Sho caminhava calmamente pela saída da escola, esperando por Ken. O dia parecia ter acabado sem incidentes, mas então, algo chamou sua atenção: uma voz baixa, quase um grito abafado, e risadas ecoavam perto de um dos becos que levavam à rua principal. Sho olhou na direção do som e reconheceu Hana, a garota que havia ajudado mais cedo. Ela estava cercada por quatro garotos, visivelmente maiores que ela, que riam enquanto seguravam insetos e os aproximavam de seu rosto.
Hana estava apavorada, lutando para se soltar, mas eles a seguravam com força, zombando de seus gritos de medo. Sho sentiu o sangue ferver. Antes mesmo de perceber, seu corpo já havia se movido. Ele correu em direção ao grupo, sua expressão fria transformada em algo quase animalesco.
Com um salto, ele atingiu um dos garotos com uma voadora certeira no peito. O impacto foi tão forte que o garoto caiu no chão inconsciente, sem nem ao menos emitir um som. Os outros três largaram Hana imediatamente, suas expressões de zombaria se transformando em puro terror.
"Você quer morrer, moleque?!" um deles gritou, tentando parecer corajoso, mas Sho nem respondeu. Ele simplesmente se lançou para frente.
O segundo garoto tentou acertá-lo com um soco, mas Sho desviou com facilidade e, com um chute giratório, acertou o ombro do agressor. O som seco do deslocamento ecoou no beco, e o garoto gritou de dor, segurando o braço enquanto caía de joelhos.
O terceiro tentou fugir, mas Sho foi mais rápido. Com um soco violento bem no centro do abdômen, o garoto caiu no chão, sem ar, antes de desmaiar por completo.
Agora, só restava o líder do grupo, o que segurava Hana inicialmente. Ele tentou correr, mas Sho o alcançou em segundos, agarrando-o pelo pescoço e o erguendo alguns centímetros do chão. O garoto se debatia, mas era inútil contra a força esmagadora de Sho.
Sho olhou para o chão, onde o garoto havia derrubado o inseto que estava usando para intimidar Hana. Sem dizer uma palavra, ele pegou o inseto e aproximou-o do rosto do agressor. "Você gosta tanto disso, não é?" ele disse com uma frieza cortante. "Então come."
O garoto tentou balbuciar algo, mas Sho apertou seu pescoço com mais força. Sem opção, o garoto abriu a boca enquanto lágrimas de desespero escorriam por seu rosto. Sho empurrou o inseto para dentro, forçando-o a mastigar enquanto o segurava firmemente.
"Engole," Sho ordenou. O garoto obedeceu, engolindo com dificuldade enquanto soluçava.
Mas Sho não parou por aí. Ele o jogou no chão e segurou sua mão, olhando diretamente em seus olhos com um olhar que era puro gelo. Sem hesitar, ele começou a dobrar um dos dedos do garoto para trás até que um estalo alto fosse ouvido. O garoto gritou em agonia, mas Sho não parecia se importar.
Ele repetiu o processo com o segundo dedo, ignorando os gritos e súplicas. Quando chegou ao terceiro dedo, ele começou a dobrá-lo lentamente, como se quisesse prolongar o tormento.
"Por favor! Para! Eu nunca mais vou fazer isso!" o garoto implorou entre soluços.
Sho estava prestes a continuar quando ouviu uma voz suave, quase suplicante, atrás de si.
"Por favor, Sho... já chega," Hana disse, sua voz tremendo. Ela estava parada ali, seus olhos ainda cheios de lágrimas, mas agora olhando para Sho com preocupação.
Sho parou. Ele olhou para Hana por alguns segundos, e algo em sua expressão suavizou. Ele soltou o garoto, que caiu no chão, segurando a mão machucada e soluçando de dor.
"Se eu te pegar de novo..." Sho começou, sua voz baixa e mortal. Ele não terminou a frase, mas o garoto sabia exatamente o que ele queria dizer. Assustado, ele se arrastou para longe antes de correr o mais rápido que pôde.
Sho olhou para Hana. Ela ainda parecia assustada, mas havia algo mais em seus olhos: gratidão.
"Você está bem?" ele perguntou, sua voz mais suave agora.
Hana assentiu, enxugando as lágrimas. "Sim... obrigada. Você me salvou de novo."
Sho deu de ombros, tentando não demonstrar muita emoção. "Eles não vão mais te incomodar."
"Você é forte, Sho. Mas... por favor, não se machuque por minha causa," Hana disse, ainda com a voz trêmula.
Sho apenas acenou com a cabeça antes de começar a caminhar de volta, como se nada tivesse acontecido. Hana ficou ali por um momento, observando-o, antes de correr atrás dele para acompanhá-lo de volta à escola.
