Bear

Com as malas de Hana devidamente arrumadas, Sho e ela começaram o caminho de volta à casa dele. Durante o trajeto, ambos estavam mais calados que o normal, mas o silêncio não era desconfortável, apenas carregado de pensamentos. Sho, ainda um pouco tímido com os eventos anteriores, ocasionalmente olhava para Hana pelo canto do olho, mas logo desviava, tentando disfarçar. Já Hana, por sua vez, mantinha os olhos na estrada, mas seu coração ainda estava acelerado.

Quando chegaram à casa de Sho, perceberam que as luzes já estavam acesas e, ao entrarem, foram recebidos por vozes vindas da sala. Anya e Ken estavam sentados no sofá, aparentemente discutindo algo trivial enquanto uma pilha de compras estava espalhada pela mesa de centro. Assim que viu os dois entrarem, Ken saltou do sofá com um sorriso enorme.

"Hana! Sho! Finalmente!" Ken correu até eles, dando um abraço rápido em Sho antes de puxar Hana pelo braço para dentro. "Vocês demoraram demais! Olha só, Anya trouxe tudo o que a gente precisa pra sobreviver sem a mamãe por uns meses!"

Anya, que estava sentada com as pernas cruzadas, acenou com um sorriso divertido. "Bem na hora. Estava começando a achar que vocês tinham decidido acampar na casa da Hana. E aí, como foi a despedida?"

Hana colocou as mãos na cintura, fingindo indignação. "Foi tranquilo, obrigada por perguntar, mas agora quero saber como você convenceu a minha irmã a me deixar ficar aqui. Ela é um pouco protetora demais às vezes."

Anya deu de ombros, pegando um pacote de salgadinhos da mesa. "Ah, Anna é fácil de lidar. Só precisei prometer que manteria um olho em você e que o Sho aqui não tentaria nada suspeito." Ela piscou para Sho, que ficou vermelho instantaneamente.

"N-não é como se eu fosse fazer algo!" Sho protestou, erguendo as mãos defensivamente, o que fez Ken e Anya rirem alto.

Hana revirou os olhos, mas não pôde evitar um sorriso. "Vocês dois são impossíveis. Mas, falando sério, obrigada por ajudar. Vai ser bom ter mais gente por perto."

Ken aproveitou para puxar Sho para o sofá. "Mano, você não sabe como estou feliz que você está melhor. Sério. E agora, com a Hana e a Anya aqui, vai ser como uma festa de verdade!" Ele olhou para Anya. "E você vai cozinhar pra gente, né?"

Anya ergueu as mãos, rindo. "Calma aí, garoto! Não me coloque pra trabalhar tão rápido. Vamos ver como vocês se comportam antes de eu decidir ser sua chefe de cozinha."

Hana soltou uma risada e foi até a cozinha, pegando um copo de água. "Bom, parece que essa casa vai estar bem animada pelos próximos meses." Ela olhou para Sho, que estava sentado no sofá com um sorriso tímido, observando a interação entre Ken e Anya. Era raro vê-lo tão à vontade, e isso aqueceu o coração dela.

"Ei, Sho," Hana chamou, e ele levantou a cabeça. "Por que não me mostra onde posso guardar minhas coisas? Acho que vou precisar de um cantinho por aqui."

Sho assentiu rapidamente, levantando-se. "Claro, vem comigo." Ele pegou as malas de Hana e a guiou para o quarto de hóspedes, que ficava ao lado do dele. "É aqui. Não é muito grande, mas é confortável."

Hana olhou ao redor, vendo o quarto simples, mas bem organizado. "É perfeito, obrigada." Ela se aproximou dele, pegando uma das malas. "E obrigada por... tudo. Por me deixar ficar aqui, por confiar em mim. Eu sei que sua mãe pediu, mas ainda assim, é legal da sua parte."

Sho coçou a nuca, desviando o olhar. "Não é nada demais. Além disso, acho que vai ser bom ter você por perto. Quero dizer, você é... legal."

Hana sorriu, percebendo a timidez dele. "Você também é legal, Sho. Mesmo que não acredite nisso ainda."

Por um momento, os dois ficaram em silêncio, trocando olhares, até que foram interrompidos por Ken, que gritou da sala. "Sho! Hana! Venham logo, a Anya tá ameaçando fazer a gente cozinhar!"

