Parque

Após o café da manhã e as conversas na sala, Ken ficou impaciente dentro de casa e decidiu convidar Anya para sair. "Ei, Anya, que tal a gente ir ao parque? Faz tempo que não saímos pra brincar e... bom, tá um dia bonito lá fora."

Anya olhou para ele com um sorriso suave. "Brincar no parque? É sério isso, Ken? A gente não é mais criança."

"Ah, vai, não seja chata! Ainda dá pra se divertir. Além disso, eu quero ver se consigo acertar aquele aro de basquete pela primeira vez!" Ken insistiu, com o brilho inocente nos olhos que fazia Anya sorrir.

"Tá bom, tá bom, você venceu. Vamos," ela disse, pegando sua bolsa e o seguindo para fora.

No parque, o sol brilhava forte, e várias crianças corriam de um lado para o outro enquanto famílias aproveitavam o dia. Ken parecia animado como sempre, correndo em direção ao balanço e chamando Anya para acompanhá-lo.

"Vai, vem aqui! Quem consegue balançar mais alto?" ele desafiou, já se sentando e começando a ganhar impulso.

Anya riu enquanto se sentava no balanço ao lado. "Você age como se tivesse cinco anos, Ken."

"Você fala isso agora, mas vai se arrepender quando eu ganhar," ele retrucou, rindo.

Os dois começaram a balançar, cada vez mais alto, até que Anya desistiu de competir e apenas aproveitou a brisa em seu rosto. Ela observou Ken, que ria livremente, tentando empurrar o balanço ainda mais alto. Algo na maneira como ele se comportava — tão despreocupado e genuíno — a fez sorrir.

"Você é tão... diferente, Ken," ela disse de repente, com um tom mais suave.

"Eu? Diferente como?" ele perguntou, ainda concentrado em alcançar o céu com o balanço.

"Ah, sei lá. Você é... inocente. Isso é meio fofo, sabe?"

Ken parou de se balançar, virando-se para olhar para ela, confuso. "Fofo? Não sei se isso é um elogio ou não."

"É sim, bobo," ela respondeu, revirando os olhos.

Enquanto conversavam, vozes próximas chamaram a atenção deles. Dois adolescentes estavam sentados em um banco, falando alto sobre algo que parecia bem sério.

"Você ouviu sobre a gangue Bear? Os caras apanharam feio ontem à noite," um deles disse.

"O quê? Quem bateu neles?" perguntou o outro, curioso.

"Não sei, mas disseram que foi um só cara. Quebrou pernas e braços de todos eles. Tão todos no hospital agora, e o líder deles tá pior ainda, com os dois joelhos destruídos!"

Anya ouviu aquilo e parou de balançar. "O que será que aconteceu?" ela perguntou, olhando para Ken.

Ken deu de ombros. "Sei lá. Não me envolvo com essas coisas de gangue. Eles sempre arrumam briga com alguém mais forte, então não é novidade."

Anya franziu o cenho, claramente intrigada. "Mesmo assim, alguém enfrentar uma gangue inteira e deixar todos assim? Parece coisa de filme."

"Ou só exagero deles," Ken disse, rindo levemente. "De qualquer forma, não é problema nosso."

Anya assentiu, mas ainda pensativa. Algo naquela história a deixava inquieta, mas ela decidiu deixar para lá por enquanto.

"Vamos fazer algo mais divertido do que ouvir fofocas de gangues," ela disse, levantando-se do balanço.

Ken sorriu e concordou. "Boa ideia. Vamos ver se eu consigo fazer uma cesta no basquete agora. Quem sabe você não vira minha torcedora?"

Anya riu e o seguiu até a quadra, tentando deixar a história da gangue Bear de lado enquanto aproveitava o dia ao lado dele.

Ken, cheio de confiança, levou Anya até a quadra de basquete. Ele pegou a bola e começou a quicá-la no chão com entusiasmo. "Tá pronta, Anya? Quero ver se você consegue acompanhar minhas habilidades!"

Anya cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha. "Ah, é? E o que você ganha se eu perder, Ken?"

