Longe dali, Ana está ansiosa para que o dia seguinte chegue o quanto
antes. Nos últimos dias ela se aproximou bastante de Lucas, coisa que
não esperava.
Aquela primeira mensagem que o rapaz lhe enviou foi o bastante para
iniciar uma aproximação gostosa de sentir. É tão bom quando está
conversando com ele, melhor ainda ouvir sua voz em áudio, e que
voz. Grossa e profunda, como se ao dizer algo, todas as suas palavras fossem
no mais profundo do seu inconsciente, causando sensações maravilhosas.
Ela ouvia várias vezes aqueles áudios durante toda a semana, sempre que deitava em sua cama colocava seu fone de ouvido e ouvia aquela
voz de novo e de novo.
“Ele é perfeito” - pensa ela.
São quase cinco horas da tarde quando Lucas acorda, vai ao banheiro
tomar um banho gelado para despertar e belisca algo, já que não está
com tanta fome. Resolveu correr um pouco, mas antes olha as notificações em seu
celular, Ana tinha lhe perguntado se havia chegado bem em casa, ele
sorri e responde.
- Sim, cheguei bem. Você...
Após cinco minutos, Ana vê sua mensagem, seu coração acelerou
fortemente com o que leu.
- ... Você gostaria de me acompanhar numa corrida agora?
Ok. Ela não estava preparada, se olha no espelho e se repreende por
ter olheiras.
- Claro! Onde posso te encontrar?
- Irei até sua casa.
“O que? Espera. Minha casa?” – Isso foi demais.
Lucas continuou.
- Suponho que moramos longe, então vou até você.
“suponho que você me ache uma pobre”
Se fizer uma comparação de patrimônios, sou mesmo.
- Tudo bem, vou enviar a localização, até mais.
Passados trinta e cinco minutos Lucas estaciona em um lugar próximo
a praça e espera por Ana. Minutos depois ela chega e chama a
atenção de Lucas, ela é verdadeiramente linda.
Vestida em tons claros, uma roupa bem justa ao corpo para facilitar os
movimentos deixa o rapaz um pouco aéreo, ela lhe dá um belo sorriso e lhe vê retribuir.
- Está pronta? Qualquer coisa, a gente pode parar e descansar.
- Eu já fazia alguns exercícios, não deve ser tão difícil.
“Se mentira tem perna curta, é melhor ela dar uma esticada até o final
disso”.
Os dois seguem para o exercício que durou uma hora e vinte minutos. Ambos estão suados e visivelmente cansados, principalmente Ana, que
não costuma correr e teve que parar algumas vezes.
Eles compram duas garrafas de água e sentam-se em um banco, a
princípio ficam tímidos mas logo Ana inicia uma conversa e se
encanta ao ver como o rapaz sorri com frequência em sua presença, já
que é conhecido como alguém muito reservado e sério.
Ana mais uma vez, entende o porquê as colegas de trabalho suspiram
por ele a todo tempo, ela o observa e se perde em seus pensamentos, ele nota que está sendo observado e olha para Ana, e desta vez, ela não
consegue desviar o olhar.
Pode estar envergonhada pelo momento, mas é mais forte que ela.
Ele
por outro lado, se aproxima sutilmente e a encara mais uma vez, agora
ambos estão muito próximos, na verdade pode-se sentir a respiração
um do outro. Não há pessoas próximas, eles são os únicos ali, Ana
olha nos olhos dele e depois para seus lábios, o rapaz faz o mesmo.
- Gosto do seu cheiro, Ana.
Sorrindo tímida, concentra-se nos olhos de Lucas. O rapaz então toma a iniciativa e beija os lábios alheios, um beijo
calmo, mas intenso. Eles saboreiam o gosto dos lábios um do outro
sem pressa, Lucas põe uma das mãos na nuca de Ana enquanto a outra
mão descansa em sua cintura, Ana por sua vez sente o músculo firme
do braço do outro e a pele macia de seu rosto.
Ela entrelaça os cabelos de Lucas em seus dedos enquanto sente sua
cintura ser levemente apertada pela mão do rapaz. As línguas continuam em um movimento frenético explorando a boca um do
outro e permanecem assim até a falta de ar se fazer presente para então
afastar-se.
Parece que toda a espera tinha sido finalizada ali.
