Com sete meses de gestação Regina encontra-se sentada no sofá
enquanto come morangos assistindo uma série qualquer. Lucas
prepara uma macarronada com carne grelhada e suco de acerola. Após deixar a mesa posta vai ao mercado comprar mais morangos, já que
não é o único a comê-los, está acabando mais rápido.
Regina nunca recebeu uma visita de nenhum dos familiares do rapaz
desde a última vez, antes dos quatro meses de gestação decidiu sair do
trabalho para descansar, já que sua pressão requer mais cuidado e o
trabalho estava muito estressante. Lucas quase nunca toca em sua
barriga, ele não se sente bem ao fazer isso. Ele agradece que, desde a última briga estressante entre os dois, a
mesma não tentou mais deitar-se consigo.
Por outro lado, longe dali está Ana sentada em uma cadeira no jardim, sua barriga redonda está tão linda que a faz querer parar o tempo para
apreciar um pouco mais esse momento. Sua mãe não pode estar mais
feliz e sempre presenteia seu neto, que já tem bastante coisa. É um menino e irá se chamar Bernardo, Lucas sempre falava para Ana
que colocaria esse nome em seu primeiro filho. Seu coração ainda dói em pensar que em todas as consultas ele estaria
ao lado de outra mulher ao invés do seu, em todos os chutes do bebê, todo o seu
crescimento dentro de si, foi acompanhado por sua mãe e
sua amiga, se sente feliz por ter pessoas tão especiais como estas, mas
quem realmente desejaria que estivesse ao seu lado, não está. No início foi difícil se acostumar com essa realidade.
Com o tempo sua
barriga começou a aparecer, se apressou em pedir para sair do emprego a fim de que ninguém soubesse. Sua gestação está sendo tranquila apesar que às vezes, sente vontade
de comer guloseimas que não seria bom para a sua saúde devido a
diabete, por outro lado, seu filho parece mesmo gostar de morangos, pois não pode ficar um dia sequer sem comê-los, se isso acontece, fica
muito carente, muito sensível e irritada, já seu suco de laranja ele
rejeita até o cheiro.
O casal não se falam há um mês, ela não sabe o que acontece, mas não
quer colocar pressão. Não pode negar também que era uma tortura
falar com o pai do seu filho, tendo que esconder algo assim. Perdida em seus pensamentos, ela não percebe Izabel atrás de si, a
mesma lhe entrega um par de sapatinhos de lã na cor branca enquanto
beija a barriga da amiga e ao escutar sua voz, o bebê chuta a barriga
da mãe e as duas caem na gargalhada.
- O meu lindinho conhece tão bem a voz da titia . Não é meu amor?
Izabel, com uma voz infantil fala com o bebê, apenas para que o
mesmo chute sem parar a pobre Ana.
- Izabel, sente-se aqui, ele vai sair agora se continuar desse jeito.
- Fico pensando em como será essa sensação.
- Faça um e saberá.
- Não obrigada. É muito melhor ser titia – ela alisa com carinho a
barriga redondinha – tem falado com ele?
- Não.
- Faltam poucos meses para o nascimento, não vai mesmo contar a ele?
- Não acho seguro, ele ficaria mais atordoado depois desse tempo. E
eu soube que a gravidez dela é complicada. Não quero causar algum
dano.
- Tudo bem.
Rose chega ao local, com uma caixinha azul em mãos.
- Mais presente? – pergunta Ana.
- Claro, meu neto merece o melhor.
- Se tornou uma avó melosa hein?!
- Já te mimei demais, é a vez do meu neto.
- Obrigada mãe. Diga Obrigado a vovó – Ana diz olhando e
acariciando sua barriga – vamos lá em cima.
Ela puxa Izabel e a passos lentos, se dirigem ao quarto do bebê. A
decoração é minimalista, em cores azul e branco, móveis necessários e
versáteis, feitos sob encomenda, peças únicas. Na grande janela, pode-se
ver alguns jarros pequenos de plantas e flores. É bem iluminado e
fresco. O berço tem as mesmas cores das paredes, com almofadas e pelúcias
pequenas.
