— Alteza, não deveria ter saído desse modo, todos ficamos muito preocupados — Meredith iniciou o seu monólogo extenso cheio de reprimendas à Elizabeth que a escutava desinteressadamente. Ainda pensava na melhor maneira de abordar a mentira da empregada quando foi surpreendida com uma das criadas adentrando em seus aposentos carregando uma caixa branca decorada com um laço de cetim cor de rosa.
— Princesa, isso é para vossa alteza — a criada anunciou, deixando a caixa em cima da mesa. Meredith se calou e a observou com os olhos atentos. Elizabeth se aproximou do misterioso item, rodeando-o cuidadosamente.
— Quem deixou?
— Eu não sei, estava em frente a sua porta — a princesa lançou um olhar ressabiado em direção a caixa. Era muito suspeito. Incerta se deveria aceitar o presente, especialmente após a sua origem misteriosa, observou Meredith pelo canto dos olhos que parecia tão intrigada quanto ela própria.
Por fim, decidiu abrir a caixa tendo o maior cuidado possível. Para a sua surpresa, no interior havia um par de sapatos cor de rosa decorados com renda branca e pérolas minúsculas. Eles estavam sobre várias camadas de tecido cor de rosa enfeitadas com rosetas bordadas em ouro, mais tarde descobriu ser um lindo vestido com rendas e mais pérolas.
Quando Elizabeth retirou o traje, notou que havia caído no chão um papel mirrado e simples. Ela o pegou.
“ Espero que o vestido seja do seu agrado, ficarei contente ao vê-la com ele esta noite durante o banquete de boas vindas.
PS: Não faça nada de imprudente, continuaremos nossa conversa mais tarde”
Não havia um remetente no fim do bilhete, contudo, não era preciso. Ela sabia a quem pertencia. As criadas ainda tinham os olhos sobre a sua figura, ciente disso, escondeu o envelope em um dos bolsos internos de seu vestido e virou-se para Meredith.
— A que horas começa o banquete?
— Às 19h — respondeu, prontamente.
— Certo, irei usar o vestido, por favor, deixe-o pronto — após o seu pedido, Elizabeth caminhou em direção a sacada, observando com grande desinteresse a paisagem. Ela notou que faltavam poucas horas para o pôr do sol, significando que em breve estaria no salão de banquetes.
Elizabeth se observou no espelho por longos minutos. Não gostou do vestido que usava, era grande demais, enfeitado demais, apertado demais. Tudo isso a incomodava,. contudo recebera de presente, o que significava que não tinha muitas opções senão usá-lo e fingir grande satisfação por isso, mas o que realmente a incomodava era a maquiagem que carregava a sua pele, sentia-se uma boneca de porcelana, mas não daquelas bonitas e delicadas, era mais como as bonecas de porcelana de tia Nancy, uma anciã velharaca que foi responsável pela criação de Elizabeth junto de Karine. Era a empregada mais velha do castelo de Guinness, acompanhando diversas gerações dos monarcas. Também era famosa por sua coleção de brinquedos de aparência questionavél e seu quarto carregava a fama de ser um terror a parte com pilhas e mais pilhas de bonecas de todos os tamanhos e estilos, quanto mais esquisito, mais Tia Nancy gostava.
Ao relembrar de tia Nancy e de Karine, uma forte onda de saudade se abateu sobre ela, seus pensamentos foram logo interrompidos por Meredith que falava com certa satisfação:
— A princesa está muito bonita e essa maquiagem esconde suas imperfeições — Elizabeth fechou as mãos em punhos e com muito esforço não atacou Meredith.
— Obrigada pelos seus trabalhos, podem se retirar — disse, contendo a sua raiva.
— Eu ficarei com a princesa — anunciou.
— Não há necessidade — Elisabetha cortou, atravessada.
— Claro que há.
— Por favor, Meredith, saia — disse imperiosamente. Era nítido que estava raivosa e controlava da melhor maneira a sua irritação. Meredith obedeceu silenciosamente. Elizabeth esperou até que não houvesse resquício da presença das criadas e então virou-se para o espelho. Sentia-se ridícula. Com um movimento, passou as mãos sobre o rosto, retirando todo o pó e creme que ali havia. Ela enxaguou a face abundantemente e quando se encarou no espelho, sorriu satisfeita. Finalmente conseguia ver a si mesma.
Antes que pudesse fazer qualquer outro movimento, um barulho seco e alto irrompeu sobre os seus aposentos. Era a porta.
— Quem é? — indagou, caminhando em direção à entrada de seu quarto.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 93
Comments
Rosária 234 Fonseca
eu também aprecio algo leve e também natural
2024-10-08
1