Parecia Impossível Atravessar a Barreira.

Ethan...

Ethan ficou um pouco desconcertado com a forma como Jessie havia reagido. Observou enquanto ela entrava no carro e saía rapidamente, sem sequer olhar para trás. Ele ficou ali, parado por alguns segundos, se perguntando o que havia por trás daquela postura defensiva.

Por que ela é assim? Pensou, frustrado. Ele queria tanto dizer o quanto queria conhecer ela melhor, mas parecia impossível atravessar a barreira que ela tinha levantado. Suspirando, Ethan voltou para a mesa onde Olivia o esperava com um sorriso divertido.

— Por que ela estava tão irritada? — perguntou Ethan, ainda tentando entender. Olivia deu de ombros enquanto mexia distraidamente na bebida.

— Jessie é sempre assim. Ela não gosta de ser surpreendida. Detesta quando as coisas fogem do controle.

— Hum... — Ethan murmurou, apoiando o queixo na mão. — Pedi o número dela.

— E?— Olivia imediatamente ergueu uma sobrancelha.

— E ela disse que eu devia pedir para você. Disse que você daria todas as informações que eu precisasse — respondeu, rindo da lembrança. Olivia caiu na risada junto com ele.

— Claro que ela diria isso. Jessie é impossível às vezes.

— Ela tem namorado? — Ethan perguntou, tentando soar casual, mas falhando miseravelmente. Olivia deu uma risadinha.

— Não, Jessie não namora há anos, pelo que eu. Na verdade, ela se fecha completamente sempre que alguém faz perguntas pessoais.

— Por quê?— perguntou Ethan, e franziu o cenho, intrigado. Olivia hesitou por um momento, como se ponderasse o que poderia ou não dizer.

— Jessie teve alguns problemas no passado. Não vou entrar em detalhes porque é algo que ela precisa contar, se quiser. Mas ela tem seus motivos pra ser assim.

Ethan assentiu, respeitando a resposta.

— Então, você vai me dar o número dela?

— Número e endereço, se quiser — Olivia respondeu com um sorriso provocador.

— Vou aceitar o número. O endereço parece um pouco demais.— disse Ethan riu, balançando a cabeça.

— Ah, e aqui eu achando que você estava realmente interessado.— retrucou Olivia, fez um gesto exagerado de decepção.

— E estou. Mas com calma.

Olivia inclinou-se um pouco para ele, mudando de assunto rapidamente.

— E aí? Topa ir à praia no fim de semana?

Ethan hesitou.

— Não sei. Estou em um caso complicado, e meu tempo está bem apertado.

— Vai fazer bem pra você. E Jessie vai estar lá.

Ele arqueou a sobrancelha.

— Agora você tá jogando sujo.

— Só estou sendo estrategista. — Olivia piscou.

Os dois riram, e a conversa continuou por mais alguns minutos, fluindo para tópicos mais leves, até que Ethan finalmente se levantou para ir embora.

— Vou pensar na sua proposta, Olivia. E... obrigado pelo número.

— De nada. Só não vai assustar ela de novo.

— Prometo que não — disse Ethan, com um sorriso, antes de sair da cafeteria e dirigir-se para casa, ainda pensando na mulher que o deixava tão intrigado.

Ethan chegou em casa enquanto o sol começava a desaparecer no horizonte, atingindo o céu com tons alaranjados. Ele largou a jaqueta no encosto do sofá e foi direto para a mesa onde havia deixado seu laptop. O cansaço do dia parecia pesar em seus ombros, mas sua determinação não cedia.

Abrindo os arquivos novamente, ele deu play nas gravações das câmeras de segurança da estrada que levava ao motel. Cada detalhe, cada carro que passava, cada sombra refletida na estrada, ele analisava com atenção. A assassina tinha um talento irritante para apagar rastros, pensou. Nada no comportamento dela parecia aleatório ou impulsivo, tudo era calculado.

Nos últimos dias, a equipe havia avançado um pouco. Descobriram que o celular da amante de Charles havia sido hackeado, o que provava que ela não tinha ligação direta com o crime. Isso a descartava como suspeita, mas abria outra questão, quem teria conhecimento e habilidades para fazer algo tão sofisticado?

Ethan passou as mãos pelo rosto, frustrado. Estavam procurando conexões com outras mulheres que poderiam estar envolvidas, mas até agora não havia nada sólido. A assassina é meticulosa, ele pensou. Ela planejava tudo com precisão. Não deixava provas, não cometia erros. Era quase como se ela quisesse que eles soubessem que ela estava no controle, mas sem jamais revelar sua identidade.

