SEQUESTRO

Na sala da matilha, a tensão pairava no ar enquanto Arya encarava seu filho, com uma expressão de preocupação. A luz suave da tarde filtrava-se pelas janelas, mas o clima estava longe de ser ameno.

— Meu filho, quando você marcará sua esposa? — exclamou ela, cobrando-o com uma urgência que não podia ser ignorada.

— Eu não quero pensar nisso agora! — Órion respondeu, sua voz ressoando com impaciência. Ele se sentia pressionado, e a ideia de tomar uma decisão tão importante parecia esmagadora.

— A lua cheia está se aproximando — insistiu Arya, sua preocupação crescente. — Freya pode se tornar um alvo para os outros lobos. Você precisa fazer isso logo!

Órion respirou fundo, tentando controlar a frustração que o dominava.

— Os Deuses quiseram que eu me casasse com ela, eu me casei! — ele disse, sua voz mais alta e cheia de emoção. — Mas não aceito que me obrigue a fazer isso! Eu não irei marcá-la, pois ela é insignificante para mim!

As palavras cortaram o coração de Arya. Ela observou seu filho se afastar, deixando-a frustrada e aflita. A matriarca sabia que a proteção da matilha e a harmonia eram fundamentais, mas a indiferença de Órion em relação a Freya a deixava preocupada.

Sozinho, Órion saiu da sala e foi para fora, buscando um pouco de ar fresco para acalmar sua mente agitada.

Enquanto isso, Freya estava voltando para casa, os pensamentos confusos e pesados em sua mente. Quando se cruzaram, ela manteve o olhar fixo no chão, o rosto contraído em uma mistura de determinação e insegurança. Órion, por sua vez, a olhou com seriedade, mas ambos se abstiveram de trocar palavras. O silêncio falava mais alto do que qualquer conversa poderia.

Freya entrou em casa, sentindo o peso da situação em seu coração. Órion, por sua vez, seguiu em direção ao vilarejo, imerso em seus próprios pensamentos. A tensão entre eles era palpável, e ambos sabiam que o futuro da matilha e suas próprias vidas estavam entrelaçados de maneira complexa e, talvez, complicada. O que o destino reservava para eles? Somente o tempo diria.

...****************...

Naquela noite silenciosa, Freya sentiu um leve aperto no estômago, um sinal de que a fome começava a se manifestar. Determinada a saciar seu desejo, ela se levantou e caminhou em direção à cozinha, em busca de alguma fruta que pudesse oferecer um alívio à sua inquietação.

Enquanto avançava pelo corredor, algo a fez hesitar. A porta do quarto de Órion estava entreaberta, e, por um impulso quase involuntário, seus olhos se fixaram no interior do cômodo. O que ela viu a deixou paralisada: Órion e Missandre estavam juntos, envolvidos em um momento de intimidade. Ele a beijava intensamente, suas mãos explorando o corpo dela com uma ferocidade que a fez sentir um nó na garganta.

O coração de Freya disparou, e um medo profundo a invadiu ao perceber a cena diante de si. Foi então que, em um instante que parecia eterno, Órion, com seus instintos aguçados, percebeu a presença dela. Ele ouviu os batimentos acelerados de seu coração e sentiu o aroma familiar que a acompanhava. Com um olhar penetrante, ele se voltou para a porta e a avistou ali, paralisada e atônita.

Assustada, Freya não hesitou. Em um acesso de pânico, ela se virou e correu de volta para seu quarto, trancando-se atrás da porta como se isso pudesse protegê-la da tempestade emocional que a consumia. Seu coração ainda batia descompassado, e a mente estava em tumulto. Ela temia que Órion a seguisse, que sua fúria se voltasse contra ela por ter invadido um momento tão íntimo. A incerteza a envolvia, e o medo a mantinha acordada naquela noite.

No dia seguinte, a luz suave da manhã filtrava-se pelas cortinas do quarto de Freya, trazendo um novo dia repleto de promessas e incertezas. Ela ainda estava imersa em seus pensamentos turbulentos quando a porta se abriu com um suave rangido.

Liana, com seu jeito energético e sorriso iluminado, entrou no quarto, trazendo consigo o aroma reconfortante de frutas e pães frescos.

— Bom dia, Freya! Acorda, dorminhoca! — exclamou, com uma animação contagiante.

Freya gemeu baixinho, puxando o cobertor sobre a cabeça, tentando se refugiar da realidade que a aguardava lá fora. Mas Liana não se deixou abalar. Com um movimento ágil, ela puxou o cobertor, revelando o rosto de Freya, que ainda estava com os olhos sonolentos e a expressão de quem havia passado uma noite inquieta.

