Jessie...
Estava sentado no corredor, observando o relógio na parede enquanto os ponteiros se aproximavam das nove horas. Esse era o horário que Olivia havia marcado para minha consulta com a psicóloga, uma amiga dela. Eu tentava não pensar muito, mas a ansiedade se acomodava no fundo do meu estômago. A porta ao lado se abriu, e uma mulher com sorriso tranquilo me chamou.
— Jessie Jones? Pode entrar.
Levantei-me, ajeitando a alça da bolsa no ombro, e a segui até a sala. Assim que entrei, fui recebida com um aperto de mão firme e um olhar caloroso.
— Olá, sou Grace. — Ela se apresentou.
— Jessie. — Respondi, breve.
— Fique à vontade, por favor.— disse ela, fechando a porta.
A sala era surpreendentemente aconchegante. Sofás macios dispostos ao redor de uma pequena mesa de centro, com livros e um vaso de flores delicadas. As janelas ofereciam uma vista ampla da cidade, com o céu azul contrastando com os prédios altos. Me sentei no sofá, pousando a bolsa ao meu lado, tentando parecer mais confortável do que realmente estava.
Grace ocupou a poltrona em frente, inclinando-se levemente para mim.
— Gosta de chá? — perguntou, sua voz calma.
— Não sou muito fã, para ser honesta. Prefiro café.— respondi, em um tom brincalhão.
Ela sorriu, levantando-se.
— Infelizmente, aqui só tenho chá. Mas acho que vai gostar deste.— afirmou ela.
Voltou com duas xícaras, o aroma suave de ervas logo preenchendo o ar. Peguei a minha hesitante, observando-a enquanto tomava um gole.
— Espero que não se importe — disse Grace, sentando-se novamente e cruzando as pernas. — Mas chá combina melhor com uma conversa tranquila.
Eu ri de leve, sem muita convicção, e apenas segurei a xícara entre as mãos.
— Olivia falou de você com muito carinho — ela continuou. — Parece que ela se preocupa bastante.
Assenti, mas não disse nada. Havia algo na maneira como Grace me olhava que era desafiante. Não era julgamento, nem curiosidade invasiva. Apenas paciência.
— Então, Jessie... por onde começamos?
Olhei para a xícara de chá nas minhas mãos, o calor reconfortante contra a minha pele.
— Não sei. Talvez você possa começar me dizendo por que acha que estou aqui.— disse, levantando as sobrancelhas e dando de ombros.
Grace sorriu de lado, inclinando-se um pouco mais.
— Eu não acho nada. Mas estou aqui para ajudar você a descobrir. — respondeu ela, firmeza.
E com isso, o silêncio se instalou, denso e, ao mesmo tempo, acolhedor. Uma pausa antes do inevitável primeiro passo.
Grace manteve o sorriso amigável, colocando a xícara de chá sobre a mesa com cuidado.
— Você pode me falar um pouco sobre sua família, amigos ou qualquer pessoa, com quem tenha algum tipo de relacionamento? — perguntou ela, sua voz suave e sem pressa.
Aquilo me pegou de surpresa. Eu já tinha visitado outros psicólogos antes, e a maioria parecia ansiosa para mergulhar direto nos pontos mais delicados da minha vida. Grace, no entanto, parecia disposta a me deixar guiar a conversa. Talvez ela quisesse me testar, pensei.
Mas, ao me permitir um momento de reflexão, um sorriso involuntário escapou ao lembrar de Ethan. A ideia de falar dele parecia reconfortante, quase como um alívio. Antes que eu pudesse dizer algo, Grace notou meu sorriso.
— Pelo visto, você pensou em alguém. Pode ser um bom começo. — afirmou ela, inclinando a cabeça ligeiramente, incentivando.
Dei uma risada curta e balancei a cabeça, hesitante.
— Mas você não vai contar nada para Olivia, né?— perguntei, preocupada.
Ela riu suavemente, cruzando as pernas com calma.
— Não, Jessie. Nem posso. O que você compartilhar aqui é confidencial.
