Parou o carro e se aproximou da entrada da casa. Havia um pequeno jardim bem cuidado na frente, viu que estava sendo observado pela janela, pois a cortina agora estava fechada.
Sorriu e bateu na porta. Estava um silencio total, bateu novamente e dessa vez a chamou.
- Kiara sou eu, Chris.
- Não estou.
Ele riu.
- Kiara, por favor. Abre essa porta e vamos conversar.
- Não quero conversar. – Ela falou e depois a ouviu gritar. – Vá se vestir garota, tem um tarado aqui fora.
Christopher franziu o cenho, incrédulo.
- Está falando comigo?
- Não. Eu já disse que não quero falar com você.
- Kiara, eu preciso de você fazendo esse serviço. É a única que sabe conversar com todo mundo, e todos gostam de você.
- Gostam nada.
Ele suspirou.
- Eu vejo competência em você para isso.
- Mentira.
- Kiara...
- Aquele velho deixou tudo para você e nem te conhecia. – Ela resmungou zangada. – Você não merecia tudo isso.
- Sinto muito se não está satisfeita com isso. – Ele respondeu. – Quer saber, eu não sabia que tinha um avô, minha mãe mentiu para mim a vida inteira.
De repente a porta abriu e lá estava ela toda linda, usando saia longa e blusinha, e os cabelos estavam soltos.
- Isso é verdade?
- Sim. Estou tentando entender tudo isso, mas está difícil. – Ele suspirou. – Quero ajudar, mas as pessoas aqui não parecem querer ajuda... achei que se a chamasse para ser a supervisora isso me ajudaria muito.
Kiara balançou a cabeça.
- Entendi.
- Seria ótimo se você aceitasse a proposta.
- Eu só vou supervisionar o barracão?
- Sim.
Ela hesitou e assentiu.
- Ok. Mas não vou ficar naquela sala com você não.
- Ah... não será necessário.
- Ótimo. Já que eu vou... trabalhar.
- Eu espero você.
- Não precisa, sei o caminho.
Ele sorriu.
- Mas aguardo assim mesmo.
Assim que ela entrou, ficou esperando-a. E não demorou muito, apenas uns quinze minutos mais ou menos é ficou surpreso por vê-la, havia trocado a saia por uma calça jeans velha, tênis e prendera o cabelo num rabo de cavalo. Kiara era encantadora mesmo usando roupas simples.
- Não precisava me esperar.
- Quero ter certeza de que vai trabalhar.
- Não confia muito nas pessoas, Sr. Pellegrini?
- Por favor sem formalidades. Eu confio nas pessoas... certas.
Ela forçou um sorriso de deboche e andou ao lado dele até o carro, mas antes entregou há ele os papéis.
- Está tudo aí. Marcus me ensinou nos últimos meses, mas não posso dizer se está tudo correto e mandei outros por e-mail. – Ela olhou para o carro e sorriu. – Encontrou o carro do Marcus.
- Sim. É um monstrengo isso, mas é melhor que andar a pé. – Ele debochou do carro.
- Sempre achei bonitinho, era uma pena Marcus não deixar ninguém dirigir ele.
Chris a olhou de relance.
- Sério? Bem ele não está aqui...
- Marcus era muito apegado há coisas materiais.
Chris deu de ombros e nada disse, mas mudou de assunto.
- Marcus lhe em ensinou contabilidade? – ele perguntou assim que deu partida no carro.
- Sim.
- Por que não fez faculdade?
- Não... tive interesse.
- Mas é formada em alguma coisa?
- Não.
- Por quê?
- Já reparou que as pessoas que vivem aqui estão presas nesse mundo. Não recebemos herança de um avô e muito menos moramos em cidade grande. – Ela resmungou.
- Isso não justifica que não possa fazer alguma coisa. Me formei ganhando uma bolsa de estudo e posso garantir que foi a melhor coisa que fiz na vida. – Ele contou. – Quantos anos você tem?
