Filme e brigadeiro

Ken e Sho começaram a jogar, mas não demorou muito para que o cansaço começasse a pesar sobre Sho. Ele jogava em silêncio, com movimentos menos ágeis que o normal, até que, no meio de uma partida, largou o controle e se recostou no sofá.

"Vou só fechar os olhos um pouco," ele murmurou, a voz quase inaudível.

Ken riu baixinho, olhando para Hana, que havia se sentado ao lado deles após terminar de lavar a louça. "Sho não aguenta nada. Eu sou mais resistente que ele!"

Hana cruzou os braços, fingindo seriedade. "Ah, é? E quem foi que quase chorou quando perdeu no último jogo mesmo?"

"Ei, isso não foi justo! Sho me distraiu naquela hora!" Ken protestou, mas seu tom era de brincadeira.

Eles continuaram conversando e rindo, mantendo o tom baixo para não acordar Sho. Hana olhou para ele, agora completamente adormecido, com a cabeça inclinada para o lado e a respiração tranquila. Ele parecia muito mais calmo assim, longe de toda a tensão e seriedade que costumava carregar.

"É estranho ver ele tão tranquilo," Hana comentou, observando o rosto de Sho. "Ele sempre parece tão... forte, sabe? Como se carregasse o peso do mundo sozinho."

Ken suspirou, apoiando o queixo nas mãos. "Ele sempre foi assim. Mesmo antes de tudo isso... ele nunca deixava ninguém ajudar. Mas eu sei que ele se importa, só não sabe como mostrar isso."

Hana sorriu suavemente. "É, ele tem um jeito meio peculiar. Mas acho que é isso que o torna especial."

Ken riu, inclinando-se para Hana. "Você gosta dele, né?"

Hana ficou vermelha na hora, arregalando os olhos. "O quê? Claro que não! Eu só... me preocupo com ele, isso é tudo!"

"Sei," Ken disse, alongando a palavra com um sorriso travesso. "Você tá vermelha, Hana."

"Ken!" ela exclamou, tentando conter a própria reação.

Sho se mexeu no sofá, murmurando algo inaudível, o que fez os dois ficarem em silêncio por um momento. Quando perceberam que ele ainda estava dormindo, Hana deu um leve tapa no braço de Ken.

"Você é insuportável, sabia?"

Ken riu baixinho. "Eu só tô dizendo o que vejo. Mas, se você gosta do Sho, não tem problema. Ele também precisa de alguém pra cuidar dele, sabe? Mesmo que ele não admita."

Hana olhou novamente para Sho, seu rosto suavizando. Talvez Ken estivesse certo. Sho parecia alguém que nunca pediu por cuidado, mas claramente precisava dele.

"Você é mais observador do que eu pensava," ela admitiu, sorrindo de lado para Ken.

"É porque eu sou o irmão mais novo. A gente sempre observa mais do que os outros percebem."

Eles riram juntos, enquanto Sho continuava dormindo tranquilamente, alheio ao fato de que, mesmo enquanto descansava, era o centro de atenção e carinho dos dois.

Ken deu um bocejo exagerado, esticando os braços. "Acho que já deu pra mim hoje. Vou dormir no quarto. Boa noite, Hana, boa noite, Sho... quer dizer, ele nem vai ouvir."

Hana sorriu. "Boa noite, Ken."

Ken deu um aceno preguiçoso e foi para o quarto, deixando Hana sozinha com Sho. Ela olhou para ele por alguns momentos, ainda adormecido, com a respiração calma e os traços relaxados. Sentada ao lado dele, sentiu um conforto inexplicável, como se apenas estar ali fosse suficiente para ajudá-lo a carregar um pouco do peso que parecia sempre estar em seus ombros.

Depois de alguns minutos, Sho começou a se mexer lentamente. Seus olhos se abriram, ainda pesados pelo sono, e ele piscou algumas vezes antes de perceber onde estava.

"Hana?" ele perguntou, a voz rouca e baixa.

"Oi," ela respondeu suavemente, sorrindo. "Você finalmente acordou."

Sho esfregou os olhos e se ajeitou no sofá, ainda um pouco desorientado. "Quanto tempo eu dormi?"

"Alguns minutos... ou talvez uma hora," ela respondeu, rindo baixinho. "Você parecia muito cansado."

Sho suspirou, passando a mão pelo cabelo bagunçado. "Acho que estava mesmo. Mas estou melhor agora."

