GÊMEOS ARATA

GÊMEOS ARATA

A chegada de Sho!

Miku Arata vivia uma vida simples no Japão, dedicando-se completamente ao seu único filho, Ken. Ela era uma mulher de beleza serena, com cabelos castanhos escuros cortados na altura dos ombros e olhos castanhos que refletiam uma determinação tranquila. Miku sempre valorizou a estabilidade e fazia questão de garantir que Ken tivesse uma infância tranquila, mesmo após o tumultuado divórcio de William Diller, o pai de seus filhos.

Ken Arata, com 14 anos, era um garoto tímido e introspectivo. Seus cabelos negros caiam de forma desalinhada, cobrindo parte de sua testa, e seus olhos vermelhos brilhavam como rubis, uma característica única que o tornava alvo de olhares curiosos, mas também de comentários maldosos na escola. Apesar de ser reservado, Ken era um jovem gentil e sensível, com um amor profundo por livros de fantasia e um talento nato para desenhar. Ele preferia passar seu tempo sozinho, geralmente no pequeno jardim de sua casa, rabiscando histórias e paisagens em seu caderno de desenhos.

A vida de Ken e Miku seguiu um ritmo tranquilo desde que William havia partido para os Estados Unidos com Sho, o irmão gêmeo mais velho de Ken. Embora fossem gêmeos, Ken e Sho eram tão diferentes quanto o dia e a noite. Enquanto Ken herdara os traços de Miku, Sho puxara completamente o lado paterno da família. Sho era albino, com cabelos platinados quase brancos que reluziam à luz e olhos de um azul claro e penetrante. Sua aparência distinta, combinada com sua personalidade séria e confiante, fazia dele o oposto de Ken.

Sho tinha apenas 3 anos quando o divórcio aconteceu, e embora a separação tenha sido difícil para ambos os meninos, o fato de viverem em lados opostos do mundo significava que eles praticamente não se conheciam. Para Ken, Sho era quase como um personagem de uma história – alguém com quem ele compartilhava um vínculo inquebrável, mas cuja presença era apenas uma lembrança distante.

Do outro lado do oceano, Sho cresceu em um ambiente muito diferente. William Diller, um homem alto e imponente, com cabelos loiros quase brancos e uma atitude rígida, criava Sho com disciplina militar. William era um soldado de carreira e dedicava sua vida ao exército, o que significava que Sho cresceu com regras claras e uma rotina rigorosa. Isso moldou Sho em um garoto resiliente e independente, mas também o tornou desconfiado em relação a laços emocionais.

Agora, com a notícia da morte de William, Sho se via diante de uma mudança drástica. Aos 14 anos, ele seria enviado de volta ao Japão para viver com sua mãe e o irmão que ele mal conhecia. Essa transição, no entanto, ainda era um segredo para Ken e Miku, embora Miku tivesse recebido os documentos necessários e estivesse se preparando para a chegada de Sho.

Ken, alheio a tudo isso, continuava sua rotina tranquila. Em um fim de tarde, sentado sob a cerejeira no quintal, ele rabiscava no caderno enquanto refletia sobre como seria ter um irmão ao seu lado. Ele sempre sentiu um vazio, um espaço que nunca foi preenchido completamente. Por mais que amasse sua mãe, havia algo dentro dele que ansiava por uma conexão perdida – um desejo inexplicável de encontrar algo ou alguém que ele não conseguia definir.

Enquanto isso, Miku, na cozinha, olhava pela janela, observando Ken com uma expressão suave, mas preocupada. Sabia que a chegada de Sho seria um desafio. Como explicar a Ken que o irmão dele, cuja existência parecia tão distante, agora faria parte de suas vidas novamente? Como equilibrar as personalidades opostas de seus dois filhos e ajudar Sho a se ajustar a uma cultura que ele mal conhecia?

A resposta para essas perguntas ainda era incerta, mas uma coisa Miku sabia: o reencontro dos gêmeos mudaria para sempre a dinâmica da sua pequena família. E, no fundo, ela torcia para que, apesar das diferenças, os dois pudessem construir um vínculo que transcenderia os anos de separação.

Dois dias se passaram desde que Miku contou a Ken sobre a chegada de Sho. Desde então, Ken estava inquieto, imaginando como seria encontrar o irmão que ele mal conhecia. Ele passara horas revisando o que diria quando Sho chegasse, ensaiando em frente ao espelho frases simples como "Seja bem-vindo" e "É um prazer te conhecer". Ele queria que tudo fosse perfeito.

