Capítulo 11

POV Terry

Entrei na loja e enquanto Emília olhava tudo, admirada, alguém veio me serviu um copo de Whisky. Pensei que beber um pouco seria combinaria com esse momento.

Emília andou um pouco pela loja, olhando tudo. Pedi que os vendedores ficassem a postos para ajudá-la, porém, que ninguém ficasse em cima dela, que ela se sentisse a vontade.

Algum tempo ela voltou até mim, enquanto eu bebia e comia um canapé.

— Terry, tem certeza que eu posso pegar o que quiser? A loja parece vazia, talvez já tenha fechado.

Sorri, involuntariamente, tenho que admitir que estou me divertindo.

— A loja está aberta só para você.

— Sério?! Só para mim? 

— Vá, Emília. Se divirta.

Digo e em um segundo ela se virou e começou a olhar tudo, sempre que gostava de algo ela pegava. Progressivamente, ela parecia mais e mais animada. Aceno em negativo, pensando que quando se fala de compras, mulheres são todas iguais, elas se divertem com isso.

Eu só a via correndo para um lado, depois para outro, depois para o fundo… acenei brevemente para um vendedor, pois eu nem a via mais, comecei a ver apenas uma pilha de roupas andando.

Eu até relaxei e comecei a conversar com o motorista. Comentamos sobre esportes e sobre algumas notícias que estavam em destaque. Eu sabia que iríamos demorar ali.

— Terry! Terry! Me ajude aqui!

Surpreendendo-me, Emília aparece correndo. Ela estava usando um vestido da loja e assim que ficou perto de mim, se virou a de costas.

Fiquei sem reação por alguns segundos, ela parecia não estar fazendo isso com má intenção, parecia mais que confiava em mim para lhe ajudar com o zíper do vestido.

Porém, ela tinha costas lindas, delineadas, e o quadril…

— Bem, eu acho que vou ficar lá fora, senhor. — o motorista diz e abaixa a cabeça, talvez ele esteja disfarçando por ter visto o mesmo que eu.

— Vamos, me ajude logo! — ela diz e dá um pulinho de impaciência, algo que faz seu bumbum balançar e eu me pergunto se ela é mesmo tão inocente quanto aparenta?

Um pouco receoso, encosto no zíper e subo, prendendo a respiração e antes que eu termine ela corre até um vendedor que segurava um espelho para a ela.

Ela se olha no espelho, em vários ângulos e diz:

— Não sei se gostei desse não… Acho que está um pouco apertado no quadril. — ela diz e olha para mim — O que você a acha?!

Desvio o olhar e digo:

— Eu acho que está bonito esse, deveria levar outros iguais. — digo e coloco um canapé na minha boca, como um impulso para eu me calar. Sinceramente, nem prestei atenção no modelo do vestido.

— Ok, eu vou levar esse! — ela diz e corre para experimentar outro.

Muitas e muitas vezes ela volta. No geral, pensei que ela tinha bom gosto para moda. As suas escolhas não eram parecidas com as da minha ex-mulher. Algumas peças tinham um toque de sensibilidade, mas era algo sutil, sem precisar mostrar muito.

Na verdade, me surpreendi com as suas escolhas, pensei que o gosto dela, era requintado… requintado demais para uma moradora de rua.

Além de roupas, pedi que ela escolhesse jóias, cosméticos, tudo o que precisava. Ela até escolheu produtos de maquiagem, algo que eu me perguntava como ela aprendeu a escolher…

— Pronto, eu acho que escolhi tudo que eu gosto. Você tem certeza que eu posso levar tudo isso?! — Emília pergunta, reaparecendo.

— Pode pegar mais coisas se quiser.

Ela abaixa a cabeça, um pouco envergonhada. Suas bochechas ficam vermelhas, de forma encantadora. De repente, ela vem até mim e me dá um beijo no rosto e diz:

— Obrigada, eu me diverti muito.

Desviei o olhar, pensativo e após pensar um pouco, disse.

— Emília, porque não veste uma das roupas que escolheu?

Ela fica um pouco confusa, me olhando.

— Escolha alguma que você usaria, para ir passear…

Ela acena em positivo e diz:

— Certo, você foi muito gentil comigo hoje, então vou fazer o que me pediu.

Ela voltou vestindo uma blusa branca com as mangas caídas, que destacavam seus ombros e uma calça jeans que delineava levemente o seu corpo. Um look jovial, e elegante. Parecia irônico que uma moradora de rua soubesse se vestir tão adequadamente.

Após, saímos da loja e pedi para o motorista nos levar ao shopping próximo dali.

Assim que chegamos, a levei a uma loja de eletrônicos e pedi que escolhesse um laptop de seu gosto. Ela quase pulou de felicidade quando ouviu, pensei que era divertido ir fazer compras com ela.

Após comprarmos, lhe perguntei:

— Você está com fome?