Hana inclinou a cabeça, olhando para ele com curiosidade. "Você trabalha tanto, mas nunca reclama, não é? Por que você nunca deixa alguém te ajudar?"

Sho desviou o olhar por um momento, parecendo pensar na pergunta. "Não é que eu não queira ajuda... é só que... eu não sei como pedir. Sempre foi assim. Aprendi a resolver tudo sozinho."

Hana o observou em silêncio por alguns segundos, deixando que ele continuasse.

"Mas eu não gosto que as pessoas se preocupem comigo," Sho disse, finalmente olhando para ela. "Especialmente você e o Ken. Vocês já têm suas vidas... não precisam carregar os meus problemas."

Hana balançou a cabeça, sorrindo suavemente. "Você é tão bobo às vezes. A gente se preocupa porque se importa. Não é um peso, Sho. É o que as pessoas fazem quando gostam de alguém."

Sho ficou em silêncio, as palavras dela parecendo ressoar profundamente. Ele abriu a boca para responder, mas hesitou, como se não soubesse o que dizer.

"Além disso," Hana continuou, tentando aliviar o clima, "você não é tão indestrutível quanto acha. Precisa de alguém pra te lembrar disso de vez em quando."

Sho soltou uma risada baixa, algo raro, mas genuíno. "Talvez você tenha razão... um pouco."

Eles continuaram conversando por mais algum tempo, sobre coisas leves, como os jogos que jogaram antes e as travessuras de Ken. A atmosfera era tranquila, quase íntima, e Sho parecia mais relaxado do que Hana já o tinha visto antes.

"Você é diferente, sabia?" Sho disse de repente, surpreendendo Hana.

"Diferente como?" ela perguntou, curiosa.

"Diferente das outras pessoas. Você não desiste de mim, mesmo quando eu sou difícil. Isso... é novo pra mim," ele admitiu, com um pequeno sorriso.

Hana sentiu o rosto esquentar, mas retribuiu o sorriso. "Talvez seja porque eu vejo o que você tenta esconder. E gosto do que vejo."

Sho desviou o olhar novamente, mas dessa vez havia algo em seus olhos, uma mistura de gratidão e algo mais profundo, que ele ainda não sabia como expressar.

"Obrigado, Hana," ele disse, a voz suave, mas sincera.

Ela apenas sorriu, sem precisar dizer mais nada.

Sho se espreguiçou e levantou do sofá. "Acho que vou fazer algo doce. Que tal um brigadeiro de colher?"

Hana sorriu animada. "Boa ideia! Enquanto isso, eu escolho um filme. Alguma preferência?"

Ele balançou a cabeça, já se dirigindo à cozinha. "Pode ser o que você quiser. Confio no seu gosto."

Hana revirou os olhos, rindo. "Espero que você não se arrependa de me dar essa liberdade."

Enquanto Sho preparava o brigadeiro, o som de panelas e colheres ecoava pela cozinha, misturado ao cheiro doce do chocolate. Hana navegava pelos títulos disponíveis até encontrar um filme de romance que parecia interessante. Ela deu um sorriso tímido para si mesma, pensando que talvez Sho pudesse gostar, mesmo que fosse fora da zona de conforto dele.

Quando ele voltou com duas tigelas de brigadeiro de colher, o filme já estava no início. "Pronto. Espero que esteja bom," disse, entregando uma tigela a Hana e se acomodando ao lado dela no sofá.

"Tenho certeza de que está perfeito," Hana respondeu, pegando a colher e provando. Seus olhos brilharam. "Nossa, Sho, você é bom nisso!"

Ele deu de ombros, um pequeno sorriso nos lábios. "É fácil. Só seguir a receita."

Conforme o filme avançava, a atmosfera no ambiente começou a mudar. A história envolvente, cheia de momentos românticos e intensos, parecia prender a atenção de ambos. Sho, que geralmente não se interessava por filmes de romance, estava estranhamente cativado.

Hana, por outro lado, se via ficando cada vez mais consciente da proximidade entre eles. Eles estavam sentados perto o suficiente para que seus braços se tocassem de vez em quando, o que fazia seu coração disparar.

Em uma das cenas mais emocionantes do filme, os protagonistas se confessavam sob a chuva, e Sho percebeu que Hana estava completamente imersa na história. Ele olhou de relance para ela e, por um breve momento, seus olhos se encontraram.

"Tá gostando?" Hana perguntou, tentando disfarçar a timidez que sentia.

