Quem é você, Jessie?

Jessie...

O silêncio da noite parecia absorver os pensamentos de Jessie, ela bebera muito antes de parar nessa ponte. A bebida deixava as suas emoções mais expostas, a barreira que ela sempre construía começava a rachar.

Ela não imaginava que Ethan aparecesse, ela não queria que ele a visse assim. Jessie olhou para Ethan, à sua frente, com aquele olhar firme, mas gentil, que a fazia questionar como ele podia ser tão persistente em se aproximar dela.

— Sabe... — Ethan começou, interrompendo o silêncio. — Eu gostei muito de conhecer você.— ele disse, Jessie ergueu as sobrancelhas, surpresa pela declaração repentina.

— Sempre que vejo você, meu coração dispara — continuou ele, a voz baixa e sincera. — Depois que te vi pela primeira vez, você não saiu da minha mente. Tenho muita vontade de conhecer você melhor. E estou disposto a isso, se você quiser, é claro.

Jessie sentiu o peito apertar. Ela deveria agradecer, talvez até sorrir, mas, em vez disso, suas palavras saíram carregadas de hesitação.

— Será mesmo que você gostaria de me conhecer? — perguntou ela, tentando manter a voz firme. — Meu passado é sombrio.

Assim que terminou, percebeu o erro. Não deveria ter dito isso. Ela colocou a mão sobre o rosto e respirou fundo. A bebida a fazia vulnerável, e agora a verdade escapava como uma confissão não planejada. Mas Ethan não recuou. Ele apenas a olhou com intensidade, inclinando-se levemente para frente.

— Eu não me importo — respondeu ele, sua voz firme e sem hesitação.

Jessie riu, mas era um riso nervoso, tentando esconder o tumulto de sentimentos dentro dela. Ela encontrou os olhos dele, que estavam sérios, quase desafiadores, e percebeu que ele realmente não estava brincando.

— Vou me fazer de difícil... Está bem? — disse ela, finalmente quebrando a tensão com um sorriso provocador. Ethan riu também, relaxando um pouco a postura.

— Então vou ser persistente — respondeu ele, com um brilho divertido nos olhos. Jessie arqueou uma sobrancelha, inclinando a cabeça para o lado.

— Não se esforce muito — retrucou ela, um sorriso brincalhão no rosto, mas com uma pequena pontada de seriedade em sua voz.

Por um instante, eles ficaram em silêncio, mas não era desconfortável. Ethan percebeu que Jessie era uma mistura de força e fragilidade, e ele sentiu uma determinação crescer dentro dele. Jessie, por outro lado, percebeu que Ethan talvez fosse o tipo de pessoa que poderia atravessar as barreiras que ela havia construído — se ela permitisse.

O cansaço parecia pesar ainda mais sobre Jessie enquanto a noite avançava. Sua mente estava uma bagunça, as barreiras que ela sempre mantinha eretas estavam prestes a desmoronar. Com o efeito do álcool tomando conta, ela sabia que precisava parar, precisava dormir, mas suas palavras continuavam escapando sem filtro.

— Já vou indo para casa — disse ela, olhando para Ethan. — acho que peguei ar demais.

Ethan a observou por um momento, como se tentasse decifrar o que se passava na cabeça dela.

— Deixa eu te levar. Já está tarde.

Jessie balançou a cabeça.

— Não precisa, eu vou sozinha. — Depois, com um sorriso cansado, perguntou: — Você pegou o meu número?

Ethan sorriu, relaxando um pouco.

— Peguei, sim. — Sua risada baixa fez Jessie sentir uma mistura de alívio e constrangimento.

Eles começaram a caminhar em direção ao carro de Ethan. Jessie, incapaz de conter sua curiosidade, quebrou o silêncio:

— O que você estava fazendo aqui?

— Seguindo uma pista do caso em que estou trabalhando — respondeu ele, com a honestidade que sempre o acompanhava. — Quando terminei, passei por aqui e te vi.

Jessie parou por um momento, absorvendo as palavras dele, antes de soltar uma risada leve.

— Eu queria ter mandado você embora, assim que falou comigo.— disse ela, Ethan assentiu com um sorriso.

— Pensei que você faria isso,— comentou Ethan.

Jessie riu mais uma vez, dessa vez com uma leveza que não sentia há tempos.

— Na verdade, eu queria mesmo fazer isso — confessou, virou o rosto corando. — Mas desisti. Não sei por quê. Acho que estou bêbada... Bebi antes de sair de casa. — Ela soltou um suspiro, completando com um murmúrio quase inaudível: — E acho que estou fora de controle.

Mal as palavras saíram, Jessie se arrependeu. Droga, concentre-se, Jessie. Controle-se. Finalmente chegaram ao carro de Ethan. Jessie parou, apontando para o veículo.

— Tchau!— disse ela rapidamente, já se afastando.

Mas antes que ela pudesse sair, Ethan a chamou.

— Jessie.— Ela parou, virando-se para encará-lo.

— Não se esqueça — disse ele, com um sorriso provocador. — Eu sou muito persistente.

Jessie riu, balançando a cabeça, resignada. Como pude falar tantas besteiras hoje? Ela se afastou, caminhando para longe enquanto Ethan a observava.

Quando chegou em casa, se jogou no sofá como se o peso do mundo finalmente a tivesse alcançado. Fechou os olhos por um momento, pronta para apagar, mas foi interrompida pelo som do celular vibrando no bolso do moletom.

Era uma mensagem de um número desconhecido. Ao abri-la, leu.

“Chegou bem em casa?”