- Vinte e cinco.
- Bem, ainda dá tempo de estudar.
- Não posso no momento.
Chris balançou a cabeça, inconformado.
- Deveria pensar sobre isso.
- Será que dá para não falar sobre isso. Acho que dá minha vida quem cuida sou eu.
Chris deixou o assunto de lado, quando parou o carro e viu que a maioria estava os observando até mesmo Pedro que vinha com o trator. Sem se importar com os olhares, subiu para o escritório e Kiara o seguiu, novamente, a sós Chris explicou para ela o que gostaria que fizesse.
- Eu vou ter que fazer as escalas dos funcionários?
- Sim.
- Eu preferia ficar com a parte de contabilidade.
- Quem sabe, quando você resolver se forma nessa área.
Kiara o fuzilou e sabia que só estava aceitando aquele cargo para não perder o emprego.
- Não sou formada em gestão, então não posso trabalhar na supervisão.
- Acha que não é capaz de fazer esse trabalho?
- Sou capaz de qualquer coisa... até mesmo para fazer você sair daqui.
Chris a encarou.
- Qual é o seu problema comigo?
- Não gosto de você.
- Está me julgando sem me conhecer.
Ela deu de ombros.
- Você pode mudar as coisas por aqui, dar cargos melhores para as pessoas, mas nunca será como o Marcus.
- Por acaso você era amante dele?
- Como ousa... – ela ia dar um tapa nele, mas Chris foi mais ligeiro e segurou seu pulso no ar. – Me solta.
Seus olhares se encontraram e uma força os conectou. Não soube exatamente o que realmente estava acontecendo ali, a única coisa que se viu fazendo foi inclinar a cabeça e encostar os lábios nos dela. Aprofundou o beijo ao ver que ela correspondeu com tamanha ousadia e paixão.
Christopher a apertou mais ao perceber que ela tremia em seus braços, parecia tão frágil e insegura que desejou que aquele beijo não acabasse nunca. Por fim, numa fração de segundos ela o empurrou e o encarou.
- O que pensa que está fazendo?
- Nada.
- Não se atreva a fazer isso de novo.
O dia foi tranquilo depois daquele episódio todo no escritório e mesmo que tenha gostado daquele beijo, não queria que ele soubesse disso. Evitará aquele tipo de contato com qualquer um naquele lugar, tirando Pedro é claro. Ele fora seu primeiro romance na adolescência e o último, não tivera tempo para conhecer outros caras mais experientes, e era obvio que sentia alguma coisa por Christopher.
Passou a tarde toda tentando entender cada pessoa naquele setor de produção e mais tarde iria tentar ajustar cada um num lugar acessível. Sabia que estava sendo observada por Chris ali e quando anunciará aos funcionários que ela agora iria supervisionar eles, perceberá que não gostaram muito por ver que ela era uma mulher mandando neles. Tentaria o máximo para mostrar há eles que era uma boa supervisora e uma excelente profissional.
Depois do almoço, ela estava anotando algumas coisas na prancheta parou para dar uma olhada para Chris que agora estava falando no celular e fumando ao mesmo tempo, foi quando Pedro apareceu.
- Eu sabia que iria acabar mudando de ideia.
- Sobre o quê?
- Sobre o herdeiro. Ele lhe deu um cargo?
- Sim.
- É uma pena que quase não vamos nós ver durante o dia. – Ele disse. – Será que ele vai mesmo conseguir concertar isso?
- Não sei. Só sei que ele vive no celular e fuma bastante.
Pedro sorriu ao olhar para Chris e concordar.
- É mesmo.
- Acho melhor você voltar para o seu posto, ele está nos vigiando. – Ela disse tentando disfarçar o olhar penetrante de Chris sobre ela naquele momento.
Ela só se deu conta que o que Chris fez com ela e Pedro de verdade, foi quando ele a beijou no escritório. Sabia que dera o cargo de supervisor para ambos, para cada um ficar longe um do outro e claro para ficar de olho nela o tempo todo.