Apesar de separar seus lábios, permaneceram com seus rostos
próximos olhando nos olhos um do outro. Os dois não sabiam o que dizer e apenas sorriram desconcertados e de
mãos entrelaçadas seguiram para o carro de Lucas, ele olha para Ana e
a abraça.
- Eu realmente amei estar aqui com você – diz enquanto aperta a
cintura alheia e olha fixamente em seus olhos.
- Eu também Lucas. Espero poder praticar exercícios mais vezes com
você.
Os dois riem da situação e o rapaz lhe dá um rápido selinho
desejando-lhe uma boa noite. Ele dá partida e segue para o seu apartamento enquanto Ana volta
para casa feliz como nunca esteve antes, sua mãe nota a diferença e
logo imagina o que aconteceu, mas não pergunta nada a respeito.
Ana sobe para o seu quarto e trata de falar com Izabel, essa por sua vez
grita do outro lado da linha quase deixando a pobre Ana surda e
consequentemente furiosa, mas logo voltam a falar sobre o ocorrido.
- Finalmente, depois de séculos aconteceu algo interessante.
- Ele é tão cheiroso, tão forte, tão lindo...
- Tá bom, já entendi. É o superman.
- Muito mais.
- Gente apaixonada é um caos mesmo.
- IZABEL.
Ana ainda tem a sensação dos lábios macios do outro e dos músculos fortes que tocou, que sensação maravilhosa. Precisaria sentir mais
vezes.
- É claro que irão repetir a dose – diz Izabel.
- Vamos, só não sei quando. Foi maravilhoso.
- Não vai querer lavar a boca depois dessa.
- Cale-se.
O dia seguinte chega e com ele, muito trabalho. Na medida do
possível está tudo em ordem. Lucas vai para a cafeteria e novamente
se vê observado por vários olhares curiosos e não demora para Regina
se fazer presente, ela lhe cumprimenta sorridente e ele lhe retribui, uma moça que trabalha na mesma área que Regina se aproxima e
cumprimenta os dois.
- Olá, como vai Lucas?
- Tudo bem e você?
- Ótima! Então, eu e o pessoal do marketing queremos te convidar para
uma comemoração que vai ter hoje aqui próximo. Regina não vai poder ir, não é
mesmo?
Regina nota o olhar devorador da colega para o rapaz e trata de despistar a
mesma.
- Não poderei, é verdade. Mas, acredito que Lucas não goste muito dessas
saídas.
Lucas come alguns biscoitos e diz:
- Realmente, não sou muito de sair, mas obrigado por convidar. Licença, vou ao
banheiro.
Enquanto o jovem se afasta, a colega de Regina inicia uma conversa
dizendo que aquele homem seria um sonho de qualquer mulher e
Regina logo lhe corta dizendo que mais cedo ou mais tarde aquele
homem será seu.
E quem te garante isso? – pergunta a moça.
- Você já olhou para mim? Acha mesmo que ele irá recusar? No mais, eu particularmente tenho mais chances do qualquer uma aqui. Pois
moramos próximos e já..
Ela pensou em suas palavras, mas achou precipitado de sua parte falar
mais.
- E já o que Regina?
- Nada. Bando de curiosas. Não tem mais o que fazer não? Circula. Desocupadas.
Ela segue para sua sala, enquanto no banheiro Lucas se encontra
conversando por mensagem com Ana, sua fisionomia muda toda vez
que fala com a mesma.
Ana sorri boba para o telefone quando seu
gerente bate à porta e entra com uma papelada despejando em sua
mesa. Rapidamente Ana bloqueia o telefone e cumprimenta seu
gerente.
- Ana, faça uma revisão de todos os contratos e me sinalize caso tenha
vencidos ou próximos do prazo. Faça alterações em alguns que deixei marcados.
- Tudo bem.
Ao terminar, nota a bailarina rodando
enquanto uma música muito calma toca na pequena caixa sobre a
mesa. Olha novamente para Ana e se retira.
O dia passa tranquilo até que, se preparando para sair, recebe em sua
sala uma visita não muito agradável.
Regina resolve acompanhá-la até
o estacionamento, mas antes nota a caixinha de música e diz ter um
bom gosto, pois o objeto é rico em detalhes prateados em contraste
com o dourado. Ana lhe dá um sorriso forçado e seguem juntas.
