Papo de meninas

O som repentino do alarme quebrou o silêncio e o momento entre eles. Hana deu um leve sobressalto, recuando um pouco enquanto Sho rapidamente pegava o celular no bolso e desligava o barulho irritante.

"Eu... esqueci que tinha colocado isso," ele murmurou, ainda com a respiração acelerada pela proximidade de antes.

Hana olhou para ele, o rosto vermelho e os olhos brilhando com um misto de timidez e confusão. Ela respirou fundo e começou a se afastar, achando que o momento havia passado, que talvez eles tivessem perdido a oportunidade. "Bom... acho que já é tarde, né?"

Sho, ainda processando o que estava acontecendo, percebeu que ela estava tentando sair daquele clima, talvez por insegurança. Sem pensar muito, ele estendeu a mão e segurou o braço dela com delicadeza, impedindo-a de se afastar.

"Hana..." ele chamou, sua voz baixa, mas firme o suficiente para fazê-la parar e olhar para ele.

Ela se virou parcialmente, encarando-o com uma mistura de surpresa e nervosismo. Sho puxou-a gentilmente, o suficiente para que ela ficasse mais perto dele novamente. Ele segurou o braço dela, mas sua mão deslizou suavemente até o pulso, como se pedisse permissão para continuar.

"Posso?" ele perguntou, a voz rouca, carregada de emoção.

Hana sentiu o coração disparar novamente. Por um segundo, ela não sabia se tinha entendido direito, mas ao olhar nos olhos dele, percebeu a seriedade da pergunta. Não era apenas sobre o momento, mas sobre algo mais profundo, algo que ambos sentiam e não conseguiam negar.

Ela não conseguiu responder com palavras, mas sua expressão suavizou, e ela assentiu levemente, um movimento quase imperceptível, mas o suficiente para que Sho entendesse.

Ele se aproximou devagar, como se temesse assustá-la, o rosto cada vez mais perto do dela. Sho podia sentir a respiração quente de Hana, e o leve aroma doce que vinha dela fazia sua mente girar. Hana fechou os olhos instintivamente, seus lábios entreabertos enquanto esperava por ele.

Quando seus lábios finalmente se encontraram, foi como se o mundo ao redor desaparecesse. O beijo começou suave, tímido, mas cheio de sinceridade. Ambos estavam nervosos, mas também curiosos, explorando algo que nunca tinham vivido antes.

Sho segurou o rosto de Hana com uma das mãos, os dedos tocando levemente sua bochecha quente, enquanto a outra mão ainda estava próxima ao pulso dela. Hana, por sua vez, sentiu suas mãos se moverem sozinhas, uma pousando no peito de Sho, sentindo o calor de seu corpo, e a outra segurando o tecido da camisa dele, como se quisesse mantê-lo ali para sempre.

Depois de alguns segundos que pareceram uma eternidade, Sho se afastou levemente, apenas o suficiente para olhar para ela novamente. Seus olhos estavam fixos nos dela, procurando qualquer sinal de arrependimento ou desconforto.

"Eu... espero que isso não tenha sido um erro," ele disse baixinho, a insegurança evidente em sua voz.

Hana abriu os olhos lentamente, suas bochechas ainda mais vermelhas, mas com um pequeno sorriso nos lábios. "Não foi," ela respondeu, sua voz quase um sussurro.

Sho soltou um suspiro de alívio, sua expressão suavizando. Ele ainda estava segurando o rosto dela, mas agora com um sorriso discreto, algo raro para ele.

O momento foi interrompido quando um barulho vindo do quarto de Ken fez ambos se afastarem rapidamente, como se tivessem sido pegos fazendo algo errado. Hana riu nervosamente, e Sho passou a mão pela nuca, claramente tentando esconder o quanto estava envergonhado.

"Eu... acho que é melhor ir dormir," Hana disse, ainda sorrindo, mas com o rosto quente.

"É... talvez seja," Sho concordou, desviando o olhar, mas sem conseguir evitar um pequeno sorriso ao lembrar do que acabara de acontecer.

Os dois levantaram-se e foram para seus respectivos quartos, mas, naquela noite, nenhum deles conseguiu dormir tão rápido quanto esperava.