"Sim," Sho respondeu, sua voz mais baixa do que o normal. "É... diferente, mas bom."

Hana sorriu, voltando sua atenção para o filme, mas sua mente continuava presa no breve contato visual.

Quando o filme chegou à sua cena final, com os personagens trocando um beijo apaixonado, o clima entre eles parecia quase palpável. Hana tentou ignorar a forma como seu coração acelerava, mas não conseguia evitar pensar no quanto a presença de Sho a afetava.

Sho, por sua vez, sentia uma mistura de nervosismo e curiosidade. Ele não entendia completamente o que estava sentindo, mas sabia que era algo novo. Algo bom.

Quando os créditos começaram a rolar, Hana finalmente quebrou o silêncio. "Então... o que achou do filme?"

Sho demorou um momento para responder. "Foi... interessante. Acho que nunca tinha visto algo assim antes."

Hana riu suavemente. "Vou interpretar isso como um elogio."

Ele deu um pequeno sorriso, sem perceber que seus olhos estavam fixos nos dela. Por um instante, parecia que o mundo ao redor havia desaparecido, deixando apenas os dois ali, no sofá, com os ecos do filme ainda vibrando no ar.

O silêncio entre eles se tornou mais denso, não desconfortável, mas carregado de algo que ambos sentiam, mas nenhum ousava nomear. Hana brincava nervosamente com os dedos, desviando o olhar de Sho, mas sentindo cada segundo da presença dele ao seu lado.

Sho, por sua vez, estava mais quieto do que o normal. Ele não era de se deixar levar por emoções, mas algo na expressão dela, no jeito que a luz da TV iluminava seus traços delicados, o fazia sentir um calor incomum.

Hana decidiu quebrar o silêncio, sua voz um pouco hesitante. "Você... acha estranho assistir esse tipo de filme comigo?"

Ele balançou a cabeça, mantendo seu olhar fixo nela. "Não. Na verdade, foi bom. Diferente, mas bom."

Hana sorriu, sentindo o rosto esquentar ainda mais. "Fico feliz que tenha gostado."

O silêncio voltou a se instalar, mas desta vez parecia uma ponte entre eles. Sho percebeu que estava segurando o braço do sofá com um pouco de força, e relaxou a mão, ainda encarando Hana pelo canto do olho.

"Você ficou muito concentrada no filme," ele comentou, um pequeno sorriso brincando em seus lábios.

"Eu gosto de histórias assim," Hana respondeu, virando-se para ele. "Às vezes é bom ver algo bonito, sabe? Algo que faz você acreditar que... essas coisas são possíveis."

Sho assentiu lentamente, seus olhos finalmente encontrando os dela. "Faz sentido. Acho que... talvez essas coisas sejam possíveis mesmo."

Hana sentiu o coração disparar. A forma como ele a olhava naquele momento era diferente, mais intensa, como se estivesse tentando entender algo que nem ele sabia ao certo.

O espaço entre eles parecia diminuir, mesmo que nenhum dos dois tivesse se movido. Sho abriu a boca para dizer algo, mas parou, incerto. Hana, sentindo a tensão no ar, também ficou sem palavras, o calor subindo por seu corpo.

Finalmente, ela decidiu falar, mas sua voz saiu mais suave do que esperava. "Sho... você acha que histórias como essa são reais? Que... pessoas podem se sentir assim?"

Ele demorou a responder, mas quando o fez, sua voz era quase um sussurro. "Acho que depende das pessoas."

As palavras pairaram no ar, cheias de significado. Sem perceber, ambos haviam se inclinado levemente um para o outro, os rostos mais próximos agora. Hana podia sentir a respiração dele, e sua mente estava um turbilhão de emoções e pensamentos.

Sho hesitou, seus olhos caindo para os lábios dela por um breve momento antes de voltar para seus olhos. Ele não sabia o que estava fazendo, mas também não queria parar.

"Você acha que..." Hana começou, mas não conseguiu terminar, suas palavras ficando presas na garganta enquanto sentia seu coração batendo tão alto que parecia ecoar pelo ambiente.

Sho apenas a observava, seu rosto a centímetros do dela agora. "Hana..." ele disse baixinho, quase como um teste, para ver se ela o afastaria.

Mas ela não se moveu. Não falou. Apenas o olhou de volta, como se estivesse esperando.

A tensão entre os dois era quase tangível, e a distância parecia diminuir ainda mais, até que qualquer movimento poderia mudar tudo.

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