— Segurem ele! — ordenou Otávio com a voz grave, fria e carregada de raiva. Ele estava determinado a mostrar seu controle absoluto. — Alessandro, leva a terceira.
— Sim, senhor.
Alessandro agarrou Mirella pelos braços com força, arrancando-a da sua posição de resistência. Ela mal teve tempo de reagir antes de ser arrastada, a dor de seus músculos sendo forçados ao limite. Ele a levou sem piedade até o quarto, trancando-a lá sem nem hesitar.
— Volta aqui! — gritou Mirella desesperada, batendo contra a porta com toda a força que ainda lhe restava, sua voz embargada pela adrenalina. O pânico tomava conta de seu corpo e mente. Ela sabia que não era só o medo da dor, mas também o medo do que viria a seguir. Algo ainda pior.
Mas então, ela parou. Uma sensação gelada percorreu sua espinha.
— Pera aí... — ela sussurrou, uma ideia aterrorizante se formando em sua mente. Ela estava paralisada, o raciocínio se misturando com os pensamentos frenéticos.
Ela ficou alguns segundos em silêncio, tentando processar o que havia acontecido. "O que aquele assassino, covarde, sem coração, desprezível, ordinário, animal, quis dizer quando mandou o Alessandro me trazer de volta?" Ela se perguntava, tentando entender o significado das palavras de Otávio. "Por que ele se referiu a mim como a 'Terceira'? Será que serei a terceira esposa a ser forçada a cometer suicídio? Eu acho que falei demais… Por que eu não fiquei quieta?"
O horror se instalou em seu peito, e uma onda de desespero a envolveu. "Eu não posso morrer aqui. Não sem ver minha mãe e minhas irmãs. Eu preciso sair daqui."
Ela se aproximou da janela, olhando para a altura que a separava do chão, e logo recuou. Era alta demais, e a coragem para pular faltava. "Eu tenho que ser mais inteligente do que isso." O desespero estava tomando conta dela, mas ela não podia ceder.
Finalmente, ela correu para a cama, cobrindo-se com os lençóis e fechando os olhos, tentando afastar os pensamentos aterrorizantes.
...☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆...
Do outro lado, a cena de brutalidade era outra. Victor estava sendo espancado, sem chance de defesa. Ele tinha traído o chefe e quebrado o juramento que selava sua lealdade. Seus gritos ecoavam pela sala, mas ninguém demonstrava qualquer sinal de compaixão. A dor de seus ossos sendo quebrados era como uma sinfonia para Otávio e seus homens. Eles queriam vingança.
— Sr, vamos executar a família desse traidor? — Matias perguntou com um olhar impiedoso, ansioso por sangue.
— Não. — A resposta de Otávio foi rápida, cortante. Ele estava mais focado em uma coisa. Em vingança.
— Mas, senhor, ele causou a morte dos nossos companheiros. Ele merece pagar.
— A família dele fez algo? — Otávio perguntou com uma calma aterradora. Ele limpou o sangue de suas mãos com uma toalha. — Se achar que fizeram, pode ir lá e executar todos. Até as crianças.
Matias olhou para Otávio, mas hesitou por um instante. Ele sabia o quanto Otávio era implacável, mas matar uma criança era algo que nenhum deles jamais tinha feito.
— Matias, matar a família dele não vai adiantar nada. Precisamos descobrir quem ele estava realmente ajudando. Apenas assim podemos vingar os nossos companheiros. — disse Alessandro, com um tom grave, pensando nas implicações da situação.
— Toda a família dele tem o sangue de um traidor! — Matias respondeu com raiva. — Vão comigo ou eu vou sozinho?
Os três homens, Matias, Alessandro e Yuri, partiram para a casa de Victor, prontos para eliminar qualquer coisa que pudesse estar ligada à traição. Ao chegarem lá, observaram em silêncio a esposa de Victor, jogando o lixo fora na calçada.
— Mano, isso vai ser muito pesado. A mulher está grávida e com uma criança no colo. — Yuri disse com uma voz tensa, mas sem coragem de agir.
