Só Fiquei Surpreso!

Jessie...

Quarenta minutos passaram voando, e Olivia, já preocupada, olhou para o relógio. Porém, antes que pudesse comentar algo, um som de passos chamou sua atenção. Quando ela levantou o olhar, viu Jessie entrando pela varanda.

Jessie parecia diferente. Havia algo em sua postura, que transmitia alívio e uma calma rara. Seu semblante estava mais sereno do que Olivia esperava.

— Você voltou! — Olivia exclamou, levantando-se com um sorriso de alívio.

Jessie retribuiu o sorriso enquanto caminhava até eles, passando os dedos pelos cabelos de forma despreocupada.

— Eu disse que voltaria, não disse? — respondeu Jessie, puxando uma cadeira para se sentar ao lado de Olivia. Ethan, que havia ficado quieto até então, não pôde evitar um sorriso discreto ao vê-la.

— Trabalho resolvido? — ele perguntou casualmente, embora seus olhos analisassem cada expressão de Jessie.

— Tudo resolvido. — Jessie respondeu de forma simples, pegando uma das bebidas da mesa e dando um gole.

Olivia, ainda desconfiada, tentou entender o que se passava pela mente de Jessie, mas, como sempre, parecia uma fortaleza. Ainda assim, o alívio por tê-la ali foi suficiente para deixar Olivia relaxada novamente.

Ethan não desviava o olhar de Jessie por muito tempo. Havia algo em seu sorriso calmo que ele sabia que escondia mais do que ela estava disposta a dizer.

Jessie se acomodou na cadeira ao lado de Olivia, segurando sua taça de vinho com tranquilidade. Ela olhou para os dois homens sentados à mesa, observando-os por um momento antes de perguntar.

— Então, Olivia, esses são os amigos que você mencionou?

Olivia sorriu, um pouco nervosa.

— Sim, são eles. Eu achei melhor não entrar em detalhes antes.

Jessie inclinou a cabeça, analisando a reação da amiga, antes de dar um sorriso leve.

— Tá tudo bem.

Ethan aproveitou o momento para intervir, gesticulando para o amigo ao lado.

— Jessie, este é Dylan. Ele trabalha comigo, mas é mais conhecido por ter bom gosto de música e vinhos.

Dylan riu e estendeu a mão para Jessie.

— E você, pelo que ouvi, é escritora. Bom te conhecer.

— Igualmente. — Jessie apertou sua mão, mantendo um tom cordial. — Espero que esse bom gosto seja real.

— Só provando pra saber. — Dylan respondeu, piscando, fazendo Jessie sorrir brevemente.

Ela ergueu a taça, sinalizando para o garçom.

— Vou precisar de mais vinho pra essa conversa.

Enquanto o garçom enchia sua taça, Jessie percebeu o olhar persistente de Ethan sobre ela. Ele parecia pensativo, quase inquieto, como se estivesse debatendo algo internamente. Jessie levantou a sobrancelha, um traço de diversão em seu rosto.

— Ethan, você pode me perguntar o que quiser!

Ethan ficou surpreso com a abertura, mas antes que pudesse responder, Dylan riu, apontando para ele.

— Cara! sua cara diz tudo! Nem tenta disfarçar.

Ethan suspirou, derrotado, enquanto os olhares de todos se fixaram nele. Ele apoiou os cotovelos na mesa, esfregando a nuca antes de finalmente dizer.

— É que... é a primeira vez que vejo você tão feliz. Só fiquei surpreso, é isso.

Jessie inclinou a cabeça, estudando-o com aquele olhar enigmático que sempre a deixava desconcertado. Ela tomou um gole do vinho antes de responder.

— Bom, não é sempre que tenho uma tarde tranquila com bons amigos. Acho que até eu mereço isso de vez em quando, não é?

Antes que Ethan pudesse continuar, seu celular começou a vibrar sobre a mesa, quebrando o momento. Ele pegou o aparelho e viu o nome do chefe piscando na tela.

— Um segundo, pessoal. — disse ele, levantando-se e atendendo a ligação.

Jessie e Olivia trocaram olhares enquanto Ethan se afastava, sua expressão ficando cada vez mais tensa conforme a conversa avançava. Quando ele voltou, havia um peso em seu semblante.

— Temos que ir, — disse ele, guardando o celular no bolso. — Para a cena do crime agora.

O clima leve na mesa esfriou imediatamente. Jessie apertou os lábios.

— Tudo bem, nós entendemos. — disse ela, com uma expressão neutra.

— Desculpem-me por sair assim. Vamos Dylan. — disse Ethan antes de sair apressado, deixando um rastro de urgência e mistério para trás.