Sho e Hana caminharam de volta para a escola em silêncio. Hana mantinha-se um pouco atrás dele, segurando a barra de sua própria blusa nervosamente. Quando finalmente chegaram à área comum, encontraram Ken e Anya rindo e conversando animadamente perto do portão. Assim que os dois olharam para Sho, as risadas cessaram.
"Mas que diabos aconteceu com você, Sho?!" Ken perguntou, visivelmente alarmado. Ele se levantou rapidamente, apontando para o rosto de seu irmão.
Anya também parecia preocupada, mas ficou mais afastada, esperando para entender a situação.
Sho, confuso, franziu a testa. "Do que você está falando?"
"Seu rosto!" Ken respondeu, aproximando-se. "Você está sangrando!"
Só então Sho levou a mão ao rosto e tocou abaixo do olho esquerdo, sentindo a textura úmida. Quando olhou para os dedos, viu o sangue. Ele deve ter se cortado durante a luta, talvez quando empurrou um dos garotos ou no impacto de um soco.
"Não é nada," ele disse com indiferença, limpando o rosto com a manga da camisa como se fosse algo insignificante.
Mas antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, Hana deu um passo à frente, com os olhos cheios de preocupação.
"Desculpa, Sho!" ela disse, sua voz trêmula. "Eu... é tudo culpa minha... se você não tivesse vindo me ajudar, isso não teria acontecido!"
Sho olhou para ela, surpreso com a intensidade de suas palavras. Ele balançou a cabeça, quase suspirando. "Não é culpa sua, Hana. Eles mereceram o que aconteceu, e isso aqui..." Ele apontou para o corte abaixo do olho. "Isso não é nada. Já vi coisas piores."
Mas Hana não parecia convencida. Ela se aproximou mais, com um lenço que tirou do bolso. "Por favor, deixa eu limpar. Vai infeccionar se não cuidar direito."
Sho hesitou por um momento, mas acabou se inclinando levemente, permitindo que Hana limpasse o corte com delicadeza. Ken observava a cena com curiosidade, enquanto Anya cruzava os braços e sorria de canto.
"Você é meio imprudente, não é?" Anya comentou, observando Sho.
"Quando se trata de proteger alguém, imprudência não importa," Sho respondeu, direto.
Ken, no entanto, estava claramente desconfortável. "Mas você podia ter se machucado sério, Sho! Não acha que precisa ter mais cuidado? Eu não quero... não quero que você fique mal por causa de algo assim."
Sho olhou para o irmão e, pela primeira vez, um pequeno sorriso quase imperceptível surgiu em seu rosto. "Vou ficar bem, Ken. Não se preocupe."
Depois que Hana terminou de limpar o ferimento, ela se afastou um pouco, ainda parecendo culpada, mas mais aliviada. "Obrigada, Sho... por tudo."
Sho deu um leve aceno, antes de se virar para Ken e Anya. "Vamos. Acho que já deu por hoje."
Enquanto os quatro começavam a caminhar juntos, Ken puxou discretamente o braço de Sho e sussurrou: "Você é muito impressionante, mas tenta não se esquecer de que agora você tem gente que se importa com você."
Sho apenas assentiu. Lá no fundo, aquelas palavras tinham um impacto maior do que ele deixaria transparecer.
O grupo caminhava pela calçada, conversando tranquilamente, quando um rapaz alto e musculoso, claramente mais velho, surgiu na frente deles. Ele usava o uniforme do colegial, ajustado para mostrar seu físico robusto, e tinha uma expressão furiosa. Sho imediatamente percebeu que algo estava errado.
"Você é Sho, não é?" o rapaz perguntou, sua voz grave e carregada de raiva.
Sho parou e olhou diretamente para ele, impassível como sempre. "E se eu for?"
"Você quebrou os dedos do meu irmão, seu desgraçado," o garoto disse, avançando um passo e puxando um taco de beisebol de alumínio que estava escondido atrás de sua mochila. Ken, Anya e Hana ficaram pálidos, congelados pelo medo. "Se você machuca o meu irmão, eu machuco o seu!"
Antes que Sho pudesse reagir, o rapaz virou seu olhar para Ken, claramente pretendendo atacar o irmão mais novo. "Vou começar com você!"
Sho, percebendo o perigo, moveu-se instintivamente. Ele correu para a frente de Ken, colocando-se entre o garoto e o taco que vinha descendo em um arco violento.
CRACK!
O som da tacada ecoou pela rua. O taco acertou Sho no meio da cabeça, o impacto tão forte que o fez cambalear para trás. Um filete de sangue começou a escorrer pela lateral de seu rosto, pingando no chão.
"SHO!" Ken gritou, seus olhos arregalados de terror. Hana levou as mãos à boca, horrorizada, e Anya deu um passo para trás, sem saber o que fazer.
Sho balançou a cabeça, tentando recuperar o foco enquanto a dor pulsava em seu crânio. Seu olhar permaneceu fixo no garoto mais velho, agora com um sorriso cruel.
