Mente perigosa

Izabel, que passou o fim de semana analisando as redações de seus

alunos, recebe uma ligação um tanto misteriosa. Simplesmente não ouviu uma

palavra sequer, apenas se ouvia a respiração ofegante do

outro lado da linha.

- Alô? – quem será? - alô?

De repente, um gemido é ouvido e Izabel se assusta, desligando

imediatamente.

“O que foi isso? Que pervertido. Que nojo.”

Mas, aquele número insistiu em ligar e mais uma vez

estava mudo. Resolveu não atender mais.

Um novo dia de aula chegou e os alunos estão agitados devido as

notas da redação, muitos tiraram nota alta, mas havia alguns que ainda

tinham dificuldade. Algumas vezes nos corredores encontrava o aluno

que insistia em lhe paquerar, mas de modo que apenas a olhava sem lhe dirigir a

palavra.

Até que ao virar o corredor esbarrou no jovem, os papéis que

estavam em suas mãos caíram ao chão e com um pedido de desculpas, ele a ajudou a juntar a papelada. Se despediu e voltou a percorrer o

corredor, enquanto isso, Izabel estranhou a forma um pouco distante

que o jovem a tratou. Mas seguiu adiante.

O dia passou lento, talvez seja o cansaço. Na hora de voltar para casa

chegando próximo ao seu carro, sentiu-se observada, olhou em volta, mas não viu ninguém. Dispersou esse pensamento e seguiu. A essa hora todos já haviam ido embora, mas não é tão perigoso. Embora esteja escuro devido a falta de luz em um poste, que lhe cause um arrepio pela penumbra observável.

Estava prestes a entrar quando é surpreendida por um homem que tapa

sua boca e lhe diz para não se mover. Ela obedece e é levada para um

beco escuro que há por perto. O homem cheira a álcool e com pressa, abre a blusa social de Izabel,

levanta sua saia, beijando-a à força e tocando em suas partes, até abaixar sua peça íntima. De repente lhe pergunta:

- Gostou da carta? Sou romântico não?

Sua risada é infernal.

Izabel, olhando para o rosto do homem, soube de quem se tratava e tentou gritar. Mas ele a pressiona cada vez mais contra si, falando sem parar em

como esperou para sentir aquele corpo.

- Quantas vezes fui cordial com você? Hã? Mas você gosta de ser

difícil não é? Sexo duro. Então você vai ter. Abra bem as suas pernas

vadia, eu vou encher você agora.

Quando está prestes a abrir sua calça, alguém chega diferindo um

chute nas costelas do homem, ouve-se um grito de dor e ela que se

encontra chorando em desespero cai no chão sem se dar conta do que

está acontecendo. O homem estirado no chão recebe golpes no rosto e no abdômen, quando está sem força até mesmo para falar, a pessoa que o bateu sem

misericórdia, chama a polícia.

Ele ouve um choro, mas antes imobiliza

o homem caído com seu próprio cinto e corre para a moça sentada no

chão com os olhos vermelhos tentando cobrir seu corpo com as mãos, tendo uma péssima sensação em ser tocada.

Ele tenta acalmá-la e se aproxima devagar, ela olha em volta e vê que

o homem repugnante está no chão, então olha com mais atenção para o rosto

de quem a salvou, é o aluno,

Erick.

O rapaz tira o seu moletom e a cobre, levantando-a tentando a todo

momento acalmá-la, pois a mesma não para de chorar.

- Izabel, eu estou com você, ninguém vai te machucar.

A polícia chega no local e leva o indivíduo, a moça segue com o rapaz

para a delegacia. Como Izabel não está em condições de dirigir, ele

mesmo a leva em seu carro. O caso é esclarecido e na mesma noite

descobre que o sujeito vinha perseguindo Izabel à meses, sabia os

horários de saída e entrada, qual o carro usava e até onde mora.

Inclusive, continha fotos da jovem dentro do quarto em seu celular, quando conseguiu ser ajudante de pedreiro em uma casa vizinha. Já tentou fazer isso antes, mas sempre acontecia algo que o impedia. Mandou uma carta para a moça, e ligou algumas vezes apenas para

ouvir sua voz, imaginando coisas sórdidas à respeito dela.

A primeira vez que a viu foi em uma lanchonete a qual negou

qualquer aproximação, como os dois costumavam ir a mesma

lanchonete, sempre que a via tornava a importunar. Até que Izabel

parou de ir a essa lanchonete, mas o homem colocou na cabeça de que

iria ter Izabel de qualquer maneira, uma moça linda como ela deveria

ser sua ao menos uma noite. Em sua ficha há outros crimes dessa mesma natureza. Pelo menos seis

vítimas.

Izabel se sente enjoada e vomita algumas vezes, apenas por lembrar

daquele par de mãos sobre si. O rapaz pergunta se ela quer ir ao hospital antes de levá-la para casa, mas ela nega. Ele então a leva embora daquele lugar. Chegando em casa Izabel chora novamente em desespero por tudo o

que aconteceu e ouviu nesta noite. Verônica a leva para o quarto. O rapaz fica na porta da sala e quando vira-se para ir embora

Domenico o chama para entrar e pede para explicar o que aconteceu, desconcertado ele inicia a conversa.

- MALDITO - Domenico esbraveja na sala, pensando em como gostaria de pôr as mãos no desgraçado.

- Graças a Deus não aconteceu... - Verônica chora dolorosamente.

- Eu sinto muito. Sinto por não ter chegado antes.