Dylan se despediu, saiu logo atrás de Ethan.

— Bom, acho que isso significa que a gente continua sem eles — disse Olivia, Jessie deu um leve sorriso e ergueu a taça. — Melhor assim. Menos interrogatórios.

Mas, enquanto a conversa continuava, o pensamento de Ethan e do motivo da sua partida ainda rondava a mente dela.

Dia seguinte...

Acordei em um grito, sentando na cama em um sobressalto. Meu corpo estava coberto de suor, minha respiração descontrolada. levantei as mãos à cabeça, tentando afastar as imagens do pesadelo.

— Foi só um sonho... só um sonho... – murmurei para mim mesma, como se eu pudesse convencer meu próprio corpo de que estava segura.

O sol já estava alto quando decidi sair da cama. Troquei o pijama por roupas leves de treino, um top preto e uma calça de moletom cinza. Amarrei o cabelo em um rabo de cavalo alto e calcei os tênis. E fui à academia de boxe. O local tinha um cheiro característico de suor e couro, um contraste com a energia quase terapêutica que eu encontrava lá. Assim que entrei, os sons familiares me receberam, o impacto dos punhos nos sacos de areia, os saltos rápidos na corda, os gritos de incentivo.

Chase, como sempre, estava no centro do ringue, orientando um dos novatos. Quando me viu, acenou com um sorriso de canto e veio até mim.

— Bem-vinda de volta. Achei que tinha desistido — provocou, enquanto ajustava as faixas em suas mãos.

— Não sou de desistir fácil, Chase — respondi, enquanto começava a enrolar as faixas nas minhas próprias mãos.

Ele riu e cruzou os braços, encostando-se na lateral do ringue.

— Já pensou em trocar de profissão? Você seria uma ótima lutadora. Tem técnica, força... e aquela expressão que assusta qualquer um no ringue.

Levantei uma sobrancelha, mas acabei soltando um sorriso de canto.

— Acho que meu trabalho atual já é bem desafiador.

— Não duvido — disse ele, o tom mais sério desta vez. — Mas, se precisar descontar a raiva de alguém, você sabe onde me encontrar.

Revirei os olhos. Depois de uma hora, larguei as luvas e peguei a minha garrafa de água. Chase acenou mais uma vez, mas não tentou mais conversar. Ele sabia que eu tinha os meus limites.

Quando voltei ao apartamento, o silêncio recebeu-me como um velho amigo, fui direto tomar um banho.

O banheiro estava envolto em vapor, e eu aproveitei o calor relaxante da água para lavar o cabelo. O aroma do xampu cítrico preenchia o ambiente, enquanto eu massageava o couro cabeludo, sentindo renovada. Era o início de uma nova semana, e eu sabia que precisava começar com o pé direito.

Depois de enxaguar o condicionador e me envolver em uma toalha macia, caminhei até o closet. Fiquei um pouco indecisa entre as opções cuidadosamente penduradas, acabei escolhendo uma camiseta branca básica e uma calça jeans justa de cintura alta. Peguei um blazer cinza estruturado e decidi marcar a cintura com um cinto, conferindo um toque sofisticado e moderno.

Com a roupa pronta, voltei ao banheiro para secar o cabelo. O som do secador ecoava pelo ambiente enquanto eu criava ondas leves nas pontas, o tipo de detalhe que transformava simplicidade em elegância. Satisfeita com o resultado, apliquei um pouco de spray fixador antes de voltar para organizar minha bolsa. Coloquei o laptop, o carregador, sua carteira e um caderno de anotações e não podia esquecer meus óculos. Tudo estava no lugar.

Pronta para sair, eu deslizei os meus pés em uma bota vinho de couro que ia até os joelhos. O salto confortável dava um toque de confiança ao andar. Peguei as chaves no aparador e desci pelo elevador. Assim que entrei no carro, o telefone tocou.

— Olivia? — atendi, colocando o viva-voz.

— Jessie, você não se esqueceu da consulta com a psicóloga, esqueceu? — A voz de Olivia soava preocupada do outro lado da linha. Rir, ajustando o retrovisor.

— Claro que não. Já estou a caminho.

Olivia soltou um suspiro aliviado.

— Ótimo. Você precisa disso, Jessie.

— Eu sei. — eu disse e desliguei, olhando para o horizonte enquanto o carro ganhava velocidade. Estava indo tudo bem.

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Comments

Andréa Karlla Silva Farias

Andréa Karlla Silva Farias

Gente do céu, às vezes penso, repenso e não consigo acreditar, mas coincidência ou não me pergunto será que Jessie tá por trás desses assassinatos, que é a vingança contra os malditos que mataram a mãe?❓💭💭💭💭

2024-12-15

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