Jessie...
Coloquei uma roupa confortável e iniciei minha rotina toda manhã. A corrida e a aula de boxe serviam para aliviar, ainda que temporariamente, o peso que eu carregava. Era mais um dia. E, como sempre, eu tentaria seguir em frente.
Depois do banho quente, senti-me mais leve. Era como se, finalmente, estivesse de volta aos trilhos. No quarto, escolhi uma roupa que refletisse meu humor renovado, uma blusa rosa bebê, delicada, e uma saia branca com listras pretas, um pouco acima do joelho, com uma pequena fenda lateral que dava um toque elegante e descontraído.
Enquanto me arrumava, o celular vibrou sobre a mesa. Era Olivia, como sempre eficiente, enviando o endereço do café onde eu teria a reunião para o documentário. Esse projeto significava muito para mim. As três mulheres que iriam participar haviam sobrevivido a experiências terríveis de abus@ sex@al, e os responsáveis por suas tragédias já estavam presos.
Mas a luta delas não tinha terminado. Este documentário seria uma forma de dar voz às suas histórias e, quem sabe, ajudar outras mulheres a encontrarem coragem e esperança.
Respirei fundo, sentindo a responsabilidade do que estava por vir, mas também a determinação de fazer tudo dar certo. Coloquei o celular de lado e terminei de me preparar. Escolhi uma bolsa maior para levar o laptop, adicionei minha carteira e, por precaução, um caderninho de anotações. Peguei meus óculos, calcei um salto preto e, antes de sair, agarrei meu casaco.
Dei uma última olhada no espelho, ajustando o cabelo e certificando-me de que tudo estava no lugar. Hoje é um dia importante, e eu precisava estar preparada para ele.
Com a bolsa no ombro e as chaves na mão, fechei a porta atrás de mim, pronta para enfrentar mais um capítulo desse projeto que já começava a transformar vidas, talvez pudesse mudar algo dentro de mim.
Depois de algum tempo dirigindo, cheguei à cafeteria chamada Coffee Day. Nunca tinha vindo aqui antes, mas o lugar me conquistou de imediato. Era aconchegante, com uma decoração intimista que parecia convidar as pessoas a ficarem mais tempo. No fundo, uma prateleira cheia de livros que deixava o ambiente com um charme especial, quase como se fosse uma biblioteca improvisada.
Escolhi uma mesa na parte mais afastada, longe do movimento e do burburinho dos outros clientes. Sentei-me e coloquei a minha bolsa sobre a cadeira ao lado, aproveitando o momento para observar os detalhes ao meu redor. O aroma do café fresco e o som suave de música instrumental criavam uma atmosfera acolhedora.
Alguns minutos depois, as três mulheres chegaram. Cumprimentei cada uma delas com um sorriso caloroso, convidando-as a sentarem à mesa comigo. Essa reunião era crucial. Peguei meu caderno e laptop, pronta para ouvir suas ideias e necessidades.
Elas começaram a falar, compartilhando suas expectativas para o documentário. Fiz questão de anotar tudo: o que cada uma queria adicionar, os pontos mais sensíveis das suas histórias e os dias em que cada uma estaria disponível para as entrevistas mais aprofundadas. Enquanto conversávamos, percebi o peso de suas experiências em suas vozes, mas também a força que cada uma demonstrava.
Quando terminamos o planejamento, elas pareciam aliviadas, como se colocar suas ideias no papel fosse um passo a mais em direção à cura. Despedimos na porta da cafeteria, e eu agradeci novamente pela confiança que estavam depositando em mim e no projeto.
Depois que elas se foram, voltei à minha mesa. Ainda havia coisas para organizar, ajustes no cronograma e ideias para estruturar o documentário de forma que fosse impactante, mas respeitoso. Passei mais algum tempo ali, aproveitando a calma do lugar para trabalhar, me sentindo grata por estar a criar algo que realmente pudesse fazer a diferença.
Pedi um Expresso, algo para me manter acordada e focada até terminar tudo o que precisava. Quando a jovem funcionária veio trazendo meu pedido, um homem, alto, esbarrou nela acidentalmente. O café derramou no chão, e o aroma forte de Expresso subiu imediatamente.
O homem, de olhos claros e semblante preocupado, imediatamente se abaixou para ajudar a jovem. Havia algo no olhar dele que parecia ir além do incidente.
— Me desculpe, foi minha culpa — disse ele, com uma voz grave, mas gentil, enquanto a jovem pegava o guardanapo para limpar a bagunça. A funcionária ergueu o olhar para mim, com o rosto corado.
— Me desculpe pela demora, senhora. Já vou buscar outro café para a senhora.— explicou ela.
— Não se preocupe, está tudo bem.— Eu balancei a cabeça, tentando tranquilizar. O homem, ainda claramente desconfortável, caminhou até minha mesa.
— Me desculpe pelo transtorno. Eu não estava prestando atenção — disse ele, com um sorriso sem jeito.
— Está tudo bem, de verdade — respondi, tentando evitar prolongar o assunto.
— Por favor, deixe-me pagar por outro café — insistiu ele.
— Já está pago, mas obrigada. — Sorri, esperando encerrar a conversa. Ele hesitou por um momento antes de se despedir.
— Novamente, minhas desculpas.— Eu apenas assenti, e ele foi para uma mesa longe da minha. Quando a jovem voltou, trouxe não apenas o café, mas também um sanduíche Caprese.
— Aqui está o Expresso, senhora. E o sanduíche é por conta da casa. Pedimos desculpas pelo incidente. — disse ela, com um sorriso genuíno.
— Muito obrigada! Não precisava, de verdade — respondi, agradecida pela gentileza.
Enquanto começava a comer, notei pelo canto do olho que o homem de antes me olhava discretamente de sua mesa. Ele parecia tentar disfarçar, mas era óbvio. Logo, três outras pessoas chegaram e se sentaram com ele, desviando sua atenção.
Concentrei-me novamente no meu trabalho, organizando os últimos detalhes. Quando terminei e comecei a guardar minhas coisas, ele apareceu novamente ao meu lado, com um sorriso um tanto forçado.
— Com licença, eu não queria incomodar... — começou ele. Olhei para ele, curiosa, mas sem dizer nada.
— É que eu li o seu livro. Foi incrível — disse ele, mas havia algo na forma como falou que parecia... ensaiado. Minha intuição me dizia que ele estava mentindo, mas escolhi apenas sorrir.
— Fico feliz que tenha gostado.— disse. Ele relaxou, mas por pouco.
— Ah, desculpe, eu nem me apresentei. Meu nome é Ethan.— apresentou ele. Assenti educadamente.
— Como você leu meu livro, você já sabe meu nome! Foi um prazer, Ethan, mas eu preciso ir.— Ele deu um passo para o lado, permitindo que eu passasse.
— O prazer foi meu. Quem sabe a gente se esbarra por aí?— comentou ele. Apenas sorri em resposta, e fui embora, sentindo o olhar dele seguir-me até a saída.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Carla Santos
Hum a coisa está ficando boa kkkkkkk vai ter uma pequena revolução ou evolução aí assim espero
2024-12-15
1
Andréa Karlla Silva Farias
Estilo já falei que tá td bem, agora pega descendo e me deixa sozinha kkkkkkk
2024-12-13
2
Andréa Karlla Silva Farias
Curta e grossa mais grossa que curta kkkkkkkk
2024-12-13
1