Logo depois, outra mensagem,

“Se precisar de qualquer coisa, é só me ligar... ou só mandar um ponto de interrogação, ok?”

Jessie riu, balançando a cabeça, sabendo exatamente de quem vinha. Colocou o celular de lado, sentindo um calor estranho no peito, e permitiu que o cansaço a dominasse. Finalmente, caiu no sono, esperando que a noite lhe trouxesse o descanso de que tanto precisava.

Dia seguinte.

Jessie acordou com o coração disparado e a respiração acelerado. O pesadelo parecia tão real que por um momento ela precisou de alguns segundos para entender onde estava. O sofá pequeno e o cômodo mal iluminado de sua sala a envolveram novamente na realidade. Mas a dor de cabeça latejante logo a lembrou de que o desconforto ainda era físico e mental.

Ela pressionou a mão contra a testa, sentindo a pulsação forte, e tentou se levantar. No entanto, o corpo parecia não responder direito — o equilíbrio falhou, e ela desabou no chão junto com o celular, que escorregou das mãos e caiu ao lado dela com um som seco.

Jessie ficou ali sentada por alguns segundos, com as pernas dobradas, o corpo encostado no sofá, tentando recuperar o controle. Foi então que sentiu o leve tremor do celular vibrando ao lado de sua mão.

Sem muita energia, ela esticou os dedos e o alcançou. O nome do remetente não estava salvo, mas ela sabia exatamente de quem era. Ethan.

Ela abriu a mensagem, que dizia.

“Bom dia! Talvez seja muito cedo... mas queria saber como você está?”

Jessie suspirou, olhando para a tela iluminada por alguns instantes, sem saber o que responder. Antes que pudesse pensar melhor, outra mensagem chegou.

“Se precisar de qualquer coisa, é só mandar um ponto de interrogação.”

Jessie leu e releu, hesitando. A ideia de depender de alguém a incomodava, mas a dor de cabeça estava insuportável e o armário de remédios vazio. Ela precisava de ajuda, mesmo que fosse para algo tão pequeno.

Com um suspiro cansado, seus dedos deslizaram pela tela, e ela digitou um simples: “?”

Antes que pudesse se arrepender, adicionou outra mensagem: “Remédio.”

Jessie apertou enviar, largando o celular no chão novamente, como se aquele simples ato tivesse drenado as poucas energias que restavam. Encostou a cabeça no sofá, fechando os olhos, e se perguntou se ele realmente responderia ou se ela ficaria ali sozinha, como de costume.

Jessie permaneceu sentada no chão por mais de meia hora, a cabeça apoiada no assento do sofá, os pensamentos confusos enquanto a dor de cabeça pulsava em seu crânio. Quando a campainha tocou, o som ecoou pela sala como um alarme distante, mas suficiente para tirá-la de sua inércia.

Com esforço, ela levantou-se, cada músculo protestando com dores que pareciam se espalhar pelo corpo inteiro. Cambaleando, foi até a porta e a abriu. Sem dizer nada, virou-se e voltou para o sofá, onde se deixou cair, exausta.

Ethan, parado na entrada, observou a cena com uma mistura de confusão e preocupação. Ele fechou a porta atrás de si, segurando uma sacola em uma das mãos.

— Você está bem? — perguntou ele, dando alguns passos para a sala. Jessie soltou um suspiro cansado.

— Se eu estivesse, não teria pedido ajuda.

Ethan riu baixinho, aliviando um pouco a tensão. Ele ergueu a sacola que trazia, chacoalhando-a levemente.

— Eu trouxe remédios. De todos os tipos, porque não sabia qual seria útil.

Jessie levou a mão à cabeça, como se tentar conter a dor apenas com o gesto. Ethan notou o desconforto imediato e parou de rir, deixando a sacola em cima da mesa de centro.

— Espera aqui. — Ele foi direto à cozinha.

Jessie ouviu o som de portas de armário sendo abertas e fechadas, seguido pelo barulho familiar da geladeira. Poucos instantes depois, Ethan voltou com um copo de água gelada.

— Aqui, toma. — Ele se agachou ao lado dela no sofá, segurando o copo enquanto ela pegava um comprimido da sacola e o engolia com esforço.

Ethan tocou a testa de Jessie, a expressão dele mudando imediatamente.

— Você está com febre.

— Não é nada. — Jessie murmurou, mas sua voz não tinha convicção.

— Não parece nada para mim.

Sem dizer mais nada, Ethan a ajudou a se levantar, o braço firme segurando-a pela cintura enquanto a guiava até o quarto. Ao chegar lá, ele notou que a cama estava impecavelmente arrumada, como se ninguém tivesse dormido nela.

— Você dormiu no sofá?

Jessie deu de ombros, já deitando na cama com movimentos lentos e exaustos.

— Eu só deitei no sofá e dormi.

Ethan ajustou o travesseiro sob a cabeça dela e puxou uma coberta. Ela parecia tão vulnerável naquele momento que algo nele se apertou.

— Descanse. Eu vou ficar aqui, pelo menos até você melhorar.

Jessie não respondeu, apenas fechou os olhos enquanto ele ajeitava a coberta sobre ela. Ethan apagou a luz, deixando apenas o abajur aceso, e voltou para a sala. Sentado no sofá, ele olhou para a porta do quarto e sussurrou para si mesmo.

— Quem é você, Jessie?

Mais populares

Comments

Andréa Karlla Silva Farias

Andréa Karlla Silva Farias

Ignorante ❓
Não
A 💧 serena kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

2024-12-14

2

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!