O ódio que protege o amor

Sho caminhou em direção ao mercado com passos firmes e o coração pesado. A fachada iluminada e os corredores bem organizados contrastavam com o turbilhão de pensamentos em sua mente. Ele não estava ali apenas para comprar itens comuns; ele estava se preparando. Pegou uma enorme tesoura de jardinagem, uma ferramenta robusta e afiada que poderia servir como arma improvisada, caso necessário. Pegou também um par de luvas plásticas para evitar deixar rastros e uma bolsa discreta para carregar tudo. Por fim, adicionou uma lata de energético à cesta, sabendo que precisaria estar alerta.

Pagou pelos itens sem chamar atenção e colocou tudo na bolsa. Com o semblante sério, saiu do mercado e abriu o aplicativo de transporte no celular. Chamou um motorista e, enquanto esperava, olhou para o céu, tentando manter a calma. Ele precisava pensar claramente e não se deixar levar pelo medo ou pela raiva.

O motorista chegou rapidamente, e Sho entrou no carro, indicando a estação Shibuya como destino. Durante o trajeto, ele manteve o olhar fixo na janela, observando as luzes da cidade passarem como um borrão. Seu foco estava em sua mãe. Ele repetia em sua mente: Eu vou encontrá-la. Vou trazê-la de volta.

A estação estava movimentada, como sempre. Pessoas indo e vindo, apressadas, indiferentes ao peso que Sho carregava naquele momento. Ele abriu a lata de energético, tomando-a de uma vez, sentindo a energia percorrer seu corpo. Precisava estar no seu melhor para investigar. Com a bolsa no ombro, ele começou a andar pelos arredores da estação, observando tudo atentamente.

Suas habilidades de percepção, aprimoradas pela luta e sobrevivência, estavam em alerta máximo. Ele prestava atenção em cada detalhe: marcas no chão, objetos descartados, pessoas que poderiam estar fora do lugar.

Depois de alguns minutos de busca infrutífera, ele percebeu um homem sentado em um canto próximo a uma lixeira. Era um mendigo, coberto por camadas de roupas sujas e com um olhar cansado, mas atento. Sho se aproximou lentamente, tentando não assustá-lo.

— Com licença — Sho disse, sua voz firme, mas educada. — Estou procurando por informações. Minha mãe foi sequestrada, e me disseram que o celular dela foi encontrado aqui. Você viu algo estranho por aqui nos últimos dias?

O mendigo o observou com atenção, parecendo considerar se valia a pena responder. Depois de alguns segundos, ele falou:

— Talvez eu tenha visto algo. Uma mulher sendo levada por uns caras... Isso foi anteontem, acho.

Sho inclinou-se ligeiramente, interessado.

— Você se lembra de como eles eram? Algo que possa me ajudar?

O homem coçou a barba desgrenhada e respondeu:

— Eles eram três. Homens grandes, usando jaquetas escuras. O que me chamou atenção foi que dois deles tinham uma tatuagem no pulso. Uma cobra enrolada.

Sho estreitou os olhos ao ouvir isso. Ele reconhecia aquele símbolo.

— Gangue Snake... — murmurou ele, mais para si mesmo do que para o mendigo.

O mendigo assentiu.

— É, provavelmente são eles. Eu vi o carro que usaram também. Um sedã preto, vidro fumê. Eles foram naquela direção. — Ele apontou para uma rua estreita, saindo da área movimentada da estação.

Sho respirou fundo, processando as informações.

— Obrigado. Isso já ajuda muito — disse ele, colocando discretamente uma nota de dinheiro na mão do homem como forma de agradecimento.

Com a pista em mente, Sho ajustou a alça da bolsa em seu ombro e começou a caminhar em direção à rua indicada. Sua mente estava concentrada, seus sentidos alertas. Ele sabia que estava entrando em território perigoso, mas não havia alternativa.

Cada passo que dava o aproximava do desconhecido, mas também o deixava mais determinado. Ele iria atrás da gangue Snake e descobriria onde a sua mãe estava, custasse o que custasse.

O silêncio do beco era cortado apenas pelos ruídos distantes da movimentada estação Shibuya. Sho estava ali, em um canto escuro, preparando-se para o que sabia que seria uma noite sangrenta. Ele colocou as luvas de plástico com cuidado, puxou um boné para esconder parte de seu rosto, colocou uma máscara preta cobrindo o restante e puxou a touca da blusa sobre a cabeça. Ele precisava estar irreconhecível, um fantasma para aqueles que o vissem.

O peso da tesoura de jardinagem em suas mãos lhe dava uma estranha sensação de segurança. Ele a segurou firme, posicionando o ponto de ruptura no meio das lâminas. Com um esforço brutal, usou sua força pura para quebrar a tesoura em duas partes, transformando-a em duas lâminas improvisadas, afiadas e letais. Ele testou a pegada de ambas em suas mãos, sentindo-se pronto.