No dia seguinte ela já estava com todo esquema que havia montado para sua nova equipe operacional e ficou feliz por ver que todos gostaram da ideia dela e sorriu satisfeita por aceitarem tudo, foi quando viu que Chris a olhava e só então se aproximou.
- Então, como está indo?
- Bem.
- Que bom. E só para você saber, seu trabalho com a contabilidade estavam perfeitos, recebi o e-mail que enviou e mandei para um amigo meu conferir.
Ela sorriu.
- Que bom.
- Será que você poderia dar uma olhada nas máquinas para mim por favor. Talvez precisem ser trocadas... não acha?
- Ufa! Pelo menos alguém aqui reparou nisso. – Ela disse fazendo o sorrir. – Pode deixar que eu vejo, chefe.
- Não combinamos que seria sem formalidades.
- Ah... nem lembrava disso.
Ele fez careta.
- Querida, está ocupada? – Marcello apareceu interrompendo a conversa.
- Mais ou menos.
- Oi, Sr. Pellegrini.
- Oi.
- Preciso de uma ajuda, vocês sabem como fazer Bruschetta... convidei uma pessoa para jantar em casa amanhã. – Ele disse todo sem graça.
- O senhor tem um encontro?
Marcello ficou sem graça.
- Ah só convidei ela para jantar em casa, só que ela disse que adora comer Bruschetta.
- Aí pai, você poderia falar disso outra hora. – Kiara resmungou vendo que Chris estava sorrindo, achando tudo divertido.
- Se quiser eu posso ajudar, sei fazer uma excelente Bruschetta.
- Oh Sr. Pellegrini havia esquecido que o senhor é cozinheiro.
Ele sorriu.
- Eu até iria lhe perguntar aonde posso fazer umas compras lá para casa, mas não conheço muito por aqui, se quiser posso ver para o senhor.
- Ótima ideia. Kiara você poderia ir até o centro com o Sr. Pellegrini e ajudá-lo com a compra.
- Não vai...
- Querida, você não faz nada em casa além de se trancar naquele quarto. Vá com o Sr. Pellegrini fazer compras.
Kiara bufou e assentiu.
- Ok. Mas pode ser amanhã depois do almoço?
- Sem problema.
Marcello sorriu e se afastou todo contente. Chris a encarava como se quisesse ler os seus pensamentos.
- O que foi?
- Nada.
Kiara se afastou deixando o sozinho e a observando. Achará aquela ideia toda ridícula, ainda a mais com o seu pai a empurrando para cima daquele homem. Não queria ter contato com Chris, mas estava ficando difícil se manter longe.
O resto do dia teve que aguentar Chris na sua cola, ele estava sempre observando tudo e falando no celular. Parecia bem preocupado com tudo o que acontecia, mas ao mesmo tempo ele parecia esperançoso, pois sempre que terminava de falar ao telefone sorria.
Na hora de ir embora, ela ajeitou tudo no lugar antes de pegar sua blusa, estava saindo do banheiro quando o viu fumando e quando se aproximou ele jogou a bituca fora.
- Quer carona para ir embora?
- Não, obrigada.
- Que isso é caminho de casa.
- Não quero ter problemas.
Ele franziu o cenho, confuso.
- Não vejo nenhum problema.
- Não quero ser uma puxa saco.
- Mas era do meu avô.
- É esse o problema. Todo mundo e inclusive você acha que fui amante do Sr. Mancini.
- E você foi?
- Não. Ele era como um avô para mim. – Bufou inconformada.
- Então qual é o problema de ser minha... mão direita.
Ela o encarou.
- Você se parece muito com ele.
- É por isso que não quer ficar perto de mim, por eu parecer com ele?
Kiara balançou a cabeça.
- Te vejo amanhã.
- Ei, não vai querer carona?
- Não, obrigada.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 20
Comments