Com a filha sem trabalhar, Rose resolveu juntar-se a Domenico e
Verônica na empresa do exterior, Izabel, tendo dito a situação de Ana, seus pais pediram para convencer Rose a trabalhar com eles na parte financeira dos negócios, enquanto Ana trabalha ajudando na
administração, enviando suas ideias e opiniões para a equipe que
ficam surpresos com os resultados.
Domenico que ainda está um pouco debilitado, deixou sua esposa
ficar em seu lugar na empresa. Izabel sabe que mais cedo ou mais
tarde terá que tomar a decisão de estar à frente da empresa, mas tem
receio de não ser uma empresária tão boa quanto seus pais e colocar a
perder o patrimônio da família que conquistaram enquanto ainda
estava na faculdade, lhe falta confiança em si mesma e seu namorado
sempre tenta mudar seu pensamento.
Apesar de que Ana e Rose
tenham uma vida financeira muito boa, pois desde cedo conquistaram
muitas coisas e ambas tenham uma poupança cheia, mas é como diz o
ditado: melhor prevenir do que remediar. Com uma criança a caminho
não poderiam se desleixar, ele merece muito mais.
- Ana, tenho algo para te contar.
- Sim.
- Meses atrás, pedi para o meu colega investigar a víbora.
- De novo esse assunto Izabel?
- não, sério, me ouve. Ele descobriu que essa tal de Regina já era acostumada a fazer esse tipo de coisa.
- Como assim? – a confusão tomou conta de seu semblante.
- Aquela vaca está em tratamento psiquiátrico interrompido, tem múltiplas personalidades e tenta dar o golpe da barriga não é de agora. O último acontecimento que foi encontrado, a vítima se suicidou, devido à mesma pressão que está pondo agora em Lucas. A especialidade dela é destruír famílias.
Ana ficou atônita, tudo isso agora? Ela tocou sua barriga e Izabel foi
rápida para lhe perguntar.
- Está sentindo alguma coisa? Quer que eu chame sua mãe?
- Não... eu só... porque isso agora?
- Desculpe, eu entrei em contato no dia que descobri sua gravidez, mas recebi a resposta há dois dias.
- De quem pediu ajuda?
- Ele não é daqui na verdade e também é muito ocupado. Além de que, houve um contratempo na organização.
- Organização?
- Bem... Digamos que ele é integrante de uma grande máfia chinesa.
Ana arregalou os olhos.
- Você...
- Calma, ele é meu amigo de anos. Pode confiar.
Ana pensou por um instante.
- De qualquer forma, tudo foi feito.
- Mas é melhor saber a verdade, certo?
- Sim.
Uma sensação estranha acumulou no coração de Ana, um calafrio, uma dor. Ela sentou-se na poltrona e Izabel se apressou em pegar
água.
- Tome, vai se sentir melhor.
- Izabel... ela o roubou de mim... do nosso filho – seus olhos se
encheram de lágrimas.
- Amiga, me perdoe. Eu apenas não queria esconder de você.
Izabel tenta confortá-la. Enquanto Ana continua a dizer.
- Estávamos tão felizes, eu sei que ele iria amar a notícia que tinha
para lhe dar, eu sei disso – seu choro aumentou.
Não se sabe quanto tempo passou, até que Ana voltasse ao seu normal. Após um momento, ela tem o impulso de pegar o celular e enviar
uma mensagem para Lucas, mas no mesmo instante lembra que
mesmo que tenha sido forçado, Regina está grávida no fim das contas
e é uma gravidez complicada. Não adiantaria muito falar algo agora, além de ter escondido sua gravidez, a outra criança pode correr risco
de vida. Ela respira fundo e olha para algum lugar aleatório perdida
em seus pensamentos.
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Atualizado até capítulo 27
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