Jessie! Foi só um Pesadelo...

Ethan...

O som dos murmúrios me despertou suavemente. Meu sono leve me fez abrir os olhos e, ao erguer a cabeça, vi Jessie no sofá. Ela se mexia inquieta, murmurando palavras incompreensíveis. Olhei ao redor, a luz da manhã começava a invadir o ambiente. Peguei o celular que estava na mesinha próxima e conferi as horas, às seis da manhã.

Na noite anterior, tinha decidido não levá-la para o quarto. Não queria acordar ela, então apenas a cobri com um cobertor. Agora, observando seu rosto contorcido em uma expressão de angústia, percebi que ela estava tendo um pesadelo.

De repente, Jessie começou a murmurar “não”. Levantei rapidamente e tentei acordar ela, chamando seu nome suavemente. Quando isso não funcionou, sacudi-a de leve, preocupado. De um instante para o outro, ela acordou com um sobressalto, sentando-se no sofá de forma abrupta.

— Jessie! — chamei, tentando mantê-la no presente.

Ela colocou as mãos no rosto, a respiração descontrolada. Sem saber exatamente o que fazer, instintivamente coloquei a minha mão nas suas costas, tentando transmitir conforto.

Ela começou a choramingar baixinho, e o meu coração apertou-se.

— Está tudo bem, Jessie. Foi só um pesadelo — murmurei, com a voz suave.

Sem pensar, inclinei-me e a abracei. Passei a mão nas suas costas de forma reconfortante, enquanto ela parecia lutar para recuperar o controle. Ficamos assim por dois minutos, no máximo, mas parecia mais.

Então, ela falou pela primeira vez.

— Ethan, já estou bem... Você pode me soltar.

Afastei-me imediatamente, meio sem jeito. Ela ajeitou os cabelos molhados de suor e evitou meu olhar.

— Me desculpe por ter te abraçado... — disse, passando a mão pelos cabelos em um gesto nervoso.

— Está tudo bem — respondeu ela, com um tom calmo, mas ainda vulnerável.

— Se quiser tomar um banho enquanto preparo algo para a gente comer, fica à vontade.— Decidi mudar o assunto.

Ela concordou com um aceno de cabeça. Levantei-me, peguei uma toalha e um conjunto de moletom limpo que tinha guardado e os entreguei a ela. Jessie foi para o banheiro, enquanto eu me dirigi à cozinha para preparar um café da manhã.

Enquanto mexia nas panelas, ouvi o som da água correndo e imaginei que o banho estava ajudando-a a relaxar. Quando ela voltou, parecia renovada, os cabelos ainda úmidos e a roupa larga lhe dando um ar despojado e, de alguma forma, mais lindo ainda.

Jessie sentou-se à mesa, e servi o café da manhã.

— Então, gostou? — perguntei, observando-a enquanto ela mordia um pedaço de torrada com ovos.

— Está ótimo — respondeu, sorrindo. — Eu nunca como tanto de manhã. Normalmente só tomo café, então isso é incrível.

Ela parecia realmente à vontade. Depois de um momento, levantou os olhos para mim e disse.

— Me desculpe por ter incomodado. Eu só dormi aqui porque... bom, estava muito bêbada.

— Você não incomodou nem um pouco. Na verdade, gostei da sua companhia.— Dei um sorriso tranquilizador.

Ela olhou para mim por um instante, como se avaliasse a sinceridade das minhas palavras. A leveza daquele momento contrastava com o início turbulento do dia, mas, de alguma forma, parecia que estávamos exatamente onde deveríamos estar.

Depois de terminarmos o café da manhã, Jessie insistiu em ajudar a lavar a louça. Eu tentei protestar, mas ela cruzou os braços e disse, com aquele tom determinado que ela usava às vezes.

— Nem adianta discutir, Ethan. Eu vou lavar, e você vai sentar na sala e dar uma risada, combinado?

Eu ri, levantando as mãos em rendição.

— Tudo bem, chefe.

Deixei-a na cozinha e fui para a sala, me acomodando no sofá enquanto observava de longe. Jessie parecia confortável, quase como se já fizesse parte da rotina da minha casa. Quando terminou de lavar a louça e deu uma ajeitada rápida na bagunça que eu mesmo tinha causado, ela veio até mim, secando as mãos com um pano.

— Pronto, agora sua casa está um pouco mais organizada — disse ela, com um sorriso satisfeito. — Mas acho que já está na hora de eu ir embora.

Levantei-me, não querendo que ela fosse tão cedo, mas respeitando seu espaço. Acompanhei-a até a porta e, antes que ela pudesse sair, falei, com um sorriso.

— Sabe, você está linda com meu moletom.

Ela revirou os olhos, mas havia um traço de diversão no seu rosto.

— Você está louco. Estou sem maquiagem, meu cabelo ainda está molhado, e você acha que isso é “linda”?— disse ela, apontando para seu rosto.

— Exatamente — retruquei, sério. — Você não precisa de maquiagem, Jessie. Mesmo assim, você continua linda.

Por um momento, ela ficou em silêncio, como se não soubesse como responder. Depois, sorriu de leve, meio sem jeito, e disse.

— Obrigada, Ethan.

Ela saiu, deixando um rastro de perfume e uma sensação boa no ar. Enquanto a porta se fechava, fiquei ali, olhando para o vazio por alguns segundos, antes de permitir-me sorrir. Jessie é diferente, de um jeito que me fazia querer conhecê-la cada vez mais.

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