Naquela tarde, enquanto Miku arrumava a sala para receber Sho, Ken não conseguia esconder sua ansiedade.

— Mãe, você acha que ele vai gostar de mim? — perguntou Ken, sentado no sofá com as mãos inquietas no colo.

Miku, que colocava flores frescas em um vaso, sorriu para o filho.

— Claro que vai, Ken. Vocês são irmãos. Ele pode parecer distante no começo, mas lembre-se de que ele está lidando com muitas coisas agora. Seja compreensivo, está bem?

Ken assentiu, embora ainda estivesse nervoso. Ele tinha certeza de que Sho seria totalmente diferente dele, mas isso não o impedia de querer se dar bem com o irmão.

Finalmente, o som de um carro parando do lado de fora da casa fez o coração de Ken acelerar. Ele correu para a porta, seguido por Miku, que tentou manter a calma, apesar de sua própria ansiedade em rever o filho que não via há tantos anos.

Quando a porta se abriu, lá estava Sho. Ele tinha uma presença marcante: cabelos platinados levemente bagunçados, olhos azuis claros que pareciam perfurar tudo o que olhavam, e um corpo atlético que parecia incomum para sua idade. Ele era alto para um garoto de 14 anos, e sua postura rígida e o olhar frio deixaram Ken e Miku momentaneamente sem palavras.

— Sho... — Miku finalmente quebrou o silêncio, sua voz tremendo de emoção.

Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, Sho abaixou a cabeça levemente, um gesto educado, mas distante.

— Obrigado por me receber, mãe.

Miku deu um passo à frente e o puxou para um abraço apertado. Sho permaneceu rígido por um momento, mas não a afastou.

— Você sempre será meu precioso filho, Sho — ela murmurou, com lágrimas nos olhos.

Depois de um instante, ela o soltou e se virou para Ken.

— Este é Ken, seu irmão.

Ken deu um passo à frente, um sorriso nervoso no rosto.

— Oi, Sho. É... um prazer finalmente te conhecer. Eu esperei muito tempo por isso.

Sho olhou para ele de cima a baixo, avaliando-o com olhos analíticos.

— Você é bem diferente de mim — ele comentou de forma direta, sem qualquer entonação amigável.

Ken piscou, surpreso com a frieza, mas tentou não se abalar.

— Bem, somos gêmeos, mas acho que é normal sermos diferentes, né? — Ele sorriu, tentando quebrar o gelo.

Sho deu de ombros e entrou na casa, carregando apenas uma mochila.

— Onde é meu quarto?

Miku, que observava atentamente, interveio.

— Vou te mostrar. Depois, podemos jantar juntos e conversar um pouco, certo?

Sho assentiu brevemente, e Miku o levou até o quarto preparado para ele.

Ken permaneceu na sala, tentando processar o encontro. Sho era muito diferente do que ele havia imaginado. Mas, apesar do frio na barriga, ele decidiu que faria de tudo para se aproximar do irmão.

Mais tarde, durante o jantar...

A mesa estava silenciosa. Miku tentava puxar conversa de tempos em tempos, mas Sho respondia com frases curtas e objetivas. Ken, por outro lado, continuava lançando olhares curiosos para o irmão.

— Então, Sho... — começou Ken, tentando soar casual. — Como era morar nos Estados Unidos?

Sho levantou os olhos do prato, mas seu tom continuou frio.

— Diferente daqui.

— Ah, entendi. Tipo... mais agitado?

— Mais organizado.

Ken riu sem jeito.

— É, as coisas aqui podem ser meio bagunçadas. Mas eu gosto disso. Faz a vida parecer mais... viva, sabe?

Sho não respondeu e voltou a comer. Miku suspirou baixinho, mas Ken não desistiu.

— Sho, eu vi que você tem um físico incrível. Você pratica esportes?

— Treinamento militar — respondeu Sho, seco.

Ken engoliu em seco, sem saber como continuar. Miku interveio.

— Sho, sei que tudo isso é novo para você, mas aqui você não precisa se sentir pressionado. Quero que veja esta casa como seu lar.

Sho pousou os talheres e olhou para Miku com um semblante sério.

— Obrigado, mãe, mas estou acostumado a cuidar de mim mesmo. Não precisam se preocupar comigo.