— Venha, você não pode ficar assim para sempre — disse sua cunhada, com uma leve risada. — O sol está brilhando, e eu preparei um café da manhã especial. Precisamos conversar sobre os planos para hoje. E eu quero saber como você está se sentindo.

Freya hesitou por um momento, lembrando-se da cena da noite anterior, mas o olhar gentil de Liana a encorajou a sair de sua concha. Ela se levantou lentamente, tentando afastar as nuvens de tristeza que ainda pairavam sobre sua mente. Era hora de enfrentar o dia e, quem sabe, encontrar um pouco de clareza em meio à confusão. Liana sempre tinha um jeito especial de trazer alegria e leveza, e Freya sabia que precisava disso mais do que nunca.

— Está bem, estou indo — respondeu Freya, com um sorriso tímido, enquanto se espreguiçava e se levantava da cama. Com um último olhar para sua amiga, ela começou a se preparar para enfrentar o novo dia.

Enquanto Freya e Liana caminhavam pela floresta na manhã seguinte, desfrutando do ar fresco e da luz do sol que filtrava pelas árvores, uma sensação de tranquilidade as envolvia. Riam e conversavam sobre coisas cotidianas, sem perceber que estavam se afastando cada vez mais de casa.

De repente, o ambiente ao redor delas mudou. O canto dos pássaros foi silenciado, e um frio inquietante percorreu o ar. Freya parou, sentindo uma presença estranha, mas Liana, distraída, continuou a andar à frente. Foi então que, sem aviso, homens comuns surgiram das sombras das árvores, cercando-as com movimentos rápidos e coordenados.

— O que vocês querem? — Freya gritou, o coração disparado.

Os homens não responderam. Com uma precisão assustadora, eles agarraram as duas jovens, puxando-as para longe do caminho.

Liana sentiu a transformação se aproximar, a energia da loba dentro dela começando a se manifestar. Seus sentidos se aguçaram, e o instinto de proteção tomou conta, mas foi golpeada na cabeça fortemente antes que pudesse lutar.

Freya, horrorizada, tentou correr até Liana, mas logo foi interceptada por outro homem, que a segurou com força. — Não! — ela gritou, mas seu grito foi abafado. O homem desferiu um golpe em sua cabeça, e a escuridão a envolveu.

Os dois corpos caíram no chão da floresta, inconscientes, enquanto os homens as arrastavam, levando-as para trás da muralha que separava os lobos dos homens comuns. A floresta, que antes parecia um refúgio, tornara-se um labirinto de sombras, com o destino das duas jovens, agora incerto, longe da proteção de sua matilha.

...****************...

Órion retornou de uma missão com a alcatéia, sentindo a familiaridade do cheiro da floresta e a tranquilidade que sempre o envolvia. No entanto, ao avistar Arya correndo em sua direção, seu coração se apertou. Ela estava pálida e seus olhos, arregalados de desespero.

— Órion! — exclamou, a voz trêmula. — Freya e Liana sumiram!

A reação de Órion foi instantânea. A ferocidade tomou conta dele, e ele fechou os olhos, tentando captar o cheiro e os batimentos de Freya. Mas havia um vazio, uma ausência que o deixou inquieto. Ele balançou a cabeça, tentando entender porque não conseguia sentir a presença dela.

— Elas foram para onde a última vez? — perguntou Lucky, com a voz firme, tentando manter a calma em meio ao caos.

— Os ômegas disseram que as viram entrando na floresta — respondeu Arya, a angústia transparecendo em sua voz.

Nesse momento, o instinto protetor de Órion afloriu. Sem hesitar, ele se transformou no lobo negro feroz que todos conheciam, um ser imponente que emanava poder e determinação. Com um último olhar para Arya, ele se lançou na floresta, seu corpo ágil deslizando entre as árvores.

Os outros lobos da alcatéia, instigados pela urgência de Órion, o seguiram, formando uma linha de sombras correndo pela mata. O cheiro da terra e das folhas esmagadas era tudo o que podiam sentir, mas a urgência de encontrar Freya e Liana os impulsionava. A alcatéia sabia que o tempo era precioso, e eles não descansariam até que as duas jovens estivessem de volta em segurança.

Órion liderava a corrida, seus sentidos aguçados buscando qualquer pista que pudesse levá-los até elas.

Freya olhou ao redor, o coração acelerando à medida que a realidade se tornava mais clara. Ambas estavam presas em uma sala escura e úmida, com correntes pesadas em volta de seus pulsos e tornozelos, impossibilitando qualquer tentativa de fuga. O metal frio parecia uma extensão do medo que as envolvia.

— Liana! — Freya exclamou, angustiada.

— O que aconteceu?

Liana tentou se mover, mas as correntes a mantinham firmemente amarrada.

— Eu… não sei. Eu estava quase me transformando quando um deles me golpeou.

