CAP-09 "AO AMANHECER"

A mansão estava um verdadeiro caos com os preparativos do casamento. Funcionários corriam pelos corredores, decoradores ajustavam flores no jardim, e a cozinha fervilhava com o cheiro de pratos refinados sendo preparados. Tudo tinha que estar perfeito, pois qualquer erro seria inadmissível.

Ayla e Luna estavam sentadas no escritório principal, revisando a lista de convidados do noivado com atenção.

— Confirmei os nomes até o final da lista, mas o Sr. Mancini ainda não respondeu ao convite — comentou Luna, ajeitando os óculos.

— Não é surpresa. Aqueles italianos gostam de aparecer de última hora — respondeu Ayla, passando o dedo pela lista.

Antes que pudessem continuar, o som dos saltos ecoando no mármore anunciou a chegada de alguém importante. Luna levantou os olhos assustada, e Ayla, ao olhar para trás, quase derrubou os papéis.

— Dona Graziela! — exclamou Ayla. — Seja muito bem-vinda!

A expressão rígida da matriarca era suficiente para calar qualquer um. Ayla e Luna trocaram olhares rápidos, já temendo pela reação da visitante.

— Por que ninguém me recebeu? — Graziela questionou com frieza.

— Mil desculpas, senhora! Não fomos informadas de sua chegada — disse Luna, abaixando a cabeça.

— Poupe-me das desculpas. Onde está meu filho? — Graziela lançou o olhar cortante que todos na mansão temiam.

— Ele... ele foi para a empresa — respondeu Ayla com a voz baixa.

A expressão de Graziela endureceu ainda mais.

— Já está quase na hora do casamento e ele está trabalhando? E minha futura nora, onde está?

— No quarto de hóspedes... terminando de se arrumar — respondeu Luna, hesitante.

O silêncio que se seguiu foi carregado de tensão. Graziela olhou fixamente para as duas mulheres.

— Como assim no quarto de hóspedes? Ela não deveria estar no quarto do meu filho?

Ayla engoliu seco, mas decidiu falar.

— Dona Graziela... o patrão não liga para esse casamento. Ele mal olhou para ela quando chegou e a mandou diretamente para o quarto de hóspedes.

O rosto de Graziela se contorceu em indignação.

— Ele não precisa gostar dela! Eu quero um neto, e a imprensa já está insinuando que meu filho é impotente! — exclamou, virando-se para subir as escadas.

As duas funcionárias se entreolharam em pânico.

— Ayla, você perdeu a cabeça? Se o patrão souber que você abriu a boca...

— Eu sei que errei, mas a Srta. Mirella tem sido tão gentil conosco. Não acho justo o que estão fazendo com ela.

Luna apenas suspirou e voltou ao trabalho.

...☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆...

No quarto de Mirella...

Enquanto isso, Mirella estava no quarto de hóspedes, sentada diante do espelho. A cabeleireira ajustava os últimos detalhes de seu penteado, e a maquiadora retocava os lábios delicadamente pintados. Ela estava linda, mas seu olhar refletia insegurança.

De repente, a porta se abriu com força, e Graziela entrou como um furacão.

— Saíam todas — ordenou.

As mulheres se entreolharam, hesitaram por um momento, mas logo deixaram o quarto em silêncio. Mirella, confusa, ficou em pé, ajustando o vestido.

— Senhora?

Graziela começou a andar ao redor dela, analisando cada detalhe.

— Você não é o que eu esperava — comentou. — Achei que seria feia, uma daquelas meninas sem graça. Mas devo admitir, você é bonita. Uma pena que não saiba usar sua beleza.

— Senhora, posso ajudá-la em algo? — Mirella perguntou educadamente.

— Vamos ao ponto. Como está sua relação com meu filho?

Mirella hesitou antes de responder.

— Está... normal.

— Normal? Se fosse normal, você estaria no quarto dele, na cama dele!

— Não tenho culpa se seu filho não me considera suficiente para ele.

Graziela deu um sorriso frio.

— Você vai ser suficiente. Preciso de um neto. Se depender de mim, você estará grávida em poucos meses.

Mirella arregalou os olhos.

— Não posso forçar nada, senhora. Não quero obrigá-lo a nada.

Graziela soltou uma risada irônica.

— Quem falou em obrigar? Existem maneiras mais... sutis. Tenho algo que pode ajudá-la.

Nesse momento, Otávio e Alessandro chegaram à mansão e ficaram sabendo da presença de Graziela no quarto de Mirella. Otávio bufou, irritado, mas decidiu observar antes de agir.

Ao ouvir a proposta da sogra, Mirella respirou fundo e respondeu:

— Senhora, com todo respeito, não farei isso. Não aceito manipular ou drogar seu filho para conseguir o que quero. Prefiro esperar que ele me procure por vontade própria.

A resposta surpreendeu Graziela, que ficou por alguns segundos em silêncio, tentando processar a audácia daquela jovem.

Otávio sorriu e foi para o escritório.

— Você é ingênua. Sem minha ajuda, você nunca terá o respeito do meu filho.

— Talvez. Mas prefiro conquistar isso sozinha.

Sem mais palavras, Graziela saiu do quarto furiosa.

...☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆...

Na igreja...

A cerimônia foi deslumbrante. Mirella, em um vestido branco deslumbrante, parecia uma verdadeira princesa enquanto caminhava pelo corredor da igreja. Todos os olhares estavam nela, mas o dela estava no chão, consciente de que aquele casamento era apenas uma formalidade.

Quando chegou o momento do "sim", o silêncio era visível.

— Otávio Martini, aceita Mirella Meirelles como sua legítima esposa?

— Aceito — respondeu ele, sem emoção.

— Mirella Meirelles, aceita Otávio Martini como seu legítimo esposo?

— Aceito.

Quando o padre anunciou que podiam se beijar, Otávio ergueu o véu dela.

— Feche os olhos — murmurou ele, sorrindo de maneira enigmática.

Ela obedeceu, mas, em vez de beijá-la, ele colocou o dedo entre seus lábios, simulando o gesto e enganando a todos.

Mirella abriu os olhos, constrangida, mas não disse nada. Eles saíram da igreja em direção ao carro que os levaria à lua de mel.

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