Olhando para a tela, ele pausou o vídeo em um ponto onde um carro passava pela estrada. Nada indicava que fosse relevante, mas algo em seu instinto dizia para não ignorar nada, por menor que fosse. Ele fez uma anotação no caderno ao lado, algo que vinha se tornando um hábito ultimamente. Ethan apoiou as costas na cadeira e suspirou, sentindo a tensão acumulada.

— Você pode ser cuidadosa, mas ninguém é perfeito. — murmurou para si mesmo.

Ele fechou o laptop e se recostou, olhando para o teto. Essa assassina, quem quer que fosse, havia matado dois homens que, até onde ele sabia, tinham esqueletos nos armários. Mas isso não justificava os assassinatos. Se fosse uma cruzada de justiça pessoal, até onde ela iria?

De um jeito ou de outro, eu vou descobrir quem você é. Pensou. A promessa reverberou em sua mente como um juramento silencioso. Ele não descansaria até resolver o caso.

A noite já havia caído, e Ethan sentia a adrenalina correndo em suas veias enquanto fazia a ligação para Dylan. O som do toque parecia ecoar no silêncio do carro até que Dylan atendeu.

— Fala, Ethan. Alguma novidade? — perguntou Dylan.

— Preciso que verifique uma placa pra mim, é de um táxi que passou pela estrada próxima ao motel na noite do crime. Pode dar prioridade nisso?

— Claro, me passa os detalhes.

Ethan forneceu a informação, e Dylan prometeu ligar assim que tivesse algo. Enquanto aguardava, Ethan entrou em seu carro em uma área tranquila e ficou observando a movimentação da rua. Sua mente trabalhava em ritmo frenético. Se a assassina usou mesmo esse táxi, talvez finalmente tenha um rastro sólido. Trinta minutos depois, o telefone tocou.

— Dylan?

— Consegui a informação. A placa é de um táxi registrado no nome de um homem chamado Richard Collins. Ele mora no subúrbio, não muito longe daqui. Quer que eu vá com você?— perguntou Dylan.

— Não, é tarde. Eu vou sozinho. Se precisar de reforço, te aviso.— comunicou Ethan.

Dylan concordou, e Ethan imediatamente colocou o endereço no GPS. Alguns minutos depois, ele estacionava em frente a uma casa simples, mas bem cuidada. O lugar estava tranquilo, com poucas luzes acesas na vizinhança. Ele respirou fundo antes de sair do carro e caminhar até a porta.

Tocou a campainha e ouviu passos se aproximando. A porta se abriu, revelando um homem de meia-idade com cabelo grisalho e olhar cansado.

— Posso ajudar? — perguntou o homem.

— Boa noite. Sou Ethan Carter, agente especial do FBI. Gostaria de fazer algumas perguntas rápidas sobre uma corrida que você fez na noite passada.— disse Ethan. O homem franziu a testa, mas deu um passo para trás, convidando Ethan a entrar.

— Claro, lembro-me da noite passada. O que quer saber? — perguntou, fechando a porta atrás de Ethan.

Ethan tirou o celular do bolso e mostrou o print do vídeo com a imagem da mulher de costas.

— Reconhece essa mulher? Ela estava em sua corrida na noite passada?— perguntou Ethan. O homem olhou atentamente para a foto antes de assentir.

— Sim, lembro dela. Era uma moça jovem, parecia bem nova. Estava de boné, cabelo comprido, e usava roupas pretas com um blazer preto.— respondeu ele, sinceramente.

— Consegue lembrar se viu o rosto dela?— perguntou Ethan, e inclinou-se levemente para frente.

— Não muito. O boné cobria parte do rosto, e ela parecia não querer contato visual.

— E ela disse algo? Qualquer coisa que possa lembrar?

O homem balançou a cabeça, pensativo.

— Não, ela não falou Nada. Só me entregou um papel com o endereço onde queria descer.

— Você ainda tem esse papel?— perguntou Ethan, estreitando os olhos.

O homem rapidamente foi buscar sua carteira. Quando voltou, tirou um pedaço de papel dobrado e o entregou a Ethan. O agente o abriu e sentiu o estômago revirar. A caligrafia era idêntica à do bilhete deixado na cena do crime.

— Mais uma coisa. Ela usava luvas?— perguntou Ethan.

— Sim, estava com luvas pretas. Acho que sabia o que estava fazendo.

— Uma última pergunta, onde ela entrou no seu carro?— perguntou Ethan.

— Foi em Echo Park.

Ethan guardou o papel no bolso, tentando mascarar a satisfação por finalmente ter algo concreto. Ele apertou a mão do motorista e agradeceu pela cooperação.

