Passaram-se os dias e finalmente as férias chegaram para dar um
descanso a toda agitação naqueles corredores imensos e espelhados de
tão limpos.
Sem conseguir ninguém para o acompanhar, Lucas foi
aproveitar suas férias sozinho, ao chegar no local pôde ver que seu pai
tinha preparado tudo para ele, um dos melhores quartos com uma
belíssima vista para o mar, uma massagista exclusiva, serviços de
alimentação de acordo com seu paladar com um toque francês para
lembrá-lo dos tempos em que passou naquele País em que, chamou
sua atenção em todos os sentidos, principalmente a culinária. E claro, não poderia faltar os seus adoráveis morangos. Estes jamais podem
faltar.
Todas as manhãs morangos frescos são depositados em sua mesa. Seu
pai que é próximo do dono deste lugar reservou estes dias para serem
os mais relaxantes para seu filho, digamos que teria o mundo aos seus
pés nesta temporada. Qualquer coisa que precisasse ou simplesmente quisesse por diversão,
iriam providenciar o quanto antes, uma pena que não poderiam dar-lhe
algo que anseia já algum tempo. Essa faria um show caso fosse
"sequestrada" e com razão.
Com esse pensamento, sorri levemente e continua a comer seus deliciosos morangos.
No quinto dia de sua estadia ele recebe uma mensagem de Regina, a
moça parece bastante entusiasmada talvez esteja feliz com algo em
particular. Antes de se despedir, ela lhe diz que irá encontrar um
amigo que tem muito carinho e por isso está tão animada.
Passaram-se duas horas, Lucas que lê tranquilamente um livro sentado
em um banco de frente para o mar, de repente é surpreendido por um
par de mãos em seus olhos, ao ouvir a voz familiar atrás de si, se dá
conta de quem é, e pronuncia seu nome imediatamente.
Virando-se
para encarar Regina. Surpreso, ele pergunta como Regina pode estar ali.
- Eu estava pensando em como aproveitar minhas férias, então, conversei com meu tio e ele me sugeriu esse lugar, que é dele. Logo
depois, disse estar organizando um quarto para o filho de um amigo. Não muito depois descobri que era você. Que coincidência não?!
- Sim. E muita! Mas fico feliz em ter alguém conhecido.
O tio da moça sabendo que o desejo do pai do garoto é que ele
encontre alguém para se relacionar, logo reservou um quarto para a
sobrinha. Bem ao lado.
Eles se sentam novamente e Regina pede para que o rapaz leia para ela
alguns trechos do livro. Eles passam a tarde naquele lugar até a hora
do jantar. Seria a primeira vez em semanas trabalhando juntos, que estariam
compartilhando o mesmo ambiente durante dias fora do trabalho. Regina sempre o observa de longe, todo este tempo buscou
informações sobre ele, mas como o rapaz não é de muita conversa, não tinham muito o que falar. Bem, finalmente o universo está ao seu favor lhe fazendo até mesmo
compartilhar a mesa. Seu interesse por Lucas cresce a cada dia e isto a torna vulnerável à
sentimentos que não gostaria de sentir, mas é impossível impedi-los.
Todos os dias no trabalho encontra um jeito de vê-lo, mesmo que seja
de longe, vê colegas de trabalho suspirando pelo rapaz na cafeteria
enquanto ele toma seu café expresso. O que diriam se soubessem que
está em um resort com ele? Certamente ficariam com inveja. E Ana?
Ah, certamente se daria por derrotada, além de se corroer de inveja
como as outras. Tendo Regina seu sexto sentido ativo, já está óbvio
que há um clima entre esses dois, mas não se dará por vencida. Que
vença a melhor.
Finalizando o jantar, os dois seguem para seus respectivos quartos. Regina pensará
em como aproveitar essa oportunidade para se aproximar ainda mais do rapaz, enquanto o mesmo recebe uma ligação do seu amigo
Ronaldo.
Lhe pergunta como andam as coisas em seus dias de descanso e Lucas
responde com certa ironia sobre sua colega de trabalho. Os dois conversam sobre o que podem fazer em um fim de semana
qualquer e Lucas é questionado sobre Ana. Ele pensa um pouco e diz:
- Bem, gostaria que ela estivesse aqui.
- Porque não a convidou?
- Não somos tão próximos.
- Poderia ter tentado, talvez ela está na sua e você não está vendo.
- Será? Não sei. Não acho que eu seja tão interessante para ela.
- Para com isso, todas as garotas dariam tudo para ter pelo menos uma
noite com você. Quantas vezes já me pediram o seu contato.
- Você fala demais.
- E você pensa demais.
Falando nisso, ele se convence de que faz sentido e resolve investir
na ideia. Procura no grupo de trabalho o contato de Ana e manda uma
mensagem, aguarda ansiosamente pela resposta a qual chega em dez
minutos.
