Jessie...
Jessie estava em frente ao espelho, ajustando os detalhes finais de sua roupa. Escolheu uma blusa branca de cetim, simples, mas elegante, que combinava perfeitamente com a saia preta de corte reto. Completou o visual com uma meia-calça transparente que trazia um toque de sofisticação, e calçou seus sapatos de salto alto e confortáveis.
Ela olhou para sua jaqueta alaranjada pendurada e a vestiu, sentindo o tecido quente sobre os ombros. Era a peça que dava cor ao look neutro, refletindo a sua personalidade, prática, mas com um toque de vivacidade. Pegou seus óculos e ajeitou no rosto antes de conferir mais uma vez a aparência.
Jessie deu um suspiro breve e olhou para sua bolsa. Colocou o laptop dentro com cuidado, junto com a carteira e alguns papéis que talvez precisasse. Pegou as chaves na mesa, lançou um último olhar pelo apartamento, certificando-se de que tudo estava no lugar, e saiu.
Do lado de fora, o ar fresco da tarde envolveu ela. O céu estava limpo, e o sol reluzia de maneira agradável, refletindo nos vidros dos carros estacionados.
Jessie caminhou em direção ao ponto de encontro com Olivia, ajustando a alça da bolsa no ombro. Ela sabia que provavelmente não seria apenas uma conversa rápida sobre papéis. Com Olivia, sempre havia algo mais.
A cafeteria Coffee Day estava tranquila, o ambiente envolto num silêncio confortável, pontuado apenas pelo murmúrio suave de conversas e o som das xícaras batendo contra os pires. O aroma do café recém-moído preenchia o ar, proporcionando um calor acolhedor.
Assim que entrei, me senti imediatamente à vontade, mas minha tranquilidade foi rapidamente ofuscada por uma preocupação crescente, e se Olivia perguntar sobre o hematoma na minha bochecha esquerda? Não era algo tão aparente, mas ela tinha um talento especial para transformar pequenos incidentes em grandes dramas.
Caminhei até a mesa onde Olivia estava sentada, seus olhos fixos no celular enquanto digitava algo freneticamente. Sentei-me em frente a ela, ajustando minha bolsa sobre a cadeira.
— Pedi o especial do dia para você. — disse ela, sem levantar os olhos.
— Ok. — respondi enquanto pegava meu laptop, colocando-o sobre a mesa com cuidado.
— Desculpa por isso. — Olivia murmurou, guardando o celular. — Precisava enviar esse e-mail urgente, mas já terminei.— disse. Antes que eu pudesse responder, ela olhou para mim e, imediatamente, seus olhos se estreitaram.
— O que aconteceu com seu rosto? — perguntou, sua voz rápida e incisiva. — Quem fez isso com você? Me fala, que eu vou atrás.— questionou ela. Sua determinação feroz me pegou desprevenida.
— Está tudo bem. — respondi, tentando desviar o olhar. — Não foi ninguém.
— Como assim não foi ninguém? — insistiu, inclinando-se sobre a mesa. — Você passou algum remédio?
— Sim, coloquei gelo e passei uma pomada. — admiti, desconfortável.
— Então, o que aconteceu?— perguntou ela. Eu hesitei, minha vergonha tornando difícil continuar.
— Eu... não sei se consigo contar.— afirmei, a hesitação evidente na minha voz.
— Pode confiar em mim. O que aconteceu?— Olivia suavizou o olhar, mas sua voz ainda carregava firmeza.
Respirei fundo.
— É que eu tenho pesadelos... Às vezes eles são tranquilos, outras vezes, aterrorizantes. — pausei, sentindo o peso das palavras.
— E?
— Hoje foi um desses... Um pesadelo aterrorizante. — confessei, finalmente. — Acordei de repente, com falta de ar, e caí da cama. Bati o rosto no chão... foi terrível.
Antes que Olivia pudesse reagir, a atendente chegou com nossos pedidos. Colocou as xícaras e pratos sobre a mesa com um sorriso gentil antes de se afastar. Olivia, no entanto, parecia incapaz de focar em qualquer outra coisa.
— Jessie... — começou, os olhos carregados de preocupação. — Por que nunca me contou isso? Isso é importante.