Sua voz estava carregada de frustração e desespero.

Freya sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Elas estavam isoladas, sem a proteção da matilha, e a sensação de vulnerabilidade era esmagadora.

— Precisamos encontrar uma maneira de nos soltar antes que eles voltem — disse ela, olhando em volta em busca de algo que pudesse ajudá-las.

— Não podemos desistir — Liana respondeu, seu espírito lutador ainda presente. — Se conseguirmos nos libertar, podemos encontrar um jeito de voltar para a floresta.

Freya assentiu, determinada. Elas começaram a examinar as correntes e o ambiente ao redor, tentando encontrar uma fraqueza que pudesse ser explorada, mas era em vão.

Longe dali, na floresta, Órion corria com uma determinação feroz. O vento soprava através da copa das árvores, mas ele se concentrava apenas nos rastros de cheiro de Freya, que o guiavam como um rastreador. A alcatéia o seguia, cada um deles movendo-se em perfeita sincronia, a urgência de encontrar as duas jovens pulsando em todos os seus corpos.

Finalmente, depois de correr por um tempo, parecia uma eternidade, em meio ao cheiro da terra e das folhas, ele ouviu o coração de Freya batendo. A batida era rápida, e isso o deixou aliviado, mas também preocupado. Órion sentia o cheiro dela com uma intensidade crescente, e a conexão que compartilhavam o guiava em direção à muralha que cercava o mundo dos homens comuns.

Com um movimento rápido, o Alfa começou a se dirigir à muralha. Ele sabia que, uma vez lá, precisaria encontrar uma maneira de entrar.

Sua mente estava repleta de estratégias, mas sua única certeza era que não havia tempo a perder.

Quando os lobos chegaram à muralha, homens armados os aguardavam em posição de sentinela, observando cada movimento com olhares cautelosos. Órion, em um ato decidido, voltou à sua forma humana, seus músculos se contraindo sob a pele enquanto os membros da sua alcatéia o acompanhavam, transformando-se também. Com um olhar feroz e imponente, ele encarava os homens que, mesmo armados até os dentes, tremiam visivelmente diante dele, a aura de poder que emanava de sua presença era inegável.

— Não queremos guerra! — gritou o líder dos homens, sua voz trêmula traindo o medo que sentia.

Órion fixou seus olhos nele, a intensidade de seu olhar fazendo o homem hesitar. Com os dentes rangendo de raiva, ele exclamou:

— Onde estão elas?

O homem, percebendo a gravidade da situação, respirou fundo antes de responder.

— Elas estão vivas! — disse, a urgência em sua voz. — Apenas quero que devolvam os meus homens!

Órion parou por um momento, permitindo que as palavras ecoassem em sua mente. O que ele ouviu o fez refletir. Sabia que haviam homens comuns que estavam sob a guarda da alcatéia, e a proposta começou a tomar forma.

— Soube que vocês têm nossos homens como prisioneiros. Devolvam-nos, e entregaremos as duas — exclamou o homem, a esperança brilhando em seus olhos.

A fúria ainda ardia dentro de Órion, mas a lógica começou a prevalecer sobre a impulsividade. Ele respirou fundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções.

— Então entregue-as! — ordenou ele, sua voz ressoando como um trovão.

— Amanhã, tragam meus homens e nós as entregamos a você! — afirmou o líder, um semblante de determinação surgindo em seu rosto.

Órion olhou para Lucky, que estava ao seu lado, e viu a aprovação refletida em seu olhar. A confiança de Lucky sempre foi um pilar de força para a alcatéia, e isso o encorajou a prosseguir com o acordo.

Virando-se novamente para o homem, Órion falou com uma intensidade que fez a tensão no ar aumentar. — Se vocês as machucarem, eu os devorarei em pedaços e entregarei seus homens aos meus lobos. — A fúria estampada em seu rosto era inegável, cada palavra carregava a promessa de um destino sombrio caso a palavra deles não fosse cumprida.

Os homens nas sentinelas, agora mais pálidos do que antes, entenderam que o que estava em jogo ia muito além de um simples acordo. Os corações pulsavam com medo e determinação, e o destino de Freya e Liana dependia do resultado daquela tensa troca de palavras.

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Comments

Isabel

Isabel

até q tô gostando mais cara pra que deixar a porta aberta quando vai fzr coisa errada vei coitada da mina deve tá até de depressão ja

2024-12-18

0

Taty

Taty

ele é um nojento , mesmo ele não aceitando ela como sua companheira ele casou com ela não tem o direito de trair

2025-01-29

0

Renascida das cinzas

Renascida das cinzas

os deuses poderiam castigá-lo, e pensando melhor, o castigo mais adequado, seria torná-lo humano até ele aceitar Freya.

2025-01-28

0

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