O bunker estava mergulhado em uma penumbra confortável. Dean ajudou Castiel a se acomodar em um dos sofás da sala principal, o anjo exausto, mas ainda determinado. A luta recente havia deixado ambos marcados, mas o silêncio que os envolvia agora era quase um alívio — uma pausa antes da próxima tempestade.
Dean puxou uma cadeira e se sentou na frente de Castiel, os braços cruzados enquanto o observava com cuidado. As palavras de Castiel antes da batalha ainda ecoavam em sua mente: "Você é minha escolha." Era como se o mundo tivesse mudado naquele momento, mas Dean não sabia como lidar com isso.
"Como você está?" Dean perguntou, tentando quebrar o silêncio.
Castiel levantou os olhos lentamente, seus traços mais humanos do que nunca. "Minha graça está instável, mas não é algo irreversível. Preciso de tempo."
Dean balançou a cabeça, os lábios apertados em uma linha fina. "Tempo é algo que a gente nunca parece ter."
Castiel inclinou a cabeça, como fazia quando tentava entender algo. "Você está preocupado."
"Claro que estou preocupado, Cas!" Dean exclamou, a voz saindo mais alta do que ele pretendia. Ele esfregou as mãos no rosto e respirou fundo. "Você quase morreu. De novo. E eu não posso continuar perdendo as pessoas que... que importam pra mim."
Castiel piscou, surpreso com a sinceridade de Dean. "Dean, eu escolho lutar ao seu lado. Sempre."
O caçador abriu a boca para responder, mas antes que pudesse dizer algo, o som de uma batida forte ecoou pelo bunker. Os dois ficaram em alerta imediatamente, seus corpos reagindo antes mesmo de seus cérebros processarem o perigo.
Dean pegou sua arma na mesa próxima, enquanto Castiel se levantava com dificuldade. "Fique aqui," Dean ordenou, apontando para o anjo com firmeza.
"Não," Castiel respondeu simplesmente, sua postura desafiadora, apesar da exaustão.
Dean bufou, mas não discutiu. Juntos, eles seguiram pelo corredor em direção ao som. As luzes piscavam, o que só aumentava a tensão.
Ao chegarem à entrada, encontraram a porta principal do bunker aberta, algo que nunca deveria acontecer. Uma figura estava de pé na entrada, um homem alto com cabelos desgrenhados e um sorriso que não alcançava os olhos.
"Bem, bem," o homem disse, cruzando os braços. "Os famosos Dean Winchester e Castiel."
Dean apontou sua arma. "Quem diabos é você?"
O homem ergueu as mãos em um gesto de rendição exagerada. "Calma, cowboy. Meu nome é Elias. Vim trazer um recado... ou melhor, um aviso."
Castiel deu um passo à frente, sua expressão sombria. "Você trabalha para a figura encapuzada?"
Elias riu, um som frio e desdenhoso. "Trabalhar para ele? Não exatamente. Digamos que tenho meus próprios interesses. Mas ele é um problema para mim também, e eu preciso de vocês dois vivos para resolver isso."
Dean arqueou uma sobrancelha. "Ah, ótimo. Outro maluco com uma agenda secreta. Por que a gente deveria confiar em você?"
Elias deu de ombros. "Não estou pedindo sua confiança. Só estou dizendo que, se não trabalharmos juntos, vocês dois não vão durar muito mais tempo. Ele está vindo, e da próxima vez, não haverá pausa para respirar."
Antes que Dean pudesse responder, Elias desapareceu em uma névoa escura, deixando apenas o eco de sua voz.
Dean olhou para Castiel, frustrado. "Isso é tão típico. Eles sempre aparecem, fazem suas ameaças e somem antes que a gente possa fazer qualquer coisa."
Castiel permaneceu calado, seus olhos fixos no ponto onde Elias estava. "Ele não estava mentindo. A energia ao redor dele era diferente. Há mais em jogo do que imaginamos."
Dean esfregou a nuca, tentando processar. "Ótimo. Então estamos no meio de outra guerra cósmica. Que novidade."
Eles voltaram para a sala principal, mas a tensão permanecia no ar. Dean pegou uma garrafa de uísque e dois copos, servindo um para si mesmo e outro para Castiel.
"Você não costuma beber, mas acho que merece," Dean disse, empurrando o copo em direção ao anjo.
Castiel pegou o copo com hesitação, observando o líquido âmbar antes de dar um pequeno gole. Sua expressão se contorceu brevemente, e Dean não pôde deixar de rir.
"Você é péssimo nisso," Dean provocou, tomando um gole do próprio copo.
"Talvez," Castiel admitiu, mas havia um brilho de humor em seus olhos que fez Dean relaxar, mesmo que apenas por um momento.
Eles ficaram em silêncio novamente, o tipo de silêncio que só duas pessoas que confiam profundamente uma na outra conseguem compartilhar.
"Ei, Cas," Dean começou, sua voz mais suave. "Sobre o que você disse antes... sobre me escolher. O que isso significa exatamente?"
Castiel olhou para ele, seus olhos parecendo atravessar todas as defesas que Dean tentava erguer. "Significa que, para mim, você é mais do que um amigo, mais do que uma missão. Eu escolheria você acima de tudo."
Dean sentiu seu coração acelerar, mas ele não desviou o olhar. Pela primeira vez, ele não tentou esconder o que sentia. "Você não faz as coisas fáceis, faz, Cas?"
"Eu nunca fiz," Castiel respondeu, um leve sorriso nos lábios.
Dean riu, balançando a cabeça. "Bom, acho que estamos nessa juntos. Sempre estivemos."
E, por um breve momento, enquanto o mundo continuava a desmoronar ao redor deles, isso foi suficiente.
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Atualizado até capítulo 22
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