"Hum... não sei, talvez só o orgulho de saber que sou melhor," ele disse com um sorriso travesso.

Anya riu, mas logo teve uma ideia. "Que tal fazermos uma aposta? Quem perder concede três pedidos ao vencedor."

Ken olhou para ela, pensativo, e depois deu de ombros. "Tá bom, eu aceito! Só não se arrependa quando tiver que buscar lanches pra mim ou fazer meu dever de casa."

"Você tá muito confiante, hein? Vamos ver se consegue mesmo," Anya respondeu, pegando a bola das mãos dele com um movimento rápido.

A partida começou, e Ken estava determinado a mostrar seu "talento". Ele correu, driblou e tentou fazer jogadas impressionantes... mas quase sempre errava o arremesso ou tropeçava nos próprios pés.

Anya, por outro lado, mostrou ser muito mais habilidosa do que ele imaginava. Ela driblava com facilidade, desviava de Ken e fazia cestas precisas, tudo com um sorriso no rosto.

"Isso é injusto! Você devia ter me avisado que era boa assim," Ken reclamou, tentando marcar ponto desesperadamente.

"Você devia ter perguntado antes de me desafiar," Anya respondeu, rindo enquanto fazia mais uma cesta.

No final, o placar era vergonhoso para Ken: 15 a 4 para Anya. Ele se sentou no chão, exausto, enquanto Anya comemorava com um pequeno salto.

"Então, Ken... parece que eu ganhei," ela disse, inclinando-se para ele com um sorriso vitorioso.

Ken suspirou e jogou a cabeça para trás. "Tá bom, tá bom. Você venceu. Mas também, quem diria que você era uma profissional?"

"Eu não sou profissional, só sou melhor que você," ela retrucou, rindo. "Agora, sobre aqueles três pedidos..."

"Ah, não! Já? Vai devagar comigo, Anya," ele disse, rindo sem graça.

Anya cruzou os braços, pensativa. "Não vou pedir nada agora. Vou guardar meus pedidos pra usar na hora certa."

"Isso parece mais assustador do que se você pedisse agora," Ken murmurou, enquanto se levantava.

"Bom, você que aceitou a aposta," Anya disse com um sorriso malicioso. "Agora, que tal irmos tomar algo? Ganhar de você me deu sede."

Ken balançou a cabeça, mas não conseguiu esconder um pequeno sorriso. "Tá, tá, vamos. Só não me faça carregar sua garrafa de água. Já perdi demais hoje."

Os dois riram juntos enquanto saíam da quadra, prontos para continuar a aproveitar o dia.

Anya e Ken entraram no pequeno mercado para comprar algo refrescante. Enquanto Anya caminhava pelos corredores, ela escolhia um suco de caixinha e olhava distraidamente os outros produtos. Ken, por sua vez, foi ao banheiro, deixando-a sozinha por alguns minutos.

Enquanto Anya esperava na fila para pagar, um homem alto, de jaqueta de couro desgastada, se aproximou. Ele parecia ter uns vinte e poucos anos e tinha um sorriso forçado que não transmitia boas intenções.

"Oi, moça. Sozinha aqui?" ele perguntou, apoiando-se no balcão perto dela.

Anya deu um passo para trás, desconfortável. "Ah, não... Estou esperando um amigo."

O homem deu uma risada baixa e se aproximou mais. "Amigo? Mas por que andar com amigo quando você pode estar com alguém como eu? Posso te levar para um lugar melhor do que esse mercado."

Anya tentou disfarçar sua tensão. "Obrigada, mas não estou interessada."

"Ah, qual é, vai me dar uma chance?" Ele inclinou-se um pouco mais, bloqueando a saída da fila.

Antes que ela pudesse dizer algo, Anya sentiu sua mão ser agarrada por alguém. Ela se virou rapidamente e viu Ken, com uma expressão séria que ela nunca tinha visto antes.

"Ela já tem namorado," Ken disse com firmeza, olhando diretamente nos olhos do homem.

