Mirella olhava fixamente para a bebezinha dormindo em seu colo. Seus pensamentos vagavam enquanto o silêncio do quarto parecia esmagador. Como tudo chegou a esse ponto? Ela acreditava estar casada com um bilionário misterioso, mas agora descobriu estar presa a um mafioso desprezível, capaz das maiores atrocidades.
Toc-Toc.
As batidas na porta a fizeram voltar à realidade. Mirella ignorou, mas as batidas se tornaram mais insistentes.
— Senhorita!
Reconhecendo a voz, ela correu para abrir. Ayla estava à porta, com o rosto ainda marcado por hematomas e os olhos cansados.
— Ayla! — Mirella a puxou para um abraço apertado. — Você está bem?
— Melhor... agora estou melhor. — A voz de Ayla era fraca, quase um sussurro.
— Entre, sente-se. — Mirella a guiou até a cama e trouxe um copo d’água. — E as outras?
— Estão descansando. Luna ainda chora muito, mas pelo menos estamos seguras.
Mirella suspirou, tentando controlar o tremor em suas mãos.
— Que alívio. Eu não conseguia parar de pensar em vocês.
Ayla olhou para Mirella com hesitação, o nervosismo evidente em seu rosto.
— Senhorita... está chateada conosco?
— Por que eu estaria? — Mirella franziu a testa, surpresa com a pergunta.
— Porque não contamos que o patrão é chefe da máfia.
O coração de Mirella deu um salto.
— Vocês sabiam?
— Sim. Eu e Luna queríamos contar, mas as meninas nos impediram. Se falássemos, seríamos severamente punidas.
Mirella levantou-se de repente, começando a andar de um lado para o outro.
— Eu sabia que ele era misterioso, mas isso? Ele é cruel, Ayla! Agora faz sentido porque tantas pessoas nesta casa têm medo dele. Faz sentido por que... — ela hesitou, mas Ayla completou.
— As esposas dele se mataram?
Mirella parou de andar, encarando Ayla.
— Sim. Ele as destruiu.
Ayla balançou a cabeça.
— Não, senhorita. Ele nunca encostou um dedo nelas. Nem em nós.
— Então quem foi?
— Caroline.
— Quem?
— Caroline é uma das mulheres mais perigosas que já conheci. Desde criança, ela se especializou em lutas e torturas. Quando ela está aqui, todos obedecem. O patrão deu a ela total liberdade para agir como quiser.
Mirella sentiu um frio na espinha ao ouvir o nome daquela mulher.
Antes que pudesse dizer algo, o choro estridente da bebezinha interrompeu a conversa.
— De onde veio essa criança? — Ayla perguntou, confusa.
— É uma longa história.
— Longa como?
— Depois explico. Preciso de sua ajuda agora. Vá comprar uma mamadeira, leite Neo Advance e uma chupeta. — Mirella rabiscou uma lista rápida e entregou para Ayla.
— Senhorita, você entende de bebês?
— Um pouco. Ajudei minha mãe a cuidar de Sarinha, minha irmã mais nova.
Ayla pegou a lista e saiu às pressas. Mirella aproveitou o momento para improvisar um banho na bebezinha, tentando acalmá-la. Enquanto a criança chorava, ela se perguntava o que faria com ela.
Minutos depois, enquanto descia para a cozinha com a bebê enrolada em uma toalha, ela deu de cara com Alessandro.
— Senhora — ele começou, aproximando-se devagar.
— Fique longe! — Mirella recuou, protegendo a bebê. — Não vou deixar você machucá-la!
— Não é o que você pensa. Quando você chegou no escritório, eu estava tentando acalmá-la.
— Acalmá-la? Vocês mataram a mãe dela!
— Não fomos nós. Tentamos salvá-la, mas foi tarde demais. Os homens que ameaçavam o patrão a mataram.
— Ameaças?
— Sim. Victor foi chantageado. Eles usaram a esposa e a filha dele contra ele.
Mirella sentiu o peso da informação, mas sua mente ainda estava em alerta.
— E o que vai acontecer com essa criança?
— Provavelmente, o chefe vai enviá-la para um orfanato.
Mirella não respondeu. A ideia de mandar a bebê para um orfanato a revoltou, mas ela sabia que tinha pouco poder ali.
Ayla voltou com as compras pouco depois, e Mirella rapidamente preparou uma mamadeira. A criança adormeceu em seus braços logo após se alimentar.
— Senhorita, posso falar com você? — Ayla chamou, hesitante.
— O que foi?
— O patrão deu ordens estritas para você não sair da mansão.
Mirella parou de andar, sentindo a raiva crescer.
— O quê?
— Ele disse que, se você sair, todos nós seremos punidos.
— Ele não pode me prender aqui!
— Ele pode tudo, senhorita.
Mirella respirou fundo, tentando se acalmar.
— E meu trabalho?
— A Bia ligou para a madame Lívia. Disse que você está doente.
— Até quando isso vai durar?
— Até ele permitir.
Mirella sentiu a raiva crescer. Sem dizer mais nada, subiu para o quarto, colocando a bebê na cama. Ela precisava pensar em uma forma de sair dali. Precisava recuperar sua liberdade antes que fosse tarde demais.
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Atualizado até capítulo 89
Comments
Leonor Santana
A única coisa que ela tem que fazer agora é enfrentar ele e se revelar uma verdadeira rainha da mafia e enfrentar a todos.
2025-03-12
0
Maryan Carla Matos Pinto
ela vai cuidar da menina
2024-11-14
4
Arlete Fernandes
Com certeza ela vai ficar com a bebê e o Otavio vai ficar com elas!
2024-10-16
4