Assenti, ainda me sentindo levemente desconfiada, mas decidi arriscar.
— Bem... eu conheci alguém. Faz alguns anos desde meu primeiro — e único — relacionamento, então, até conhecer ele, eu realmente não me interessei por ninguém.— disse, ainda segurando a xícara em minhas mãos.
Grace não disse nada, apenas fez um leve aceno com a cabeça, incentivando-me a continuar.
— Ele é... um pouco intrometido, sabe? Mas é diferente. Ele tem uma maneira de fazer, com que eu me sinta vista. — Meus olhos se desviaram para a xícara de chá em minhas mãos, e meu tom ficou mais suave. — Mas não quero me entregar tão fácil.
Houve um breve silêncio. Grace sorriu, mas não de um jeito que parecia julgar. Apenas compreendendo.
— Por quê? — perguntou ela, com simplicidade.
Eu respirei fundo e soltei o ar devagar, deixando a resposta surgir no mesmo ritmo.
— Porque eu tenho receio de amar alguém demais.— respondi, olhando pelas janelas.
Dizer aquilo em voz alta fez meu peito apertar. Meu olhar encontrou o dela, procurando por qualquer sinal de reprovação. Mas Grace permaneceu ali, ouvindo, criando espaço para que eu pudesse continuar.
— Amar alguém demais, para mim, é perigoso. Porque quando você ama assim... você tem tudo a perder.
E, no fundo, eu sabia que essa era a minha verdade mais difícil de admitir.
Depois de uma hora, a sessão terminou. Grace me acompanhou até a porta com um sorriso leve e profissional.
— Até logo! Jessie. Espero que tenha uma boa semana.
Assenti com um sorriso curto e comecei a caminhar pelo corredor. Mas, assim que passei pela recepção, meus olhos captaram uma figura familiar perto da porta, mexendo no celular. Ethan.
Ele levantou o olhar e, ao me reconhecer, guardou o celular no bolso e veio em minha direção com um sorriso casual.
— Oi. — disse ele, parando a poucos passos de mim.
— Oi. — respondi, tentando esconder minha surpresa enquanto cruzava os braços. — O que você está fazendo aqui?
Ele apontou com a cabeça na direção do consultório de Grace.
— A Dr. Grace é minha amiga e estou pedindo ajuda dela para um caso.
Fiz que sim com a cabeça, compreendendo, mas não querendo me prolongar naquela conversa. Ainda assim, a presença de Ethan parecia mexer com a atmosfera ao meu redor, como se ele tivesse o poder de desviar meus pensamentos do meu próprio controle.
— Entendi. — falei, puxando a alça da minha bolsa. — Mas preciso ir agora. Meu estômago está roncando de fome, e se eu não comer algo logo, vai ser um problema.
Ele soltou uma risada baixa.
— Você deveria comer com mais frequência.— afirmou ele.
Revirei os olhos, mas acabei sorrindo. Dei um leve aceno antes de passar por ele e sair do prédio.
No caminho para o shopping, o ar fresco ajudou a clarear minha mente. Quando cheguei, fui direto para a cafeteria e pedi um cappuccino. A bebida quente em minhas mãos era um conforto inesperado.
Enquanto tomava pequenos goles, fui até a livraria. Caminhando entre as prateleiras, escolhi os livros que precisava, mas, como sempre, acabei pegando mais do que pretendia. Sempre havia algo a mais que chamava minha atenção — um romance, ou um thriller.
Com o café quase no fim e a sacola cheia de livros, saí da livraria. No fundo, ainda estava pensando em Ethan e no que ele realmente queria com Grace. A forma como ele parecia surgir nos momentos mais inesperados começava a me intrigar.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Andréa Karlla Silva Farias
FUDEUUUUUUUU
Agora Jessie vai pensar que Grace vai contar pro Ethan kkkkkk, relaxa mulher ela não pode contar
2024-12-15
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Andréa Karlla Silva Farias
Ethan tá parecendo a pulga ou o carrapato da Jessie kkkkkk
2024-12-15
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