"Você é durão, mas não é indestrutível," o rapaz zombou, girando o taco em sua mão.
Sho limpou o sangue com a manga do uniforme e deu um passo à frente. Seus olhos, normalmente inexpressivos, estavam cheios de algo que até Ken nunca tinha visto antes: fúria.
"Você cometeu dois erros," Sho disse, sua voz baixa e fria. "O primeiro foi ameaçar meu irmão. O segundo foi achar que esse taco seria suficiente."
O rapaz rosnou e avançou novamente, girando o taco em direção ao lado de Sho. Sho, ainda meio desnorteado, conseguiu esquivar parcialmente, mas o taco raspou em seu ombro, arrancando um gemido baixo de dor.
Aproveitando a proximidade, Sho deu um chute lateral certeiro na costela do adversário, que tropeçou para trás com um grunhido.
"Isso é tudo que você tem?" o rapaz provocou, tentando mascarar a dor enquanto ajustava o taco para outro golpe.
Sho não respondeu. Ele correu para frente, rápido demais para que o rapaz pudesse reagir, e agarrou o taco com ambas as mãos no meio de um golpe descendente. Usando sua força, ele torceu o taco, forçando o garoto a soltar.
Agora armado, Sho girou o taco em suas mãos, testando o peso. O outro garoto hesitou, percebendo que a situação havia mudado drasticamente.
"Não parece tão divertido agora, né?" Sho murmurou.
O rapaz tentou avançar com um soco direto, mas Sho desviou habilmente para o lado e acertou o taco com força na parte de trás do joelho do adversário. O impacto fez o garoto cair de joelhos, gritando de dor.
Mas Sho não parou. Ele girou o taco novamente e o usou para empurrar o rapaz para o chão, pressionando-o com força contra o concreto.
"Eu deveria fazer o mesmo que fiz com o seu irmão," Sho disse friamente, abaixando-se para encarar o garoto derrotado. "Mas vou te dar uma chance. Se eu te vir perto do meu irmão de novo, não vai ser só os seus dedos que eu vou quebrar."
O garoto assentiu freneticamente, visivelmente apavorado. Sho largou o taco no chão e se afastou, o sangue ainda escorrendo pelo rosto. Ele olhou para Ken, Hana e Anya, que estavam estáticos, sem saber o que dizer.
"Vamos embora," ele disse simplesmente, sua voz cortante. Sem esperar por uma resposta, ele começou a andar.
Ken correu até ele, segurando seu braço. "Sho, você está bem? A gente precisa cuidar desse corte!"
Sho olhou para o irmão mais novo, a raiva em seus olhos começando a desaparecer. "Estou bem," ele disse, embora estivesse claro que não estava. "Só vamos para casa."
Sho tentou dar mais um passo, mas seu corpo, exausto pela luta e pelo ferimento na cabeça, finalmente cedeu. Ele caiu de joelhos, seu equilíbrio se desfazendo, e antes que pudesse evitar, desabou no chão.
"SHO!" Ken gritou, correndo até ele. Hana e Anya seguiram logo atrás, ambas em pânico.
Ken ajoelhou-se ao lado do irmão, segurando seu rosto enquanto o sangue continuava a escorrer. "Sho, acorda! Por favor!"
Hana estava prestes a chorar. "Isso é minha culpa... se ele não tivesse me ajudado, isso não teria acontecido..."
Anya, embora assustada, tentou manter a calma. "Ken, precisamos levá-lo para o hospital! Ele está perdendo muito sangue!"
Ken assentiu rapidamente. "Me ajudem!"
Com esforço conjunto, Ken e Anya conseguiram levantar Sho, apoiando-o em seus ombros. Ele estava inconsciente, sua cabeça pendendo para o lado, mas ainda respirava, embora de forma irregular. Hana ficou ao lado deles, segurando a mochila de Sho e observando nervosamente os arredores, como se temesse que mais alguém pudesse aparecer.
"Vamos rápido!" Anya insistiu, guiando o grupo em direção ao portão da escola.
Ao chegarem à saída, um dos seguranças da escola percebeu a situação e rapidamente os ajudou a chamar uma ambulância.
Enquanto esperavam, Ken segurava firmemente a mão de Sho, lágrimas escorrendo pelo rosto. "Você vai ficar bem, Sho... você tem que ficar bem..."
Quando a ambulância chegou, os paramédicos assumiram o cuidado, colocando Sho cuidadosamente em uma maca. Ken insistiu em ir com ele, enquanto Anya ficou para avisar a mãe deles sobre o ocorrido. Hana, ainda tremendo, decidiu acompanhar Ken para garantir que tudo ficaria bem.
No caminho para o hospital, Ken segurou a mão de Sho o tempo todo, enquanto os paramédicos tratavam do ferimento em sua cabeça. Apesar do medo, ele não soltou, repetindo baixinho: "Você é forte, Sho... Por favor, acorde..."
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Atualizado até capítulo 57
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