capítulo 10

Kiara riu ao ver Chris tentar montar a sobremesa que haviam abandonado, e só agora e que resolveram comer. Ele havia feito Tiramisu , mas faltava montar, porém, ambos estavam tão ruins que nem de pé estavam ficando direito. Depois de terem feito sexo, beberam quase a metade da garrafa de vinho enquanto jogavam conversa fora, foi quando Chris lembrou da sobremesa.

Ela estava sentada no balcão usando somente a camiseta dele, enquanto ele usava apenas cueca. Se alguém os visse agora diriam que são dois sem escrúpulos nenhum.

- E melhor não... tentar fazer isso.

- Eu consigo terminar... – ele disse.

- Não precisa enfeitar o prato e só comer e pronto.

-Sou cozinheiro... perfeição está sempre no meu cardápio.

Ela riu.

- Ficar bêbado está no seu cardápio?

- Fazer sexo está no meu cardápio. – Ele disse, passando chocolate na boca dela e beijando-a em seguida. – Vamos voltar lá para cima e fazer mais...

Kiara sorriu e assentiu. Mas um barulho fez com que ambos se encarassem assustados. Foi tão de repente que a porta abriu, que por um impulso kiara desceu do balcão ficando agachada, enquanto Chris ficou parado.

Chris olhou para a porta e ficou surpreso ao ver seus pais ali. Isso mesmo, ali em Montepulciano. O que faziam ali, afinal?

- Chris...

- Mãe...

Foi então que o pai de kiara entrou na cozinha, depois foi sua irmã. Agora não poderia ficar pior que isso.

- Tem alguém aí com você?

- Não. Como vocês estão?

- Bem.

- O que fazem aqui? – ele perguntou nervoso, já que kiara estava fazendo gestos com as mãos de que queria sair dali.

- Viemos lhe ver, querido. Tem alguém aí com você? Por que está sem camiseta? – sua mãe foi perguntando, enquanto andava em sua direção.

- Está muito calor. Mãe não precisa vir até... aqui.

Chris suspirou ao ver que sua mãe não deu a mínima para ele. Até que finalmente ela viu kiara agachada aos seus pês.

- Quem é você?

- Mãe...

- Christopher Pelegrini, a única coisa que eu quero nesse momento é que vocês dois vá se vestir. – Sua mãe rangeu furiosa. – Agora levanta garota, e vá se vestir.

Kiara engoliu em seco e se levantou, mas levou um choque quando viu seu pai ali presente.

- Kiara...

Kiara fez careta.

- Espero que não seja o que estou pensando, mas agora quero que vocês dois subam e vão se vestir...

Chris assentiu, e envergonhados por terem sido pegos fazendo coisas que deveriam ficar somente entre os dois. Quando ambos entraram no quarto, se encararam por um momento até que gargalharam ao lembrarem das caras de todos ao verem ambos seminus.

Depois de decidirem tomar banho juntos, não fizeram nada para não deixar todos eles esperando demais no andar de baixo. Totalmente vestidos, desceram e encontraram todos na sala.

- Chris... o que foi isso?

- Ah, foi o vinho do vovô. – Ele tentou brincar.

- Eu não estou brincando, Chris. – Ela disse furiosa. – Eu não tenho nada a ver com sua vida íntima, mas encontrar o meu filho quase sem nada numa cozinha com a filha... do Marcello, já foi demais para mim.

- Desculpa... não...

- Kiara... filha, eu nem estou acreditando. – Marcello falou e olhou para Chris.

- Nós pedimos desculpa por isso. Mas como disse, bebemos demais e... aconteceu.

Foi então que seus pais começaram a falar em inglês, e esqueceram que ele entendia cada palavra que ambos trocavam.

- Eu estou escutando vocês dois.

- Ótimo.

- Se ferrou... – Sua irmã tirou onda da cara dele.

- Cala a boca.

- Chris... Olha como fala, tem sorte de eu não lhe dar uma surra por isso.

- Por quê, não fiz nada de errado.

Foi então que Kiara  toda sem graça saiu dali sem dizer nada. Sabia que isso poderia acontecer. Afinal ser pega fazendo algo com o chefe, era constrangedor. Sem pensar muito, foi atrás dela. Conseguiu alcançá-la quase na entrada.

- Kiara...

Ela se virou de repente, deixando- o surpreso.