Sho avançou pelo beco, seus passos silenciosos e calculados. Na entrada de um bar desgastado, viu dois homens robustos, ambos exibindo a tatuagem de cobra no pulso. Eles estavam distraídos, conversando e fumando, sem perceber a morte se aproximando.

Sho esperou o momento certo, escondido nas sombras, até que um deles se virou para acender outro cigarro. Sem hesitar, Sho se moveu como um predador. Em um movimento rápido e preciso, ele atacou, usando as lâminas da tesoura improvisada para degolar os dois simultaneamente.

Os homens sequer tiveram tempo de reagir. Suas gargantas cortadas emitiram sons gorgolejantes antes de seus corpos caírem no chão, desabando como sacos vazios. Sho, frio e impassível, agachou-se para pegar as chaves que estavam no bolso de um dos homens. Ele sabia que o pior ainda estava por vir.

Com as lâminas firmes em mãos, Sho se aproximou da porta. Pelo vidro embaçado, ele pôde ver a movimentação lá dentro: mais de cem homens, todos membros da gangue Snake. Ele respirou fundo, sua mente focada.

Colocando a chave na fechadura, ele girou devagar, trancando a porta por dentro ao entrar. O som do clique da fechadura ecoou pelo bar, chamando a atenção dos criminosos. Sho deu alguns passos para dentro, seu olhar calmo, mas letal, escaneando o local.

Os homens começaram a se virar em sua direção, alguns curiosos, outros já desconfiados. O bar estava cheio de fumaça de cigarro e cheiros de bebida, mas agora o ambiente parecia carregado de tensão.

— Quem é você? — Um dos homens na frente gritou, franzindo o cenho.

Sho não respondeu de imediato. Ele levantou as lâminas improvisadas, ambas manchadas com o sangue seco dos guardas, e deu um passo à frente.

— Eu só vou perguntar uma vez... — Sua voz era firme, cortante como as lâminas em suas mãos. — Onde está a mulher que vocês sequestraram há dois dias?

O silêncio caiu como uma bomba no local. Os homens trocaram olhares confusos, e alguns começaram a rir, zombando de Sho.

— Você acha que vai sair daqui vivo, moleque? — Um homem maior, possivelmente o líder do grupo, avançou alguns passos em sua direção. — Isso é território da gangue Snake. Você não tem ideia de com quem está mexendo.

Sho permaneceu imóvel, seu olhar afiado perfurando o do homem.

— Eu perguntei. Onde está a mulher?

A tensão era palpável. Um dos homens, irritado com a ousadia de Sho, avançou rapidamente com uma faca, mas antes que pudesse chegar perto, Sho moveu-se com uma agilidade assustadora. Ele girou a lâmina em sua mão, cortando a garganta do atacante em um único movimento, fazendo o homem cair no chão.

O bar explodiu em caos.

Sho ajustou a pegada nas lâminas, posicionando-se como um guerreiro pronto para enfrentar todos os homens ali dentro. Ele sabia que estava sozinho, mas também sabia que não sairia sem respostas — e sem sua mãe.

Sho encarou o silêncio hostil no bar, sua postura firme e implacável. Os homens começaram a se espalhar, formando um semicírculo ao seu redor, como predadores cercando uma presa. Mas Sho, com suas lâminas improvisadas em mãos, parecia mais uma fera faminta do que um garoto perdido.

— Já que vocês me fizeram perguntar duas vezes... — Ele disse, a voz baixa, mas carregada de uma intensidade mortal. — Eu vou matar quase todos aqui.

Essa declaração gelou o ar por um instante. Alguns riram nervosos, mas o líder, o homem robusto que antes zombava de Sho, perdeu o sorriso. O clima no bar mudou instantaneamente, e o primeiro deles avançou, empunhando um bastão de madeira.

Sho o recebeu com um movimento rápido, desviando do golpe com uma agilidade impressionante. Ele girou a lâmina direita, acertando o pescoço do homem e o cortando profundamente. O corpo caiu no chão, convulsionando, enquanto o sangue se espalhava pelo chão de madeira.

O bar virou um pandemônio.

O próximo veio com um cano de ferro, tentando esmagar Sho de cima para baixo. Ele levantou ambas as lâminas para bloquear o golpe, segurando o impacto, antes de contra-atacar com um corte na barriga do homem, suas entranhas se derramando pelo chão.

Outros começaram a atacar em grupo, dois ou três de cada vez. Um deles conseguiu acertar Sho no ombro com uma faca, mas ele não hesitou. Ignorando a dor que queimava, ele cravou uma das lâminas no peito do agressor, enquanto girava o corpo para acertar outro no rosto com a outra lâmina, desfigurando-o completamente.