Os dois riram e voltaram para a sala, onde a confusão já havia começado. Apesar do caos que prometia se instalar na casa, havia uma sensação de conforto e pertencimento que todos ali podiam sentir.

Enquanto a bagunça na cozinha aumentava, Sho observava Hana, Anya e Ken tentarem organizar os ingredientes e utensílios, mas era evidente que nenhum deles sabia o que estava fazendo. Hana tentava cortar legumes, mas com dificuldade. Anya, por sua vez, mexia em uma panela como se estivesse comandando um navio, enquanto Ken parecia mais interessado em comer os ingredientes crus do que em ajudar.

“Anya, essa panela tá no fogo baixo, né?” Hana perguntou, tentando esconder sua preocupação.

“Claro que tá! Eu acho…” Anya respondeu, inclinando a cabeça para olhar de perto.

Sho, que estava encostado no batente da porta, observava tudo com os braços cruzados e um olhar impassível. Ele suspirou profundamente, massageando as têmporas. Por mais que apreciasse a companhia, aquela bagunça era demais para ele.

“Chega,” ele disse, sua voz firme ecoando pela cozinha. Todos pararam o que estavam fazendo e olharam para ele.

“Hã? Sho, tá tudo sob controle,” Hana tentou justificar, segurando uma cenoura cortada tortamente.

“Isso não é controle,” ele respondeu, aproximando-se e pegando a faca das mãos dela. “Vocês estão mais atrapalhando do que ajudando.”

“Ei!” Anya protestou, mas Sho a encarou com seu olhar característico, que imediatamente a fez recuar.

“Vocês três. Sala. Agora,” ele ordenou, apontando para a porta.

“Mas eu tô ajudando,” Ken disse, com a boca cheia de pedaços de cenoura.

“Ken, você tá comendo metade dos ingredientes,” Sho respondeu, empurrando o irmão em direção à sala.

Anya deu de ombros, aceitando a derrota com uma risada. “Tudo bem, chefe. Mas se a comida não ficar boa, vou reclamar.”

Hana hesitou por um momento, mas o olhar determinado de Sho a fez seguir os outros. “Tá bem, tá bem. Mas não se esforce muito, hein?” disse ela, antes de sair com uma expressão divertida.

Com todos fora, Sho respirou fundo, aproveitando o silêncio na cozinha. Ele começou a trabalhar, cortando legumes com precisão e mexendo as panelas como um profissional. Movia-se com uma fluidez impressionante, o que só provava que ele estava acostumado a cuidar das coisas sozinho.

Na sala, Anya, Hana e Ken espiavam pela porta entreaberta, intrigados.

“Ele tá muito sério,” Anya comentou. “Parece até um chef de verdade.”

“Sho sempre foi assim,” Ken respondeu, sorrindo. “Ele é incrível. Faz tudo certinho e sempre cuida de mim. É o melhor irmão.”

Hana, por sua vez, ficou em silêncio, observando Sho com admiração. Havia algo nele — a forma como assumia o controle sem hesitar, sua calma mesmo em situações caóticas — que a impressionava mais a cada momento. Ela não conseguia evitar um sorriso ao vê-lo tão concentrado.

Depois de cerca de meia hora, Sho apareceu na sala, segurando uma bandeja cheia de pratos impecavelmente arrumados. “Tá pronto. E espero que vocês não destruam a cozinha depois de comer.”

Todos correram para a mesa, animados. Ao experimentarem a comida, os elogios foram unânimes.

“Sho, isso tá incrível!” Hana exclamou, seus olhos brilhando.

“Você devia abrir um restaurante!” Anya brincou, embora estivesse visivelmente impressionada.

Ken, com a boca cheia, levantou o polegar em aprovação. “Meu irmão é o melhor!”

Sho, embora visivelmente desconfortável com tantos elogios, apenas deu de ombros. “É só comida. Nada demais.”

Mas enquanto todos comiam felizes, Sho ouviu algo. Alguém havia batido na porta.

Sho caminhou até a porta após ouvir as batidas. Ele abriu devagar, encontrando dois garotos de cerca de 17 anos, ambos segurando facas de maneira nada discreta. Seus rostos estavam marcados por cicatrizes e um olhar de desafio, mostrando que estavam acostumados com violência.

"Você é Sho, não é?" perguntou um deles, com um tom direto e ameaçador.

