Seria Especial!

Ethan...

Cheguei no trabalho com o humor um pouco melhor do que o normal, mesmo sabendo que o dia seria intenso. Ainda assim, minha mente insistia em voltar para Jessie, me fazendo questionar como ela realmente se sentia. Ela tinha esse jeito enigmático, mas eu podia ver algo nos olhos dela, mesmo que ela tentasse esconder.

Deixei esses pensamentos de lado quando entrei na sala de reuniões. O clima estava pesado, como eu já imaginava. Logan, nosso chefe, estava com a testa franzida, a expressão grave que ele sempre fazia questão de exibir em momentos como este. Ele tinha razão para estar assim, afinal, o caso estava se arrastando há tempo demais e a pressão de cima só aumentava.

Caleb estava no canto da sala, digitando furiosamente no laptop. Ele sempre parecia perdido em seus próprios pensamentos, mas era eficiente no que fazia. Dylan, ao contrário, estava completamente focado na apresentação de Morgan, que analisava os padrões dos motéis em que a assassina já havia atuado.

Morgan gesticulava com energia, o ‘slide’ atrás dela mostrando imagens detalhadas e mapas dos locais dos crimes.

— Como vocês podem ver, ele escolhe motéis afastados, com câmeras de segurança mínimas ou defeituosas. É calculado. Nada disso é coincidência.

— E as rotas de fuga? — perguntei, cruzando os braços enquanto me inclinava contra a parede.

O “nerd”, como chamamos Matt, o especialista em tecnologia, ergueu a cabeça por cima do monitor.

— Estou trabalhando nisso. Baseando-me nas câmeras próximas, ele usa ruas secundárias e evita estradas principais. Já filtrei algumas opções.

Eu assenti, embora soubesse que ainda faltava algo para amarrar todas as pontas. Então, meus olhos se voltaram para Grace, sentada ao meu lado com o olhar atento e os lábios franzidos. Ela era a única que parecia tão inquieta quanto Logan, talvez mais.

— Grace — chamei sua atenção —, precisamos definir o perfil dele com clareza. O que você acha que estamos deixando passar?

Ela respirou fundo, pousando o bloco de notas sobre a mesa.

— Ainda falta entender o real motivador dele. Ele tem padrões claros, mas isso não é apenas sobre matar. Tem algo mais. Se conseguirmos identificar o que o impulsiona, podemos prever o próximo movimento.

Logan interrompeu com um tom áspero.

— E isso precisa acontecer logo. Estamos sendo cobrados diariamente, e eu não vou aceitar mais desculpas.

A reunião continuou com discussões intensas, mas minha mente vagava entre o trabalho e o encontro marcado para mais tarde. Era difícil conciliar essas duas partes da minha vida, mas, de alguma forma, Jessie parecia ser o que eu precisava para encontrar um equilíbrio.

Grace tocou o meu braço, trazendo-me de volta ao presente.

— Está pensando no caso ou em algo mais?

— Nos dois — respondi, com um leve sorriso.

Ela estreitou os olhos, desconfiada, mas deixou para lá. Eu sabia que precisava focar, mas não podia evitar, Jessie era um mistério que eu também queria desvendar.

A sala de reuniões esvaziou rapidamente após o término da reunião, mas antes que eu pudesse sair, Logan me chamou. Ele estava encostado na porta, os braços cruzados e o olhar pesado como sempre.

— Ethan — começou, a voz grave como um aviso. — Você sabe que estamos no limite aqui.

Eu apenas assenti, esperando pelo sermão que sabia que viria.

— Você é um dos melhores agentes que temos, mas, se não resolvermos esse caso, vou precisar tomar uma decisão difícil. Não posso ter a imprensa, a administração, e os superiores em cima de mim sem progresso.

— Logan — interrompi, firme. — Tenho um plano. Vamos traçar as rotas, identificar padrões e antecipar os movimentos dele. Com certeza ele deixou pistas, apesar de achar que é uma mulher. É só uma questão de tempo para cruzarmos tudo e encontrarmos o próximo ponto de ataque.

Ele me encarou por um momento, avaliando minha confiança.

— Espero que funcione — respondeu, finalmente. — Porque esta é sua última chance. Se não der certo, vou precisar designar outro agente para liderar.

Aquelas palavras pesaram. Não era apenas meu orgulho em jogo, mas também a possibilidade de perder a oportunidade de resolver um caso que já estava me consumindo.

— Vai funcionar, Logan — disse, com mais determinação do que realmente sentia.

Ele apenas me lançou um último olhar antes de sair da sala, me deixando sozinho com meus pensamentos.

Respirei fundo, sentindo a pressão do caso se intensificar. Mas, ao mesmo tempo, havia uma pequena faísca de determinação. O bilhete que a assassina havia deixado era a chave. Ela mencionava “meninas de programa” e o “passado sombrio” das vítimas. Isso indicava que ela não era uma psicopata aleatória, ela tinha um propósito. Vingança.

A ideia fazia sentido. Precisávamos investigar o passado das vítimas mais a fundo. Se elas estivessem envolvidas em algo sujo, talvez tivéssemos uma pista.