Na manhã seguinte, Ken foi o primeiro a acordar, esfregando os olhos enquanto tentava identificar o aroma delicioso que pairava no ar. O cheiro adocicado de panquecas frescas com mel fazia sua boca salivar antes mesmo de se levantar da cama. Ele correu para a cozinha e encontrou Sho, vestido com uma camiseta simples e avental, virando cuidadosamente uma panqueca dourada na frigideira.

"Uau, Sho! Isso parece incrível!" Ken exclamou, empolgado.

Sho deu um sorriso de canto, ainda focado em sua tarefa. "Você acordou rápido hoje, hein? Vai acordar Hana também. O café está quase pronto."

Ken assentiu e correu para chamar Hana, que já estava acordando preguiçosamente. Ao ouvir o irmão batendo na porta e gritando que o café da manhã estava pronto, ela sorriu e se levantou. Porém, ao se lembrar da noite anterior, suas bochechas esquentaram instantaneamente.

Quando Hana chegou à cozinha, viu Sho arrumando a mesa. O rapaz parecia tranquilo, mas quando seus olhos se encontraram, ambos desviaram rapidamente o olhar, tentando agir como se nada tivesse acontecido.

"Bom dia," Hana disse, tentando soar casual enquanto se sentava.

"Bom dia," Sho respondeu, a voz um pouco mais baixa do que o normal.

Ken, que observava os dois, estreitou os olhos, claramente desconfiado. "O que tá rolando aqui? Vocês estão agindo estranho."

"Não tem nada rolando, Ken," Hana respondeu rápido demais, sua voz um pouco aguda, o que só aumentou as suspeitas do garoto.

Antes que ele pudesse pressionar mais, a campainha tocou, e Sho foi atender. Ao abrir a porta, Anya estava lá, como sempre radiante.

"Bom dia, Sho! O cheiro tá tão bom que acho que acordei com fome só pra comer aqui!" Anya disse animada, passando pela porta como se fosse parte da casa.

"Bom dia, Anya," Sho disse, fechando a porta enquanto ela seguia para a cozinha.

Assim que Anya entrou, ela percebeu o clima estranho. Hana e Sho evitaram se olhar diretamente, e Hana parecia um pouco mais corada do que o normal. Anya estreitou os olhos, quase como se estivesse farejando um segredo.

"Bom dia, Hana! Dormiu bem?" Anya perguntou, com um sorriso travesso.

"Sim, sim, dormi muito bem," Hana respondeu, mexendo na xícara de chá que Sho havia servido, mas sem encarar ninguém diretamente.

Anya olhou para Ken, que já estava comendo sua segunda panqueca. Ele deu de ombros, mas seu olhar também estava curioso. "Sho, você parece... diferente hoje," Anya comentou casualmente, mas com um tom que claramente buscava cutucar algo.

"Diferente como?" Sho perguntou, fingindo desinteresse enquanto colocava mais panquecas na mesa.

"Ah, não sei. Talvez mais... leve? Ou será que estou imaginando coisas?" Anya disse, provocando.

Sho não respondeu, mas sua orelha ficou ligeiramente vermelha, o que Anya e Ken não deixaram passar. Ambos trocaram um olhar conspirador, certos de que algo estava acontecendo.

"Vocês dois estão tão quietos," Ken comentou, apontando para Hana e Sho. "Parece que tem alguma coisa que vocês não querem contar."

"Não tem nada pra contar," Sho disse, rápido demais, enquanto Hana apenas concordava com um movimento de cabeça, claramente desconfortável.

Anya sorriu maliciosamente. "Tudo bem, tudo bem. Não vou pressionar. Mas, se precisar de uma confidente, Hana, sabe que pode me chamar, né?"

Hana deu um sorriso forçado, e Sho suspirou, esfregando a nuca. "Vamos comer logo antes que as panquecas esfriem," ele disse, tentando mudar de assunto.

O café da manhã continuou entre conversas casuais, mas a tensão entre Sho e Hana era palpável, o que só deixava Ken e Anya ainda mais desconfiados. Mesmo assim, ninguém disse nada... por enquanto.

Após todos terminarem o café da manhã, Sho levantou-se e começou a recolher os pratos da mesa. Ele lançou um olhar breve para Ken, que estava distraído com o último pedaço de panqueca.

