Capítulo 17

POV Terry

Quando a olhei se encolhendo em meu colo e me olhando desconfiada como uma gata assustada, pensei que isso era divertido, mas ao mesmo tempo fofo. 

Uma mulher que não deseja se jogara na minha cama, ou melhor, uma mulher que não sabe como é que estar na minha cama. Imaginar isto era estranho e ao mesmo tempo atraente.

O estranho nisso tudo é que eu sempre pensei que homens que exigem que uma mulher seja pura é porque não tinham uma auto estima elevada.

O meu tipo de mulher favorita eram as carinhosas, que me satisfaziam na cama e ficavam felizes quando eu as mimava. E eu pensava que era impossível uma mulher trair um homem que simplesmente lhe tratava como uma princesa. E isso, se tornou mais um erro que coloquei na minha lista de aprendizado.

Soltei o ar e balancei a minha cabeça em negativo olhando para Emilia. Como ela conseguia mexer tanto comigo sem fazer nada?

Peguei em seu queixo e beijei sua boca de surpresa e quando a soltei ela estava com os olhos arregalados.

— Vamos, me diga agora! Porque não está feliz? Me contou todos os seus medos e eu te garanto que enquanto estiver ao meu lado, não precisa mais temer nada.

Ela suavizou suas expressões, mas de repente pareceu assustada novamente e seu olhar ficou perdido de repente.

— Terry… é que, você é forte e ninguém quer fazer nada contra você, já contra mim, eu não sei… — ela se levanta novamente, se afastando e diz— Eu não quero parecer que vim aqui te manipular, ou que corri para pedir ajuda. Eu me sinto mal com isso, pois eu queria conseguir me defender sozinha. Mas contra isso, eu não sei se posso. A Priscila, ela… ela é seu problema, mas ela tem medo de você e não fará nada contra você, mas contra mim, eu duvido que não vai tentar. Talvez ela tenha descoberto a verdade sobre mim e pode contar para a clínica psiquiátrica que eu estou aqui. Esse é o grande motivo por eu ter contado a verdade a você, pois se você pensasse que eu tenho problemas mentais, poderia me expulsar daqui e pelo menos eu iria fugir, mas se quer que eu fique, eu espero que faça alguma coisa sobre isso. A Priscila nunca foi meu problema e eu não posso sofrer pela ira dela, entende? Foi você que me colocou no meio dos meus problemas e você tem que resolver.

Ela disse com firmeza e após cruzou os braços. Agora eu entendo essas mudanças de comportamento de Emília, desconfio que a mulher que ela era quando tinha memórias era uma mulher inteligente e determinada. 

Ela ficou me olhando, aguardando uma atitude, parecia até que estava mandando em mim e isso mexia mais comigo. Juro que se não soubesse sobre sua perda de memória, teria a puxado para o meu colo e ela descobriria agora, a tal obrigação de um marido.

Massageei minhas têmporas, tentando esquecer meus pensamentos impuros nesse momento e após alguns instantes, disse:

— É justo… é justo que eu resolva esse problema. Porém, não posso resolver sem você fazer nada. Eu conversei com Priscila seriamente, disse a ela que se tentasse alguma coisa contra você iria estar me prejudicando pessoalmente. Portanto, nada do que ela fizer não será impune, porém, eu também quero fazer uma exigência, quero exigir que você cumpra suas obrigações como minha esposa.

— O quê?! V-você vai me exigir isso aqui, agora?!

— Não pense coisas sujas, Emília.

— E-eu… não! Eu não pensei nada, é que…

Ela fica desesperada, algo que me faz rir. Penteio meus cabelos para trás e após digo:

— Você pensa que uma esposa e um marido só tem obrigações na cama? 

— Eu não disse nada, Terry! Você está colocando palavras na minha boca.

— Então porque está com tanta vergonha?! Olha, eu só iria dizer que é obrigação de uma esposa, ser parceira de seu marido. É só isso. Eu tenho um plano para Priscila e não vai dar certo se você não colaborar.

Nesse momento ela parece curiosa sobre o plano.

— Vamos almoçar e conversamos sobre isso, está bem?

Emília acena em positivo e caminhamos para o andar de baixo.

Conversamos e ela parecia mais relaxada, começou a sorrir e dizer coisas engraçadas. 

Agora percebi que Emília era uma mulher muito divertida e talvez não tenha percebido isso, pois não tinha olhado para ela com cuidado.

— Ah, tenho um fofoca para te contar! — ela diz, e olha para os lados em tom de mistério.

Emília se aproxima e diz, falando baixo, como se eu fosse o confidente dela.

— Sabe o que eu descobri? — ela diz — O seu irmão está namorando com as suas empregadas?

— Sério? Não acredito que ele fez isso. — digo, fingindo que já não sabia.

— É inacreditável, não é? E a Priscila ficou com muita raiva dele e bateu nele. 

— Acho que ele mereceu.

— Sim, mereceu! Se fosse eu teria batido nele com uma vassoura!

— O quê?! — digo me surpreendendo e rindo ao mesmo tempo.

— É! E tinha que ver como ele tratou ela, desprezível! Se fosse eu no lugar dele ia dar bater com a vassoura até ele parar de se mexer. 

Ela faz uma expressão de revoltada, algo que me deixa mais surpreso e ao mesmo tempo pensando que ficava linda, com cara de brava.

— É, realmente. Meu irmão não sabe como tratar uma mulher, não que seja para vingar Priscila, mas talvez ele esteja precisando de uma lição.

— Você vai mesmo dar uma lição nele?!

— É claro! Tem alguma sugestão?

Ela sorri maquiavélicamente linda e após diz:

— Eu tenho uma ideia, não vai envolver um cabo de vassoura, infelizmente, mas acho que ele vai aprender. Ah, Terry! Agora me lembrei de uma coisa, você disse o que fez com a sua parte da herança de seu pai, mas o que o seu irmão fez?

— Assim que ficou maior de idade, ele comprou um carro conversível e em menos de uma semana bateu o veículo em um poste.

— Nossa, me desculpe, mas além de mal caráter o seu irmão é um inútil. Ele merece mesmo umas vassouradas.

Sorrio, com a conclusão inteligente que ela fez de algo que demorei para perceber.

— Sim, ele merece mesmo…

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