E os motéis afastados... Era provável que ela usasse locais semelhantes para atrair suas próximas vítimas. Uma armadilha parecia a melhor ideia até agora, mas exigia precisão. Um erro, e ela desapareceria novamente.

Saí da sala com a mente fervilhando. Logan podia estar duvidando, mas eu não ia deixar isso escapar. Este caso era meu, e eu faria o que fosse necessário para resolvê-lo.

A tarde estava intensa no escritório, com horas de planejamento e discussões estratégicas sobre os próximos passos para capturar a assassina. A pressão estava alta, mas, de repente, meu celular começou a vibrar na mesa. Era Olivia.

— Oi, Olivia, tudo bem? — atendi, tentando soar calmo.

— Estou bem, sim. Mas a Jessie mandou alguma mensagem para você? — perguntou, com um tom de preocupação evidente.

— Não, não recebi nada — respondi, franzindo a testa. — Falei com ela ontem à noite, por quê?

— Tentei ligar várias vezes, mas ela não atendeu. Estou indo para uma reunião importante agora e não posso ir até a casa dela. Você pode verificar se está tudo bem? — pediu Olivia.

— Claro, vou tentar ligar para ela e te avisar qualquer coisa — garanti.

Assim que desliguei com Olivia, tentei ligar para Jessie. O telefone chamou várias vezes, mas ela não atendeu. Aquilo começou a me incomodar. Não era comum ela ignorar ligações assim.

— Dylan, preciso de um favor — disse, virando para ele. — Descubra o número do porteiro do prédio da Jessie.

Dylan, eficiente como sempre, rapidamente me passou a informação. Liguei para o porteiro, explicando a situação.

— Ela entrou no prédio hoje às sete da manhã e não saiu desde então, senhor — informou ele.

— Certo. Você pode, por favor, ir até o apartamento dela e pedir para que me ligue? Só para ter certeza de que está tudo bem.

— Claro, vou avisá-la agora mesmo.

Esperei ansioso pelos próximos dez minutos até meu celular finalmente tocar. Atendi imediatamente, vendo o nome de Jessie na tela.

— Oi, qual a urgência? — disse ela, com a voz tranquila.

Soltei um suspiro de alívio ao ouvir sua voz.

— Jessie, Olivia estava preocupada. Ela me ligou porque você não atendeu as chamadas dela.

— Ah, meu celular estava no silencioso — explicou ela, em um tom despreocupado. — Esqueci de verificar.

— Está tudo bem mesmo? — perguntei, só para ter certeza.

— Estou ótima, Ethan. Sem problemas.

— Certo. E o jantar de hoje à noite ainda está de pé? — perguntei, tentando aliviar a tensão.

— Está, sim. Vejo você mais tarde — respondeu ela, com um leve sorriso na voz.

Depois de nos despedirmos, enviei uma mensagem para Olivia: Tudo bem, Jessie está ótima. Só esqueceu o celular no silencioso.

De volta ao trabalho, senti uma estranha mistura de alívio e ansiedade. Jessie estava bem, mas algo ainda parecia fora do lugar. Eu não sabia se era preocupação exagerada ou se era meu instinto falando. De qualquer forma, o jantar seria a oportunidade perfeita para ter certeza de que ela realmente estava bem.

Depois do trabalho, fui direto para casa. Precisava de um banho para me sentir renovado e mais apresentável. Hoje era importante, um dia que eu queria que Jessie lembrasse. Mais do que qualquer outra coisa, queria mostrar a ela que estava disposto a algo sério, que não era só mais uma aventura passageira.

Os próximos dias seriam preenchidos por uma rotina exaustiva de trabalho, o que tornava essa noite ainda mais especial. Enquanto ajustava minha gravata em frente ao espelho, mandei uma mensagem para Jessie

“Estou saindo para te buscar. Até já.”

Dirigi com atenção, tentando conter a ansiedade. Quando cheguei ao prédio dela, estacionei próximo à entrada e desliguei o motor. Foi então que a vi sair.

Ela parecia um sonho. Vestia um vestido branco leve, que se ajustava perfeitamente à cintura, destacando sua silhueta, com a barra fluindo até os joelhos, onde uma fenda adicionava um toque de elegância e ousadia. Sua bolsa pequena brilhava como um porta-joias em suas mãos, complementando o look.

Saí do carro e fui ao seu encontro, sentindo meu coração bater mais rápido a cada passo.

— Oi, Jessie — disse, me aproximando. Antes que pudesse pensar duas vezes, dei um beijo suave em sua bochecha. Senti quando ela parou por um momento, ligeiramente surpresa, mas sorriu logo depois.

— Você está... deslumbrante — confessei, deixando escapar um suspiro involuntário.

Ela abaixou o olhar por um instante, talvez para disfarçar leve vermelhidão em suas bochechas.

— Obrigada. Você também está bem elegante — respondeu, com um sorriso tímido.

— Vamos? — perguntei, abrindo a porta do carro para ela, como se fosse o ato mais natural do mundo.

Ela assentiu e entrou no carro com a leveza de quem sabia que aquela noite seria especial.

Enquanto fechava a porta e contornava o veículo para entrar no lado do motorista, senti um calor tranquilo me invadir. Jessie estava aqui, comigo, e essa noite era nossa.

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