— Vai lá, Matias. Executa uma criança pequena e uma mulher grávida. — Alessandro disse com um tom frio, dando a ordem com uma frieza assustadora.
— Qual é o problema de vocês dois? Desde quando amoleceram o coração? Eles vão pagar por tudo que o Victor fez! — Matias não conseguia entender a hesitação.
— É só você que vai ser covarde agora? — Alessandro retrucou, olhando fixamente para Matias.
Com uma expressão endurecida, Matias saiu do carro e foi em direção à esposa de Victor. Mas quando ele estava prestes a sacar o revólver, a porta da casa se abriu e dois homens apareceram, armados. Um deles pegou a criança do colo da mulher e empurrou-a para dentro de casa.
Matias recuou rapidamente, voltando para o carro sem que os outros homens notassem.
— Tem algo estranho acontecendo aqui... — disse Matias, pensativo.
— Eu também tenho essa sensação. — Alessandro respondeu, olhando pela janela.
— Vacilamos feio. — Matias disse, tocando a testa com frustração. — Aquele homem de branco é o Consigliere de Santiago.
Alessandro abriu a porta do carro e entrou na casa de Victor com um olhar de determinação, com Matias e Yuri logo atrás. O que eles descobriram deixou todos em choque. Victor estava sendo chantageado, forçado a trair para proteger sua família, que estava sendo mantida como refém.
Alessandro tentou proteger a família de Victor, mas falhou. Um dos assassinos, sem piedade, matou a esposa de Victor, que estava grávida, e a criança que ela carregava no ventre.
Yuri, no entanto, conseguiu salvar a criança de colo, levando-a de volta para a mansão com ele.
Matias, enfurecido, bateu nos capangas até que ficassem desacordados, depois os arrastou para um galpão abandonado, onde tentou extrair deles qualquer informação útil.
...☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆...
Na mansão, Otávio ordenou com frieza:
— Deixa a criança aqui por enquanto. Depois decidimos o que fazer com ela. — Ele se virou para Yuri. — Dê uma boa quantia em dinheiro para as empregadas que não estavam envolvidas com o Victor. Caroline puniu elas injustamente. Se algumas quiserem ir embora, pode deixar. Eu vou sustentá-las, mesmo sem elas trabalharem.
A criança começou a chorar com força, os gritos ecoando pelos corredores.
— Faça ela ficar quieta. — Otávio disse com raiva, perdendo a paciência.
— Estou tentando! — Alessandro respondeu, balançando a criança, mas ela não parava de chorar.
Ele a balançava mais forte, desesperado, mas a menina chorava cada vez mais alto. Otávio, apesar de sua frieza, se lembrou de que a criança não sabia o que estava acontecendo ao seu redor e não tinha culpa de nada.
Do quarto, Mirella ouviu o som angustiante do choro de um bebê. Ela sentiu um arrepio gelado no corpo e não teve escolha senão sair de seu refúgio e procurar pela criança.
Ao chegar perto do escritório, ela viu Alessandro levantando a menina no ar, tentando acalmá-la. Mas o que ela viu a fez se arrepiar de medo.
— O que você está fazendo? — Mirella gritou, correndo até Alessandro, pegando a criança com firmeza.
— Srta... Eu... — Alessandro tentou se explicar, mas Mirella estava em um estado de pânico.
— Calma, já passou... Não precisa chorar... — ela sussurrou para a menina, tentando acalmá-la, sua própria voz trêmula.
De repente, Matias entrou no escritório com uma expressão de pesar.
— Sr. Acabamos de enterrar o Victor ao lado da sua esposa e o bebê que estava na barriga dela. — Matias falou com um tom duro.
Mirella ficou paralisada, a horrível revelação quase fazendo seu coração parar. Ela olhou para Alessandro, Matias, Yuri e Otávio, sem conseguir acreditar no que estava ouvindo.
— O que vocês fizeram...? — Ela perguntou com uma voz tensa e cheia de terror, sua respiração acelerada.