— Obrigado por lembrar desses detalhes. Isso pode ser muito útil.

De volta ao carro, Ethan sentiu a excitação crescendo. A assassina estava ficando descuidada, e ele estava começando a traçar o caminho que ela deixara para trás. Agora, é questão de tempo, pensou.

Echo Park parecia mais tranquilo à noite, mas Ethan sabia que mesmo assim seria difícil encontrar alguma pista da assassina. Ele estacionou o carro em uma rua próxima e começou a caminhar, com os olhos atentos às movimentações ao redor. A brisa fria carregava o cheiro de água do rio, e o barulho distante de passos e conversas preenchia o ar. Ethan seguia em direção à ponte do rio, sua mente já planejando como apresentaria as descobertas na reunião do dia seguinte.

Quando estava quase alcançando a ponte, algo chamou sua atenção. Uma silhueta familiar destacava-se contra o brilho da água. Ethan parou por um instante. Era Jessie.

Ela estava parada, olhando para o rio, seus cabelos ondulados balançando com o vento frio. O moletom rosa que ela vestia parecia tão natural nela que Ethan sorriu de leve. O que realmente o fez conhecê-la, porém, foram os óculos que sempre pareciam fazer parte de sua personalidade. Ela parecia absorta, com os olhos fixos na correnteza abaixo, carregando uma expressão de alguém perdida em pensamentos.

Ethan hesitou por um momento, tentando decidir o que dizer, e então começou a andar em direção a ela. Quando parou ao seu lado, Jessie virou-se, notando sua presença. Seus olhos pareciam mais escuros sob a luz fraca, e havia algo neles que fez o peito de Ethan apertar.

— A noite está linda, não é? — ele disse, tentando quebrar o silêncio. Jessie olhou para ele novamente e balançou a cabeça positivamente. Em seguida, desviou o olhar para o céu.

— As estrelas estão brilhantes hoje — comentou ela, sua voz baixa e serena.

Ethan observou-a com curiosidade. Ela parecia tão solitária ali, como se o mundo inteiro fosse um peso sobre seus ombros. Ele queria dizer algo, mas as palavras pareciam presas.

— Por que está sozinha aqui?— enfim Ethan perguntou, sua voz mais suave do que pretendia. Jessie sorriu de canto, mas foi um sorriso breve e melancólico.

— Para mim, é melhor estar sozinha — respondeu ela, seus olhos voltando para o rio.

Ethan ficou sem palavras por um momento. Ele respirou fundo, refletindo sobre o que ela havia dito.

— Mas, às vezes, é bom ter alguém para encher o nosso saco. Alguém para rir junto. Meus colegas de trabalho são assim. Vivem me provocando, mas, quando não estou no trabalho, sinto falta deles — disse ele, Jessie o olhou de lado, um brilho distante nos olhos.

— Eu sei como é sentir falta de alguém — ela disse, e sua voz carregava uma dor palpável. — E isso ainda dói, até hoje.

Ethan ficou em silêncio, processando o que ela acabara de dizer. Jessie balançou a cabeça e continuou.

— Não precisa dizer nada. Sei que estou sendo dramática. Mas a Olivia... Ela fala tanto, e quando eu tento desabafar, ela me enche de perguntas. No fim, sempre me arrependo de dizer qualquer coisa.— confessou Jessie. Ethan riu baixinho, surpreso com sua sinceridade.

— Ela é assim mesmo. Mas eu sou ótimo ouvinte, sabia?— questionou ele, em um tom leve. Jessie sorriu, um sorriso genuíno, embora breve.

— Você está interessado em mim ou só está apaixonado? — ela perguntou, de repente, pegando Ethan de surpresa.

Ele ficou mudo por um momento, a pergunta ecoando em sua mente. Jessie o encarava com curiosidade, mas havia um toque de vulnerabilidade em seu olhar. Ethan respirou fundo e decidiu ser honesto.

— Vou ser sincero com você. Não sei ao certo se estou apaixonado ou só tenho uma queda por você, mas com certeza estou interessado em você.

Jessie deu um sorriso enigmático, mas não respondeu. Em vez disso, voltou a olhar para o rio, como se o momento entre eles fosse mais uma peça de um quebra-cabeça que ela ainda não tinha certeza se queria montar.

Mais populares

Comments

Andréa Karlla Silva Farias

Andréa Karlla Silva Farias

Será que os assassinatos tem algo haver com os livros que a Jessie escreve, e as assassinas recriam as páginas dos livros quase idêntico,se assim for acredito que ficaria mais fácil o Ethan descobrir pq ele tara um passo a frente do assassino qdo ler.

2024-12-14

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!