CAP-18 " A PRISÃO INVISÍVEL"

Mirella deixou a água quente escorrer pelo corpo por mais de meia hora, tentando encontrar alguma paz em meio ao caos de sua vida. Ao sair do chuveiro, enxugou-se e vestiu uma roupa confortável. Quando voltou ao quarto, encontrou a bebê acordada, brincando com a coberta. Um pequeno sorriso iluminou seu rosto, algo raro nos últimos dias.

Ela se aproximou para pegar a criança no colo, mas foi interrompida por uma voz fria e cortante:

— Precisamos conversar.

O corpo de Mirella enrijeceu. Ela virou-se lentamente, como se temesse o que encontraria. Lá estava Otávio, sentado na poltrona, com a expressão de quem já estava ali há muito tempo.

Ela tropeçou e caiu no chão.

— Há quanto tempo você está aqui?

— Cheguei enquanto você ainda estava no banho. — Ele respondeu, sem desviar o olhar.

Mirella sentiu o coração disparar.

— Você... me viu trocando de roupa? — A voz dela tremia, carregada de vergonha e medo.

— O que você acha? — Otávio acendeu um cigarro, ignorando deliberadamente o desconforto dela.

Mirella desviou o olhar, fechando os olhos com força.

— Sobre o que quer conversar?

— Quero explicar o que aconteceu.

— Não precisa. A Ayla e o Alessandro já me explicaram.

— E mesmo assim, não tem nada que queira perguntar?

Ela hesitou.

— Na verdade, tenho sim. Por que não posso sair desta mansão?

Otávio tragou o cigarro e respondeu com frieza:

— Porque agora você sabe demais. Não posso deixá-la solta por aí.

Mirella ergueu a voz, tentando manter a calma.

— Nosso contrato de casamento é claro, nenhum de nós pode interferir na vida do outro. Estou livre para fazer o que quiser.

Otávio apenas sorriu, puxando do bolso o contrato de casamento, ele rasgou e jogou no chão.

— A partir de agora, não existe mais contrato. Suas ações determinarão como sairá desta casa, divorciada e milionária... ou dentro de um caixão.

O impacto das palavras dele fez as pernas de Mirella tremerem. Ela sentiu os olhos arderem, as lágrimas ameaçando escapar.

— Se você não abrir a boca, não se intrometer na minha vida e se comportar, em sete meses eu assinarei o divórcio.

Mirella assentiu rapidamente, com medo de falar algo que pudesse irritá-lo mais.

— Eu prometo que não direi uma palavra. — Sua voz estava embargada. — Agora, se não tiver mais nada, poderia... sair do meu quarto?

Otávio aproximou-se lentamente, segurando o queixo dela com firmeza.

— Sabe o que vejo em seus olhos? Medo... e desprezo. — Ele estreitou os olhos, como se quisesse gravar aquela expressão no fundo da alma dela.

Mirella não conseguiu responder.

— Você pode voltar a sair, mas não quebre minha confiança. Se abrir a boca, vou matar todos que você ama... e farei isso na sua frente.

Ela começou a chorar. As lágrimas desciam silenciosamente pelo rosto.

— Eu prometo... não direi nada.

Otávio afastou-se com um sorriso frio.

— Ah, e a propósito... vou dormir aqui.

— O quê? — Mirella levantou-se num pulo, o medo transformando-se em indignação. — Você não pode fazer isso!

— Por que não?

— Não é apropriado para um homem decente dormir no quarto de uma mulher.

Otávio soltou uma gargalhada curta e irônica.

— Mas é perfeitamente apropriado que um marido durma no quarto com sua esposa. Estranho seria dormir em outro lugar. — Ele aproximou o rosto do dela, cruelmente brincando com sua vulnerabilidade.

Mirella deixou escapar uma lágrima.

— Idiota. — Ele recuou, indo em direção à porta. — Minha mãe e minha avó vão passar alguns dias aqui. Para evitar problemas, dormiremos no mesmo quarto. Mas não se preocupe. Não tenho o menor interesse em mulheres como você.

Ele saiu do quarto sem esperar resposta, deixando-a sozinha com a bebê. Mirella afundou na cama, sentindo o peso de sua prisão. Ela sabia que Otávio não apenas controlava sua liberdade, mas também sua dignidade.

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