Ana por sua vez se encontra no jardim de sua casa, ela realmente não
gosta de sair. Já viajou para outras cidades de seu País e até uma vez
foi para o exterior, mas nada se compara à sua casa, na companhia de
sua mãe, fazendo doces que vê na internet, assistindo séries com
pipoca e suco de laranja ou simplesmente em seu jardim admirando as
flores e plantas cultivadas por sua mãe. Os doces duram uma semana ou mais, devido ao seu problema, sua mãe toma conta dessa parte, se não fosse por isso com
certeza duraria dois dias no máximo, mas contenta-se em comer um
pouco apenas para sentir o gosto delicioso de chocolate.
Estando sentada em uma cadeira olhando as belas orquídeas que são
as preferidas de sua mãe, lembrou-se quando a mesma lhe contou que
estas foram as primeiras flores que recebeu de George quando mais
nova. Desde então, começou a cultivar essa flor para lembrar-se do mesmo. Apesar de estar seguindo sua vida, Rose não pode esquecer o imenso
carinho que permanece em seu coração pelo pai de sua filha.
Perdida em pensamentos desconexos, volta a si quando vê a
notificação em seu telefone e se surpreende ao ver a foto de perfil. Como ele conseguiu seu número e porque iniciou contato?
Com o coração batendo mais rápido que o esperado, deixa o celular de
lado e demora um pouco a responder, vendo que o mesmo está online fica na espera do início da conversa, está ansiosa para saber o que ele
deseja.
*Boa noite Ana. Desculpe pelo incômodo, mas por alguma
eventualidade futura que eu precise justificar no trabalho de última
hora, você seria a pessoa para fazer isso por mim. É a que tenho mais
contato.*
Ana se sente contente por ele lembrar-se de si, por relativamente ser
uma pessoa próxima o bastante para ser sua voz em sua ausência.
- Tudo bem Lucas, eu agradeço a confiança. Como você está?
- Bem, e você? Aproveitando suas férias?
- Resolvi ficar em casa, você viajou?
- Ganhei alguns dias no Resort, aqui mesmo na cidade. O engraçado é
que a Regina está aqui.
Ana para de responder, enquanto Lucas dá continuidade à conversa. Ela comenta que eles devem ser realmente próximos, mas Lucas nega
imediatamente.
- Ela é uma boa pessoa, mas não somos tão próximos, somos apenas
vizinhos de bairro e colegas de trabalho. Não amigos de fato.
Ana entende que assim como as outras colegas de trabalho, Regina é
mais uma com segundas intenções no rapaz. A julgar pela forma autoritária que a garota fala sobre seu
relacionamento com Lucas, fica claro que ela tem em mente que eles
são tão próximos que estão a um passo de iniciar algo. Sempre dando
a entender que está prestes a acontecer algo.
Respirando fundo, Ana sorri quase que por obrigação e pensa alto em
como Regina é esperta, porém, não muito inteligente. Todos os
sorrisos, gentilezas e convite para sair certamente foram para espionar
qual o grau de proximidade entre ela e Lucas.
Com isso em mente, Ana não se deu conta de que a conversa ainda estava aberta e o rapaz
perguntava se ainda estava ali.
- Oh, desculpe. Me distraí aqui com o jantar.
Ele estranhou pelo horário, mas não disse nada a respeito. Após ter
jantado seu arroz com carne grelhada acompanhada de uma salada e
suco de acerola, Ana continuou conversando com Lucas e já faz uma hora que
os dois trocam mensagens sem parar, a bateria está prestes a
ficar no vermelho, mas nada que os impeça em permanecer de
conversa.
Por outro lado, Regina está de orelhas em pé, ao entrar no
chat e ver que Lucas está online, certamente está conversando com
alguém. Por via das dúvidas, decidiu entrar no chat da Ana e viu que a mesma também está online, passam vinte minutos e os dois permaneceram da
mesma forma, seria muita coincidência não? Ela então decide falar
com Ana, perguntando-lhe como está a noite.
- Boa noite Ana! Como está?
- Muito bem Regina e você? Aproveitando as férias?
Ana divide seu tempo entre Regina e Lucas que escrevem
incessantemente ao mesmo tempo.
- Muito, meu tio me cedeu um quarto no Resort dele. Adivinha quem
está aqui? Lucas!
“vaca”
- Jura? Que coincidência, não?
- Começando a acreditar em destino.
- Com certeza, deve ser ser.
Logo em seguida, Ana tenta afastar os pensamentos desagradáveis. Lucas para de conversar e vai pôr o telefone para carregar, Ana faz o
mesmo se despedindo de Regina, esta que resolve ir até o quarto de
Lucas. Após bater levemente na porta é atendida por Lucas.