— Está tudo bem, Olivia. — disse, tentando tranquilizar. — Não precisa se preocupar.
— Já foi a um psicólogo? — Perguntou Olivia, sua voz firme, mas não rude. Assenti, revirando levemente os olhos.
— Sim, passei toda minha adolescência indo ao psicólogo. Parei quando me mudei para cá.— Olivia pareceu ponderar por um momento antes de falar novamente.
— Eu conheço uma psicóloga excelente, uma amiga minha. Posso marcar uma consulta para você?
Hesitei, sentindo o peso da proposta. Sabia que, se recusasse, Olivia continuaria insistindo até eu aceitar.
— Tudo bem. — respondi, finalmente. — Você pode marcar.
— Ótimo. — disse ela, visivelmente aliviada.
Enquanto tomávamos nosso café, uma parte de mim sabia que Olivia não desistiria de se preocupar comigo, não importava o que eu dissesse. E talvez, apenas talvez, eu precisasse disso.
A atmosfera na cafeteria estava leve enquanto Olivia e eu conversávamos e tomamos café. Ela tirou da bolsa uma pasta com alguns papéis e os deslizou pela mesa em minha direção.
— Esses são os contratos para o projeto. Preciso que você assine. — disse, empurrando uma caneta junto com eles.
Assenti, pegando os papéis e revisando rapidamente antes de assinar. Olivia aproveitou o momento para me lançar um olhar curioso.
— E sobre aquela entrevista que te sugeri? Já pensou nisso? — perguntou, com um tom animado. Eu respirei fundo antes de responder.
— Pergunta para as mulheres que vão participar do documentário. Se elas aceitarem, eu aceito.— respondi. Os olhos de Olivia brilharam de entusiasmo.
— Ah, Jess! Vai ser incrível! Você tem ideia do que isso significa? Você vai ser uma escritora famosa.
Dei um sorriso pequeno, mas, por dentro, já me arrependia de ter dito aquilo. Olivia sempre sonhou alto por mim. Depois de alguns segundos, resolvi compartilhar algo que me ocorreu recentemente, algo que achei engraçado.
— Sabe aquele dia da reunião com as mulheres que você marcou aqui? — perguntei, casualmente. Olivia inclinou-se ligeiramente, curiosa.
— Sei, claro. Por quê?
— Um homem esbarrou na atendente enquanto ela trazia meu café e acabou derramando tudo. Até aí, nada demais, mas depois, quando eu estava arrumando minhas coisas para ir embora, ele veio até mim e disse que tinha lido meu livro e que foi incrível.— proferi. Olivia arqueou uma sobrancelha, visivelmente intrigada.
— E...?
— Foi tão forçado, como se ele achasse que isso iria me conquistar. — balancei a cabeça, rindo levemente. — Foi hilário. — Ela riu, mas logo ficou pensativa.
— Por que ele simplesmente não perguntou o seu nome ou pediu seu telefone?— questionou Olivia. Dei de ombros, olhando para a minha xícara de café.
— Não sei. Só achei engraçado. E, para ser honesta, não quero me envolver.— respondi. Olivia cruzou os braços, inclinando-se para mim com um olhar inquisitivo.
— Por quê?— perguntou Olivia. Olhei para ela, hesitando por um momento antes de responder.
— Porque eu estou indisponível.— respondi. Ela abriu um sorriso, mas era um daqueles sorrisos de quem ia dizer algo que eu provavelmente não queria ouvir.
— Indisponível, hein? Isso tem cheiro de defesa emocional.
— Pode chamar do que quiser. — respondi, com uma risada curta.
Ela riu também, mas seus olhos ainda carregavam uma pontinha de curiosidade. Olivia sempre teve o dom de enxergar através de mim, mas, naquele momento, eu só queria manter as coisas leves.
Eu me remexo na cadeira, desconfortável com tudo o que tinha acabado de dizer. Droga, pensei, enquanto Olivia arqueava as sobrancelhas, me encarando com curiosidade.
— Por que você tá diferente hoje? — perguntou, com aquele tom despreocupado que só ela conseguia usar.