O homem arregalou os olhos por um momento e depois riu, embora parecesse nervoso. "Ah, tá... Não sabia."

Ken apertou a mão de Anya com mais força, como se para deixá-lo claro que não era uma brincadeira. "Agora sabe. Então é melhor ir cuidar da sua vida."

O homem ergueu as mãos, fingindo estar ofendido. "Calma aí, garoto. Não precisa de drama. Já tô indo."

Assim que o homem saiu, Anya olhou para Ken com um misto de surpresa e admiração. Ele ainda segurava a mão dela, e seu rosto parecia meio vermelho.

"Você... Você acabou de me salvar," ela disse, sorrindo levemente.

Ken coçou a nuca com a outra mão, desviando o olhar. "Ah, não foi nada. Só não gostei do jeito que ele estava falando com você."

Anya riu, apertando de leve a mão dele. "Bom, obrigada. E... Namorado, hein?"

Ken ficou ainda mais vermelho. "Ah, eu só disse isso pra ele te deixar em paz. Não queria que ele continuasse incomodando."

"Entendi," ela respondeu, tentando esconder o sorriso malicioso que se formava.

Eles pagaram o suco e saíram do mercado, mas Anya não soltou a mão de Ken até estarem de volta ao parque. Mesmo assim, ela não resistiu e provocou: "Sabe, Ken... Você fica fofo quando fica bravo."

Ele ficou completamente sem palavras, apenas balançando a cabeça enquanto ela ria baixinho, aproveitando o momento.

Ainda segurando o riso, Anya sentou-se em um dos bancos do parque enquanto tomava seu suco. Ken, ainda envergonhado, sentou ao lado dela, evitando contato visual. Ele parecia estar processando tudo o que tinha acontecido, e Anya, por sua vez, estava adorando vê-lo tão nervoso.

"Ei, Ken," ela disse, chamando sua atenção.

"Hm?" Ele respondeu sem olhar diretamente para ela.

"Sobre o que você fez lá no mercado... Você realmente foi incrível. Obrigada de novo," Anya disse, agora com um tom mais sério.

Ken finalmente olhou para ela, coçando a cabeça. "Ah, não foi nada. Eu só... não queria que ele te deixasse desconfortável."

"Bem, conseguiu mais do que isso," ela respondeu com um sorriso caloroso. "Você me fez sentir protegida."

Ken ficou em silêncio, seu rosto ainda mais vermelho. Ele tomou um gole do suco, claramente tentando disfarçar o quão sem jeito estava.

Anya o observou por um momento antes de se inclinar um pouco mais perto. "Então, namorado, o que fazemos agora?"

Ken quase engasgou com o suco, fazendo Anya gargalhar. Ele balançou a cabeça, tentando recuperar a compostura. "Você realmente vai continuar com isso, não é?"

"Claro! Foi você quem disse isso," ela retrucou, piscando para ele.

Ken suspirou, mas acabou sorrindo de leve. "Tudo bem, então... Já que sou seu 'namorado', acho que devo te levar para casa, né?"

Anya fez uma expressão pensativa, fingindo estar indecisa. "Hmm, talvez. Mas só se você prometer me levar pra tomar sorvete na próxima vez."

"Prometo," Ken disse sem hesitar, e ambos riram.

O sol começava a se pôr enquanto eles caminhavam juntos pelo parque, conversando e brincando como sempre faziam. Apesar da leve provocação de Anya, Ken sentia algo diferente no ar — algo que ele não conseguia explicar, mas que o fazia querer proteger aquele sorriso dela a qualquer custo.

Anya, por sua vez, notava cada vez mais os pequenos detalhes de Ken: sua forma de se preocupar, sua gentileza natural e até mesmo a maneira como ele ficava sem jeito diante de suas provocações. Ela segurou a mão dele de novo enquanto caminhavam, fingindo que era apenas para garantir que ele não se perdesse.

E, dessa vez, Ken não disse nada. Apenas apertou a mão dela de volta, sentindo que, talvez, isso não fosse tão ruim assim.

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