O som de gritos, ossos quebrando e lâminas cortando carne preenchia o ambiente. Sho movia-se como um predador furioso, sua respiração pesada, o suor misturado ao sangue que escorria de suas próprias feridas.

Alguns membros tentaram cercá-lo, armados com facas e pedaços de madeira. Um deles conseguiu enfiar uma faca em suas costas, mas Sho não parou. Ele soltou um grito de dor e raiva, girando as lâminas em um arco amplo, cortando dois homens de uma vez.

A dor era insuportável. O corte em suas costas fazia seu corpo gritar por descanso, mas sua mente estava tomada pela lembrança de sua mãe. O medo de perdê-la superava qualquer outra coisa.

Sho continuou avançando, derrubando um por um, mesmo enquanto o sangue escorria por sua roupa. Ele chutou um homem no estômago com tanta força que o lançou contra a parede, deixando-o inconsciente. Outro tentou acertá-lo por trás, mas Sho girou a lâmina para trás sem sequer olhar, cravando-a no pescoço do agressor.

O chão do bar já estava coberto de sangue, os corpos empilhados em diferentes cantos. Sho era uma visão aterrorizante, um espectro de vingança movido apenas pelo amor incondicional por sua mãe.

Ainda assim, a batalha estava longe de terminar. Os homens restantes pareciam hesitantes, mas ainda assim avançavam, como ratos acuados a tentar sobreviver.

O bar estava em completo caos. Sho se movia com a fúria de uma tempestade, suas lâminas improvisadas cintilando sob as luzes fracas do local, agora tingidas de vermelho pelo sangue que cobria o chão e as paredes. Seu corpo era um mapa de feridas, cortes profundos nos braços e no peito, e suas costas já carregavam inúmeras facas cravadas. Cada movimento enviava uma onda de dor pelo seu corpo, mas ele não parava.

Um homem tentou surpreendê-lo pela lateral com um taco de madeira. Sho não desviou. O golpe acertou com força o lado de sua cabeça, um som seco ecoando pelo ambiente. Ele cambaleou brevemente, mas logo se virou, olhos ardendo com uma fúria animalesca. Antes que o agressor pudesse recuar, Sho o agarrou pelo pescoço e cravou uma das lâminas em sua garganta, arrancando um grito engasgado antes de soltá-lo no chão.

Outro grupo avançou de uma vez, quatro homens tentando sobrepujá-lo. Um conseguiu segurar seu braço esquerdo, enquanto outro o atingiu com uma barra de ferro no ombro. Sho soltou um rugido gutural, como o de um animal encurralado. Ele usou a lâmina da mão direita para cortar profundamente o braço do homem que o segurava, libertando-se. Sem perder tempo, ele girou o corpo, enfiando a lâmina no estômago de um terceiro, arrancando-a com violência.

Um dos atacantes, desesperado, correu na direção de Sho com uma faca. O garoto permitiu que a lâmina o acertasse, enfiando-se em sua costela. Mas antes que o agressor pudesse retirar a arma, Sho o agarrou pelo rosto e esmagou seu crânio contra a parede com tanta força que o sangue espirrou.

Agora ensopado de sangue, Sho parecia mais uma criatura saída de um pesadelo. Sua respiração era pesada, mas não de cansaço — era o som de alguém tomado por pura determinação. Cada movimento era mais brutal que o anterior, como se ele estivesse perdendo qualquer traço de humanidade.

Dois homens restantes, tremendo, tentaram atacá-lo juntos. Um o esfaqueou na perna, enquanto o outro cravou uma faca em seu ombro. Sho gritou, mas não parou. Ele arrancou ambas as facas de seu corpo, jogando-as no chão. Em seguida, com uma força sobre-humana, ele partiu a cabeça de um deles ao meio com um golpe diagonal de suas lâminas, enquanto o último foi empalado pela garganta, a lâmina saindo pelas costas.

O bar estava repleto de corpos, o cheiro de sangue e morte impregnando o ar. Sho era um monstro em meio ao massacre, suas roupas ensopadas e os cortes em seu corpo expondo carne e sangue. Ele se virou lentamente, seus olhos encontrando o líder da gangue.

O homem, que antes estava cheio de bravatas, agora tremia de pavor. Ele estava imóvel, incapaz de se mover ou sequer desviar o olhar do predador indomável que se aproximava. Sho caminhava em sua direção, cada passo pesado, seu olhar fixo e letal.

O líder tentou recuar, mas suas pernas não obedeciam. Ele estava paralisado, completamente dominado pelo terror. Sho parou a poucos passos de distância, as suas lâminas ensanguentadas pingando no chão. Ele não disse nada — não precisava. A presença dele era mais aterrorizante que qualquer palavra.

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