Forcei um sorriso, mas, por dentro, estava preocupada comigo mesma. Será que estou melancólica? Pensei, tentando me recompor. Dei uma leve tossida e tomei um gole da minha bebida, deixando o calor da xícara acalmar minhas mãos inquietas. Então, fechei o laptop e comecei a guardar na bolsa.
— Já vai? — Olivia perguntou, inclinando a cabeça com aquele olhar de quem não queria que eu partisse.
— Vou, sim. Acho que estou trabalhando demais e preciso descansar um pouco.
— Descansar? Jessie, desde quando você diz isso?
— Desde agora — retruquei, tentando soar casual, mas sem muita energia para discutir. Ela me analisou por um momento e, como sempre, encontrou uma forma de me enrolar.
— Então faz assim, vamos para a praia no fim de semana. Nada de trabalho, só diversão. Você merece se divertir, Jess.
— Tá bom, Olivia, eu aceito.— Suspirei, sabendo que ela não desistiria.
O sorriso dela foi tão largo que quase me fez rir. Mas antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, uma voz masculina soou atrás de mim.
— Oi.
Dei um salto, levando uma das mãos ao peito enquanto respirava fundo. Quando me virei, lá estava ele: Ethan.
— Meu Deus, que susto! — murmurei baixa, tentando me recompor. — Acho melhor você não me assustar assim de novo — avisei. Ele deu um passo para trás, levantando as mãos em sinal de rendição.
— Desculpa, não foi minha intenção — disse, com um ar arrependido.
— Tudo bem — respondi, soltando um suspiro mais longo e tentando evitar parecer irritada. — Só... Não faça isso de novo. Tenho problemas de respiração.
— Sério, sinto muito. Eu não sabia.— disse ele, ficou visivelmente triste ao ouvir isso. Olivia, que havia assistido tudo em silêncio, aproveitou o momento para se meter.
— Vocês já se conhecem?
— Nos conhecemos aqui mesmo, na cafeteria.— Ethan assentiu. Olivia fez um “ah” enquanto um sorriso malicioso surgia em seu rosto.
— Que interessante... — disse ela, estendendo a mão para indicar a cadeira ao lado dela. — Senta aqui, Ethan.
Fechei os olhos por um breve segundo, respirando fundo para não gritar com ela.
— Vocês se conhecem? — perguntei, tentando soar indiferente.
— Claro — respondeu Olivia, animada. — Fomos colegas de escola. Ah, e a cafeteria é da mãe dele, sabia?
Olhei para ela sem acreditar, enquanto Ethan me observava com um olhar curioso.
— Você está bem? — ele perguntou, inclinando-se um pouco na minha direção.
— Sim, Estou bem — respondi rapidamente, já me levantando. — Mas agora eu realmente preciso ir.
Peguei minha bolsa, joguei a alça no ombro e me despedi com um breve aceno.
— Tchau, gente.
Fui em direção à saída, tentando ignorar qualquer olhar que pudesse estar vindo de Ethan ou Olivia. Mas, antes de alcançar completamente a porta, senti uma mão grande segurar meu braço de leve, me obrigando a virar.
— Desculpa, mas... você pode me dar seu número? — Ethan perguntou, parecendo mais nervoso do que eu esperava. Fitei-o por um momento, confusa.
— Você não precisa se desculpar tanto, sabia? Eu já perdi a conta de quantas vezes você pediu desculpas.
Ele deu uma risada sem graça.
— Ok, talvez eu esteja exagerando. Mas, por favor... me passa seu número?
— Pede para Olivia ela com certeza te dará mais que meu número.— respondi, com um sorriso que eu mesma não sabia se era irônico ou sincero. E, sem esperar pela reação dele, virei-me e saí da cafeteria, sem olhar para trás.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Andréa Karlla Silva Farias
Essa psicodoida não adiantou muito né Jessie ❓ Já que sempre volta os pesadelos
2024-12-14
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Andréa Karlla Silva Farias
Que ordinária, atrevida ‼️
Kkkkkkkkk, fazendo charminho pra não dar o número
2024-12-14
2
Andréa Karlla Silva Farias
Pqp kkkkkkkkkkkk, tinha que reencontrar de QQ forma Jessie
2024-12-14
1