- Não se culpe, você evitou o pior – diz Domenico contendo a raiva.

- Eu vou embora, digam a Izabel que se ela precisar virei

imediatamente.

- Sim filho.

No dia seguinte, acorda com sua cabeça latejando e então lembra-se

do ocorrido, ela se encolhe na cama e seus olhos começam a

lacrimejar. Batidas são ouvidas na porta e sua mãe entra trazendo seu

café da manhã, ela permanece imóvel, sua mãe se aproxima e lhe dá

um beijo em sua bochecha, Izabel olha para a mãe e como uma

criança estende os braços e pede colo entre lágrimas, sua mãe

imediatamente lhe aconchega em seus braços e chorosa lhe diz que

ficará tudo bem.

Suas aulas foram suspensas e Izabel foi substituída por um professor

temporário. Sua mãe não demorou em marcar uma consulta

psicológica para a filha. Todos os dias algum aluno enviava uma carta, cheia carinho

desejando que retorne o quanto antes. Verônica foi ao quarto de Izabel levando algumas flores do campo

misturadas a tulipas amarelas, vermelhas e azuis.

- Aquele rapaz que lhe trouxe... Erick não é? Ele trouxe essas flores.

- Sim. É um aluno.

- Muito simpático, não aparenta a idade que tem. Descobri que é filho

de um conhecido de seu pai. Moram em outro Estado.

- É um bom rapaz.

“onde está o brilho da minha menina?”

Ana virá novamente hoje, dormir com você. Rose veio a tarde, mas

você estava dormindo.

Entregou as flores à moça e disse que entre elas há uma carta. Izabel abre a carta e lê o que está escrito:

*Espero que você tenha

uma ótima semana

e saiba que sempre

estarei aqui

quando quiser minha

companhia.*

Ela sorriu mínimo e disse que faria uma torta para si e um suco de

laranja para Ana, que chegaria a qualquer momento. Sua mãe sorriu

em surpresa, pois ainda não havia tomado iniciativa de voltar à sua

rotina. Dando-lhe um beijo, ela a deixou em casa e seguiu para o

mercado. Izabel fez a torta e o suco seguindo para o banheiro tomar

um banho. Ao tirar a roupa lembrou-se das mãos repugnantes lhe

tocando e de repente sentiu nojo de si mesma, uma tristeza lhe invadiu

e demorou mais que o esperado.

Assim que se trocou ouviu a campainha e ao atender avistou Ana que

não demorou em dar-lhe um abraço apertado não querendo soltá-la. Lhe beijou a bochecha e enxugou as lágrimas que persistem em cair. Sentadas no sofá, Ana deitou Izabel em seu colo enquanto acaricia

seus cabelos, deixando-a segura ali.

- Você está melhor?

- Um pouco. Um pouco melhor cada dia. Mas...

- Mas?

- Ainda não consigo ver meu corpo sem lembrar daquele... sujo

tocando em mim. Ela se encolhe e Ana a abraça, tentando mostrá-la que está ali para

protegê-la.

- Amiga, eu estou aqui. Fique bem. Eu te amo tá?!

- Também te amo.

Alguns minutos depois, Verônica entra e sorri para Ana depositando

um beijo na testa de ambas, serve o suco de laranja e um pedaço de

torta para ambas, elas terminam e seguem para o quarto a fim de ter

mais privacidade para conversar.

Recebendo um carinho em seus cabelos, Izabel lhe conta sobre o

aluno que lhe enviou as flores e as mostra para Ana, ela observa e diz:

- Acho que ele gosta de você.

- A carta que ele enviou, diz que se eu quiser sua companhia ele vem.

- Quando se sentir preparada, dê uma chance. Se depois desse tempo

ele ainda é interessado em você, porque não dar uma chance?.

- Acredito que ele se afastou porque fui grosseira com ele algumas

vezes.

- Provável, mas ele mostrou que ainda está aí para você.

Após passar o dia, ela volta para casa, mas antes fica vinte minutos na

praia acalmando os ânimos por ver sua amiga naquele estado. No dia seguinte o trabalho está bem cansativo e Ana se sente

esgotada, o gerente parece não ter piedade e por sorte ela não vê

Regina desde aquele dia no mercado, nem mesmo mensagens ela

tornou a mandar. Não que ela sinta falta, mas esse desaparecimento é

estranho. Lucas sempre dá um jeito de ir no setor de administração com a

desculpa do bebedouro estar quebrado, ainda. Sempre que manda

mensagem para Ana falando que está a caminho para um possível

encontro em frente ao bebedouro, ela está muito ocupada e não pode

sair. Em uma dessas idas, Lucas encontra com Regina e tenta ser o mais

profissional possível, ela por sua vez age como se nada tivesse

acontecido.

A maneira como tenta se aproximar o incomoda e sempre

se afasta. Notando o comportamento do rapaz, ela pede desculpas pelo ocorrido

e diz que se enganou a respeito dos seus sentimentos.

- Lucas, não vai levar cinco minutos. Ele para e vira-se.

- Diga.

- Me perdoe. Eu realmente estou envergonhada.

- Tudo bem Regina.

- Por favor não guarde rancor por mim. Eu realmente quero ao menos

ser sua colega como antes. Tudo bem?

Lucas pensa um pouco e diz:

- Tudo bem Regina. Está perdoada. Eu preciso voltar, tenha um bom

dia. - obrigada Lucas.

“Meu triunfo está chegando”

Seu sorriso esconde a sombra da noite. A noite do terror. A

maquiavélica sob a angelical Regina que conhecem.

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