Ela achou que Otávio havia ordenado a morte da família de Victor, mas a verdade era ainda mais assustadora.
Alessandro percebeu o tremor de Mirella e foi até ela, tentando alcançar a criança que ela segurava em seus braços. Mas, antes que ele pudesse se aproximar, Mirella levantou a mão, sua expressão tomada de pânico.
— Pra trás! Não chega perto dela! — gritou Mirella, recuando até o quarto. Ela estava apertando a bebê contra seu peito.
Alessandro parou, uma expressão desconcertada no rosto, mas ele obedeceu, sabendo que qualquer movimento errado poderia agravar ainda mais a situação.
— Deixa ela levar a criança, Alessandro. — Otávio mandou de maneira impessoal, quase com um suspiro de exasperação, como se já estivesse cansado da resistência de Mirella.
Alessandro deu um passo atrás, ainda observando com uma mistura de pena e frustração enquanto Mirella se afastava, trancando a porta atrás de si com um estalo seco.
Dentro do escritório, Otávio observou a cena com um olhar que parecia medir cada movimento. Ele havia se tornado um homem cruel e calculista, mas sua frieza não poderia esconder o que ele era por dentro. Um monstro que, mesmo assim, ainda se via amarrado pela necessidade de controlar tudo ao seu redor.
— Sr., — Yuri interrompeu, entrando na sala com um ar preocupado. — As empregadas querem continuar trabalhando. Nenhuma delas quis sair, e algumas me disseram que precisam de um tempo para se recuperar.
Otávio olhou para Yuri com uma expressão que misturava incredulidade e raiva. Ele estava farto de ser interrompido, mas antes que pudesse dizer algo, Alessandro entrou na conversa.
— Deixa elas. Elas têm um vínculo com a senhora. — disse Alessandro, seu tom mais suave, mas firme. Ele sabia que Mirella estava começando a se tornar uma peça fundamental no quebra-cabeça que Otávio estava montando.
— A senhora... — Otávio olhou com desconfiança, a mente voltando para o que estava acontecendo.
— Sim. A senhora sempre ajuda as empregadas. Ela as defende quando elas são maltratadas, mesmo que às vezes nem tenha força para se defender. Ela tem sido um tipo de âncora para elas. — Yuri explicou, evitando a tensão no ar.
Otávio permaneceu em silêncio por um momento.
— Avisem elas que podem voltar ao trabalho quando se recuperarem. — disse ele finalmente, em um tom que não dava espaço para discussões. — Mas se alguma delas causar problemas, eu tomo providências.
Yuri assentiu, sem hesitar, e saiu em direção à cozinha para cumprir as ordens.
Mirella, sozinha no quarto, ainda tremia. Ela olhou para a criança nos braços, a pequena em silêncio agora, mas seus olhos ainda estavam cheios de medo. Mirella sabia que aquela criança, agora órfã, estava em suas mãos. Ela não podia fazer muito, mas sentia uma necessidade urgente de protegê-la de tudo que ela própria não conseguia escapar.
Ela olhou pela janela, o céu escuro refletindo a sua desesperança. Seu olhar se perdeu na imensidão da noite. "Eu preciso sair daqui. Não posso esperar mais. Mas como?" A ideia de fugir parecia impossível, mas a necessidade de liberdade crescia cada vez mais dentro dela.
Ela se deitou na cama, olhando para o pequeno corpo que agora estava em seus braços. "Eu te protegerei, pequena. Mas eu não sei por quanto tempo."
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Atualizado até capítulo 89
Comments
Leonor Santana
Porque esse monstro do Otávio não vai investigar a mulher que pensa ser a sua mãe ela sim é a verdadeira traidora junto com o pai da Mirella.
2025-03-12
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Gilciane Ferreira dos Santos
nao entendi ela consegue fugir a noite pra trabalhar, mas nao consegue fugir de casa
2025-02-28
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Josy Diniz
calma gente,a história tá no começo, eu acredito que a autora vá desenrolar ainda a história
2025-01-25
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