- Isso não deveria ter acontecido.

- Agora não tem como voltar atrás.

- Eu sei.

- Sinto muito. Não sabia que eles iriam aparecer por aqui.

- Você disse que podíamos ficar sossegados.

- Não tenho culpa se seu pai entra na minha casa sem ser convidado.

Kiara balançou a cabeça e o fitou.

- Ok.

- Kiara...

Sabia que não poderia dizer nada naquele momento, ela não iria perdoá-lo pelo constrangimento que haviam passado juntos a alguns minutos atrás. E mesmo que quisesse estar com ela, não poderia fazer nada que ela mudasse de ideia, agora havia acabado o que mal começará.

Ao voltar para dentro, o pai de Kiara somente olhou para ele com desdém.

- Me desculpa, Sr. Marcello.

- Não magoe minha filha que eu vou esquecer que você é dono disso aqui e acabo com você.

Chris hesitou e assentiu, mas antes que falasse alguma coisa o velho se afastou. Seus pais agora balançavam a cabeça, inconformados.

- Podem falar... fiquem à vontade.

- Você sabe muito bem que isso foi errado. – Seu pai finalmente disse.

- Eu não forcei ninguém a fazer nada...

- Não vou discutir isso com você Chris. – Sua mãe falou, em seguida saiu do aposento, ficando só ele e seu pai.

- Pai...

- Tem sorte por ser maior de idade.

Chris observou seu pai sair também do aposento. Estava mesmo se sentindo um idiota. Não era assim que queria que seus pais conhecessem a mulher que ele estava a fim de levar a sério pela primeira vez na sua vida.

Kiara entrou no seu quarto e decidiu que ficaria o resto da sua vida trancada ali. Não era assim que gostaria de mostrar às pessoas que ela realmente não era mais nenhuma criança. Ela havia sim se entregado a Chris sem pensar, mas não podia negar que sentiam alguma coisa um pelo outro. Não iria esquecer aquele momento mágico que teve de estar nos braços dele, a sensação era maravilhosa quando finalmente estava se envolvendo com alguém que sentia o mesmo que você.

Chris havia dito que gostava dela, mesmo que tenha dito quando estavam meio chapados, mas sabia que havia uma pitada de verdade, afinal também confessará que gostava dele.

De repente a porta do seu quarto abriu. Era o seu pai.

- Kiara...

- O quê?

- Ele forçou a fazer alguma coisa?

Kiara balançou a cabeça e respondeu.

- Não.

- Querida, por que não me falou que...

- Pai. Eu já sou adulta, sei me cuidar.

- Só não quero que isso não interfira no seu serviço.

Ela apenas balançou a cabeça, e quando seu pai saiu do quarto ela desejou que tudo o que havia acontecido não fosse lembrado no dia seguinte. Odiaria em ter que enfrentar os pais de Chris no dia seguinte lá no trabalho, isso se eles forem dar uma volta por lá.

O que será que acontecerá para eles aparecerem assim tão de repente?

Não sabia ao certo o que estava acontecendo naquele lugar. Estava uma completa bagunça, na certa Chris não andava falando com sua mãe como quando chegara ali, e ela com certeza achou que havia algo errado por ali, afinal estava querendo estar a par de toda situação do barracão.

Entretanto, de agora em diante ficaria atento nas coisas, ainda mais agora que ela e Chris estavam envolvidos e com os pais dele ali ficaria difícil não terem paz.

Sabia que não era perfeito, assim como qualquer outra pessoa aqui na terra. Também pegava raiva de algumas coisas e atitudes, mas também sei amar, conquistar, abrir mão do que eu quero quando é necessário. Eu sei ajudar o próximo, sou tímida, sou uma pessoa organizada – no trabalho, é claro. Mas eu também tenho meus medos, meus receios e minhas inseguranças. Eu também choro quando estou triste, mas tenho coração gigante e estou sempre disposta a acolher quem precisa. Sou uma mistura de sonhos e desejos, e isso me torna única.

Eu já tive medo de demonstrar os meus sentimentos. Sei lá, acho que pensava que se deixasse o meu coração a mostra seria fácil para alguém machucá-lo, mas hoje eu vejo que é o silêncio, cria dúvidas, cria mágoas e desperdiça chances de alegria. Não falar o que pensa em nossa mente é o jeito mais fácil de deixar passar as oportunidades de amor.

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