"Ken, não esquece de estender as roupas no varal. Deixei a cesta lá fora pra você," Sho lembrou calmamente.

"Ah, tá bom," Ken respondeu com a boca cheia, claramente sem muita vontade.

Sho, por sua vez, pegou uma toalha e anunciou: "Vou tomar banho. Se precisarem de algo, esperem até eu sair." Com isso, ele foi para o banheiro.

Enquanto Ken terminava seu café, Anya observava Hana atentamente. Havia algo de diferente nela, algo que Anya, com sua percepção afiada, não podia ignorar. Assim que Ken finalmente se levantou e foi para o quintal com a cesta de roupas, Anya aproveitou a oportunidade.

"Então, Hana..." Anya começou, apoiando o queixo na mão e sorrindo de maneira travessa.

"O quê?" Hana perguntou, tentando soar desinteressada, mas a forma como evitava o olhar de Anya era uma denúncia por si só.

Anya inclinou-se para frente, sua expressão ainda mais curiosa. "O que aconteceu ontem à noite? Você e Sho estão agindo... diferentes."

Hana congelou por um momento, sentindo o coração acelerar. "Não aconteceu nada," respondeu rápido demais, mexendo distraidamente na borda de sua xícara.

"Ah, não vem com essa," Anya disse, cruzando os braços e estreitando os olhos. "Eu conheço você, Hana. Dá pra ver na sua cara que tem algo aí. Anda, me conta!"

Hana suspirou, suas bochechas já começando a corar. Ela sabia que Anya não desistiria tão fácil. "Tá bom, tá bom," ela disse, relutante. "Ontem à noite, depois que Ken foi dormir, eu fiquei na sala com o Sho... A gente tava assistindo um filme..."

"Um filme de romance?" Anya interrompeu, com um sorriso cada vez maior.

Hana assentiu timidamente. "Sim. E... bom... a gente acabou se aproximando... muito."

Anya arregalou os olhos, visivelmente animada. "Muito? Tipo... quanto muito?"

"Quase nos beijamos," Hana confessou, a voz baixa, como se tivesse medo que alguém ouvisse.

"Quase?" Anya exclamou, claramente desapontada.

"Sim... O celular dele tocou bem na hora," Hana explicou, encolhendo os ombros.

Anya colocou a mão na testa, frustrada. "Ai, Sho! Sempre tão certinho e desligado. Ele deve ter ficado todo sem graça depois, né?"

Hana sorriu um pouco ao lembrar. "Sim, mas... ele desligou o alarme e voltou. Ele perguntou se podia... me beijar."

Anya ficou sem palavras por um momento antes de dar um pequeno grito de alegria. "E vocês se beijaram?! Finalmente!"

Hana, com o rosto completamente vermelho, assentiu. "Foi... bem especial," disse, a voz quase um sussurro.

Anya segurou as mãos de Hana, visivelmente emocionada. "Ai, Hana, isso é tão lindo! Sho é tão cabeça dura às vezes, mas fico feliz que ele finalmente tenha tomado uma atitude."

Hana sorriu timidamente. "Eu também."

Anya soltou um suspiro dramático, recostando-se na cadeira. "Bem, pelo menos alguém está avançando aqui. Porque, olha, o Ken... Ele é tão lerdinho! Eu já dei todos os sinais possíveis, e ele nem percebe que eu gosto dele."

"Talvez ele seja só... inocente," Hana sugeriu, tentando consolar a amiga.

"Inocente é pouco," Anya respondeu, revirando os olhos. "Ele precisa de um manual de instruções! Mas, enfim, fico feliz por você e o Sho. Só não deixa ele escapar agora, hein?"

Hana riu levemente, ainda corada, mas sentindo-se mais tranquila. "Obrigada, Anya."

Nesse momento, Ken voltou para dentro da casa, carregando a cesta vazia e olhando para as duas com curiosidade. "Do que vocês estão rindo?"

"Nada demais," Anya disse rapidamente, mas lançou um olhar cúmplice para Hana, que sorriu de volta.

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Comments

Flávia

Flávia

AHHHHHH *Surtos internos* kk

2025-01-25

5

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