Ela ficou pensativa e após disse:

— Acho que estou com muita fome. 

— Eu imaginei, já está anoitecendo e não almoçamos hoje.

— É verdade, é melhor voltarmos logo.

— Humm… bem, pensei em comermos por aqui mesmo. Quero dizer, irmos a um restaurante.

— Você está sendo gentil comigo porque pensa que vou embora?

— Bem, você me disse que queria embora e eu não quero que vá. Mas estou fazendo isso porque eu quero e eu posso. Se você pudesse não faria o mesmo por alguém que salvou sua vida?

— Certo, vamos ao restaurante. Mas não se sinta em dívida comigo, eu salvei a sua vida, mas me dando esse notebook, você está salvando a minha. Então estamos quites.

Esse shopping foi construído em frente a uma marina, onde só havia lanchas e iates atracadas. Tinha uma vista bonita a noite e pedi a nossa mesa na varanda para aproveitarmos a paisagem.

Assim que sentamos, o maitre chegou para anotar nossos pedidos.

— Bem, eu vou querer o prato do dia e para minha convidada traga hambúrgueres.

— Senhor, não servimos hambúrgueres nesse estabelecimento.

— Diga ao chefe para preparar um especial para a esposa de Terry Velasquez.

— Sim, senhor. Vou pedir ao chefe.

O maitre já estava saindo, quando Emília disse:

— Espere! Não precisa pedir ao chefe. Eu já sei o que vou pedir. Quero esse prato, “Boeuf Bourguignon”.

Fiquei totalmente surpreso, agora as coisas estavam muito estranhas. Ela disse o nome do prato em francês, com uma pronúncia perfeita.

— “Parlez-vous français?”

— “Oui. Je parle français très bien.”

— Você está brincando comigo? É sério que fala francês?

— Oh… — ela fica aérea de repente, após diz, parecendo mais confusa do que eu — Sim, eu sei falar outra língua… Será que… Será que estou me lembrando?

— Emília, precisamos conversar. Onde você aprendeu a falar francês?

— Eu não sei.

— Como? 

— Eu não sei. Acredite em mim, eu não faço ideia.

— Como você foi parar nas ruas? Você não parece alguém que sempre morou nas ruas.

Ela abaixa a cabeça e após diz:

— É uma coisa minha que eu não quero falar agora, está bem? 

— Brigou com os pais e fugiu de casa? É por isso que ficou com medo quando eu disse que chamaria a polícia? Alguém fez mal a você e é por isso que fugiu?

— Terry, você disse que não tinha interesse em saber sobre a minha vida. Por favor, continue não se interessando. O meu passado é confuso… é confuso até para mim. E por enquanto, acho melhor não dividir com mais ninguém. Eu agradeço o que está fazendo por mim e eu prometo que não sou uma pessoa perigosa. É só isso que posso te falar.

— Olha, Emília, vai ser muito difícil não ficar curioso sobre sua história. A cada dia você me surpreende com uma coisa nova. A sua sorte é que hoje eu só queria relaxar, sabe? Ficar longe dos problemas e relaxar.

— Já que você está mais relaxado hoje, podemos ir andar um pouco na marina quando sairmos daqui?

— Você quer ir lá? — pergunto, apontando para a marina.

Emília acena em positivo e eu dou de ombros, não tinha problemas com isso.

Fomos caminhando pela marina e ela parecia animada, dizendo.

— Tem alguma coisa aqui que quer me dizer alguma coisa, sabe? Acho que gosto de barcos.

— É sério? Bem, aquele último dessa fileira é meu.

— Aquele barco enorme?! — ela pergunta, impressionada.

— É um iate, na verdade.

— E nós podemos entrar?

— Sim, só não dá para dar um passeio, pois não sei se consigo encontrar um capitão disponível nessa hora.

Ela acenou em positivo e correu em direção ao iate. Entramos e ela correu para a proa. Ficou olhando a água, perdida em pensamentos. Acho que ela ficou fazendo isso por meia hora, concentrada.

— Sabe Terry, — ela diz, quebrando o silêncio — eu gosto de barcos, mas eu acho que não gosto do mar. Não sei, mas olhar para a água me trás um sentimento ruim, um sentimento de que eu vou me afogar.

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Comments

Vó Ném

Vó Ném

Acho que tentaram matá-la no mar ...é muito ruim você não saber quem é, de onde vem ou pra onde vai. O que fazia antes ? Tomara que ela se lembre!!

2025-03-07

7

Rose Gandarillas

Rose Gandarillas

Estou começando a acreditar que Emília vem de uma família de posses e ela também deve ter sido traída de modo a tirarem a fortuna wue pertence a ela.

2025-03-21

0

Vera Gomez

Vera Gomez

Talvez um acidente marítimo com toda a família e ela se salvou e perdeu a memória, ela deve ser de família milionária!

2025-02-11

0

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