- Desculpe o incômodo, mas a janela do meu quarto emperrou, teria
como fechar para mim?
- Claro, vamos lá.
Ele entra em seu quarto e tenta fechar a janela, realmente está
emperrada. Ele faz mais um pouco de força e finalmente consegue, em
contrapartida sua mão sangra um pouco devido a uma farpa que rasga
sua pele. Ele geme um pouco pela dor e Regina rapidamente pega sua mão
pedindo para que se sente em sua cama.
- Espere aqui.
Ela vai em um armário ao lado e pega alguns itens de primeiros
socorros. Senta-se ao seu lado e cuida do ferimento do rapaz, apesar
de não ser necessário. Pois foi muito pequeno. Ao terminar Regina o agradece e olha profundamente em seus olhos, por Deus, ele é lindo. Seus olhos castanhos que contém um olhar
intimidador e profundo, extremamente magnético. Seus lábios em tom rosa claro de boa aparência, bem hidratados. Sua
pele mais parece porcelana de tão limpa. Seu rosto é perfeitamente
delineado, uma verdadeira obra de arte. Seus cabelos negros e lisos, alguns fios lhe escorrem sobre os olhos o que o deixa muito charmoso.
Nunca esteve tão perto assim dele, por um momento se perdeu ali e se
inclinou um pouco de encontro aos lábios do rapaz, mas rapidamente
Lucas se levantou. Com uma mão em sua nuca como para apaziguar o constrangimento do momento, se despedindo retirou-se do quarto de
Regina.
Ela por sua vez lhe deu um sorriso tímido e fechou a porta do
quarto. Foi um momento tenso e não pôde sentir nada além de seu coração
disparado com a aproximação, como ela queria esse beijo, foi por
pouco, mas provavelmente é tímido e não quis precipitar as coisas. essa deve ser a única explicação para lhe rejeitar um beijo. Afinal, quem a rejeitaria? Ainda terá alguns dias para que isso aconteça, basta
ter paciência e esperar o momento certo.
Faltando três dias para partir, os dois se encontram na piscina ao lado
de um campo, onde alguns hóspedes costumam jogar futebol. Regina
tenta de todas as formas chamar a atenção de Lucas, mas este sempre
está entretido no celular, a conversa parece não ter fim e até alguns
mínimos sorrisos podem ser notados nos lábios do rapaz. Com o almoço servido, Lucas rapidamente deixou o celular em
cima da mesinha e foi se servir, Regina vendo que ainda está
desbloqueado entra no chat para ver com quem Lucas conversa tanto a
ponto de deixá-lo distante de si. Ao ver a foto de Ana e a última
mensagem de uma carinha sorridente enviada por ele, é como se o
chão tivesse sido aberto para sua queda naquele momento.
Ela rapidamente sai do chat e volta para o seu lugar, alguns minutos
depois Lucas retorna e pergunta-lhe se não vai almoçar. Ela, por sua vez, engole a
comida com muito esforço.
No dia da volta para casa, Lucas já está com tudo pronto em seu carro
e volta ao quarto apenas para pegar a chave, se depara com Regina
falando ao telefone reclamando com alguém do outro lado da linha. Assim que desliga a ligação Lucas pergunta:
- Está tudo bem?
- Bem, o motorista desistiu da viagem e agora não consigo outro táxi
particular.
- Bem, neste caso, eu posso lhe dar uma carona.
- Serio?! Nossa, muito obrigada. Não estou incomodando você, não é?
- Não está. Vamos.
São nove horas da manhã quando saem do Resort. Seguem para o
condomínio com calma, pois a estrada está molhada e requer maior
atenção, além da neblina que dificulta um pouco a visão.
O Clima frio
consegue ser mais quente quanto o clima entre os dois. Depois do
acontecido, Lucas ficou pensativo e considerou que Regina poderia ter
entendido algo errado sobre ele e resolveu manter uma certa distância. Mas, jamais deixaria de ser prestativo e manter uma boa relação de
amizade. Ele põe uma música para tocar e continuam assim, em silêncio.
Deixando-a em seu condomínio, segue para o seu apartamento. Ao
chegar, se joga no sofá e fica deitado por alguns minutos até ir à
geladeira e ver que não tem morangos suficientes para o dia seguinte.
“Hora de ir ao mercado”
Retornando ao apartamento, decidiu tomar
um banho para relaxar, em seguida, desfez a mala para finalmente
comer um macarrão instantâneo com alguns pedaços de carne e um
suco de maracujá. Depois de algumas semanas de trabalho, resolveu ficar por definitivo
em seu apartamento, pois o trajeto para o trabalho é mais curto. O
sono se faz presente e o rapaz passa a tarde dormindo, enquanto
algumas mensagens chegam em seu telefone.
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Atualizado até capítulo 27
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