Ao chegar no estacionamento, Regina se despede de Ana e segue seu caminho, prestes a subir em sua moto, quando sua cintura é agarrada com
força por um par de mãos grandes e firmes, com beijos sendo
espalhados em seu pescoço, ela inicialmente se assusta, mas ao sentir o
perfume cítrico inconfundível do autor, logo lhe escapa um sorriso e
vira-se tendo a visão deslumbrante de Lucas.
Rapidamente ele captura seus lábios em um beijo necessitado e
rápido, como se estivessem em fuga. Uma voz grossa com um toque
de sensualidade pôde ser ouvida por Ana próximo ao seu ouvido.
- Senti sua falta.
O calor de seu corpo parece aumentar a cada segundo, é um momento
intenso e um tanto confuso, pois a qualquer momento alguém pode
chegar.
- Me encontre em um quiosque aqui perto, estarei em frente. Logo
depois do primeiro mercado, após a primeira curva.
Sendo incapaz de responder algo, ela acena positivamente e ele sai
primeiro. Antes de dar partida, Ana se sente observada, mas
rapidamente dispersa esse pensamento e vai embora.
A noite está calma e fria. As ondas do mar balançam calmamente
enquanto alguns barcos são vistos ao longe, a manhã foi de chuva, mas agora é possível ver algumas estrelas no céu.
A área está bem iluminada e há uma cantoria ao fundo, parece ser de algum
bar por perto, os dois resolvem comer algo para não precisar jantar em casa.
Lucas gosta de massas, por isso uma coxinha é essencial, aliás duas, acompanhadas por uma fatia de torta de limão e um refrigerante, enquanto Ana pede um suco de laranja e rapidamente pega os
biscoitos que sempre carrega.
Enquanto comem mantém uma
conversa tranquila com alguns flertes uma vez ou outra.
- Achei que fizesse dieta, visto que gosta de fazer exercícios – diz com
uma mordida em meu biscoito.
- Faço, mas de vez em quando me permito uma regalia. Posso dizer
que vivo bem apenas comendo morangos. Mas, e você? Não pediu
nada mais. Não sentirá fome depois?
- Sou acostumada a comer pouco, além de que o meu problema corta
algumas coisas que gostaria de comer em excesso.
- Qual problema?
- Diabete.
Lucas pareceu surpreso e sentiu muito por fazê-la apreciar sua comida.
- Agora me sinto mal, eu aqui comendo tudo isso na sua frente.
Mas, Ana apenas achou graça, já estava acostumada. Ao terminar, ele pede um pudim um pouco grande, Ana belisca aqui e
ali.
- Sabe, morei muito tempo fora, sentia saudades da comida daqui.
- Dizem que não tem tanto sabor.
- A maioria, mas tem muita coisa gostosa.
- Eu já estive na Holanda, por pouco tempo, achei maravilhoso. Mas, não tenho
coragem de morar fora.
- Tem que estar desapegado de muita coisa.
- Do que você precisou desapegar?
- Meus avós, meu irmão e a fazenda.
- E seus pais?
- Como viviam viajando a trabalho, nos deixaram com meus avós muito cedo, então não
temos muito apego a nossos pais, embora sejam presentes como podem. E você? Fale mais sobre você.
- Bem, vivo com minha mãe, embora ela tivesse uma pequena fábrica de bolos e tivéssemos uma vida confortável, sempre busquei minha independência. Comecei a trabalhar aos vinte anos e estava lá, antes de conseguir essa vaga.
- Interessante - diz comendo a última fatia de sua torta - vejo que você tem
foco e muito esforço no que faz.
- Bem, passei anos da minha vida desejando entrar aqui. Minha formação foi
estratégica. Finalmente realizei meu sonho.
- Fico feliz por você.
- Obrigada - ela sorri.
Com a sobremesa nas mãos e a conta paga, andam na orla observando o mar
escuro e sentindo o vento frio fazendo com que alguns fios dos cabelos de Ana
deem leves batidas no rosto de Lucas, até que ele pega os cabelos da mesma e os põe para o outro lado.
Nesse processo, seus olhos se encontram e o clima que naturalmente
está frio passa a esquentar em volta dos dois, ele não demora em
descer sua mão até a cintura fina e modelada deixando-a ali.
Continuam andando até que Ana decide sentar sobre a areia. Lucas a
acompanha e permanecem um longo tempo, entre beijos, carícias, sorrisos e conversas que para eles passa rápido demais. São quase dez
horas da noite quando decidem voltar, ambos se despedem e vão
embora.
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Atualizado até capítulo 27
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