capítulo 15

A princesa caminhou para a área externa e encontrou uma árvore de troncos de grandes dimensões. Com a ponta da flecha desenhou o seu alvo e começou a praticar.

Por mais que detestasse admitir, as aulas de Callister foram muito boas, pois ela acertava ao menos a linha do alvo com certa regularidade, o que era um avanço muito grande para alguém com inexperiência.

O tempo foi se passando sem ela perceber. Estava tão imersa ao praticar com o arco que se esqueceu do que acontecia ao redor e até mesmo do motivo que a levou até aquele lugar inóspito. A princípio, ela imaginava acertando a cabeça de Callister com as flechas, mas depois passou a simplesmente focar na árvore à sua frente que começava a ter buracos no tronco e onde uma seiva pegajosa começava a escorrer.

Elizabeth mirava novamente no alvo quando…

— Aí está você — uma voz grave lhe atingiu, pegando-a de surpresa. Devido ao susto, acabou soltando a corda e a flecha saltou em um zunindo indo em direção alvo e acertando-o em cheio. Era a primeira vez que lhe acontecia tal feito. Ela poderia estar muito orgulhosa de si mesma se não tivesse reconhecido o dono da voz. A princesa se virou lentamente para a figura do imperador — você acertou o alvo — ele disse, parecia bastante satisfeito.

— É o que pareça — retrucou, caminhando em direção ao tronco e arrancando as flechas anexadas.

— Pelo visto encontrou o arsenal antigo — ele comentou, olhando o redor.

— Está há muito tempo abandonado? — indagou, genuinamente curiosa.

— Não sei ao certo, o palácio esconde muitos mistérios e mesmo vivendo uma vida aqui dentro não é o suficiente para descobri-los, por isso que uma novata como você deveria se resguardar mais e evitar sair perambulando por aí — ela evitou bufar de desagrado ao escutar a implicação do imperador.

— Não quis incomodar — respondeu simplesmente. Estava tentando se conter e evitar um desastre, contudo estava sendo uma tarefa árdua.

— Seria um incômodo se você se machucasse — ele retorquiu, aproximando-se da princesa — você é minha responsabilidade e tenho que me assegurar que nada lhe aconteça — ao escutar a preocupação fingida do homem, ela explodiu:

— Por isso designou uma empregada bisbilhoteira e com manias de etiqueta para mim? — Callister franziu o cenho, parecia verdadeiramente intrigado.

— E o que a fez pensar isso?

— A própria empregada admitiu que havia sido designada pessoalmente por você — Callister a encarou por longos segundos, estava sério, muito sério, o que fez Elizabeth ficar preocupada. Será que de fato ele não tinha ciência de Meredith e que a empregada estava mentindo para ela? Antes que ele pudesse lhe responder, um dos cavaleiros do Imperador adentrou nos estábulos, apressado.

— Vossa Magnificência, o conselho de Auros o está convocando referente a um motim nas ilhas do leste — disse apressadamente. O imperador assentiu e se virou para Elizabeth.

— Mais tarde continuamos a nossa conversa. Osborne, leve a princesa Elizabeth até os seus aposentos — desferida a ordem, Callister se distanciou com passos firmes e decididos. Elizabeth o observou sumir em meio as árvores densas e profusas.

— Acompanhe-me, alteza — Osborne a chamou, fazendo Elizabeth movimentar os pés em direção à suntuosa construção onde se hospedava. Sua mente fervilhava durante todo o caminho.