POV Emília
Após alguns momentos silenciosos de troca de olhares, Priscila se vira e vai embora.
Abraço meu laptop, muito apreensiva, passo pelo irmão de Terry, que sorri e dá uma piscadela para mim.
Não sei o que aconteceu enquanto eu estava embaixo da grande árvore no jardim, mas algo me diz que não foi uma coisa boa.
Subo para o andar de cima e vejo a porta do escritório de Terry entreaberta, um pouco curiosa, olho disfarçadamente para dentro e vejo que o Terry estava lá, sozinho, apenas olhando para o nada, pensativo.
Acabei entrando de vez, eu queria saber seus pensamentos, entrar em sua cabeça e entender o que acontecia dentro dela.
De repente, o olhar dele pousou sobre mim, era tão intenso atraente, que meus pés se moveram inconscientemente para sua direção.
Assim de estava em frente a ele, ele tomou o laptop de minha mão e me puxou para os seu colo. Levei um susto, mas não me desesperei, era como se o turbilhão de emoções em seus olhos castanhos me hipnotizasse naquele instante.
Ele pegou em meu queixo e me puxou, seus lábios estavam tão próximos aos meus que eu conseguia até dizer qual era sabor de seu hálito.
Mas ele não me beijou, apenas olhou bem no fundo dos meus olhos e suas sobrancelhas se uniram lentamente em uma expressão preocupada.
— O que houve? Porque não me parece feliz?
— Hum? — fiquei confusa com a sua preocupação.
— Porque não me parece feliz? — ele pergunta e se aproxima mais, fazendo a ponta de seu nariz encostar no meu.
Abaixei meu olhar, pensando que foi uma ótima manhã, que eu amei que ele tenha pedido que me servissem doces e pães franceses no jardim, que tenha se preocupado que eu ficasse confortável e longe da confusão que provavelmente aconteceu nesse escritório enquanto eu estava fora, mas…
— Acontece que, algo em mim diz que eu tenho que ser forte. Que eu tenho que enfrentar tudo que vier pela frente, mas é tão difícil ser corajosa quando tudo parece desconhecido para mim.
Terry me abraçou, me fazendo encostar em em seu peito. A princípio me senti desconfortável, mas logo sentir o seu calor e ouvir os seus batimentos cardíacos, fortes e retumbantes, me acalmou por um instante.
— Sabe como eu fiquei muito rico? — ele me perguntou, enquanto eu me aninhava em seu peito. — Vim de uma família simples, morávamos no interior. Quando meu pai morreu, deixou suas economias para eu e meu irmão. Não era pouco dinheiro, mas também não era muito. Ele disse que o que nós decidíssemos fazer com a herança dele, definiria os homens que éramos. Eu peguei a minha parte e comprei um imóvel, era uma chácara velha e abandonada. Naquela época eu era um jovem de dezoito anos e meu irmão era apenas uma criança. Eu reformei com minhas próprias mãos, não sabia muito bem como fazer, errei muitas vezes, acertei poucas, mas acabei aprendendo e no fim, consegui transformar aquela chácara em algo novo. Todos pensavam que eu iria me mudar para lá com minha família e até me casar com uma namoradinha que eu tinha na época, mas sabe o que eu fiz? Eu vendi aquela chácara por duas vezes o valor que eu comprei. Sabe porquê? Na primeira vez que fiz isso não foi pelo lucro, foi porque pensei que reformar a chácara era mais divertido e depois que reformei, já não tinha mais graça ficar ali. Foi aí que descobri que eu tinha o dom de transformar coisas quebradas em coisas valiosas. E assim, eu fui enriquecendo, comprando imóveis e revendendo, depois comecei a comprar empresas falidas e transformando elas em negócios lucrativos. É isso o que eu faço, entende? Eu acredito na transformação das coisas, porém, nem tudo que coloquei a mão deu certo, porque existem coisas que não tem conserto e essas, a gente não guarda, a gente destrói, para não prejudicar alguém que não sabe que aquela coisa, não dá certo.
— Você acha que eu não tenho conserto?
Ele sorri e fica em silêncio, após diz:
— Você inverte os papéis, pois sinto que é você que tenta me transformar e isso é um pouco assustador.
Abro meus olhos e nos encaramos por alguns instantes, eu não sabia bem o que significava suas palavras, mas estranhamente aquelas palavras ultrapassaram barreiras e entravam em meu coração.
Me senti envolvida e atraída pelo seu olhar e pelos seu lindo rosto de expressões fortes e escupidas.
Não resisti e com um movimento de coragem, abracei o pescoço dele e tomei seus lábios em um beijo apaixonado.
Era tudo o que eu queria naquele momento, sentir que pertencia a algum lugar, sentir que eu tinha alguém ao meu lado. Já sabia que não tinha mais meus pais, e que talvez não tivesse mais ninguém.
Após alguns instantes de um beijo suave, lento e envolvente, afastei o meu rosto e me levantei de seu colo, me sentindo um pouco sem ar.
— Sabe, Terry eu tenho uma coisa importante a te dizer, a verdade é que… a verdade é que perdi minhas memórias. Eu sinto medo de dizer a verdade, pois é o meu ponto fraco. Eu acordei em um hospital em um dia e não me lembrava de nada, me jogaram em uma clínica psiquiátrica e dizem que eu tenho problemas mentais, mas eu sei que eu não sou maluca. Se isso te assustar, pode me mandar embora da sua casa, só não me mande para a clínica psiquiátrica novamente. Lá me davam remédios que me impediam de tentar lembrar das coisas.
Terry estava com um sorriso irônico no rosto, algo que me assustou.
— O que foi? Isso não te assusta? — pergunto, pasma com a sua reação.
Ele me puxa novamente para o seu colo e diz:
— É impossível que você seja mais louca do que eu.
— Eu, eu estou falando sério. Eu estava em uma clínica psiquiátrica.
— Normal. Quem nunca tomou alguma coisinha para melhorar um colapso mental?
— E eu tenho amnésia de verdade.
— Ah, você é uma sortuda. Eu realmente queria ter amnésia às vezes e esquecer todas as merdas que já vi na vida.
— E… Terry… Acho que quando eu tinha memórias, sabia o que significa as obrigações de um marido, mas agora eu não sei bem o que é isso.
Ele me olhou por uns instantes, pasmo.
— Ceeerto… isso é algo que te preocupa?
Aceno em positivo seriamente e ele começa a rir.
— Ok… vai ser divertido quando você descobrir.
Ele diz e imediatamente me encolho, pelo seu olhar, sinto que havia algo por trás de suas palavras, algo que me parecia malicioso...
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Maria Silva
ele não tá acreditando nela ele só vai acreditar quando acontecer algo com ela e ele for atrás de descobrir o que aconteceu com ela
2025-03-18
3
Andréa Debossan
Acredita nela Tierry e ajuda ela por favor tenho certeza que a madrasta matou a mãe dela e enternou ela na clínica pra se ver livre dela
2025-03-19
0
Sandra Camilo
não vejo a hora dela recuperar a memória! e por favor autora linda posta mais capítulos
2024-11-26
2