— Mas que coisa terrível! — Karina exclamou horrorizada enquanto preparava um banho de sais perfumados.
— Eu estou tão nervosa! Tenho tanto medo…
— Seu pai jamais aceitaria isso, fique tranquila — Karina tentou apaziguar os sentimentos de Elizabeth, mas sem muito sucesso.
— Se eu não concordar, todos estaremos em perigo. Ele quer aquelas malditas minas e me usar como refém para garantir seus direitos sobre elas. Se ao menos eu pudesse convencê-lo… — Elizabeth se calou subitamente. Seus olhos vidraram na água plácida e perfumada onde o vapor subia.
— Nem pense nisso — Karina disse em tom de aviso.
— Nisso o quê? — Elizabeth piscou os olhos algumas vezes, virando-se para Karina que permanecia parada a sua frente com os braços cruzados.
— Não me importa o que esteja planejando, mas não quero que vá atrás dele. Não sabe o que ele pode fazer com você.
— Nem passou pela minha cabeça — mentiu, retirando o vestido e adentrando na água.
— Espero que não. Ele não é uma boa pessoa, é ganancioso e frio, estaria disposto a usar os meios mais baixos para conseguir o que quer.
— A última coisa que pretendo fazer é me encontrar com ele.
— Ótimo, agora deixe-me limpá-la para que tenha uma boa noite de sono.
Karine tagarelava enquanto esfregava diligentemente o corpo de Elizabeth que permanecia absorta em seus pensamentos. Estava ansiosa para que Karine terminasse todo o ritual do preparo noturno, assim poderia se ver livre dela e partir para sua expedição. Se ela confiava em si mesma para a execução dos planos? Bem, algum tipo de confiança tinha para cogitar pôr seus planos em ação.
— Tenha bons sonhos — Karine se despediu, fechando a porta do quarto. Elizabeth esperou por alguns minutos e então se levantou da cama.
Segurando uma lamparina em mãos, ela atravessou os corredores do castelo. Os guardas já não lhe interrompiam, sabia que era impossível controlar seus hábitos pouco convencionais. Era natural que em noites quentes de verão, ela caminhasse para os jardins para se refrescar, mas naquela noite, o seu destino não eram os simplórios e pequenos canteiros que ladeavam o castelo.
Elizabeth tinha uma vaga noção de onde poderiam ser os aposentos de Calister, ela julgou ser próximo ao lugar onde o atingiu com uma almofada.
Ao chegar no corredor, verificou através da fechadura se haviam luzes acesas. Apenas uma única porta emitia uma fraca luz. Ela bateu na porta de carvalho maciça e esperou pacientemente. Minutos depois, a figura de Calister surgiu pelo batente. Ele a olhou de cima a baixo, silenciosamente.
— Posso conversar com você? — Elizabeth perguntou, estava nervosa com a situação peculiar.
— Entre — Callister disse, abrindo uma passagem.
Elizabeth atravessou o batente e assim que estava dentro do cômodo, ouviu a porta se fechar atrás de si. Ela sentiu suas mãos tremerem e a luz da lamparina tremeu junto.
— Pode deixar a lamparina na cômoda, ficará mais confortável — assim ela o fez e então se virou para o homem que a observava com os braços cruzados — o seu pai te enviou?
— Não, ele não sabe que estou aqui — ela engoliu em seco, não sabia se deveria ter revelado a última parte, provavelmente tivesse acabado de se colocar em perigo.
— Então ele não te mandou me seduzir?
— O quê? — a voz de Elizabeth desafinou.
— Não, pelo visto não. Então me diga, o que faz aqui no meio da noite? — Elizabeth puxou uma lufada de ar, como se buscasse por coragem e então, falou:
— Vim pedir para que reconsiderasse.
— Reconsiderar?
— Sim, o pedido para que eu vá junto com vocês — os olhos de Calister a observaram analiticamente, como se tentasse desvendar os mistérios de sua mente.
— Isso é impossível.
— Por quê? Você conseguiu o que queria, colocou taxas sobre as minas, por que eu preciso estar incluída na negociação?
— Isso não é uma negociação entre dois comerciantes, princesa. Preciso estar seguro de que tudo ocorra bem.
— A palavra de meu pai é decente o suficiente para valer alguma coisa — retrucou, ofendida com a insinuação do homem.
— Eu não disse que a palavra de seu pai não valha algo, mas não posso partir sem a segurança de que o acordo será cumprido.
— Todos têm medo o suficiente de que o exército imperial invada o reino para cumprimerem a palavra, não precisa de mim.
— É claro que sim. Um exército, especialmente o imperial, gera custos. Pense que, se a cada negociação não concluída, tivesse de investir em longas e extenuantes viagens para garantir o acordo. Estaria falido — Elizabeth mordeu os lábios. Suas mãos ainda tremiam — não precisa ter medo de mim ou de qualquer um de meus homens, jamais te faria mal — sua voz estava mais suave que antes. Ele acariciou o rosto de Elizabeth com as costas da mão, mas involuntariamente, ela se afastou. A mão de Calister abaixou.
— E por quanto tempo eu serei sua prisioneira?
— Minha convidada — ele corrigiu — eu esperarei por um ano. Se tudo ocorrer bem nesse prazo, você poderá voltar para casa sem mais problemas.
— E nada acontecerá com o meu pai e com o reino?
— Não tocarei em nenhum fio de cabelo do seu pai ou de qualquer cidadão, portanto que o acordo seja cumprido.
— E… Quanto a mim?
— Terá todas as regalias dignas de seu título, portanto que se comporte.
Elizabeth sentia o seu coração palpitar com força. Ela não conseguia acreditar nas palavras daquele homem, não conseguia confiar.
— E se eu não for? — Elizabeth não tinha certeza se foi uma ilusão de ótica causada pelas chamas, mas notou o semblante de Calister ser tomado por um ar sombrio.
— Não quero pensar nas medidas que terei de tomar. Tudo pode ser resolvido de maneira simples e fácil e isso depende de você. Há algo mais que queira me dizer?
— Não. Tenha uma boa noite — Elizabeth estava ansiosa para se ver livre da presença opressora daquele lugar. Sem pensar muito, caminhou em direção a porta, mas quando estava prestes a sair, sentiu as mãos envolverem as suas. Ela deixou um grito escapar.
— Não se assuste, apenas iria te lembrar da lamparina. Deve tomar cuidado por onde anda à noite — Callister lhe entregou a lamparina que estava sendo esquecida sobre a cômoda. Elizabeth murmurou um obrigado e partiu em direção ao seu quarto. Tudo o que mais queria naquele momento era sentir o conforto da sua cama e desaparecer por longas horas. Talvez, seria a última noite que passaria em seu quarto por um bom tempo
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Atualizado até capítulo 93
Comments
Fabia Maria Santos
que mandou ela ser curiosa e não obedecer o pai kk
2024-10-20
3
Rosária 234 Fonseca
hum que situação difícil em
2024-10-08
0