Naquela madrugada silenciosa, a casa de Mirella estava repleta de murmúrios e expectativa. Stela e Ayla se sentaram na beira da cama, seus olhos brilhando com a notícia que vinham a dar. Mirella, ainda em um sono leve, abriu os olhos lentamente ao ouvir o nome sendo chamado repetidamente, como um eco no vazio da casa.
— Srta. Mirella, senhorita, senhorita... — As vozes de Stela e Ayla atravessaram o silêncio da noite.
Ela despertou, ainda atordoada, seus olhos se ajustando à luz fraca que entrava pela janela. Luna, ao seu lado, se mexeu levemente, sentindo a perturbação do ambiente, mas permanecendo adormecida.
— O que aconteceu? — Mirella perguntou, ainda com a voz embargada, tentando entender o que estava acontecendo.
— Por que essa gritaria? — Luna perguntou, acordando com o som da conversa animada das meninas.
Stela e Ayla estavam tão excitadas com a novidade que mal podiam esperar para contar. Elas se sentaram ao lado de Mirella na cama, seus rostos iluminados pela adrenalina da notícia.
— Esta madrugada, conversamos com a Bia. Ela conseguiu a vaga de emprego para você. — Ayla falou com uma expressão de esperança.
Mirella levantou as sobrancelhas, sua mente processando a informação, tentando fazer sentido de tudo.
— Vocês estão falando sério? — A voz de Mirella refletia uma mistura de incredulidade e gratidão.
— Sim! — Stela respondeu com um sorriso largo. — A madame Lívia disse que você pode começar hoje mesmo.
Mirella ficou por um momento em silêncio, seu coração batendo mais rápido enquanto ela processava a notícia. Era um grande passo, um passo que a levaria mais perto de sua independência. Mas, por outro lado, o peso da decisão também a atingia. O que isso significaria para ela? Para o futuro? Para o que ela teria que enfrentar nesse novo trabalho?
— Hoje? — ela murmurou — Não vai ter entrevista de emprego? — perguntou, desconfiada.
— Não. Você foi indicada pela Bia, e a madame confia muito nela. Por causa disso, você não vai precisar passar por entrevista. — Ayla explicou, com um brilho nos olhos.
Mirella sorriu, seu sorriso sincero, mas também cheio de incerteza. Ela sabia que estava fazendo isso por uma razão maior, salvar sua família, salvar sua mãe e suas irmãs. E embora a ideia de trabalhar em um lugar como aquele lhe causasse desconforto, ela sabia que, para alcançá-los, precisaria fazer qualquer coisa.
— Eu sabia que podia contar com vocês. — Mirella puxou Ayla e Stela para um abraço apertado, sentindo uma onda de emoções misturadas. O alívio pela oportunidade, a dor das circunstâncias, a ansiedade pelo futuro.
Nesse momento, Cecília entrou no quarto, carregando uma caixa nas mãos. Ela estava quieta, observando a cena com um semblante sério, como se estivesse ali, mas ao mesmo tempo distante.
— Qual é o motivo de tanta alegria? — Perguntou Cecília, quebrando o silêncio que pairava no ar.
— Acabamos de contar para a senhorita Mirella sobre a vaga de emprego. — Stela respondeu, ainda sorrindo, mas com um toque de preocupação na voz.
Cecília olhou para Mirella com uma expressão de dúvida, antes de descer os olhos para a caixa que ela segurava.
— O que tem nessa caixa? — Luna perguntou, curiosa.
Cecília colocou a caixa na cama, e Mirella, com uma expressão nervosa, a abriu. Quando ela viu o conteúdo, seu coração apertou. O uniforme era... chocante.
— Srta. Você vai usar essa coisa? — Luna estava indignada, com as sobrancelhas franzidas.
O uniforme era provocante, com um decote que chegava até o limite do que era aceitável, e um design que fazia com que as coxas e parte das nádegas ficassem expostas. A peça era, sem dúvida, sensual demais, e não deixava nada para a imaginação.
— Srta. Esse uniforme é inapropriado demais. As suas coxas vão ficar de fora, a polpa da sua bunda, as suas costas... olha esse decote perto do peito. — Stela disse, quase sem palavras de espanto.
Mirella olhou o uniforme, com a mente fervilhando de dúvidas. Era humilhante, era constrangedor, mas... era o preço a pagar. A solução para o seu problema estava ali. Para ela, era um passo necessário. Ela olhou para as meninas ao seu redor, tentando esconder a angústia que sentia.
— Srta. Esse uniforme está parecendo uma lingerie. — Ayla acrescentou, com a voz carregada de preocupação.
Mirella não se deixou abalar. Ela sabia o que estava em jogo.
— Srta. Você está disposta a vestir isso? — Stela perguntou, com uma expressão séria, como se estivesse tentando entender se Mirella realmente sabia o que estava fazendo.
Mirella respirou fundo antes de olhar para elas com uma determinação silenciosa. Ela era a única que entendia a urgência da situação. O fardo que ela carregava era pesado, mas ela não podia desistir. Sua mãe e suas irmãs precisavam dela, e ela faria o que fosse necessário para garantir a segurança delas.
— Sim! — ela respondeu com firmeza, apesar da dor no peito. — Apesar de ser muito sensual, e uma peça linda... Eu não me importo de usar roupas assim, o mais importante para mim é conseguir juntar dinheiro.
As palavras de Mirella ressoaram na mente de todas ali. A luta que ela enfrentava não era apenas contra a miséria, mas contra o próprio sistema que a aprisionava. A sujeição, a humilhação, a perda da própria identidade, tudo isso era o preço de um futuro melhor para sua família. Mas ela estava disposta a pagar esse preço.
Stela e Ayla olharam para ela, ainda com um misto de apreensão, mas também de respeito. Elas sabiam que Mirella não estava fazendo isso por capricho, mas por necessidade. O sacrifício que ela estava disposta a fazer era maior do que qualquer uma delas poderia entender.
— Srta. Eu sei que a senhorita está fazendo isso pela sua família. Mas... isso vale a pena? — Ayla perguntou, sem conseguir esconder a preocupação.
Mirella se virou para as meninas, seus olhos cheios de uma tristeza silenciosa, mas também com uma força que só os que já haviam sido quebrados podiam entender.
— Vale muito a pena! — disse ela, com uma voz firme, que não tremia. — Pela minha mãe e minhas irmãs, eu estou disposta a fazer qualquer coisa...
As meninas se olharam, sem saber o que dizer. Elas entendiam, mas não podiam aceitar completamente. Não sabiam se o preço que Mirella estava prestes a pagar valeria a pena no final. Mas uma coisa era certa, ela estava decidida, e elas não podiam impedir sua escolha. O que quer que acontecesse a seguir, Mirella enfrentaria sozinha. Ela já havia decidido.
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Atualizado até capítulo 89
Comments
Leonor Santana
Porque esse marido crápula não manda investigar a vida dela e da família toda inclusive até da mãe dele pois pra mim essa mulher não é sua verdadeira mãe.
2025-03-12
0
Quitéria Santos
autora por favor não deixe que nada de ruim aconteça com a Mirella ela tem um coração que nem todas tem
2024-12-21
1
Cristina Piveta
o autora não deixa a Mirella ir pra esse bordel misericórdia
2024-12-13
1