Sho não respondeu imediatamente. Ele olhou para os dois de cima a baixo, notando a postura rígida e o leve tremor em suas mãos. Estavam nervosos. Isso era um jogo que ele conhecia bem.

“Depende. Quem está perguntando?” respondeu Sho, cruzando os braços.

O outro garoto deu um passo à frente, apontando a faca para ele. “Não faz diferença. Só venha com a gente. Nosso chefe quer falar com você. E, caso decida dificultar as coisas...” Ele balançou a faca para reforçar a ameaça.

Sho permaneceu imóvel por alguns segundos, analisando a situação. Então, virou-se para o interior da casa, onde Ken, Hana e Anya ainda estavam rindo na mesa. Ele sabia que seria melhor não envolvê-los.

"Vou sair rapidinho. Comprar sorvete pra gente," disse ele com tranquilidade. Antes que alguém pudesse protestar ou oferecer companhia, ele saiu e fechou a porta atrás de si.

Os dois garotos o conduziram por algumas ruas até um armazém abandonado, a uma boa distância da vizinhança. Ao entrar, Sho notou o ambiente escuro e o cheiro de metal enferrujado. Estavam cercados por cerca de 50 pessoas, todos armados com facas, barras de ferro ou pedaços de madeira. A gangue Bear, uma das mais conhecidas na região, estava ali, e o líder deles — um jovem alto com cabelos tingidos de vermelho e cicatrizes pelo rosto — o esperava no centro.

“Então, você é o famoso Sho,” disse o líder, levantando-se de uma cadeira improvisada. “Ouvi falar de você. Dizem que enfrentou outros grupos e saiu intacto. Impressionante.”

Sho permaneceu em silêncio, seus olhos analisando calmamente cada um dos presentes. Havia muitas armas, mas eles eram desorganizados, confiando mais no número do que em habilidade.

O líder continuou, gesticulando dramaticamente. “Aqui está a proposta: você se junta a nós. Com sua força, podemos dominar esta cidade. Ninguém teria coragem de nos enfrentar.”

“Não estou interessado,” respondeu Sho, direto.

O líder estreitou os olhos, surpreso pela rejeição rápida. “Talvez você não tenha entendido. Isso não é um pedido. É uma ordem. Se você recusar...” Ele apontou para os outros membros. “Você não vai sair daqui andando.”

Sho suspirou, passando a mão pelos cabelos molhados de suor. Ele não queria problemas, mas sabia que não tinha escolha.

“Vocês realmente acham que podem me obrigar a fazer alguma coisa?” perguntou ele, com um tom mais sombrio. Ele deu um passo à frente, desafiando o líder com o olhar. “Se acham que podem, sugiro tentarem agora.”

A provocação foi suficiente para disparar o caos. Alguns membros da gangue avançaram em direção a Sho, confiantes no número superior. O primeiro tentou atacar pela direita com uma faca, mas Sho desviou habilmente, agarrando o pulso do garoto e torcendo-o com força. A faca caiu no chão com um som metálico antes que Sho o jogasse contra um dos colegas.

Outro veio com uma barra de ferro, mas Sho esquivou-se, agarrando a arma no ar e usando-a para acertar um golpe rápido no estômago do agressor. Ele caiu de joelhos, tossindo e soltando a barra, que Sho arremessou contra um terceiro atacante.

O grupo começou a hesitar, percebendo que, mesmo com a vantagem numérica, Sho era diferente. Ele se movia com uma agilidade impressionante, usando o ambiente e as próprias armas dos oponentes contra eles. No entanto, mais delinquentes avançaram, e o confronto ficou mais intenso.

Uma faca passou de raspão pelo braço de Sho, cortando sua camisa e arrancando uma gota de sangue. Ele recuou por um momento, respirando fundo, mas o sorriso em seu rosto mostrava que ele não estava intimidado.

“É só isso que vocês têm?” provocou, limpando o sangue com a manga. O líder, furioso com a resistência, ergueu a mão, ordenando que todos atacassem ao mesmo tempo.

Sho sabia que estava em desvantagem, mas também sabia que não podia perder. Ele endureceu a expressão e se preparou para enfrentar a investida completa da gangue Bear.

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Comments

Noxinfinity

Noxinfinity

pô velho kkkkk
tava demorando pra dar merda (⁠ ̄⁠ヘ⁠ ̄⁠;⁠)

2025-01-19

0

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