O silêncio que se seguiu foi desconfortável. Ken finalmente juntou coragem para tentar algo mais pessoal.

— Sho... eu sei que a gente mal se conhece, mas... quero que saiba que eu estou aqui para você. Quero ser mais do que só seu irmão de sangue. Quero ser seu amigo.

Sho ergueu as sobrancelhas, ligeiramente surpreso com a declaração. Ele ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder.

— Você fala demais.

Ken ficou um pouco vermelho, mas decidiu encarar o comentário como um desafio.

— Talvez eu fale demais, mas acho que é porque estou animado. Vou continuar tentando até você cansar de mim, Sho!

Sho desviou o olhar, um leve indício de um sorriso malicioso brincando nos cantos de seus lábios.

— Boa sorte com isso.

Era uma resposta fria, mas para Ken, era um começo.

Depois do jantar, Sho se levantou da mesa sem dizer uma palavra, pegou sua mochila e subiu para o quarto. O som da porta se fechando ecoou pela casa, e Ken suspirou, olhando para o prato vazio de Sho.

— Ele... é tão distante. Parece que ele não quer estar aqui — murmurou Ken, apoiando o rosto nas mãos.

Miku recolheu os pratos da mesa com um semblante calmo, mas havia uma sombra de preocupação em seus olhos.

— Ken, Sho passou por muita coisa. Você precisa ser paciente com ele.

Ken franziu o cenho e cruzou os braços, encarando sua mãe.

— Eu estou tentando, mãe, mas ele é tão... fechado. Não consigo entender como ele pensa.

Miku colocou os pratos na pia e se sentou ao lado do filho, passando a mão suavemente pelos cabelos dele.

— Filho, William era um homem muito rígido. Ele tinha regras para tudo, era disciplinado ao extremo, e isso certamente afetou Sho.

Ken olhou para ela com curiosidade, embora uma leve tristeza transparecesse em seu olhar.

— É por isso que vocês se separaram, não é? Por causa do jeito dele?

Miku suspirou, os olhos vagando como se estivesse revisitando memórias dolorosas.

— Sim. No começo, ele era um homem encantador, mas, com o tempo, o lado rígido e sistemático dele começou a tomar conta. Ele queria que tudo fosse perfeito, até mesmo eu e vocês dois. Quando ele me traiu... foi o último golpe.

Ken apertou os lábios, tentando imaginar como Sho havia lidado com tudo isso enquanto crescia.

— Então Sho cresceu com ele desse jeito... sendo pressionado o tempo todo?

Miku assentiu, olhando para a escada que levava ao quarto de Sho.

— Sim. Ele não teve a liberdade que você teve. Enquanto você pôde desenhar, sonhar e ser você mesmo, Sho provavelmente teve que seguir regras, treinar, e carregar responsabilidades que nenhuma criança deveria carregar.

Ken ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre as palavras da mãe.

— É por isso que ele é tão frio, não é? Ele não sabe como... se conectar com as pessoas.

Miku sorriu suavemente, segurando as mãos de Ken.

— Talvez seja isso. Mas ele está aqui agora, Ken. E nós podemos dar a ele algo que ele nunca teve: uma família de verdade. Vai levar tempo, e pode ser difícil, mas tenho certeza de que, aos poucos, podemos fazer isso funcionar.

Ken olhou para as mãos da mãe, depois para as escadas novamente, determinado.

— Eu vou tentar, mãe. Não importa o quanto ele me empurre para longe, eu vou continuar tentando. Ele é meu irmão.

Miku sorriu, apertando levemente as mãos dele.

— É por isso que tenho tanto orgulho de você, Ken.

Os dois ficaram ali por alguns instantes, apreciando o silêncio da casa. Porém, a mente de Ken estava cheia de ideias e planos. Ele não sabia como faria, mas estava decidido a ajudar Sho a se sentir parte daquela família.

Lá em cima, atrás da porta trancada, Sho estava sentado na beira da cama. Ele olhava para a mochila ainda cheia de coisas, mas não fazia nenhum movimento para desfazê-la. Seus olhos azuis vagavam pelo quarto simples, e ele suspirou profundamente.

— Família feliz, hein... — murmurou para si mesmo, com um toque de sarcasmo em sua voz.

Embora ele não admitisse, algo dentro dele queria acreditar que era possível.

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