mãe.  Onde está o papai? – ele perguntou a mãe pelo telefone já se fazia vinte minutos.

- Querido seu pai está no banho. Será que seria muito pedir que volte para cá, se as coisas não andam bem não tem por que ficar aí.

- Mãe, isso aqui é meu agora, tenho que resolver o que fazer. Muitas pessoas vão perder o emprego.

- Não sabia que se importava com as pessoas.

Christopher fez careta.

- Então não me conhece, mãe.

- Olha como fala comigo, garoto. Se não estivesse há quilômetros de distância eu lhe daria umas palmadas. - Repreendeu-o e suspirou. - Agora volte para casa.

- Mãe, por que não quer que eu fique aqui?

Silêncio.

- Mãe...

- Desculpe querido... não acho que um assunto desse deva ser discutido por telefone.

- Por quê?

- Eu não...

Uma batida na porta o fez se virar e só então se deu conta que alguém estava ali. Quem seria aquela hora da noite?

Se despediu da mãe e desceu, se surpreendeu ao abrir a porta e vê-la novamente.

- Boa noite.

- Boa noite.

- É sou Kiara Vasconcellos a filha de Marcelo. – Ela já foi logo dizendo.

- Sim.

Ela mordeu os lábios, confusa.

- Desculpa incomodar há essa hora da noite..., mas meu pai me pediu para lhe pedir desculpas por ter sido grossa com você hoje a tarde.

- Ah sem problema.

- Sério?

Ele franziu o cenho e assentiu.

- Se soubesse não teria vindo até aqui.

- Então por que veio?

- Meu pai. Por mim teria vindo o ano que vem.

- Então volte no ano que vem.

Kiara fez careta.

- Não. Se eu deixar para o ano que vem, terei muitos pedidos de desculpas acumulados com o senhor.

Christopher hesitou e sorriu.

- Quer entrar?

- Eu já vou indo, não quero incomodá-lo mais.

- Por favor... eu preciso falar com você. – Ele insistiu.

Kiara encarou-o e só então aceitou entrar. Conhecia muito bem a casa, e sorriu só de ver novamente depois de muito tempo, desde que Marcus se fora ela não teve coragem de entrar naquela casa.

- Quer alguma coisa para beber?

- Não obrigada.

- Então, seu pai me disse que você está cuidando da parte de contabilidade, e queria saber se não teria como me passar tudo.

- Ah claro. Mas não terminei desse... mês.

- Sem problema. Eu só quero dar uma olhada.

Kiara assentiu.

- Ok. Era só isso?

- Sim.

- Sr. Pellegrini posso...

- Chris.

- O quê?

- Me chame de Chris ou Christopher, como preferir. Mais nada de Sr. Pellegrini.

Ela fez careta.

- Só queria saber se vai mudar as coisas por aqui?

Chris hesitou.

- Na verdade só estou aqui para ver como estão as coisas, ainda não tenho certeza se vou mudar alguma coisa ou se vou ficar.

- Entendi.

- É cedo para vocês ficarem preocupados.

- Desculpa ficar aqui querendo saber de tudo. – Ela abaixou a cabeça. – Acho que já vou indo.

- Veio do quê?

- Tenho uma motocicleta que ganhei do Sr. Mancini quando fiz dezoito.

- Ah

- Então até amanhã.

 

Christopher acordou naquela manhã de sexta-feira com o seu celular despertando, estava tão cansado com a viagem e com a expedição no barracão no dia anterior. E dormirá com Kiara na cabeça, nunca chegará a conhecer uma mulher a ponto de querer conhecê-la profundamente.

Seus relacionamentos eram passageiros, nada que ele levasse a sério. Não tinha costume de se relacionar pois o seu trabalho era algo que nenhuma mulher queria, passar a noite fora ao invés de ficar em casa era realmente coisa que nenhuma mulher queria dele. Havia acostumado com isso a anos e ficava feliz por ver que seus casos eram ótimos.

Se passasse mais tempo ao lado daquela mulher iria acabar enlouquecendo e isso não era muito legal, não estava querendo se enroscar com ninguém naquele momento, ainda mais com a filha do homem que seu avô confiara a vida toda.

Estava na hora de começar a mudar as coisas por ali, aquele lugar era uma bagunça, havia encontrado um escritório naquela casa e achará os papéis da empresa e mandará para um amigo que sabia cuidar desse tipo de coisa e agora só esperava que lhe respondesse o mais rápido possível, mas precisava enviar os que Kiara estava trabalhando.

Assim que saiu da casa seu celular tocou, era sua mãe já cedo ligando para ele. Mais que saco!

- Oi.

- Bom dia. Como estão as coisas?

- Tudo ok. Estou indo trabalhar, mãe.

- Há essa hora?

- Sim. Mudei o meu horário de trabalho esqueceu.

Sua mãe deu risada meio que forçada. Mas não disse nada e acabou desligando o celular. Foi a pé até o barracão, estava precisando mesmo de uma caminhada, costumava correr de manhã, porém, ali não tinha como fazer isso.

Quando chegou no barracão foi bem recebido pelos funcionários que ele encontrava no caminho. Como o escritório ficava na parte de cima, subiu a escada e estava abrindo a porta do lugar quando a viu chegar e não gostou de vê-la tão natural falar com todo mundo. Precisava de alguém como ela para ficar como supervisor ali no barracão, já que ali não tinha isso. Estava em seriamente em oferecer aquele cargo para ela, mais primeiro queria dar uma olhada no serviço que ela havia feito com a contabilidade.

Ao dar uma olhada naquele escritório, ficou pensando em como aquilo estava acontecendo. Nunca havia se imaginado trancado dentro de um escritório, ainda menor.

Passou a maior parte trancado ali, dando uma olhada nos papeis e ficou surpreso com o tanto de coisa que havia ali dentro daquele cúbico. Na hora do almoço ele saiu dali e estava descendo a escada quando a viu e pelo jeito ela estava indo para casa.

- Oi.

- Oi.

- Você trouxe aqueles papeis... que pedi?

- Não. Mas vou trazer, ok.

- Certo. Está indo almoçar?

Ela hesitou.

- Sim.

- Quer companhia na caminhada?

- Ah... você veio a pé?

- Caminhar faz bem.

Ela franziu o cenho, surpresa.

- Eu não vou almoçar em casa, trouxe meu almoço.

- Ei, Kiara vamos almoçar. – Pedro apareceu deixando a conversa mais estranha.

- Claro. Até mais sr. Pellegrini.

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Comments

Leide Andrade

Leide Andrade

eu estou gostando❤👏

2024-12-29

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